Fábrica das Histórias

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Introdução Preenchendo a Espera Objectivos e Metas para Janeiro, Fevereiro, Março, Abril Público Alvo

Programação Linhas Gerais Cornograma da Programação Cornograma

Visita Orientada Primeiro Olhar A Poética da Fábrica Oficina a Poética da Fábrica

Oficinas fora de portas Da cabeça aos pés Três tristes tigres Aventuras de um feijoeiro

Exposições Temporárias/Oficinas A alma da casa O que é feito de quem foi Rainha O Feijoeiro mágico

Conferências, Colóquios, Encotros,Seminários Das Histórias Nascem Histórias A Botânica das Lágrimas Lugares

Projectos Especifícos e Parcerias

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Anotar os Dias

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Histórias para Fazer ÓÓ

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Roubar Histórias ás Estrelas

De casa as costas

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Precisa-se Mascote Regulamento do Concurso (Ratinhos uma Mascote para a Fábrica)

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A Árvore das Histórias

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Regulamento do Concurso (Fotografia)

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De mala Aviada

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O Museu Imaginado Aventuras de um Feijoeiro Uma parede branca Um logo. Existo!

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Fichas de Inscrição

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Regulamento do Concurso Aventuras de um Feijoeiro Instituição

Morada

Professor Responsável

Turma Participante

História

Autor da História

Resumo da História

Tempo médio de duração da apresentação

Alunos intervenientes

Contacto telefónico e e-mail


Ficha de Inscrição O Museu Imaginado Instituição

Morada

Professor Responsável

Turma Participante

História

Autor da História

Resumo da História

Tempo médio de duração da apresentação

Alunos intervenientes

Contacto telefónico e e-mail


Regulamento do Concurso

Preenchendo a espera

De Mala Aviada À Fábrica das Histórias foi lançado o desafio de existir sem ser ainda um espaço com as suas paredes e janelas, as suas portas, o seu tecto, o seu soalho e os seus objectos, enfim, existir como se fosse possível criar no incerto movimento das sombras muitas coisas reais. De facto, um atraso no projecto de recuperação e reabilitação do edifício, que serve de territorialização da referida Fábrica, implicava mais um ano de espera, mas porque quem espera desespera, a Fábrica alarmou-se. Depois foi tomada por essa espécie de loucura discreta e sossegada, que embora se manifeste em coisas delirantes e mágicas só fere quem dela padece e não pede camisa de forças, e assim se decidiu ao movimento de produzir algo que a investisse de sentido, mesmo faltando-lhe ainda as tais paredes e janelas, as tais portas, tecto e soalho. Enfim, preencheu a espera, adaptou-se, divertida e fora de si, contrariando a tristeza de ser lugar adiado. Afinal há muito que sabia que a cultura existe sobretudo enquanto plano de encontro, encontro entre amigos, e pertence à ordem da comunicação não podendo ficar restrita a um sentido espacial, pelo que não lhe foi assim tão difícil arranjar estratégias comunicacionais com os públicos, estratégias essas que servindo de suporte para as suas acções não se vão esgotar num espaço, seja este ou seja aquele, transformando-se por assim dizer a própria Fábrica numa espécie de sorriso do gato de Ceshire, que Carrol fazia aparecer e desaparecer num e noutro lugares, em contextos distintos, deslocados e condensados diversamente. Foi só com essa estratégia que, consolada, disse baixinho: Tranquilizem-se! Já sou! A Fábrica existe! Assim, este ano, não teremos uma Fábrica lugar de perfeição, de composição e de arrumo, “apenas” uma Fábrica motor de desencadear actividades capazes de libertarem e mobilizarem o potencial criativo dos públicos, cultivando longas caminhadas à roda das emoções e fazendo-os viver mil histórias impossíveis, pois garantido está que a vida e o trabalho da Fábrica irão ressoar em todas as experiências que dela nascerem. Entretanto os trabalhos de recuperação e reabilitação hão-de passar, pois não são nada de definitivo nem Foi só com essa estratégia que, consolada, disse baixinho: Tranquilizem-se! Já sou! A Fábrica existe! Assim, este ano, não teremos uma Fábrica lugar de perfeição, de composição e de arrumo, “apenas” uma Fábrica motor de desencadear actividades capazes de libertarem e mobilizarem o potencial criativo dos públicos, cultivando longas caminhadas à roda das emoções e fazendo-os viver mil histórias impossíveis, pois garantido está que a vida e o trabalho da Fábrica irão ressoar em todas as experiências que dela nascerem. fatal!

Instituição

Morada

Professor Responsável

Turma Participante

História

Autor da História

Resumo da História

Tempo médio de duração da apresentação

Alunos intervenientes

Contacto telefónico e e-mail

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Ficha de Inscrição A Árvore das Histórias Instituição

Entretanto os trabalhos de recuperação e reabilitação hão-de passar, pois não são nada de definitivo nem fatal! Eis a história deste começo da Fábrica. Que falta ainda dizer? Pouco! Apenas que uma estrutura de betão pode ser mais duradoura que uma escultura de areia, mas não forçosamente mais bela. Que se pode ainda desejar? Bom, desejar, desejar, só: Histórias tristes para dias de chuva, Histórias doces para dias que cantam, Histórias de bruxas quando acordarmos zangados, Histórias de amor e anjonautas para os mais desesperados. Histórias. Histórias que havemos todos de dizer, de ouvir e ler. Histórias para pôr à frente e atrás de outras Histórias, num verdadeiro passo de dança. Histórias! Histórias para sorrir, para rir e chorar. Histórias da Fábrica!

Morada

Professor Responsável

Turma Participante

História

Autor da História

Resumo da História

Tempo médio de duração da apresentação

Alunos intervenientes

Contacto telefónico e e-mail

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Objectivos e Metas para Janeiro, Fevereiro, Março e Abril Se os objectivos e metas a atingir pela Fábrica das Histórias, quando esta for um espaço de experiências com as suas paredes e janelas, as suas portas, o seu tecto, o seu soalho e os seus objectos, são bem mais ambiciosos, agora, enquanto “casa fechada”, sendo menos exuberantes exigem, contudo, um árduo achamento de linhas e laços com outros lugares, de forma a permitir um encontro com a comunidade, extrapolando para isso o espaço físico da Fábrica. Nesta primeira e estranha fase, as suas linhas estruturantes, em termos de objectivos, são as seguintes: - Contribuir para o desenvolvimento social, cultural, cognitivo e afectivo dos públicos, numa perspectiva de fruição, mas também de criação cultural; - Inverter a ideia de que uma aprendizagem é exclusivamente racional, dando-lhe como ponto de partida a expressão emocional e o carácter lúdico; - Dinamizar actividades experimentais e inovadoras que consigam englobar diferentes tipos de expressão individual; - Estabelecer pontes e laços entre pessoas, lugares, memórias e histórias.

Público Alvo Cada nova instituição, quando começa a desenvolver as suas actividades, tem de vencer a desconfiança da comunidade, que tantas vezes se levanta como um muro ou como um murro. Esse problema multiplica-se quando a Instituição começa sendo “apenas” uma ideia, um ponto de encontro, sem espaço físico em que se ancorar. Por isso se pretende, neste ano zero, que a Fábrica das Histórias estabeleça com as escolas uma relação muito estreita e especial, tendo em conta que estas são espaços educativos muito abertos à colaboração. Contudo reitera-se que, se as escolas são o público primordial, a política educacional dos serviços educativos da Fábrica das Histórias não pretende, mesmo neste ano zero, esquecer outras franjas de públicos, sustentando-se na afirmação de que não se destina a um público, mas a públicos diferenciados e com níveis culturais distintos.

