CriticasDeClovisGarcia_CarmelindaGuimaraes

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à linguagem, motivo de escândalo na época, mas hoje já absorvida na nossa literatura dramática, confirma a sua capacidade de observação da realidade, fundamento essencial numa obra de teatro que queira expressar uma sociedade. Realidade essa que continua a nos desafiar e que, por isso mesmo, torna a peça atual depois de tantos anos. A direção de Renato Consorte e Plínio Marcos, sem que saibamos qual a influência predominante, aproveita o naturalismo da peça para reforçar o impacto dramático. Nada é poupado ao espectador, nem a violência, nem o escatológico. Mas sutilmente os inúmeros personagens são movimentados quase como um coro trágico, com marcações de grupo ou interferências individuais, conforme as exigências do texto, algumas vezes como pano de fundo para a cena central, que dão ao espetáculo uma força clássica, superando o grosseiro da realidade. Além disso, fica clara a idéia do comportamento ogressivo do grupo confinado, que os estudiosos confirmam tanto para os pequenos grupos sociais, como na peça, como nos grandes grupos, inclusive na nação.

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É difícil destacar nomes dos intérpretes, pois todos assumiram com força seus personagens. Talvez, pela experiência cênica ou pelas oportunidades do papel, possamos citar Francisco Milani, João Accibe, Benê Silva e Thanah Correa, sem cometer injustiça. Porém todo elenco mantém a densidade dramática do espetáculo, no cenário realista de Joel Jardim.

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