Jornal patrimonio 2015junho

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EDIÇÃO 02 | Sexta-feira, 29 de maio de 2015. | BAGÉ - RS

ELOS DE CUIDADO QUE UNEM E PRESERVAM O RENASCIMENTO DE UMA NOVA ERA

Vivemos em rede. Para a manutenção do nosso meio ambiente, precisamos de cuidados e atenção que devem ser estimulados desde a infância


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editorial

Em mais uma edição o jornal Patrimônio & Sustentabilidade reforça seu perfil e intenção de tratar de assuntos relacionados à educação, patrimônio, meio ambiente e a ações que merecem destaque e atenção pela importância que possuem na preservação histórica e arquitetônica de uma cultura. A começar pelo meio ambiente, tema que foi também reforçado durante a Semana Internacional de Museus, quando o Museu Dom Diogo de Souza e o da Gravura Brasileira relembraram as publicações do Ecoarte e reforçaram o desejo de mais cuidado e atenção com o meio ambiente, além de destacar a importância de lembrarmos que é desde cedo, e com a ajuda da escola e da educação, que precisamos plantar o desejo de cuidar do planeta em que vivemos. Outra novidade: A partir desta edição, o jornal Patrimônio & Sustentabilidade, uma produção do Da Maya Espaço Cultural, passa a ser mensal. Com isso, manteremos um canal direto de comunicação e propagação de esperança, divulgando assuntos que merecem atenção. Por isso, sempre que julgar necessário um comentário, sugestão, elogio ou crítica, não deixe de nos contatar através do e-mail contato@damayaespacocultural.art.br ou através da nossa página no Facebook.

reflexões

A ARTE FAZ BEM À VIDA

Por Sonia Alcade*

Desenho de Micaela Machado, neta

por Zuleika Borges Torrealba

A educação primordial, se recebe da família, é o que nos sustenta para o resto de nossas vidas. O espírito de cooperação, amizade e, principalmente de respeito, é o que se pode desejar para um futuro onde se pense que a vida depende das reflexões e atitudes que tomamos hoje. Então, com a consciência de que a natureza não é eterna, a água limpa cada vez mais é e será um bem precioso. Quando alguém joga lixo no rio do lado de sua casa está jogando lixo para o mundo inteiro. Assim como as famílias projetam a educação de seus filhos, as ações de sustentabilidade e de cuidados ambientais devem estar incluídas neste projeto familiar. Portanto, a educação deve ser levada a sério, é prioridade numa sociedade e país que ainda precisa avançar neste sentido, pois, nossa educação anda em sexagézimo lugar no mundo e, isto é muito ruim.

Mas, o que acontece nesta fronteira?

Mas, o que acontece nesta fronteira?

Nesta paisagem da região da Campanha, fronteira, onde há 11 anos convivo - acredito ter sido conduzida pela convivência com um grande escritor gaúcho Augusto Meyer (talvez também desconhecido por esta fronteira). Aqui, neste lugar, percebo uma falta de identidade, pouco apreço pelo seu patrimônio natural e construído e uma mania em grande parte de seus trabalhadores de gostarem de receber muito por seu trabalho mas não serem recíprocos ao ato de trabalhar, com um vício de querer tirar vantagem em tudo. Realmente, os seres humanos têm muita dificuldade em aprender. Tenho assistido, durante anos, a falta de preocupação e colaboração com a cultura, e a falta de cuidado com a Cidade, que é responsabilidade de todos. Por tudo isto, tenho perdido o prazer de convivências nesta cidade, decepcionada. Mantenho o Espaço Cultural, pois tenho esperança que no futuro as crianças sejam fruto de uma melhor educação.

Em minha viagem pelo mundo em mais de quarenta países, aprendi muitas coisas, principalmente o valor da cultura e da paisagem de cada lugar. Tenho consciência da miscigenação de raças que é o povo brasileiro: índios, negros, caboclos, portugueses, espanhóis, alemães, italianos, japoneses... tudo isto é a raça brasileira.

Sempre me renovo quando estou distante da “dita civilização”, perto da natureza e junto aos animais que tanto prezo. Sempre me pergunto porque os animais são tão simples e dão tantos exemplos de cooperação que, inclusive os seres humanos poderiam se espelhar. A natureza ensina. Como dizem os budistas a Divina natureza está presente em toda parte.