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Um Logo. Existo! “ O pensamento criativo tem o fulgor estranho de uma flor que cresce de súbito, solitária, num imenso jardim.” Maria Menéres Um acto mágico é, como nos diz Almada Negreiros, uma criança desenhando uma flor. “Pede-se a uma criança: Desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis e passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutra; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis outras mais custosas.” É assim que a criança desenha o que lhe pedimos, com a palavra flor em bolandas, de cá para lá, que é como quem diz da cabeça para o coração, do coração para a cabeça e depois, novamente, para a palavra flor. Outro acto mágico é, certamente, tomando as mesmas linhas com que a criança desenha a flor, umas rectas e outras curvas; umas inteiras outras quebradas; umas paralelas e outras perpendiculares, definir uma instituição, uma empresa, com simples traços que lhe traduzam a missão, os objectivos, os valores. Que palavras andam então dentro do designer gráfico, em bolandas , de cá para lá, que é como quem diz da cabeça para o coração, do coração para a cabeça, para que depois este possa criar um logótipo? Certamente todas as que lhe permitam perceber o conceito e a singularidade da empresa ou da instituição para a qual se encontra a fazer a sua “flor”. Elaborar o logótipo para a Fábrica das Histórias, tendo em conta que este é sempre uma parte vital das instituições ou empresas, porque permite fornecer os alicerces para a criação da uma identidade, para a evolução de uma marca e para o enriquecimento de uma cultura muito própria, é pois um enorme desafio. Que os(as) designers o tomem em mãos criando um símbolo capaz de traduzir os valores e a missão deste novo lugar da cultura que, embora guardando objectos e artefactos do passado, quer ser um centro de aprendizagem e de diálogo muito mais do que o cofre estático que os guarda. Que os(as) designers o tomem em mãos criando um símbolo que não só lhe permita ser instantaneamente reconhecida, mas que seja também suficientemente flexível para abraçar todos os seus públicos. Enfim, que os(as) designers o tomem em mãos criando um símbolo que não partindo do nada mas da sua realidade interior e exterior não deixe de fora o imaginário que sustenta o próprio acto criador. Oportunamente será dado a conhecer, nos meios de comunicação social, o brief que orientará todo o desafio.

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Uma parede branca “O quê? Teria eu perdido o juízo todo? Sim, estava confirmado: eu tinha mesmo perdido o juízo” Reif Larsen A escolha de lançar um desafio aos criadores do Concelho de Torres Vedras, para intervirem na fachada da Fábrica das Histórias, que aguarda as obras de requalificação e reabilitação, tem tanto de aleatório como de intencional. Aleatório porque nasceu de uma inspiração de momento. Intencional porque a força motriz da Fábrica das Histórias é a de inaugurar uma nova maneira de pensar o espaço cultural. Assim, e se prevê no seu interior que o feito seja permanentemente refeito através da mobilidade dos objectos e das suas sempre diferentes contextualizações, contrariando a ideia de casa quieta e arrumada, alarga agora esse mesmo conceito ao seu exterior. Revela-se pois não ser um caos nem uma desgraça, este atraso nas obras, porque acaba por se traduzir noutra maneira ainda mais fascinante de encarar a singularidade do espaço, consolidado sobretudo na vontade de estruturar as actividades em torno da criação e não em torno da fruição. Neste sentido, e apostando num trabalho experimental e interdisciplinar capaz de se manter em diálogo com o local, propõe-se a todos os criadores que aceitem o desafio e encarem a fachada da casa Dr. Jaime Umbelino como um palco para a representação, uma tela para a pintura, um ecrã para a projecção, uma mão de barro para a escultura. Isto sem esquecer que essa fachada, essa parede branca, faz parte da Fábrica das Histórias, impondo-se que nas propostas apresentadas os criadores se apropriem e interpretem o seu conceito, os seus objectivos e a sua missão, sem no entanto perderem o seu próprio imaginário. De facto pretende-se que a fachada seja abrigo do que foi e é a casa Dr. Jaime Umbelino, mas sobretudo coloque a sua inspiração naquilo que será a Fábrica das Histórias. Afadiguem-se pois todos os criadores para que a fachada conte outras histórias e mostre sentimentos e emoções, porque uma fachada não tem, necessariamente, de ser estéril, podendo, outrossim, ser lúdica e curiosa. Afadiguem-se pois todos os criadores para que a casa Dr. Jaime Umbelino se transforme, com estes trabalhos de intervenção, numa casa-inspiração, numa casa-poema, numa casa-tesouro, mas sobretudo numa casa-borboleta capaz de nos conduzir todos até às infinitas possibilidades que surgem quando se viaja nas suas asas, enfim, nas asas da imaginação.

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Neste sentido, aborda diferentes estratégias e prevê diferentes actividades orientadas para a aproximação e a satisfação dos interesses de todos, nomeadamente iniciativas culturais e actividades lúdicas e pedagógicas que podem intervir no processo de formação ao longo da vida, lançando para isso programas abrangentes e multifacetados, e ainda actividades que dão lugar a um trabalho com as faixas de potenciais excluídos dos espaços culturais, pois são nestes grupos que geralmente se encontram fragilidades quase insuperáveis, que devem ser resgatadas ao seu silêncio.

Programação Linhas Gerais Janeiro, Fevereiro, Março e Abril de 2011

Ano Zero

Um programa é uma casa imaginária, que não precisando de tijolos é feita de muitas ideias que se espera sejam habitadas pelo movimento de quem nelas entrar.

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Juntar palavras, histórias, imagens e animação debaixo do mesmo tecto é um excelente desafio à imaginação, tendo em conta que, pelo menos aparentemente, se tratam de linguagens separadas, dir-se-ia até de costas voltadas. No entanto, e na mágica intensidade que todos os sonhos costumam ter, a ideia é essa . De realçar que se parte para a aventura com a convicção de que as novas tecnologias podem ser um auxiliar precioso dos educadores e dos professores no desenvolvimento da competência comunicativa, oral e escrita, e também que neste delírio comunicacional em que vivemos não se trabalha ainda o suficiente para alcançar a margem segura da criação ficando-nos, a maioria das vezes, pelo consumo das palavras e das imagens.

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Janeiro Visitas Orientadas | Oficinas

O Museu Imaginado

Primeiro Olhar

“Ali um dia, Aqui um ano” Michael Ende O que é um Museu? Um conjunto de paredes que guardam coisas preciosas? E o que são coisas preciosas? Serão o sol que aquece a pele e o canto dos pássaros menos preciosos do que a chaleira do vizinho? Quando é que os objectos de uma casa podem ganhar estatuto de objectos de museu? A chaleira, por exemplo, é um objecto de museu se for de ouro? E se for de ouro valerá mais ou menos do que um ramo de rosas? Um museu guarda coisas da mesma forma que um quadro pode guardar um sorriso ou um ramo de girassóis? Que distingue essas maneiras de guardar? E nós, o que guardaríamos nós, no nosso museu particular? Um beijo? O urso de peluche a que nos agarrámos quando éramos pequenos, tão pequenos que tínhamos medo do escuro? O tempo, porque estamos sempre a ouvir dizer que o tempo é muito precioso? As receitas de cozinha de uma Avó, porque são excelentes e nos ensinam a fazer coisas maravilhosas? Seria preferível guardarmos as receitas ou as framboesas dos bosques e os morangos silvestres que tantas vezes encontramos na sua composição e que sendo raros são, por isso mesmo, também muito valiosos? Partindo das ideias de museu, colecção privada e gabinete de curiosidades vamos pensar o que guardaríamos no nosso museu particular. Serão certamente elementos vários e díspares aqueles que cada um irá colocar nas suas caixas, talvez macacos de patins e soldados espadachins, quem sabe a dentadura da tia ou uma radiografia, uma caixa de rapé já há muito adormecida, ou até mesmo o sabor de um primeiro café. Serão grandes e pequenos, como bem se compreende, uns leves e outros pesados, uns visíveis e outros não, pois do mundo cada um guarda apenas o que quer. Mas com esses trecos vários, abridores de amanhecer, quer reais ou imaginários, é possível todos juntos ajudarmos a construir a poética da Fábrica.

A Poética da Casa Oficina Fora de Portas

Da Cabeça aos Pés Três Tristes Tigres aventuras de um Feijoeiro Conferências, Debates, Encontros e Colóquios

Das Histórias nascem Histórias A Botânica das Lágrimas Lugares Exposições | Oficinas

A alma de casa O que é feito de quem foi rainha? O Feijoeiro Mágico Projectos e Parcerias

Anotar os dias Histórias para fazer ÒÒ Roubar histórias às Estrelas

Aventuras de um Feijoeiro “De todas as terras estranhas e maravilhosas que Gulliver visitou, Lilliput é a que melhor recordamos, devido aos seus minúsculos habitantes com ideias grandiosas.” Gavin Pinney 43

Concursos e Desafios

Precisa-se Mascote (concurso) Árvores com histórias lá dentro (concurso) A árvore das histórias De mala aviada O museu imaginado Aventuras de um Feijoeiro Uma parede branca

Fevereiro

Março

Abril

2010

2011


Destinatários O concurso destina-se a todos os miúdos e graúdos que queiram participar e que podem inscrever-se em duas categorias: º amadores; º profissionais. Cada participante poderá concorrer com três fotografias.

