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ACONTECE NO CT

Entrevista com Guilherme Philippe Garcia - Enade no Design

Por Leonardo Santos

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Em 14 de novembro de 2021 o curso de Design do Centro de Tecnologia da UFC realizou o Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Prova que tem como objetivo avaliar o rendimento dos cursos de graduação relacionados aos conteúdos programáticos estabelecidos pelas diretrizes curriculares nacionais, como também a difusão das habilidades necessárias à formação. O exame é aplicado pelo Inep desde 2004, integrando o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). A cada ano, um conjunto de cursos são selecionados para a realização do Enade e tem inscrições obrigatórias para os alunos ingressantes e concluintes, sendo que para os ingressantes é utilizada a nota do ENEM. Então, com o objetivo de conversar um pouco sobre a realização do Enade no curso de Design, realizamos uma entrevista com o professor Guilherme Philippe Garcia, coordenador do curso.

Qual a importância do ENADE ? Como essa temática está sendo trabalhada no curso ?

O exame nacional de desempenho dos estudantes atua como um indicador de performance das instituições de ensino superior. A intenção é conseguir avaliar as competências e habilidades adquiridas que os alunos conseguiram durante o curso. É medido então o nível de conhecimento desses alunos e também o desempenho, isso gera alguns indicadores, a avaliação dos cursos de graduação, a avaliação institucional que servem para o governo traçar estratégias de melhorias para as universidades e instituições que tiveram desempenho menor, como também realizar cobranças de melhorias. Serve também aos discentes, como uma avaliação própria, para saber como está o seu conhecimento em relação a outras universidades, pessoas e pares dos cursos.

O exame funciona tanto para a própria instituição se reconhecer e reconhecer seu avanço ou regresso ao longo da sua existência, como também para os estudantes terem ciência de como eles se colocam, saber qual é o resultado daquilo que conseguiram aprender ao longo do curso frente a outras instituições e outras pessoas. No Design, a gente tem feito um trabalho muito grande de integração entre as disciplinas. O Design é sempre relatado no Centro de Tecnologia como um curso no qual a integração entre disciplinas e outros cursos já é real e isso facilita que tenhamos uma visão mais ampla daquilo que é considerado base para o exercício de nossa profissão. O Design sempre precisa observar o mundo

É medido então o nível de conhecimento desses alunos e também o desempenho, isso gera alguns indicadores, a avaliação dos cursos de graduação, a avaliação institucional que servem para o governo traçar estratégias de melhorias para as universidades e instituições que tiveram desempenho menor, como também realizar cobranças de melhorias.

Guilherme Garcia, coordenador do curso de Design da UFC.

como um sistema complexo que deve ser compreendido para entender bem quais são as reais necessidades para propor soluções que efetivamente resolvam problemas, demandas da sociedade, do setor privado, de instituições, ONGs de todo nosso contorno e como propor as melhores alternativas e soluções possíveis.

Então, o curso não tem em sua base um reforço incisivo sobre o Enade. Nós mantemos a nossa proposta de ensino, sempre mantendo as diretrizes de ensino, as DCNS, que tem métricas estabelecidas que deverão ser atendidas. E, a partir disso, fazemos as leituras dos nossos planos de ensino, e traçamos melhorias do curso ao longo do entendimento das emergências e necessidades que o mundo nos trás. Nesse momento há diversos projetos de extensão relacionados à pandemia do Covid-19, inclusive o nosso laboratório digital recebeu um grande insumo de máquinas que ficaram atuando na produção de itens no combate ao Coronavírus. Então é uma atuação nesse sentido que a gente trabalha, dentro do colegiado do curso.

Como está ocorrendo o processo de conscientização com os alunos sobre o Enade ? Quanto a essa questão, nós

estamos realizando a comunicação através do SIGAA, o sistema oficial de comunicação. Utilizamos os fóruns para encaminhar tanto as chamadas iniciais dos ingressantes e concluintes, como também reforçar novos eventos. Agora estamos em um momento de reforço da atualização cadastral, umas vez que eles devem, especificamente os concluintes, dentro do site do Enade realizar o ajuste de dados que porventura estejam ausentes ou não estejam de acordo com a realidade.

Um segundo momento de conscientização ocorreu através da própria coordenadoria de planejamento e avaliação de ações acadêmicas que nos disponibilizou um momento de sensibilização, uma conversa com alunos acerca da temática do Enade. E essa conversa foi ampliada. A princípio, ela se direcionou somente aos ingressantes e concluintes, mas nós, no curso, compreendemos que seria importante que todos nossos discentes participassem. Pois mesmo aqueles que não vão efetuar a prova do Enade agora poderão estar sujeitos a serem inscritos em um momento futuro. Então essa sensibilização ocorreu com a liberação de todos os discentes para participação. Nós criamos um link virtual para eles acessarem a sala. Tivemos uma adesão significativa dos discentes, inclusive alguns dos alunos nos consultam semanalmente pedindo o acesso a essa gravação, para recuperar alguma informação ou até mesmo assistir, na íntegra, aqueles que não puderam acompanhar de forma síncrona.