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O motorista parou no acostamento para verificar os pneus. Refastelada na poltrona do ônibus, desliguei-me dos ruídos eletrônicos, das diferentes músicas dos celulares, pluguei-me no horizonte. A casa pequenina no pampa, junto ao brilho cristal da sanga, destacava-se no cenário azul celeste. O pôr do sol ardente, sedutor, as gramíneas, a corticeira, o bicharedo aquietando-se... Ainda não chegou o inverno, mas as janelas estão fechadas, a família já se recolheu. Talvez as crianças estejam fazendo o tema, os pais vendo algum programa na televisão... Será que aproveitam a pintura que os cercam? Ouvi cliques de uma passageira tão encantada quanto eu, fotografando aquele momento. Senti-me possuída de emoção estranha. Apesar de ter visto muitos pores do sol, cada um traz beleza diferente. A Arte faz bem à Vida e a maior Arte é a Mãe Natureza. Ela não precisa da nossa presença para viver, nós precisamos dela. Por que nos demoramos respeitar seus pendores?

• Estas idéias, transcritas e autorizadas, revelam o pensamento de Dona Zuleika Borges Torrealba

expediente

COORDENADORA DE ARTE E EDUCAÇÃO Carmen Barros JORNALISTA RESPONSÁVEL Simôni Costa - Reg. Prof. 15223 Emanuel Müller - Reg. Prof. 9810 CAPA Alexandre Teixeira, Jaqueline Ferreira, Micaela Machado

PROJETO GRÁFICO Ana Remonti Rossi COLABORADORES Elvira de Macedo Nascimento, Norma Vasconcellos, Sonia Alcade REVISÃO Thais Vinhais IMPRESSÃO Gráfica do jornal Zero Hora TIRAGEM 5000 exemplares

Rua General Osório, 572 - Anexo Bagé RS Brasil CEP 96400.100 Telefone (53) 3311.1874 / www.damayaespacocultural.art.br

O motorista continuava no vaivém. Desci para sentir o ar fresco da noite que se avizinhava. Lembrei François Rabbath que, ao chegar pela primeira vez em Bagé, pediu que parassem o carro para apreciar um

bando de emas desfilando no pampa. Talvez Deus quisesse brindarlhe pelo carinho que o trouxe, em 2012, ao 3º FIMP- Festival Internacional Música no Pampa, quem sabe? De Paris a Bagé, 80 anos de idade, o talentoso contrabaixista sírio libanês, radicado na França, deixou-se envolver pelo presente. A demora em partir fez as conversas aflorarem fora do veículo. Casais se abraçavam, uma criança apontou para certa estrela: Será que tem gente? É muito bonita! Outros se cumprimentaram, não tinham percebido que estavam na mesma viagem. Pausa no corre-corre diário dá vigor para prosseguir. Por que não experimentamos um semi movimento devagar? Vamos embora, disse o condutor. Não levou muito tempo estávamos passando pelo pórtico principal da Rainha da Fronteira. Depois, a Avenida Santa Tecla nos cumprimentou. Ao nos encaminharmos para casa, foi a vez das palmeiras centenárias da Avenida Marechal Floriano acenarem. Em seguida, os casarões históricos resistentes que parecem rogar enquanto não fazemos algo por eles. Ao deitar, sonhei com o tempo vivido na estrada. * Membro do Cultura Sul, Associação Bageense de Escritores e Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Bagé