De Mala Aviada

“Quem poderá acreditar que não consegui ficar quieto, eu que faço cintilar a muralha onde me apoio?”Tosca

(O Pequeno Azulejo)

Uma casa é uma espécie de ninho. Nós, os que nela habitamos, enchemo-la das coisas de que mais gostamos como se a quiséssemos transformar no nosso próprio museu, que é como quem diz no nosso lugar de musas, fonte da inspiração. A Fábrica das Histórias não é uma casa muito vulgar, com as suas portas e janelas, os seus armários interditos às mãos das meninas e meninos, vulgarmente descuidadas, nem tem tão pouco vontade de se vir a transformar num lugar de coisas quietas, silenciosas, arrumadas, esperando por visitantes a quem deitem seus olhares de um alto pedestal. Casa que é muito arrumada acaba por emburrecer. Mas claro que a Fábrica das Histórias vai ter as suas coisas notáveis: vai ter janelas que abertas darão para o dia e para a noite, e chaminés para deixar entrar o céu, vai ter paredes inteiras com histórias de animais contadas em azulejos, vai ter livros de papel, e ter pedras, albricoques e até, numa caixinha, três borboletas douradas. E tudo estaria claro não fosse o grande desastre quando a casa começou a ser cortada para se transformar numa Fábrica de Histórias toda muito remontada. Caiu ao chão uma caixa de azulejos, imaginem, e partiram-se em mil cacos, desfizeram-se em pedaços… Que coisa então nos restava para limpar a tristeza de um tão grande desastre? Enviá-los para as escolas, a todos esses cacos e pedaços, para serem reinventados, e depois todos cruzados como se de um puzzle se tratassem.

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Pois então vamos festejar essas árvores. Todas elas. As delicadas e frágeis, as robustas, as altas e as baixinhas, as gordas e as mais fininhas. As que estão sempre em esperadas zangas, com as folhas belicosas, afiadas, como a cica de uma figa, e as que são mais conformadas. A ideia é muito simples. Para já, em trabalho de Turma, devem escolher uma história de árvores ou com árvores. E há muitas! Depois cabe-lhes treinar uma boa leitura em voz alta, ou trabalhar a memória e treinar o seu contar. Finalmente, no Dia Mundial da Árvore, juntos vamos ao Parque Verde da Várzea plantar uma árvore a quem iremos contar as nossas histórias, numa celebração da natureza mas também das palavras, num regresso e numa redescoberta da oralidade. Será uma sessão de contos orientada . E para que ninguém esqueça vamos… Bom isso será surpresa. Uma surpresa plantástica!

Regulamento do Concurso Fotografia O Concurso de Fotografia “Árvores com histórias lá dentro” é uma iniciativa organizada pela Fábrica das Histórias e pela Câmara Municipal de Torres Vedras. Objectivos º Fazer despertar para a beleza das árvores; º Valorizar a fotografia enquanto forma de expressão artística dinâmica e multifacetada que permite cruzar olhares entre temas tão diferentes como o são a natureza e as histórias.

Temática Árvores com histórias lá dentro.

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Visita Orientada - Primeiro Olhar A Poética da Fábrica são acompanhadas por As visitas orientadas e as oficinas diferentes níveis etários um Técnico(a) e são adequadas aos ou à medida de quem as pede. Data: Janeiro, Fevereiro, Março e Abril Dia: 2.ª feira Hora: 10:00h ; 11:00h Duração: 1 hora Local: Fábrica das Histórias Público Alvo: Miúdos e Graúdos (alunos e professores) (sob marcação – grupos não superiores a 30 pessoas) Abre-se uma estrutura de tijolos, com as suas portas e janelas, as suas escadas, os seus cantos e os seus recantos, enfim, uma estrutura que serve, por enquanto, para guardar o vazio. Poderemos então chamar-lhe uma casa? Uma casa é as paredes ou as coisas que nelas se guardam? E, mais do que paredes e as coisas que nelas se guardam, uma casa não é, sobretudo, um ponto de encontro? E atendendo a que “o vazio está cheio de pirulins e de antipirulins”, podemos considerá-los objectos de uma casa? E quando é que os objectos de uma casa podem ganhar o estatuto de objectos de museu? Mas afinal o que é um museu, para que serve, qual a sua história? E uma fábrica? Qual a diferença entre uma fábrica e um museu? Nesta fábrica ir-se-ão construir porta-aviões? Submarinos? Sapatos? Histórias? Para construir histórias de que matérias primas precisamos? E de que ferramentas nos podemos servir? Tal como o geógrafo amador persegue a textura dos solos, o contraste das paisagens, a contiguidade ou fragmentação do povoamento, seguindo um mapa, anotando isto ou aquilo no seu caderninho, nesta visita orientada, que aborda a especificidade da Fábrica das Histórias, futuro espaço cultural para ver, tocar, ouvir e brincar, miúdos e graúdos, percorrendo as diferentes salas, que por enquanto só guardam o vazio, vão ouvir falar da história da casa e do homem que a habitou, vão conhecê-la tal como era antes, através da Exposição de Fotografias de Pedro Cláudio que deu origem ao livro “A Alma da Casa” e vão ainda falar sobre o conceito e a definição de um espaço museológico, percebendo o que distingue a Fábrica das Histórias com os seus objectivos e a sua missão. Finalmente todos vão perguntar-se como pode um espaço fascinar ainda que esvaziado da sua natureza.

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Todos sabemos que enquanto os inimigos das árvores planeiam, no escuro, o seu morticínio, os amigos das árvores ripostam com energia, fazendo-lhes frente e festas em que as celebram em poemas e em hinos. As próprias Nações Unidas consideram esta a Década de Luta contra a Desertificação e dá-se a 2011 a designação de Ano Internacional da Floresta. Nas escolas espera-se pois e com alegria, um ano cheio de árvores de todos os feitios e tamanhos, de anatomia compacta, bem frondosas, ou então outras, vestidinhas ao de leve, fino e escuro. Árvores em cores diferentes, em todos os tons de verde, mas também tons castanho, de amarelo, rosa ou púrpura. Árvores! Vão registar-se os seus nomes esquisitos, as alcunhas. Vão desenhar-se umas muito altas, tão altas como as faias ou sequóias, que ultrapassam muitas vezes as flechas das grandes catedrais góticas, ou outras ainda, muito gordas, como a árvore de Tule que mora no México. Vão procurar-se árvores importantes, citadas pelos poetas, como o foi a Canforeira a quem Camões recitou alguns dos seus muitos versos, espalhando outras ainda, com mão larga, pelas folhas dos seus livros, amoreiras, ciprestes e ulmeiros, ou afins, que é o mesmo que dizer as melhores filhas de Flora… Quanto às árvores, que se têm aprontado ao longo de milhões de anos contra a emergência de terem de repelir atentados contra a vida, silenciosas nos seus truques, não sendo todas guerreiras, artilheiras, sentinelas, neste mundo tão perigoso não se encontram desprovidas de habilitações combativas, mesmo as mansas, que sendo um pouco nostálgicas do tempo de vida fácil, o calendário dividido com os seus nomes, tempo de Atis e Cibele, dos Druidas, dos duendes e das fadas, gostam de rumorejar, suspirar, ondulando as suas copas lá em cima, ouvindo os nossos segredos, ou uma jura de amor, enquanto esperam amigos, como os esquilos, os pássaros, as borboletas, mas sobretudo as boas histórias de encantar. Para elas neste ano especial, e em todos os que hão-de vir, nós iremos contar histórias. Histórias de árvores e com árvores, histórias bonitas e feias, histórias tristes ou alegres. Afinal as árvores gostam de livros e poetas tal como nós gostamos delas. Já o Jorge de Sousa Braga escreveu no seu Herbário que “as árvores são como os livros têm folhas margens lisas ou recortadas e capas (isto é copas) e capítulos de flores e letras nas lombadas”. António Gedeão, poeta mas também professor de emoções, confidenciou-nos um dia, referindo-se às suas plantas preferidas, que gostava de as acariciar à flor da pele enquanto, ao ouvido, lhes sussurrava “as palavras que ficaram por dizer”. Marco Pólo não prescindia delas e da sua companhia viajando com uma Calancó-orelha-de-elefante para melhor adormecer, acariciando-lhe as folhas tão macias como o veludo ou um urso de peluche. Steinbeck, que um dia foi Prémio Nobel, escolheu o Carvalho para um dos seus romances . O Álvaro de Magalhães deu-lhes lugar de destaque na sua Mata dos Medos, fê-las amigas de ouriços que estão sempre a ouriçar, e de chapins que não fazem outra coisa se não a de chapinar, enquanto uma astuta toupeira, no seu velho buraquinho, fica a ler e a cavar.