Além disso, nós utilizamos a plataforma TEAMS, Microsoft Teams. É onde estão ocorrendo as nossas aulas, enquanto o plano pedagógico emergencial continua vigente. Então, estamos usando essa plataforma para as principais comunicações de ensino com nossos discentes e, inclusive, a coordenação tem postado informações frequentes sobre o Enade, as datas e atualizações sobre a etapa do processo que os discentes devem cumprir e acompanhar.

Quais são as estratégias para conseguir a adesão dos alunos ?

Além de toda essa conscientização com relação a importância e como ocorre esse processo, existe também uma parte estratégica: a informação de que o Enade faz parte não só de uma avaliação nacional, mas também compõe o histórico do aluno. Assim, existe dentro do histórico do estudante a informação da participação ou não dos discentes nesse exame nacional e, inclusive, existem travas no sistema, etapas burocráticas que não conseguem ser cumpridas caso o discente não tenha exercido a prova naquele momento em que estava inscrito, impactando na colação de grau. Então, não é uma estratégia em si, que parte do curso, mas é uma estratégia que parte de uma regulação de como é compreendido esse exame nacional, uma questão legal de como esse exame é compreendido pelo MEC.

Agora em relação às estratégias do curso, o curso de Design do CT, o qual é vinculado ao ao Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design (DAUD), foi destaque nacional pela sua qualidade de ensino e a manutenção dessa qualidade é o que nós pretendemos, queremos e reforçamos sempre com os nossos discentes. Então, o exercício do exame nacional permite mostrar essa qualidade, que é resiliente aos mais adversos momentos como esse que nós vivemos, de uma questão exógena que ataca o mundo inteiro, gerando dificuldade. E somente agora estão começando a ser transpostas, começando a ver um deslumbre de uma normalidade.

Durante todo esse período nós mantivemos um esforço conjunto muito grande do nosso corpo docente, do centro acadêmico, dos representantes discentes e também dos discentes regulares na discussão das melhores práticas de como permitir que eles tivessem o melhor aprendizado possível, apesar de estarmos distantes um dos outros, estarmos mantendo o isolamento social e as práticas de cuidado com relação a COVID. Então, a estratégia não tange uma fala incisiva “façam a prova, façam o exame” , mas sim de uma compreensão da importância desse exame, como nosso curso é visto e compreendido pelos nosso pares que estão lá fora, os interessados, aquele que de repente estão procurando uma universidade para cursar design e estão curiosos para saber mais informações sobre o de Design do CT, que ocorre no centro de tecnologia em fortaleza. E até mesmo os próprios familiares se orgulham quando vêem que o curso teve um ótimo desempenho no exame nacional. Portanto, a estratégia é reforçar que estes indicadores,

(Foto: mrsiraphol)

essas avaliações, fazem parte também do portfólio dos nossos discentes. É um destaque ter se formado no curso de graduação em Design da Universidade Federal do Ceará.

O senhor gostaria de acrescentar algo mais sobre o tema?

Aqui cabe ressaltar a questão de que, embora existam diversas questões já tratadas em exames nacionais anteriores, nosso curso não fica repassando essas questões para o nosso discente. Não é uma prova a ser decorada e uma aproximação a ser feita com provas anteriores, mas sim, uma avaliação para pensar efetivamente nos nossos planos de ensino, nas nossas ementas, naquilo que vai ser tratado da melhor forma possível sempre. Portanto, não existe a prática dentro do Design de reforçar questões anteriores do enade, pois nós não pretendemos de modo algum que os nossos discentes sejam avaliados por uma decoreba, por uma similaridade com questões anteriores, mas sim que eles realmente utilizem dos conhecimentos, das habilidades, das competências, do processo cognitivo que eles conseguiram desenvolver ao longo de sua formação. Então, é um ponto que eu gostaria de ver em outros cursos, de realmente focar naquilo que temos que focar, que é o processo de melhorar o ensino sempre, de buscar esse aprendizado de uma forma muito colaborativa junto com os nossos discentes, com uma escuta muito atenta de suas necessidades e sempre tentando adequar aquilo que é traçado pelas DCNs, como também aquilo que é demandado pelo próprio mercado, pela própria organicidade uma formação onde exista um interesse humano muito significativo e uma flexibilidade em cima de novas práticas, novas metodologias, novas ferramentas que vão surgindo e que demandam, então, uma atualização do curso.