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DA MAYA ESPAÇO CULTURAL

O expressionismo e a influência literária de Lenir de Miranda A exposição “Fragmentos da terra” e a instalação “Já começou a brotar?” terão abertura neste final de maio no Da Maya Espaço Cultural O expressionismo de uma pintura vibrante, que provoca emoções e mostra a reinvenção constante da artista que se renova, mas mantém seus traços originais, além da busca na literatura por inspiração são a tônica da exposição “Fragmentos da terra” e da instalação “Já começou a brotar?” que trazem através da utilização de materiais como acrílico, carvão, goma-laca, colagens, pedras do mar, ferragens, fios de cobre e alumínio, telas de poliéster e emborrachado, esponja de aço, cerras de aço, ferragens diversas e vegetais para a confecção de 15 pinturas e dois livros de artista e, mais vidros, sementes de girassol, fios de cobre e alumínio para uma instalação de 26 vasos, de variados tamanhos e formatos, a artista Lenir de Miranda de volta a Bagé para a sua segunda exposição no Da Maya Espaço Cultural. Lenir explica que as obras em exposição são trabalhos oriundos da exposição “Fragments of Land” que aconteceu em 2014 no State Darwin Museum, um dos maiores museus de Moscou, sendo acompanhada da instalação “Will it bloom this year?” e baseados na constante inspiração no poema “Waste Land”

(Terra Desolada) de T.S.Eliot. Um amargurado poema, escrito em 1922 e de grande significado no início século XX. Poema dos mais importantes, revela-se sobre a decadência do homem ocidental, sua fragmentação psicológica e o efeito do pós guerra. “O poema trata sobre a desolação, a decadência de valores humanos envolvidos em seu ambiente traumatizado, em seu declínio e em sua terra empobrecida de fertilidade. Ele fala sobre sua técnica da fragmentação, citando e aderindo vários temas e estilos de uma variedade de autores. Foi a partir deste estilo literário de Eliot que fiz minha versão em arte visual. Levei a poética do fragmento ao construir a visualização em meu trabalho de pintura, que é também uma técnica da fragmentação, que utilizo pela colagem de fragmentos de várias pinturas, umas nas outras. São as colagens da própria vida, que é feita de colagens que aderem na carne e no espírito do homem contemporâneo. Por sinal, este é um poema mais atual do que nunca, nesta visão atribulada e tormentosa da vida do homem e do planeta”, argumenta Lenir.

FOTOS DIVULGAÇÃO

“São as colagens da própria vida, que é feita de colagens, que aderem na carne e no espírito do homem contemporâneo” Lenir de Miranda

Lenir está expondo pela segunda vez em Bagé, Desta vez, com obras oriundas de uma exposição em Moscou

Sobre os dois livros de artista e que também compõem a exposição, Lenir adianta que são trabalhos com referência ao tema de “Waste Land”, usando a técnica de colagem e jogos de palavras. Eles também estiveram expostos em Moscou. A exposição fica no Da Maya Espaço Cultural até agosto de 2015. Estará aberta ao público de segunda-feira à sábado das 13h30 às 18h30. Também durante este período, escolas das redes pública e privada, grupos de visitantes e outros interessados, são convidados a agendar um horário e participar de uma visita mediada. Os alunos também participam de Ações Educativas, um dos princípios do trabalho realizado pelo Da Maya Espaço Cultural de promover a educação através da arte.

Quem vem lá? O expressionismo de Lenir de Miranda baseado sempre na literatura, esteve no State Darwin Museun

A primeira exposição da artista Lenir de Miranda no Da Maya Espaço Cultural,

intitulada “Quem vem lá?” aconteceu em 2012 e foi uma retrospectiva de todo a produção de Lenir, reunindo peças feitas no final dos anos 80 e 90, até materiais mais atuais. Lenir de Miranda é pelotense, Mestre em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS com graduação em Comunicação Social na PUC/ RS e Graduação em Pintura na Escola de Belas Artes de Pelotas – RS. Já realizou várias exposições no Brasil e no Exterior como: Museu Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro, Massachusetts Museum of Contemporany Arts nos Estados Unidos, na 29ª Bienal Internacional de São Paulo, e várias outras nos mais diversos países. A artista também utiliza como manifestação cultural, livros de artista, poemas, desenho, imagens digitalizadas, vídeos, mail-art, instalação. Possui vários prêmios de pinturas e desenhos.


