Almanaque do Sai de Baixo

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ALMANAQUE SAI DE BAIXO

Mas só por volta da terceira temporada que a edição do programa passou a admitir mais desses momentos em cena. Já não sobravam mais resquícios da “compostura” dos primeiros episódios e as gravações viravam uma verdadeira farra, lotadas de palavrões e baixarias que faziam tudo ficar muito divertido: do nada, os atores poderiam começar a imitar o programa de Márcia Goldschmidt, em Cigana que eu gosto, (#93), Tom Cavalcante dizer que a sua sósia de Neide era melhor que a original porque dava o cu, em Simpatia é quase amor (#83) ou mostrar a bunda para a atriz convidada Luana Piovani em Caiu na internet é peixe (#88). Nesta época, esse tipo de surto, se não era salvo pela edição durante o episódio, aparecia na edição de erros mostrada nos créditos finais. Falabella, então, já tinha eleito sua “vítima”: Aracy Balabanian – que merecerá um capítulo a parte neste livro: O teu cabelo não nega, Cassandra. Só que isso rendeu um problemão para a direção, como lembra Dennis Carvalho: “O programa foi enlouquecendo e de repente eles começaram a falar muito palavrão em cena. Era muito difícil, depois, na edição, tentar tirar. Então eu avisava, esse tipo de palavrão não pode ir pro ar. Então eles falavam com o palavrão e depois eles mesmos falavam e depois ‘vamos fazer a versão para TV’ sem palavrão. Então quem ia lá assistir ao vivo era privilegiado porque ouvia coisas, assim, louquíssimas, absurdas”. (depoimento ao saidebaixo.doc, 2003) Sem contar outros absurdos, como as famosas “cenas de novela” , quando os atores começavam um absurdo diálogo novelístico no meio do programa, momento frequente entre a terceira e a quarta temporadas. O motivo, Falabella explica: “E, quando a gente não sabia o texto, imediatamente transformava em novela, virou um código nosso. Quando alguém falava uma frase que não tinha nada a ver com o programa, como “As empresas não vão nada bem, doutor”, era porque não sabia o texto. Aí começávamos: “E Fernanda?”. “Fernanda não está bem. Está pensando em Júlia”, o outro respondia. “E Helena?”, dizíamos sempre muitos nomes.” (entrevista a Sílvia Fiuza, Carla Siqueira e Mariana Torres, disponível em memoriaglobo.globo.com)

Choque cultural - 23


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