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Divulgação dos Prémios A decisão do júri (de que não haverá recurso) será tornada pública no mês de Junho e todos os trabalhos apresentados serão expostos em local a designar

Direitos de Autor Os autores dos trabalhos premiados cederão inteiramente à Fábrica das Histórias/Câmara Municipal de Torres Vedras os direitos de autor, podendo estas entidades virem a publicá-los nos artigos de merchandising do referido espaço cultural.

Considerações Finais Uma vez enviados os trabalhos, considera-se que os concorrentes conhecem e aceitam as cláusulas do presente regulamento. Os dados considerados omissos e dúvidas de interpretação deste regulamento serão resolvidos pelo júri. Os concorrentes são responsáveis pela originalidade das propostas e garantem a sua autoria, assumindo toda a responsabilidade decorrente da reclamação de terceiros no que diz respeito a direitos de autoria e outros direitos conexos. Os trabalhos só serão devolvidos se os concorrentes os solicitarem junto à Fábrica das Histórias/Sector da Cultura da Câmara Municipal de Torres Vedras. Assim, e decorridos seis meses após a divulgação dos resultados, todos os trabalhos que não forem solicitados serão destruídos.

A Árvore das Histórias “Da árvore, Cosimo olhava o mundo: vistas dali de cima todas as coisas surgiam diversas, e isso mesmo era já uma diversão.” Ítalo Calvino 39

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Regras para a não exclusão dos participantes

Oficina A Poética da Fábrica

As folhas onde os trabalhos são apresentados não podem conter qualquer tipo de identificação. Os trabalhos a concurso deverão vir identificados, no verso, com um pseudónimo. Devem fazer-se acompanhar de um envelope fechado, onde, no rosto, conste o pseudónimo com que o trabalho é assinado e dentro uma folha que compreenda os seguintes dados: Nome do Aluno, Ano de Escolaridade; Turma e Escola que frequenta e respectiva morada e contactos.

Data: Janeiro, Fevereiro, Março e Abril Hora: 11:00 h ; 12:00 h Dia: 2.ª feira Duração: 1 hora Local: Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino Público Alvo: Miúdos e Graúdos (alunos e professores) (sob marcação – grupos não superiores a 30 pessoas) Depois da visita orientada “Primeiro Olhar”, em que miúdos e graúdos perguntam às paredes que guardam o vazio o que é uma casa, o que é um museu, o que é uma fábrica, esperando as suas respostas, vamos viajar pelas inúmeras possibilidades na concepção dos museus, à luz do presente, na sombra do passado, mas pensando sobretudo no futuro. A seguir, partindo da ideia de museu e de colecção privada, e para que não seja deixada qualquer marca de orfandade no espaço visitado, vamos construir o nosso museu imaginado. Mede, corta, cola, prega e forra são as palavras-chave para criar um espaço que, para além de guardar brincadeiras e badaluques, pode albergar objectos concretos, mas sobretudo se vai deixar rechear de pedacinhos de sonhos e valiosas lembranças. Serão sobretudo as emoções que vamos tentar aprisionar no museu imaginado. Emoções que nos trazem elementos vários e díspares, quem sabe macacos de patins, soldados espadachins, a dentadura da tia ou uma radiografia, uma caixa de rapé já há muito adormecida, ou até mesmo o sabor de um primeiro café. Serão grandes e pequenos, como bem se compreende, uns leves e outros pesados, uns visíveis e outros não, pois do mundo cada um guarda apenas o que quer. Mas com esses trecos vários, abridores de amanhecer, quer reais ou imaginários, é possível, todos juntos, ajudarmos a construir a Poética da Fábrica.

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Prazos e Envio Os participantes deverão entregar os trabalhos pessoalmente ou pelo correio, até 30 de Abril, inclusive, na seguinte morada: Concurso “Ratinhos, uma Mascote para a Fábrica” Fábrica das Histórias/Câmara Municipal de Torres Vedras Sector da Cultura

Critérios de Apreciação Originalidade da ideia; Originalidade dos materiais escolhidos; Criatividade / Imaginação / Inovação; Adequação ao tema; Obediência às características do género em questão.

Composição do Júri Os trabalhos serão apreciados por um júri de selecção a designar e que, de acordo com os critérios definidos, avaliará todos os trabalhos concorrentes. A atribuição dos prémios (um para cada categoria) será decidida por maioria de votos, reservando-se ao júri o direito de não atribuir prémios, se considerar que nenhum dos trabalhos apresenta qualidade que o justifique. Das decisões do júri não haverá lugar a apelação. Não haverá prémios ex- aequo.

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Destinatários O concurso destina-se a todos os Alunos dos estabelecimentos de educação e ensino, públicos e privados, do Conselho de Torres Vedras, divididos nos seguintes escalões: º Promover o desenvolvimento de competências nas áreas da expressão artística e artes visuais.

Temática A – 1º Ciclo do Ensino Básico; B – 2º Ciclo do Ensino Básico; C – 3º Ciclo do Ensino Básico; D – Ensino Secundário. - Cada participante poderá concorrer com dois trabalhos.

Prémios 1º Prémio – Será atribuído um prémio, a determinar, a cada um dos vencedores dentro de cada escalão, respectivamente, A, B, C e D. Menções Honrosas – Serão atribuídas duas menções honrosas dentro de cada escalão. O Júri reserva-se o direito a não atribuir prémios nem menções honrosas caso os trabalhos apresentados não revelem qualidade.

Apresentação dos trabalhos As imposições técnicas na apresentação dos trabalhos são as seguintes: Desenho, pintura, em papel formato A3, branco, de pelo menos 200 g/m2; Podem ser utilizados diferentes materiais e técnicas na sua composição.

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ramadas com og pr e pr m se o sã s a port primeiro e As oficinas fora de st e n , e -s m a in st e d uidade e carácter de contin ores. trimestre, a profess São espaços de trabalho que a partir de , estímulos interdisciplinares associam histórias livros, leituras e ainda a vivência do prazer de contar. r, experimentar a ç n a d r, ta on c r, Ler, canta chave das s a vr la pa s a o sã z, o corpo e a vo estre se vão im tr o ir e im pr e st e que n realizar. 14


Da cabeça aos pés Oficina fora de portas Para futuros Contadores Histórias

Regulamento do Concurso

“Quem faz o conto é o ouvido” Italo Calvino

O Concurso “ Ratinhos, uma Mascote para a Fábrica”, é uma iniciativa promovida pela Fábrica das Histórias e pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pretende levar as Escolas do Conselho a colaborarem na criação do seu património e a entenderem este espaço cultural como um valor de afirmação da sua identidade.

Formador: Rodolfo Castro Data: 15 Janeiro Hora: 15:00h / 18:00h Duração: 3 horas Local: Auditório Municipal Público Alvo: Graúdos (amantes de histórias, professores, educadores, técnicos de biblioteca, pais, mediadores de leitura e todos os curiosos e interessados em trabalhar com as histórias) (sob marcação) Porquê contar uma história? Para fazer pensar, viajar, sonhar, crescer, viver? Como contar uma história? Com palavras, mas também com chaleiras e bules, caixas de bolachas e chapéus feitos de tules de cores várias? Afinal qual a matéria prima das histórias? Palavras? Só palavras? E os objectos, será que não nos podem contar uma história? Partindo deste grande conjunto de interrogações nesta oficina são abordados vários percursos, métodos e técnicas, bem como diversas opções para cativar a atenção de quem ouve, desenvolvendo a sua capacidade de encantamento . Nota: Privilegia-se a boa disposição e a disponibilidade para a experimentação. A quem participar aconselha-se roupa confortável, meias de preferência às riscas ou então totalmente vermelhas, embora também seja bem vindo quem trouxer meias às flores. Formador: Rodolfo Castro

Ratinhos, uma Mascote para a Fábrica

Objectivos º Estimular a criatividade e o imaginário das crianças e dos jovens enaltecendo a sensibilidade e a originalidade como valores indispensáveis ao desenvolvimento pessoal e social. º Promover o desenvolvimento de competências nas áreas da expressão artística e artes visuais.