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RELEITURA

Condição Latino Americana Texto publicado originalmente pelo jornal Ecoarte em 1991 Norma Campos Vasconcellos

Meus amigos editores do Jornal Patrimônio & Sustentabilidade do Da Maya Espaço Cultural, desengavetaram um texto antiguíssimo meu, que a gente nem lembrava mais. A surpresa? Parecia escrito ontem, porque quase nada mudou. Só onde falava em TV ontem, hoje falaríamos no magnetismo da informática que invadiu nossas vidas contemporâneas. No mais, as mesmas denúncias e opressões e o mesmo sonho que não morre, renascendo a cada manhã no sol da América com sua sábia lição de resistência”. Norma Vasconcellos

Não aprendemos ainda a assumir nossa cor bugra, pele curtida de sol e ventos da cordilheira, nossa negra e lisa cabeleira, com seus segredos de flauta, canoas, sussurros, magias, em cujo avesso espreita a grande noite azulada da América. Foi sempre assim conosco. Observo fixação em estórias nórdicas, longínquas paisagens de bosques e de neves que nossos negros olhos nunca verão. Feitiço europeu de pele linho alvo e cabelos de fogo e trigo. A beleza morou sempre no norte. Nossas óbvias lições de infância reforçando a humilde sensação de bíblica inferioridade. Jesus nascia louríssimo entre sinos e anjos na amarela manjedoura. E, em março, tempo de cruz e calvário, ninguém estranhava que ele tivesse se transformado num homem dolorido, taciturno e coerentemente moreno. O tempo todo nada mais temos feito que mandar nosso trigo, o sumo de nossas frutas, o flamejar de nossos diamantes, conchas, plumas, fragrâncias, areias, mares e madeiras, nossas cores, nossos segredos artesanais, nossos ritmos e nossas naturais heranças ancestrais. Mandamos a nós mesmos para alimentar, curar, fortificar e distrair o mundo. E, no entanto, marginais dos séculos, morremos todos os dias de fome, sede e ignorância. Instalada dentro de nossa própria casa, como rainha despótica, monopolizando atenções cotidianas, a diabólica máquina de televisão amortece nossas febres, confunde nossos filhos, padroniza nossos sonhos, informando toneladas de banalidades distintas e omitindo tudo sobre as grandes verdades de nós mesmos. E, assim, sabemos detalhadas as menidades de aldeias longínquas e ignoramos estrategicamente, os doídos fragmentos do nosso ancestralismo marcado sempre pelo estigma da usurpação e da violência. Duro, entrelaçado diabolicamente com nós de mil dedos, multiplicado em faces e feridas

cotidianas, o poder se perpetua silenciosamente sobre nós. Quando, às vezes, parecemos avançar, ameaçando despertar, num rasgo inesperado de solitária lucidez, a mesa enfim servida, farta com o pão do sonho, logo, em brutal recaída, somos jogados de volta à nossa antiga fome, ludibriados, aniquilados, aviltados, calados à força em carência total de autoestima. Nesta muda e implacável planície meridional, os ventos não levam o grito. Há interferências geladas da Patagônia, massas glaciais do Antártico e, a oeste, a cordilheira barra o sonho. O continente tem dono. O chão, o solo, o rumo, o pão tem dono. Nossos filhos tem dono. E, não raro, o emprego, a escola, o jornal, a eleição, são peças ativas dessa engrenagem, arma engatilhada contra nós, pronta sempre para nos fragilizar e derrotar. Geração após geração, temos tentado, nos mais diversos

cantos do continente, roer com nossos próprios dentes as tramas dessa mala cruel. Não avançamos ainda um único milímetro. Condicionado às distâncias, às invasões e a ancestral desconfiança, incorporamos a larga solidão. Cada um por si mesmo, na dramática batalha da sobrevivência. Não descobrimos ainda o trunfo elementar: a grande força de nos auto-descobrirmos, reunidos para ruminar em conjunto a nossa dor que é coletiva e delinearmos, por fim, nossos caminhos. Quando isso acontecer, chegaremos. Não sei ainda como, mas embaixo das torres da lendária Matriz de São Sebastião de Bagé, ao sul do mundo, nos poemas de Neruda, embaixo das pedras das ruas de Vila Rica, onde passou o cortejo dos condenados e nas alturas nunca decifradas de Machu Picchu, está escrito que chegaremos. NILTON SANTOLIN


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NOSSA SENHORA AUXILIADORA

A tradição que se renova através da fé FOTOS SÁVIO MACHADO

Tudo começou em 24 de maio de 1943 quando, de acordo com o Livro de Crônicas do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, o Padre Edgar de Rocha Aquino disse: “À noite mais uma novidade: a lâmpada votiva. E quando os sinos da nossa matriz começaram a repicar, de todos os ângulos da cidade começaram a surgir pontos luminosos. As janelas e sacadas das casas começaram a iluminação. Foi uma coisa inédita”.

