Sissi - A Imperatriz Solitária (Allison Pataki)

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as letras estavam gastas e desbotadas; a placa mostrava os sinais do tempo e dos invernos rigorosos no topo daquela montanha remota. — Ludwig, querido, é ótimo poder vê-lo. — Sissi forçou um sorriso enquanto abraçava o primo alto, mas ela se afastou dele o mais rápido que pôde. Um sentimento desagradável de medo se apossou dela. Estaria Sissi com medo de Ludwig? Ou com medo por Ludwig? Ela não soube dizer. Mas enquanto estudava a aparência do primo, via como seus dentes começavam a ficar escuros e cariados por falta de cuidados, notando como aquele homem, que já tinha sido extremamente perfeccionista ao se vestir, agora parecia desmazelado com roupas puídas e apertadas; ela percebeu que tudo a respeito de Ludwig estava em desordem, arruinado. Sissi estremeceu ao se lembrar que aquele homem quase havia sido o marido da sua irmã. Graças a Deus Sophie-Charlotte tinha sido poupada! Imagine se tivesse vivido com aquele homem no alto desse pico isolado? Sissi, de repente, se arrependeu de ter levado Valerie consigo, ainda que para uma visita muito breve. Ela deu um olhar significativo para Marie Festetics, Ida e o Barão Nopcsa, esperando ter conseguido fazer com que entendessem a mensagem urgente: Vocês devem ficar ao meu lado o tempo todo. — Entrem. — Ludwig olhava para ela sem piscar. — Vou mandar que cuidem de seus cavalos, e que seus criados comam algo na cozinha. — Obrigada, Ludwig. — Sissi o seguiu até dentro do castelo. — Contudo, seus criados não precisam se preocupar com a carruagem; nós não poderemos passar a noite, infelizmente. Ludwig parou e virou os olhos cor de avelã para ela. — Mas você falou que passaria. Sissi se remexeu, olhando para o teto alto. Ela viu como Valerie, ao seu lado, estava encantada com o castelo. Ela se inclinou na direção do primo com uma expressão de pesar. — Sinto muito. Bem que eu gostaria de poder ficar, mas meu tempo na Baviera é limitado. Franz quer que eu volte para Viena. E prometi à minha mãe que passaria a noite em Possenhofen. Ludwig assentiu, passando a mão pelo cabelo grisalho e desgrenhado, que já tinha sido do mesmo tom vibrante de castanho que o dela. Teria ele percebido que ela estava mentindo? — Como quiser, Sissi. Eles pararam no salão frontal, e ela ficou novamente abismada com o tamanho do lugar; devia parecer maior ainda para Ludwig, sozinho todas as noites. Ele ofereceu bebidas a Sissi e Valerie, e então Sissi sugeriu que eles fossem caminhar. Enquanto passeavam pelos jardins que circundavam o castelo, Ludwig respondeu às perguntas de Sissi sobre a estreia de O Anel do Nibelungo. Ele contou do sucesso estrondoso de Richard Wagner em Bay reuth, e falou que pediu que Richard fizesse apresentações especiais, em particular, só para ele, para que pudesse assistir às óperas e apreciá-las em paz, protegido dos olhos fofoqueiros das multidões, que só sabiam observá-lo de boca aberta e o faziam se sentir como se ele fosse o espetáculo, não o espectador. Sissi contou para Ludwig dos problemas de saúde de Rudolf; da nova neta, Elisabeth; de sua estadia em Zandvoort.


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