Temática

Nasceu em Buenos Aires tendo formação enquanto professor do 1.º Ciclo. Em 1998 emigrou para o México tendo começado a trabalhar como contador de histórias em escolas, bibliotecas e editoras. Acredita que todos somos leitores, uma vezes de livros, outras vezes da vida ou da natureza.

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º Ratinhos, uma Mascote para a Fábrica.

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Precisa-se Mascote

“O rato, leitor, fez-se convidado para a festa.” Kate DiCamillo A Fábrica das Histórias gosta de ratinhos! Presença habitual em bibliotecas, nos porões dos navios, nas caves, nos sótãos, nos celeiros, mas sobretudo nas histórias de encantar, nas lenga-lengas, nas adivinhas e nas canções de embalar, os ratinhos têm-se revelado, ao longo dos tempos, bons apreciadores de música de flauta, companheiros de raposas e elefantes, de doninhas e rãs falsas, de fadas, de carochas e de gatos com belas famosas botas, de diabos, diabelhos, de bruxas e feiticeiros, e ainda de macacos a favor dos quais “roem fraldas de rainha e o sebo que unta um cordel que prende a chave do castelo de Chuchurumel.” Roem, rilham, mordem, correm, fogem, escondem-se, ratinham, ratam nas costas dos outros, invadem a Babilónia, o Egipto e grande Cidade de Hamelim, são adorados na Índia, brincam ao rato e ao gato, são refeição de um Santo que tem por nome Vicente e os come com pão quente. São assim estes ratinhos, seguindo-nos e perseguindo-nos. As vezes têm fim trágico, em dia de casamento caem num redondo caldeirão, ou em dia menos nobre na boca de um gato amigo de um tal senhor marquês . São assim esses ratinhos. Por causa do Conan Doyle há quem lhes chame ratões, mas também são conhecidos pelo nome de ratazanas, arganazes ou leirões. A Fábrica das Histórias decidiu este ano lançar a todas as escolas do Concelho o convite para participarem na criação de uma mascote partindo dos ratinhos e ratões de quem já aqui falámos. Porquê Ratinhos, Ratões? A Fábrica das Histórias deu-lhes por anos guarida, dentes, caudas e bigodes, correndo pelo seu soalho, mas sobretudo porque povoam as histórias, com as suas grandes façanhas, suas manhas, suas glórias.

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Amante da literatura oral principalmente enquanto espaço de resistência aos modelos da cultura dominante, a partir de 2003 desenhou diferentes propostas de trabalho artístico no âmbito da contação de histórias, com trabalhos desenvolvidos quer no Continente Americano quer na Europa. É autor de vários ensaios e no domínio da ficção tem trabalhos publicados na literatura para a infância e no teatro. Nota: Todos os Professores inscritos no desafio “Árvores com Histórias lá dentro” e no Projecto “Roubar Histórias às estrelas” terão prioridade na participação nesta Oficina .

Três Tristes Tigres Oficina fora de portas Colocação de Voz e outras Técnicas para Contar e Encantar

“o lobo, disse a ovelha na sua voz profunda, Oh, ele era um lobo velho. E bastante manso. Eu nunca tive medo dele. Não é como os tigres. Os tigres…”

Allan Ahlberg

Formadora: Bárbara Dias Data: 22 Janeiro Hora: 10:00 – 13:00 / 14:30 – 18:00h Duração: 1 dia Local: Auditório Municipal Público Alvo: Graúdos (amantes de histórias, professores, educadores, técnicos de biblioteca, pais, mediadores de leitura e todos os curiosos e interessados em trabalhar com as histórias) (sob marcação) Contar histórias é uma arte rara que, partindo de uma matéria prima imaterial, tece fios invisíveis entre a palavra, a voz e o corpo. Esta Oficina, qual fio de ariadne, pretende funcionar como kit de sobrevivência para graúdos que tenham miúdos a pedir “conta-me uma história”. Feita em espaço de diálogo e informação, sem ter o peso de lição, propõe alguns métodos e técnicas para quem quer cativar os mais novos para a ouvir ler e contar.. O convite feito aos graúdos é para que percorram os caminhos das suas histórias, desde que as ouviram até que as começaram a contar.

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Qual era a minha história preferida? Quem a contava? Como a contava? Qual era a voz que me transportava até ao reino das fadas? Depois de cada um descobrir as textualidades profundamente impressas no seu imaginário, recuperando as histórias que o coração compôs, começa por fazer-se um trabalho com a voz. Constrói-se o mapa dos pulmões que alberga o universo da inspiração. Nesse mapa, o ritmo da vida e o silêncio vão dar alma, e certamente também coração, às páginas dos livros. Aprendem-se, a seguir, os saltos e as pausas, o ritmo, as variações e as repetições, rodopiam-se as palavras na respiração, pondo ao peito as que se trazem guardadas na memória. Mais tarde aprende-se ainda o corpo, que é também um lugar onde moram as histórias. Fazem-se exercícios de aquecimento físico e sensorial e, para terminar, conta-se uma história. Conta-se uma história não para que ela sobreviva, mas para que os graúdos renasçam, pegando nessa literatura de casa, nesse saber de leite que tomaram quando eram miúdos e que agora, em graúdos, querem dar a provar. Conta-se uma história dando a conhecer as criaturas luminosas que a habitam, e também as palavras, dóceis satélites sem mistérios, que rodando, rodando, se acabam por dispor num lindo sistema verbo-estelar. Formadora Bárbara Ramos Dias é actriz formada pela Escola de Formação Teatral do Centro Cultural de Evora. Fundadora da Associação Nariz Vermelho, os conhecidos Doutores-Palhaços que visitam as pediatrias dos hospitais, é ainda, ou sobretudo, uma Contadora de histórias e formadora habilitada nesta mesma área pela Psicofaro. Trabalha também na área de Coaching e programação Neuro-linguistica.

Aventuras de um Feijoeiro Oficina fora de portas Para futuros Animadores de Figuras “Quando chegou ao reino das nuvens João saltou do feijoeiro para o chão fofinho.” João e o Pé de Feijão

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Para se poder contar uma história de que precisamos? Precisamos de um lugar para dar casa às personagens, e quem diz casa, diz toca, buraquinho, folha, caixa… A Fábrica das Histórias, fechada para obras, de casa às costas, como o caracol, foi à procura de um horizonte para se instalar, de vozes para falar e contar, de cheiros para narizar, de objectos para tocar, de paisagens e coisas para olhar. Assim, , de casa fechada, mas sem tranca nas portas, desafia as escolas e restante comunidade 34


Roubar História às Estrelas “ (…) e cresceram, cresceram, até penetrarem no reino das nuvens.” João Pé de Feijão

Parceria: Escola Secundária Henriques Nogueira As estrelas são gulosas por histórias, que devoram á noitinha, engordando, engordando, penduradas num estendal que existe no céu. Por isso existem estrelas enormes e muito luminosas, que são as que têm dentro muitas histórias, mas também existem outras, mais pequeninas e modestas, ou seja, estrelas sem histórias e sem importância nenhuma, enfim, estrelas que nem sequer figuram no mapa azul. Os homens, porque também gostam de histórias, lêem-nas nas estrelas, tentando abri-las devagarinho para nelas descobrirem os milhões de palavras que lhes vão servir para perceberem o mundo. Shakespeare buscava nelas a sua inspiração, lendo-as e relendo-as uma e outra vez, Baudelaire tinha uma chaminé no seu quarto feitinha de propósito, como diz Mia Couto, “para deixar entrar o céu”. Servia-lhe de telescópio, a sua chaminé, e ele espreitava, espreitava e dizia “assim vejo as estrelas dos telhados de Paris que são as mais belas do mundo”. Ora o “problema muito enorme” é que nem todas as estrelas gordas de histórias se deixam abrir assim por qualquer um, temendo ficar mais magrinhas, pequeninas e modestas, perdidas sejam das suas histórias. Os homens bem as espiam, bem lhes pedem palavras, matéria prima de que se fazem as tais histórias, mas elas fazem orelhas moucas, rindo-se, muito mesmo muito lá em cima, que é um sítio onde só vai quem voa alto e não tem medo das alturas. Resta então aos homens roubar-lhes as suas histórias. Mas quando sobem no céu, de foguetão, tentando chegar às estrelas, elas desmaiam fazendo nascer o dia, ou enguiçam, a barriga feita fecho que não abre . Só as mãos pequeninas, dos meninos e das meninas, com meiguice, roubam histórias às estrelas. Mas como os meninos e as meninas não conduzem foguetões, e de triciclo ou de bicicleta levariam tanto, mas tanto tempo a lá chegarem, que já seriam homens ou mulheres, voltando nós ao “problema muito enorme” , não raro usam um feijoeiro mágico, de um tal rapaz chamado João, cujas sementes enterradas fundo, um dia desataram a crescer, a crescer . Partindo da Exposição “O Feijoeiro Mágico”, que é levada a cabo pelos Seniores do Concelho, os Alunos da Escola Secundária Henriques Nogueira vão roubar histórias às estrelas, numa noite de leituras, de dramatizações e de muito encanto.