A tradição da procissão luminosa e das velas votivas em homenagem a Nossa Senhora Auxiliadora é uma tradição genuinamente bageense que, também era convidada a enfeitar as suas janelas com vitrais coloridos

A noite de 24 de maio é especial em Bagé. Além da procissão luminosa que homenageia a co-padroeira da cidade, Nossa Senhora Auxiliadora, devotos iluminam suas janelas com as tradicionais velas votivas em busca de fé e proteção. Idealizada pelo padre Edgar Aquino Rocha, as velas tinham como intenção realizar uma manifestação cristã de amor à Virgem que, segundo ele, derramaria muitas graças sobre todos aqueles que lhe prestassem a homenagem. O Livro de Crônicas do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, destacado pelo Professor e Mestre em História, Claudio Boucinha, traz relatos do Pe. Edgar de Aquino Rocha conclamando os fiéis à demonstração prática da devoção do povo católico da cidade à Virgem Mãe de Deus. Diz no boletim de 9 de maio de 1943: “Pedimos a todos os moradores que iluminem a fachada de suas casas, a começar de 19h30min do dia 23, a um sinal dado pelos sinos de nossa torre. Esta iluminação pode ser feita com ao menos uma luz em cada janela. As luzes podem ser de vela, azeite, que se acomoda dentro de um copinho ou coisa semelhante. Lanternas venezianas servem também. Qual o motivo? Primeiro – ar de festa, de boa

vontade, de alegria. E há de ser belo o efeito na cidade! Segundo – como um EX-VOTO à Nossa Senhora! Quem não tem algo a agradecer ou pedir à Virgem Maria? E esta demonstração mais decidida da Virgem Auxiliadora aos Cristãos. Aqui está lançada a ideia! Deixamo-la por conta das nossas queridas associações religiosas e do povo devoto de Nossa Senhora para que a propaguem”. (página 2) Boucinha destaca ainda que a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, no dia 24 de maio, é um momento em que acontece um fato dos mais inusitados e particulares da localidade: o espetáculo das velas votivas, uma clara manifestação de devoção do povo aos seus santos que são expressões fundantes da espiritualidade da comunidade bageense. Trata-se de patrimônio imaterial da cidade, única no mundo a acender velas nas janelas em homenagem à co-padroeira. Ainda sobre as origens da tradição das velas votivas, o Diretor da Cia de Comédias Bufões da Rainha e Produtor Cultural Religioso, Sávio Machado, destaca que tudo passou pela manifestação e presença salesiana em Bagé. “Desde a fundação do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora,

que tem sua proposta pedagógica baseada em Dom Bosco e Nossa Senhora, a comunidade é convidada a perpetuar a sua fé através das velas votivas. E, nesse contexto, a luz tem presença marcante em ação de graças, fé e devoção. Hoje a tradição das velas votivas é um patrimônio imaterial construído pela grandeza do trabalho dos salesianos, que se fortifica através da cultura popular”, destaca Sávio.

70 anos da 2ª Guerra Mundial Ao falar-se da tradição das velas votivas em Bagé, muitos remetem-se diretamente ao período da 2º Guerra Mundial, quando pracinhas bageenses estiveram presentes. O fato é que, em plena 2ª Guerra Mundial, o povo de Bagé rezava por paz mundial e incluía em suas orações à Nossa Senhora Auxiliadora a lembrança da Batalha de Tuiuti, na Guerra do Paraguai, em 24 de maio de 1866. No entanto, a festa das velas votivas foi criada em 1943, como inovação a uma procissão que já existia na cidade, conforme conta Boucinha. A relação com a 2ª Guerra Mundial dá-se ao fato de que a tradição de fé em Nossa Senhora Auxiliadora foi reforçada durante o período de guerra com pedidos de paz e proteção aos soldados.


