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aprender, todo domingo ia ao circo. Nessa época, os circos apresentavam números de trapézio, malabarismo e acrobacia na primeira parte. Na segunda, havia sempre uma peça em série, que continuava no domingo seguinte, que era pra gente voltar para ver o que tinha acontecido depois. Tentava imitar também os malabaristas e equilibristas, mas era muito ruim. Isso as pessoas, os meus amigos, faziam melhor. O elenco do circo era todo requisitado da vizinhança. Na verdade, as pessoas iam lá em casa ver o circo. As crianças da vizinhança adoravam. Todo mundo dizia que queria ir à casa do Ary Fontoura porque lá tinha circo. As crianças iam todas lá pra casa e os pais nem precisavam se preocupar. Depois do circo tinha baile, porque promovia bailes também. Todas as crianças dançavam e os adultos ficavam olhando aquilo tudo, encantados.

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O pequeno trabalhador Gostava de brincar, de me divertir, mas comecei a trabalhar muito cedo. Aos oito anos, passei a ganhar o meu sustento, trabalhando numa fábrica de graxa de sapato. Meu pai era professor e nessa época, no dia 15 de todo o mês, o dinheiro não existia mais. Um dia, ouvi meu pai dizer que o ordenado dele era muito ruim, não dava pra nada. A mamãe não trabalhava porque papai não queria.

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