Sissi - A Imperatriz Solitária (Allison Pataki)

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Alexander, sem encontrar um parceiro para suas brincadeiras regadas a vinho, recolheu-se à sua taça, e um silêncio desconfortável dominou o grupo. Finalmente, as atrizes foram anunciadas, para alívio visível do pequeno grupo. — Agora nós vamos nos divertir, não é mesmo? — O Czar Alexander observava, interessado, as duas jovens serem conduzidas por criados do palácio. Trazê-las tinha sido ideia de Franz: as atrizes eram do Teatro da Corte de Viena e foram levadas até lá para interpretar uma série de cenas para a reunião imperial. Sissi, que não tinha ido ao teatro na temporada passada, não conhecia as moças, mas elas foram apresentadas como Josephine Wessely e Katharina Schratt. — Ah, sim, Srta. Schratt. — Franz movimentou a cabeça em sinal de aprovação de seu lugar ao lado de Sissi. — Ela é muito boa. Fez uma Catarina esplêndida em A megera domada. Eu tento não perder os espetáculos no Burgtheater quando ela faz o papel principal. Franz levantou o copo pedindo mais champanhe. Sua expressão se acendia enquanto ele mantinha os olhos na bela e jovem atriz, cujo cabelo escuro emoldurava o rosto redondo antes de cair solto pelas costas. Sissi reparou, achando um pouco de graça na súbita mudança do humor de Franz, em como seu marido carrancudo se tornou falante, até mesmo entusiasmado como um jovem estudante. Ela percebeu que sua própria atenção começou a ser atraída por Katharina Schratt durante a apresentação — concordando com o marido que, sim, a atriz possuía certo carisma. Katharina Schratt não era uma grande beleza, mas sua figura curvilínea e a pele cor de marfim destacavam um estilo de interpretação muito feminino e atraente. Foram os olhos da Srta. Schratt que mais impressionaram Sissi — eram grandes, brilhantes e iluminados, e quando ela sorria eles pareciam transbordar sua energia juvenil. O champanhe foi servido novamente enquanto o jardim escurecia, e as moças interpretavam várias cenas do espetáculo A cidade e o Estado. Bismarck, embora muito menos conversador que o czar, se mostrou capaz de acompanhar os outros na bebida. Mas ao contrário de seu companheiro russo, cuja língua se soltava mais a cada taça, Bismarck parecia se recolher cada vez mais em seu silêncio obstinado conforme a noite progredia. As fontes borbulhavam no escuro, ecoando as risadas do grupo imperial que se divertia com a apresentação. Ao fim do espetáculo, o czar parecia completamente bêbado, enquanto Franz, por sua vez, parecia absolutamente intoxicado pela atuação encantadora da Srta. Schratt. Franz, então, fez algo chocante, sem qualquer precedente: ele convidou as Srtas. Wessely e Schratt — ambas plebeias e atrizes — para jantar com três dos líderes mais poderosos da Europa. As jovens, mudas de espanto, aceitaram com humildade enquanto dois lugares adicionais eram postos à mesa. A noite estava amena e repleta de estrelas, e o ruído agradável das fontes se misturava com o estourar das rolhas de champanhe e a conversa animada de Franz. Sissi reparou que ele parecia, de repente, tão alegre e à vontade quanto o czar. — Eu me lembro bem de você, Srta. Schratt. Você fez o papel principal em A megera domada — Franz comentou, os olhos claros sorrindo para uma Katharina


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