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DA MAYA ORQUESTRA FILARMÔNICA

Intercâmbio de conhecimento através de grande apresentação A The ARCO Chamber Orchestra estará pela primeira vez em Bagé oferecendo a oportunidade da comunidade e alunos do projeto Da Maya Orquestra Filarmônica de vivenciar momentos ao som de música clássica de alta qualidade NILTON SANTOLIN

Alunos da Da Maya Orquestra Filarmônica terão a oportunidade de conhecer e trocar experiência com músicos renomados de sete países

Com o objetivo de proporcionar aos alunos do projeto Da Maya Orquestra Filarmônica a oportunidade de assistir a uma apresentação de música de altíssimo nível, incentivando neles o desejo de maior crescimento e, também, realizando uma imersão cultural e intercâmbio de conhecimentos com músicos de sete nacionalidades diferentes, além de buscar a ampliação no número de associados na Associação Amigos Da Maya Orquestra Filarmônica, acontece em Bagé, no dia 3 de junho, às 20h, o concerto da Arco Chamber Orchestra no Complexo Cultural do Museu Dom Diogo de Souza. A Arco Chamber Orchestra, conforme conta o coordenador da Da Maya Orquestra Filarmônica, Joab Muniz, é

reconhecida pela crítica especializada como uma grande orquestra ao manter em seu repertório a música russa e contemporânea com obras de compositores de todos os períodos musicais. “Irá ser, sem duvida, uma movimentação cultural muito forte na cidade. Teremos a presença de Levon Ambartsumian, russo, violinista e maestro da Arco que é um grande ícone do violino, reconhecido internacionalmente e, ainda, músicos de outras sete nacionalidades, como Rússia, Itália, EUA, Polônia, Coréia do Sul, Argentina e Brasil. Todos de excelente nível, fazendo música de altíssima qualidade em Bagé. Além da apresentação, os monitores da Da Maya Orquestra Filarmônica terão a oportunidade de realizar um trabalho com

os músicos da Arco”, destaca Joab. Os interessados em assistir a apresentação podem entrar em contato com a organização do evento através dos telefones (53) 3311-2007 ou (53) 99569689.

Associação Amigos Da Maya Orquestra Filarmônica O projeto de manutenção da Da Maya Orquestra Filarmônica realizado através da Associação Amigos Da Maya Orquestra Filarmônica tem recebido bom apoio e aceitação da comunidade, buscando constantemente a motivação de mais pessoas a participar do projeto que a Orquestra realiza de inclusão social através da música.


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SEMANA NACIONAL DOS MUSEUS

A alma dos museus dentro de uma sociedade sustentável A Semana Nacional dos Museus é uma realidade dentro do Brasil, integra uma ação em caráter mundial e tem atividades em nível local. Dentro do contexto de globalização, a sustentabilidade ganha força em 2015, abrigando o tema “Museus para uma Sociedade Sustentável”. Embora o período oficial tenha ocorrido entre os dias 18 e 24 de maio, com instituições culturais realizando programações variadas, em Bagé as ações valorizam o Ecoarte – uma entidade cuja importância dentro da comunidade é relacionada ao tema deste ano. E a Rainha da Fronteira terá oportunidade de conferir todo o trabalho em um período mais extenso, até 12 de junho. A exposição “Ecoarte + Eco” apresenta a trajetória de 26 anos do grupo, por meio de exposições e uma ação educativa que consiste na recriação contemporânea de publicações (jornais) de arte e ecologia. A mostra acontece tanto no Museu Dom Diogo de Souza (de terças a sextas, das 8h30 às 11h30 e aos sábados e domingos, das 14h às 18h) e no Museu da Gravura Brasileira (às terças e quintas-feiras, das 16h às 20h).

Manutenção e importância Atualmente os museus de Bagé são mantidos pela Fundação Áttila Taborda (MGB/MDD Souza). O acervo do museu Patrício Correa da Câmara, que era localizado na área do Forte de Santa Tecla, está com o acervo tombado pelo patriREPRODUÇÃO

EMANUEL MÜLLER

NILTON SANTOLIN

Abertura da exposição Ecoarte + Eco reuniu personalidades da área cultural dentro do Museu Dom Diogo de Souza