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Formadora: Patrícia Bastos Data: Janeiro Horário: 3.ª e 6.ª feiras: período da manhã (09:00h – 13:00h); 4.ª e 5.ª feiras: período da tarde (13:00 – 17:00h); 2.ª e 3.ª feira: em regime pós-laboral a partir das 17:00h Local: Estabelecimento de ensino Público Alvo: Graúdos (educadores do pré-escolar e professores do 1º ciclo que aderiram ao Desafio Aventuras de um Feijoeiro) (sob marcação) Numa época de verdadeiro delírio comunicacional, em que se salta de imagem para imagem sem no entanto se ser mais do que seu consumidor, é absolutamente imprescindível, na escola, começar a explorar as novas tecnologias de mil e uma outras formas, atendendo a que estas podem ser um outro meio de criação e de expressão artística que dê às crianças possibilidades de desenvolverem a criatividade. Abre-se pois uma porta mágica a todos os educadores e professores que se situam fora das margens de um certo esclerosamento pedagógico e que pretendam conhecer mais uma estratégia capaz de criar nas crianças o apetite por experimentar, desenvolvendo em simultâneo a sensibilidade estética e, neste caso muito especial, o amor pelos livros, pelas histórias, pela leitura. Assim a ideia de perceber a potencialidade criativa das novas tecnologias, e de com elas poder usar métodos de trabalho muito simples, vai permitir que se descubram novas pistas para sensibilizar para o prazer de tomar parte daquilo a que se chama “uma nova escola”. Nesta oficina há também a promessa de não se usar demasiado academismo palavroso. Neste sentido “fotogramas”, “computação gráfica”, “claymation”, “stop motion”, entre tantas outras palavras, serão substituídas pelo sorriso de quem, tendo adquirido uma nova mestria comunicativa, vai despertar o envolvimento da miudagem na criação. Formadora Licenciada em Matemática Patrícia Bastos trabalhou durante duas décadas como administradora de sistemas e bases de dados para empresas como os TLP, Portugal Telecom e EDS-Petrogal. Actualmente encontra-se a terminar o mestrado em Engenharia Informática, dividindo o seu tempo entre a formação de adultos e o ensino na Universidade da Terceira Idade de Torres Vedras, sempre na área da informática. Dedica-se também a projectos de animação em colaboração com jardins de infância e 1º ciclo.

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Histórias para Fazer ÓÓ

“Dorme agora sossegado como as nuvens à noitinha que eu fico aqui a teu lado com a tua mão na minha.” José Jorge Letria Parceria: Banco de Voluntariado da Câmara Municipal de Torres Vedras

r uma ra lo xp e e pr m se o vã rárias ientada or As Exposições tempo a m or f e d s a d a ser organiz temática podendo os diferentes e qu o d n a it il ib ss as po ou de forma livre, m ar e interagir ic n u om c m a ss po m ta públicos que as visi de as “ler”. r ze a pr o os ri óp pr explorando eles escolhidos de o rã se s to os xp e os Os trabalh o coerente rs u c is d m u a st xi e forma a que Histórias, os s a d a c ri b á F a e s entre ele sua missão. seus objectivos e a 19

As crianças nunca se cansam de aprender, e aprendem com as flores, aprendem com as formigas, com os caracóis, com a música, com o chão de terra e de pedras, mas principalmente com as histórias, porque nas histórias cabe isso tudo e muito mais. Parceria: Banco de Voluntariado da Câmara Municipal de Torres Vedras As crianças nunca se cansam de aprender, e aprendem com as flores, aprendem com as formigas, com os caracóis, com a música, com o chão de terra e de pedras, mas principalmente com as histórias, porque nas histórias cabe isso tudo e muito mais.

Sim, as histórias convidam as crianças a importantes reflexões sobre as coisas, os outros, a identidade, a acção, o bem e o mal, ajudando-as a “olhar” e a “ler” a vida e o mundo. Sim, as histórias são um dedo apontado às estrelas, pedindo às crianças que as usem como um pedacinho de mapa do tesouro, o que lhes vai permitir encontrar o caminho. Por isso todas as crianças têm direito a ouvir contar uma história ao deitar, e as histórias devem chegar a todos os lugares onde se abra uma orelhita pequena para as ouvir contar. Contar Histórias. Contar com amor e com generosidade, dando a ouvir às crianças as mesmas que um dia ouvimos contar é a missão deste Projecto que se quer implementar no Ano Internacional do Voluntariado e que aposta num trabalho com uma faixa de potenciais crianças excluídas do mundo das histórias. Contar e ouvir contar. Ouvir contar para matar os medos e abraçar o sono que só assim, com as histórias, chegará de mansinho. Contar e ouvir contar histórias para fazer óó.

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Anotar os Dias

A Alma da Casa Exposição Temporária

“ O tempo, esse, deslizava veloz como os pensamentos.” Isabel Rosas Parceria: Clube Sénior da Câmara Municipal de Torres Vedras Anotar os Dias para os tornar notáveis é a proposta deste Projecto, que se iniciou em 2009 e de já que foi apresentada, em sessão pública, a primeira recolha de trabalhos. Trata-se de um Projecto feito em parceria com o Clube Sénior da Câmara Municipal de Torres Vedras com quem fomos e vamos à procura das histórias escondidas por detrás de uma ruga, numa pequena cicatriz, na garganta que arde ou numa dor de barriga. Tomando assim as histórias de vida, os saberes de leite, os fazeres milenares, e usando depois o seu registo como instrumento para observar e interrogar as memórias e as experiências do quotidiano, vamos colocar as vidas dentro de caixinhas, como quem guarda velhos retratos, recortes de jornais, cartas de amor, criando um museu muito especial que servirá de casa para guardar o tempo, impedindo-o de passar depressa, o sol a nascer e depois, de repente, já tão alto e tão escuro, apenas picado pelas estrelas distantes e geladas.

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“Max sabia que uma cama em beliche era a estrutura perfeita para se usar quando se construía um forte dentro de casa.” Dave Eggers Autoria: Pedro Cláudio Data: Janeiro, Fevereiro, Março e Abril Visitas da Comunidade – 5.ª feira, 18:00h Visitas Escolares – 4.ª feiras, 10:00 / 13:00h Local: Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino Público Alvo: Miúdos e Graúdos (alunos e professores) Esta Exposição integra-se na Visita Orientada “Primeiro Olhar” e na Oficina “A Poética da Casa. (sob marcação) Trata-se de um conjunto de fotografias com carácter documental e que reflectem como era a casa do Dr. Jaime Umbelino antes de vir a ser Fábrica das Histórias. Pela mostra de trabalhos de Pedro Cláudio se percebe que tal como um livro é sempre biográfico, mesmo se não tratando de uma biografia, uma casa também o é porque reflecte o coração de quem a possuiu e a sua passagem pelo tempo. Antes de começar a ser partida, fragmentada, montada e remontada, houve assim que captar-lhe a alma, guardar-lhe a memória, registar como ela foi, para se poder depois fazer as correspondências intimas como uma história de vida, a do homem que no movimento desordenado das suas escolhas encontrou numa pintura, num objecto, num livro, fosse valioso ou simples, frágil ou robusto, estranho ou vulgar, uma vibração que o levou a integrá-lo no seu espaço, criando assim a sua casa tal como um pintor cria sobre uma tela em branco e um escritor sobre uma página vazia. E é com as fotografias expostas que se torna possível tropeçar em ínfimas memórias e afectos, cada qual requerendo atenção única.

