Campos Elíseos - Histórias e Imagens

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PALÁCIO DOS CAMPOS ELÍSEOS. Avenida Rio Branco, 1.289

Os Campos Elíseos eram, na mitologia greco-romana, o paraíso. Lugar de felicidade, rodeado de natureza, para onde os heróis, os poetas e os justos iam após a morte. Uma ideia muito parecida com a do paraíso no Cristianismo. Campos Elíseos também é a tradução, em português, de Champs Élysées, a avenida mais conhecida e sofisticada de Paris. Não é por acaso que o primeiro bairro planejado de São Paulo ganha esse nome. Dois arquitetos suíços, Frederico Glette e Victor Nothmann, desejavam criar uma área nobre para a elite paulistana morar. Compraram uma chácara chamada Campo Redondo, perto do centro de São Paulo, e a transformaram em Campos Elíseos. Talvez esse seja o bairro de São Paulo que mais tenha sofrido transformações ao longo do tempo. No começo, era a aristocracia do café que vivia na região. Com a quebra da bolsa de Nova York em 1929, o preço do chamado ouro verde despencou, e a maioria dos barões faliu, vendo-se obrigada a vender suas nobres casas que viriam a se tornar hotéis e hospedarias.

Uma das casas que resistiu ao tempo pertenceu ao importante fazendeiro Henrique Santos Dumont. Se você está se perguntando se ele tem algum parentesco com nosso inventor do avião, a resposta é sim, eles eram irmãos! A propriedade pertenceu à família até 1926, depois virou um colégio só para meninas e hoje abriga o Museu de Energia.

Estação São Paulo era o nome original da Estação Júlio Prestes. Inaugurada em julho de 1872, sua função era transportar sacos de grãos de café para o interior e outros estados. Como o período era próspero, decidiu-se aumentar e modernizar o prédio. Essa obra demorou 13 anos para ficar pronta e teve como inspiração os terminais ferroviários de Nova York.

Henrique Santos Dumont era um dos homens mais ricos do Brasil. Essa casa foi construída com os materiais mais sofisticados que existiam na época, como madeiras nobres e mármore italiano, e exibia até murais pintados com detalhes em ouro.

A expectativa pela inauguração era tão grande que se organizou até uma grande festa para celebrá-la, mas a cidade e a economia haviam mudado. Com o fim da era de ouro do café, somado à defasagem do transporte ferroviário no Brasil, a estação foi abandonada.

Construída entre 1890 e 1894, é um exemplo de arquitetura eclética, que combina elementos e estilos distintos. Observe que logo na entrada da casa há duas colunas gregas. Elas eram comuns em prédios públicos e voltaram à moda quando os franceses desenvolveram o estilo Neoclássico. Outra característica é a simetria, o equilíbrio. Imagine que se está cortando o prédio ao meio e perceba como as duas “fatias” seriam iguais. No segundo andar, há rostos de homens e mulheres que parecem pertencer à aristocracia, mas um deles é diferente, possui um capacete com asas, consegue notar? Em geral, nas construções com influência neoclássica, há representação de algum deus da mitologia. Esse é Hermes, o mensageiro.

Na década de 1990, o prédio foi restaurado e modificado internamente para criar a Sala São Paulo, uma das mais modernas do mundo destinadas a concertos de música clássica. Contudo, a estação não deixou de funcionar, integrando a linha 8 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Não é incrível que um lugar dedicado a espetáculos musicais, que exige uma acústica impecável, coexista com uma estação de trem? Esse é um belo exemplo de revitalização e preservação do espaço público.

PALACETE SANTOS DUMONT / MUSEU DA ENERGIA. Alameda Cleveland, 601

O fotógrafo escolhe apresentar dois ângulos da casa, de frente e de lado. Assim podemos notar sua real dimensão. Na frente, estão presentes ornamentos próximos às janelas e às portas. Já na parte lateral, a fachada é simples. Essas duas fotos parecem registros da mesma construção? A intenção do fotógrafo é a mesma? Observe que a foto da frente ele escolhe tirar de baixo para cima, o que sempre nos dá uma impressão de imponência e grandiosidade. Já a lateral é registrada de forma diferente, mais na altura dos olhos, dando uma sensação de proximidade.

ESTAÇÃO JÚLIO PRESTES. Praça Júlio Prestes, sem número

Na época de sua restauração, foi construído um anexo de arquitetura contemporânea, um prédio alto composto de vidros espelhados, formando um complexo arquitetônico. Ao retratar o imóvel, o fotógrafo, que retira os “ruídos urbanos”, também escolhe apagar a edificação moderna e retratar as duas casas separadamente, como se fossem personagens diferentes. A casa que estamos olhando, que é de esquina, teve seu estilo conservado, já a segunda perdeu muitas de suas características originais quando restaurada para se transformar no pensionato.

A estrutura da construção é neoclássica. Observe as colunas imponentes ao longo de toda a sua fachada lateral. Outra característica que chama atenção são seus vitrais. Abaixo do letreiro com o nome da estação, vemos um conjunto de três painéis. Eles contam a história da economia de São Paulo junto com divindades greco-romanas. Há elementos como a linha do trem e o café, itens vitais para o desenvolvimento da cidade.

Essa bela construção de estilo eclético tem a marcante presença de elementos do Art déco, como as linhas retas e as formas geométricas que ornam sua fachada. Essas características trazem um ar retrô e elegante para quem a observa nos dias de hoje.

Construída por volta de 1895, esta residência pertenceu a Dino Bueno, promotor, senador e governador de São Paulo. No período em que atuou na política, o local era frequentado pelas autoridades paulistas. Dino viveu aqui até sua morte, em 1931, e depois a propriedade virou um pensionato católico. São duas casas erguidas lado a lado, em uma morava Dino Bueno e, na outra, seu filho.

PALACETE SANTOS DUMONT / MUSEU DA ENERGIA. Alameda Cleveland, 601

Esse imóvel foi um dos primeiros a serem restaurados na região de Campos Elíseos, no começo da década de 1990, quando surgiram iniciativas de revitalização da área e de seu patrimônio arquitetônico.

ESTAÇÃO JÚLIO PRESTES. Praça Júlio Prestes, sem número

Com o prédio e a segunda casa retirados da imagem, essa moradia soa solitária. A iluminação do registro parece ajudar a compor esse personagem distante e até um pouco enigmático. Com um lado iluminado e outro na penumbra, é como um rosto que vai se revelando, conferindo uma personalidade charmosa e, ao mesmo tempo, misteriosa para o palacete de Dino Bueno. PALACETES DINO BUENO. Rua Guaianases, 1.238-1.282


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