Museu Dom Diogo de Souza é ícone da beleza patrimonial bageense e está prestes a completar 60 anos de atividades

mônio histórico, nas dependências do museu Dom Diogo. Aliás, em 2016 o Dom Diogo irá assinalar 60 anos de atuação na comunidade bageense. Os museus não recebem verbas pública. A meta é buscar a participação em editais para projetos via Lei de Incentivo à Cultura, explicam as gestoras dos dois museus. Mas, por quê é importante a sociedade participar das programações de um museu e realizar visitações? Trata-se de um encontro entre presente e passado e, quando isso acontece, existem mais argumentos para aquilo que desejamos para o futuro. Um exemplo é a surpresa de estudantes que, ao observarem edições antigas de jornais do século XIX deparamse com anúncios de vendas de escravos. Uma situação que tornou-se um choque de realidade, pois hoje em dia ninguém imagina algo parecido com a escravidão. Na abertura da exposição “Ecoarte + Eco” a presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de Bagé (Compreb), Jussara Carpes, falou sobre a pintura do prédio do Museu Dom Diogo de Souza. A ideia é que os 60 anos do espaço cultural tenham um novo visual, dentro da preservação do patrimônio. Para tal, será necessário muito apoio da população, não apenas no aspecto financeiro, mas no reconhecimento da importância deste espaço histórico para a comunidade.

Uma nova geração nos aguarda nas calçadas do mundo * Aumento em 60% do número de pessoas que frequentam museu, centro cultural, cinema, espetáculos de teatro, circo, dança e música Para que a cultura se transforme em um direito pleno é preciso que os cidadãos tenham mais acesso aos serviços e bens culturais. Nesse sentido, é preciso que eles possam participar de atividades fora do âmbito domiciliar ou próximo de suas casas. Para isso, as políticas públicas devem, ao mesmo tempo, ampliar a oferta de eventos e espaços voltados a atividades culturais e aumentar os estímulos para que os cidadãos frequentem mais museus, exposições, teatros, cinemas, espetáculos de dança e circenses, além de shows de música. Data da atualização: 30/12/2013 Fonte: Pesquisa Frequência de Práticas Culturais (Ipea)

Situação atual da meta De acordo com a pesquisa sobre práticas artísticas e culturais (Frequência de práticas culturais, do Sistema de Indicadores de Percepção Social – SIPS), realizada em 2013, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 14,9 % das pessoas vão aos museus ou centros culturais. Em relação aos espetáculos de teatro, circo ou dança a frequência é de 18,1% das pessoas. Frequentam espetáculos de música 13,8 % da população e, nos cinemas, a frequência é de 24,6%. Observa-se que os resultados de 2013 tiveram um aumento no núme-

ro de pessoas que frequentam algum tipo de equipamento cultural descrito na meta. Porém,a única exceção foi o percentual de pessoas que frequentam espetáculos de música, que apresentou um decréscimo em relação ao ano de 2010. Em 2014, o Ministério da Cultura em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elaborou a nova pesquisa “Frequência de Práticas culturais” do Sistema de Indicadores de Percepção Social. Em 2014, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) realizou a 12º Semana de Museus, envolvendo mais de 1.300 instituições em torno de 4 mil atividades. Para o aumento do público das salas de cinemas, a Ancine lançou o Programa Cinema Perto de Você, criado para ampliar o mercado interno de cinema e acelerar a implantação de salas em todo o país. Ademais, durante o ano de 2014 foram feitas campanhas de sensibilização para a adesão ao Vale-Cultura. Além do processo de sensibilização junto às entidades de classe também para adesão ao programa. Foram distribuídos 338 mil cartões, contribuindo para a consumo cultural. De acordo com o estudo realizado pela coordenação de Estudos Socioeconômicos do Ibram, elaborado a partir de amostragem de 584 das 1.337 instituições participantes, a Semana de Museus 2014, que teve como tema Museus: coleções criam conexões, também foi responsável por um aumento de 24,2% na visitação com relação ao mês anterior à ação.