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Pedro Cláudio Nasceu em Torres Vedras em 1965 e depois de fazer o ensino secundário frequentou, entre 1985 e 1990, o Curso de Design e Comunicação do ESBAL, iniciando a sua actividade como fotógrafo em 1989 no Semanário O Independente. Publicando regularmente em revistas como a Elle, Marie Claire, Egoísta, Vogue e pontualmente na Imprensa estrangeira, nomeadamente Cahiers du Cinema, Wallpaper, Form, Intramuros, Visionaire, colabora também com designers da moda como Ana Salazar, Alves & Gonçalves ou José António Tenente e com designers industriais como Filipe Alarcão ou Fernando Brizio. Tem ainda participado na ExperimentaDesign. Em 1999 editou o livro Map e em 2003 iniciou-se na realização de filmes de publicidade. Em 2004 assinou a realização e direcção de uma série documental para a televisão designada Atmosferas. Tem exposto os seus trabalhos, ao longo dos anos, em individuais e colectivas, não só por todo o país como também no estrangeiro.

O que é feito de quem foi Rainha Exposição Temporária/Oficina

“ A princesa sentiu chegar a visita incómoda de uma dor fininha, que se foi instalando no peito e lhe subiu à garganta, transformando-se num nó cego impossível de desatar.” Afonso de Melo Autoria: Aida Sousa Dias Data: Fevereiro a 13 | Março Visitas da Comunidade – 5.ª feira, 18:00h Visitas Escolares – 4.ª feiras, 10:00 / 13:00h Local: Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino Público Alvo: Miúdos e Graúdos (alunos e professores) (sob marcação )

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A Fábrica das Histórias pretende levar a cabo, sozinha ou em parceria, um conjunto de Projectos ligados ao Fabuloso mundo das Histórias.

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Sabemos que recuperar edifícios antigos sem lhes trazer um dinamismo vivo é museificá-los como se fossem meras atracções de feira, ou turísticas, como se prefira, transformando-os em redutos museológicos muito bons para atrair a nostalgia mas muito maus enquanto força integradora. Numa altura em que o espaço público atrofia em relação ao privado, numa altura em que a mobilidade aumenta e se formam em pouco tempo as “instant cities” com os seus centros comerciais, as suas galerias, os seus armazéns, numa altura em que nascem, como cogumelos, os “não-lugares”, como construir, de modo individual e irrepetível, um espaço de cultura que se quer diferente, e como acreditar que este pode ser mais uma solução inovadora aos problemas e desafios da cidade. Enfim, “lugar de descobrimentos e surpresas” este pequeno ciclo de conferências é o piparote inicial para pensar Torres Vedras e a sua Fábrica das Histórias e uma magnífica oportunidade para reflectirmos, em concertação de actores, sobre o que temos e o que queremos, usando esta oportunidade para reivindicarmos o direito de todos a poetizar a cidade em que vivemos, numa tentativa de a harmonizarmos e nos harmonizarmos com ela enquanto nosso lugar.

Comemora-se durante o ano de 2010 o aniversário dos cem anos da nossa Republica, seu ciclone e ventos fortes de agitação popular. Registada por vassalos de pena e tinteiro na mão, com a sua implantação lá se foram nossos Reis, nossas Rainhas e outras coisas desses tempos: batalhas, glórias ganhas e perdidas, aias, donzelas, cavaleiros, coches, cavalos, cocheiros, grandiosas virtudes, coroas de diamantes e oiros de toda a parte, imbróglios de sucessão, doações e casamentos. Mas imortalizadas nos livros pelos escritores, na pedra dos escultores e nos pincéis dos pintores, que lhes aprisionaram as feições, as melancolias crónicas, os desgostos e as paixões, as Rainhas voltam hoje à Fábrica para nos contarem factos reais e inventados, todos eles lado a lado. Uma viagem por um reino meio a sério meio a brincar, sem nenhum trono dourado, e um famoso exercício de reconciliar os horizontes do real e do inventado. Aida Sousa Dias Licenciada em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa é Mestre em Teoria da Arte com defesa da tese “O Corpo Feminino na Escultura dos Anos 50 em Portugal” que foi editada pela Câmara Municipal de Oeiras. Trabalhou na investigação da Cerâmica Portuguesa de 1976 a 1987 ano em que publicou, em co-autoria com Rogério Machado, o livro “A Cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro. Na área da escultura iniciou-se na Sociedade Nacional de Belas Artes com uma Exposição “Novos Novos”, tendo desde então realizado mais de 35 Exposições individuais e participado regularmente em colectivas quer no país quer no estrangeiro. Tem ainda realizadas mais de 200 Exposições em áreas distintas da escultura, nomeadamente na área da tapeçaria e da pintura. Em 1988 foi eleita pela Revista Marie Claire como uma das Mulheres do Ano e em 1995 recebeu a Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Oeiras.

O Feijoeiro Mágico Exposição Temporária/Projecto

“De repente irromperam pela dura crosta do terreno e, unidos num emaranhado de caules, cresceram até ao céu.” João e o Pé de Feijão 29

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Autoria: Clube Sénior da CMTV Data: 21 de Março e Abril Visitas da Comunidade – 5.ª feira, 18:00h Visitas Escolares – 4.ª feiras, 10:00 / 13:00h Local: Fábrica das Histórias Público Alvo: Miúdos e Graúdos (alunos e professores) (sob marcação ) A infância não tem cronologia e, às vezes, arrasta-se vida fora nesse gosto enorme de aprender, aprender e sonhar, que são afinal as duas matérias profundas de que se fazem as crianças. Assim, os idosos que integram o Clube Sénior da Câmara Municipal de Torres Vedras, recuperando a sapiência que existe na infância, resultado das mil palavras e histórias que moram no corpo, vão construir um feijoeiro mágico capaz de os fazer chegar onde quer que seja, por mais alto e mais longe, a eles e a todos a quem um dia foi sussurrada a história de um tal menino chamado João e da sua vaca margarida, e de uma velha que vivia muito, muito lá em cima no céu, e de um gigante e da sua galinha dos ovos de ouro. Claro que na vida das gentes crescidas os feijoeiros não se usam para ir a lado nenhum. Comem-se os seus feijões e apanham-se comboios, autocarros, aviões. Mas para estes idosos o Feijoeiro vai ser uma espécie de porta-sonhos ou escada capaz de conduzir até ao céu onde moram as histórias. A enorme escultura que vai tornar a Fábrica um local habitado por troncos e ramos, reinventando o mundo botânico, materializa assim a árvore trepadora que tanto ajudou na história o João Pé de Feijão a chegar ao mundo mágico. Quanto aos idosos, não é só a esse mundo mágico que fica lá em cima no céu, aquele a que querem chegar, mas subindo pelo feijoeiro vão dar voltas às horas e aos dias e o mais certo é abrir-se uma porta de mansinho, uma porta que os leva de volta ao tempo em que “mediam pouco mais de um metro, calçavam o vinte e dois e eram tão leves que quase podiam voar.”

Nota: O Feijoeiro que o Clube Sénior vai realizar inspira-se na escultura O Feijoeiro que João Pedro Vale começou por instalar na I Bienal de Arte Contemporânea de Sevilha , mais precisamente no Mosteiro da Cartuxa de Santa Maria, e que passou depois a fazer parte do acervo museológico do CAM.

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Lugares Ciclo de Conferências

“Kublai Kan verificara que todas as cidades de Marco Polo eram parecidas, como se a paisagem de uma para outra não implicasse uma viagem mas sim uma troca de elementos. ” Ítalo Calvino Organização: Arquitecto Moreira Pinto Colaboração: Universidade da Beira Interior Data: Abril Local: Paços do Concelho (sob marcação) Público Alvo: Graúdos (arquitectos, artistas, paisagistas, professores e outros interessados)

Cultivamos os lugares que trazemos no coração e estão intimamente ligados às nossas memórias, aos livros que lemos, aos amigos que fizemos, pois estes criam a nossa identidade individual, falando-nos do que somos e, muitas vezes também, do que já não somos. Pontes, ruas, castelos, parques, bancos de jardim, paragens de autocarro, estabelecem connosco laços e, por vezes, nós cegos muito apertados, sempre que nos permitem reconhecer neles porque neles trocámos palavras, cruzámos olhares, demos beijos e apertos de mão, porque neles nos misturámos esquecendo, nem que tenha sido por um instante, a solidão que sempre espreita nas cidades. Cidades cercadas de exigências contraditórias, proximidade e distância, anonimato e identificação, indiferença e reconhecimento, cidades que, como tudo no tempo, passam e sobrevivem. Cidades que mudam, que se dissolvem, que perdem um rosto e ganham outro. Cidades que são como uma paisagem que evolui depressa ou como a luz do dia sempre pronta a ganhar novas cores. Cidades! Num desafio lançado a alunos finalistas do Curso de Arquitectura da Universidade da Beira Interior e de que resultarão um Ciclo de Conferências e uma Exposição iremos falar da Fábrica das Histórias, do papel que ocupa a memória no seu desenho enquanto parte integrante da cidade de Torres Vedras, de que forma reconhecemos o passado no seu presente, mas sobretudo de que forma o presente o transborda e reivindica. Falaremos também da importância da individualidade do seu rosto e em que é que este se distingue de todos os outros rostos da cidade, tornando-a, por isso mesmo, única. Vamos pensar ainda de que forma a sua individualidade se entrecruza com a sua necessária mobilidade e porosidade de forma a poder gerir a pluralidade interna e dialogar, em simultâneo, com o que lhe é externo e estranho.

