O hobbit (1937)

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novo, à custa de pão e mel — disse ele, rindo à socapa. — Venha e coma mais um pouco! Assim foram todos fazer o desjejum com ele. Beorn estava muito alegre, para variar, na verdade parecia estar num humor esplêndido, e pôs todos a rir com suas histórias engraçadas, nem tiveram de pensar muito para saber onde estivera ou por que estava sendo tão agradável com eles, pois ele mesmo disse. Atravessara o rio e fora até as montanhas, pelo que vocês podem adivinhar que ele podia viajar depressa, na forma de urso, pelo menos. Pela clareira queimada dos lobos, logo descobriu que parte da história deles era verdadeira, mas descobrira mais do que isso: pegou um warg e um orc vagando na floresta. Destes conseguira notícias: as patrulhas dos orcs, junto com os wargs, ainda estavam caçando os anões, e estavam terrivelmente zangados por causa da morte do Grão-Orc, e também por causa da queimadura no focinho do lobo chefe e da morte de muitos de seus principais servidores causada pelo fogo do mago. Contaram-lhe essas coisas quando forçados por Beorn, mas ele desconfiava que mais maldade estava a caminho, e que nas terras cobertas pelas sombras das montanhas poderia em breve acontecer um grande ataque de todo o exército orc, com seus aliados lobos, à procura dos anões, ou para vingarem-se dos homens e criaturas que lá viviam, que eles julgavam estarem lhes dando proteção. — Foi uma história muito boa, aquela que vocês contaram — disse Beorn, — mas gosto mais dela agora que sei que é verdadeira. Devem perdoar-me por não ter aceitado a palavra de vocês. Se morassem perto das bordas da Floresta das Trevas, não acreditariam nas palavras de ninguém, a não ser que o conhecessem como a seu próprio irmão, ou melhor. Sendo as coisas como são, só posso dizer que corri para casa tão rapidamente quanto pude para ver se estavam a salvo e para oferecer-lhes qualquer ajuda que estiver ao meu alcance. Pensarei nos anões com mais respeito depois disto. Mataram o Grão-Orc, mataram o Grão-Orc! — disse ele, rindo consigo mesmo. — O que você fez com o orc e o warg? — perguntou Bilbo, de repente. — Venham ver! — disse Beorn, e todos o seguiram dando a volta na casa. Havia uma cabeça de orc espetada do lado de fora do portão, e uma pele de lobo estava pregada em uma árvore logo atrás. Beorn era um inimigo feroz. Mas agora era amigo deles, e Gandalf julgou sensato contar-lhe toda a história e o motivo da viagem,


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