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A Botânica das Lágrimas Conferência “Onde estão eles, a bela rapaziada, os meus valentes?” William Shakespeare Conferencista: Pedro Foyos Data: 28 Março Hora: 21:30h Duração: 1:30h Local: Paços do Concelho Público Alvo: Graúdos e Miúdos (pais, professores, educadores, psicólogos, assistentes sociais, botânicos, alunos do ensino secundário e todos os interessados na temática a abordar ) O tema deslumbrante da botânica e o tema inquietante do bullying, que nos parecem à partida matérias impossíveis de combinar, foram magistralmente tratados por Pedro Foyos no seu livro “A Botânica das Lágrimas”, que de forma inédita descreve um outro lado da infância, o lado escuro e que dói. Habituados a acreditar que vivemos num lugar de brandos costumes assusta-nos pensar, de acordo com dados fornecidos pela UNESCO, que muitas crianças portuguesas sofrem acções de violência física e psicológica nas Escolas que, madrastas, teimam em ignorar o que se passa, para sossego das almas e dos corações de quem nelas vive e trabalha. Alegria e tristeza são assim assumidas na Botânica das Lágrimas por este jornalista de longa carreira profissional que depois de uma visita inesquecível ao Jardim Botânico da Sétima Colina, guiada pelo Professor Fernando Catarino, se sentiu rendido ao mundo das árvores, à rudeza da sua casca, à humidade do seu musgo cinzento, ao ziguezaguear do vento através das suas folhas, à sua seiva bruta a subir a subir, toda a sua energia consumida num coração que nem sempre é doce. Pedro Foyos neste seu livro também não esqueceu outras realidades para lá da Botânica, não se esqueceu de escolas madrastas, nem da violência, nem de miúdos grandes e desajeitados num novo corpo, tal como não se esqueceu dos miúdos tristes, frágeis e esvaziados de qualquer esperança.

Estas actividades estão sempre em estreita relação com a programação trimestral da Fábrica das Histórias e pretendem dar a conhecer, com maior ou menor profundidade, aspectos relevantes da cultura local, regional e nacional.

Pedro Foyos Jornalista, foi director de várias publicações periódicas e fundador da colecção Grande Reportagem. É autor de vários livros entre eles Grandes Repórteres Portugueses da I República. Na área da ficção, para além da Botânica das Lágrimas, é autor de O Criador de Letras, romance inspirado no tema da invenção do alfabeto.

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Das Histórias Nascem Histórias

Conferencistas:

Maria Teresa Meireles

“História é que nem um fio, a gente tece e o fio cresce. A gente inventa, e tudo o que a gente tenta se transforma em coisa nova.” Glaucia de Sousa Conferencista: Maria Teresa Meireles – “ Os Contos Tradicionais” Data: 11 Janeiro Conferencista: Rodolfo Castro – “ A contação de histórias” Data: 18 Janeiro Conferencista: Francisco Vaz da Silva – “ O simbolismo tradicional nos contos de fadas” Data: 25 Janeiro Hora: 21:30h Duração: 1:30h Local: Paços do Concelho (sob marcação) Público Alvo: Graúdos (pais, professores, educadores, bibliotecários, mediadores da leitura e outros interessados) Os contos existiram desde sempre para nos ajudarem a enfrentar o medo e o frio. Nasceram da palavra, do gesto, da voz, e depois percorreram milhares de quilómetros, cresceram, mudaram, transformaram-se, adaptaram-se. São contos sem dono, contos de todos os tempos e de todos os lugares, que ainda hoje continuam as suas viagens pelo mundo. Quando somos crianças mostram-se vestidos da Carochinha e são eles que nos permitem o desenvolvimento psicológico e a modelização social, trazendo propostas de valores que acabamos por imitar e nos quais nos projectamos. Por causa deles a Capuchinho Vermelho, o Rei Sapo, o Príncipe com Orelhas de Burro, a Maria Rabanete, entre tantos outros, ao cruzarem a infância de cada um, são muito mais do que simples companheiros de distracção e divertimento, pois pelo diálogo que estabelecem ajudam-nos a libertar medos, a desempenhar papeis muito diferentes e a desenvolver o sentido crítico, o que nunca teríamos conseguido sem a sua intromissão nas nossas vidas. Com eles aprendemos como é complexo o ser humano, como vive sentimentos diferentes e inquietantes, mas sobretudo como consegue encontrar tantas soluções quantos os problemas que se lhes vão apresentando.

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Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, fez Mestrado em Literatura Medieval Comparada e Doutoramento em Literatura Oral e Tradicional. Participa regularmente em Congressos e Colóquios e dinamiza workshops sobre Conto Popular, Imaginário Tradicional, Escrita Criativa e Escrita de Diários. É Directora da colecção «Redes e Enredos» (Editora Apenas) e autora de várias obras, entre elas Elementos e Entes Sobrenaturais nos Contos e Lendas; B.I. da Serpente; B.I. dos Sapos e Rãs; B.I. de Ratos, Ratinhos, Ratões e Ratazanas; Quem isto ouvir e contar em pedra se há-de tornar; A Troca: Perdas e Permutas nos Contos Tradicionais; Gigantes, Olharapos e outras Desmesuras; Fadas, Mouras, Bruxas e Feiticeiras; A Palavra e seus Ecos; A Partilha da Palavra nos Contos Tradicionais; Os Dez Mandamentos do Conto (coautoria), do jogo de cartas A Arca dos Contos (já na 2ªed.), de A Correr Mundo – as Cartas de 2008, Ano Europeu do Diálogo Intercultural e de O Imaginário das Histórias – uma viagem pelo Universo dos contos (programa para escrita em formato digital).

Rodolfo Castro Nasceu em Buenos Aires tendo formação enquanto professor do 1.º Ciclo. Em 1998 emigrou para o México tendo começado a trabalhar como contador de histórias em escolas, bibliotecas e editoras. Acredita que todos somos leitores, uma vezes de livros, outras vezes da vida ou da natureza. Amante da literatura oral principalmente enquanto espaço de resistência aos modelos da cultura dominante, a partir de 2003 desenhou diferentes propostas de trabalho artístico no âmbito da contação de histórias, com trabalhos desenvolvidos quer no Continente Americano quer na Europa. È autor de vários ensaios e no domínio da ficção tem trabalhos publicados na literatura para a infância e no teatro.

Francisco Vaz da Silva Francisco Vaz da Silva é doutorado em Antropologia do Simbólico e desempenha funções de Professor Auxiliar agregado no Departamento de Antropologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) onde ensina Antropologia e Folclore desde 1987. Como Professor Visitante ensinou Programa em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ainda no Departamento de Antropologia da Universidade da Califórnia em Berkeley, e no Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Com um vastíssimo número de artigos em revistas nacionais e estrangeiras, tem vários livros publicados, nomeadamente Metamorphosis: The Dynamics of Simbolism in European Fairy Tales, Archeology of Intangible Heritage e muito recentemente os 7 volumes da Biblioteca dos Contos Tradicionais editados pelo Circulo de Leitores. Nos últimos 10 anos conta também, no seu curriculum, com inúmeras comunicações e conferências que se têm desenrolado mundo fora, de Portugal à Turquia, passando pela Bélgica, Eslovénia, Estónia, Grécia, seguindo depois pelos Estados Unidos e Canadá.

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