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ARTIGO

O Ecoarte nos museus: a ceia da sustentabilidade

Éramos diversos e afins na direção do passo. 1987, e uma roda de cidadania e amor começava a existir nesta distante cidade da América. Uma consciência emergia: éramos filhos da terra, de uma natureza incomum, de uma cidade histórica cruzada por várias fomes, irmãos de um ser humano contido e distraído dos próprios tesouros. E capaz de uma criação abundante. Éramos um fio de uma larga malha universal, de uma longínqua e milenar construção cultural e chamados para contribuir, com nossa alma, a evolução do chão onde existíamos. Muitos eram as chagas e os desiquilíbrios naturais (descuido e envenenamento de rios por gazes das termelétricas e agrotóxicos, ausência de adequado manejo dos pastos, perdas de patrimônio genético); muitos os desequilíbrios urbanos (destruição de casarios históricos, expansão desordenada, periferias em abandono, ruínas de Sta.Thereza), culturais (massificação, perdas e confusão de referenciais e fome). Montamos uma agenda ética com dinâmicas de articulações e pressão políticas, debates permanentes, intercâmbios, encontros, pesquisas, produção constante de reflexão, edições de jornais e sensibilização em todas as linguagens artísticas. Buscávamos e buscamos um tempo melhor para Bagé na revelação da força de sua alma e seus caminhos de redenção. Sabíamos e sabemos que, todo o sonho capaz de gerar cultura, transcorre rente a terra, no lugar onde o medo e a consciência quebram sua noite e se fazem esperança.Por isso, e então, computamos 27 anos de resistência e trabalho. Durante a Semana Internacional de Museus, em nosso suntuoso Museu D. Diogo, a sala do Patrimônio foi ocupada pela narrativa de parte dessa trajetória contida nas edições do JORNAL ECOARTE e que coincide com parte da história de Bagé. Momento único na história do Grupo e montado com a mais cuidadosa delicadeza e simbologia pelas gestoras do Museu. Ao lado da porta da Sala do Patrimônio uma vegetação agreste e uma bacia de prata, com água benta, nos aguardavam. Benta, seria um dia, a água do Arroio Bagé, nos avisou Carmen Barros. Como ali, nos lembrou Maria Luisa

Pêgas, nesta Semana Nacional dos Museus, que tem como tema a sustentabilidade, homenageávamos à terra e todas as formas de vida sobre ela. Dentro da sala, uma mesa expunha, sob seu amplo vidro, as várias edições do Jornal Ecoarte como pratos para alma, guarnecidos de garfos e facas em papel. Estava sendo oferecida a Ceia da Sustentabilidade. Uma música ambiental, de Julinho Pimentel, nascia como das entranhas da terra, tribal e profunda, em círculos suaves, sintonizada com imagens e poemas e textos que, projetados, narravam, em fragmentos e em dança circular, as velhas lutas do Ecoarte em defesa da Natureza, da Cultura e do Ser humano. Pontuados, de quando em quando, o logotipo do Ecoarte surgia e pingava sua folhinha verde, levíssima, dentro do infinito. Tudo harmônico, entrelaçado e profundo. Como a natureza. O clima era sagrado porque se tocava na vida, em seu sussurro e seu mais ardente movimento, porque se tocava na história e em seus tesouros e, tesouros eram os companheiros que estavam ali e, os que não estavam, mais os que para quem foi e é feito esse trabalho: o habitante de Bagé. Ali, a ceia, o sal da terra nos sonhos perseguidos por uma Ecologia Ampla, ali a acidez ardida das contradições que ainda permanecem, ali os sabores das sabedorias deixados por tantas vozes e a pimenta da irreverência brasileira em tantos versos. Mais uma vez os Museus se re-propõem numa feição contemporânea, recolhendo a história na busca compartilhada da identidade da região em construção, as raízes aquém e além do tempo. Mais uma vez eles resplandecem e se humanizam. E, hoje, em conexão com o universo, com a terra, os rios, os verdes, entrando em profunda sintonia com a história e suas urgências, os Museus se fazem, novamente VIVOS, permeáveis, fluentes ramificados, como os solos, os rios e as árvores. Solares e guias. “A vida desde seu início, há mais de três bilhões de anos, não conquistou o planeta pela força e sim através da COOPERAÇÃO, PARCERIA, E TRABALHO EM REDE”. Os Museus também sabem disso, como sabem a honra do Ecoarte em ocupar os

as manifestações humanas. Está a música dos pastos e um Bioma tardiamente reconhecido. A Cultura Gaúcha e sua autocrítica. Também os gemidos da multidão, a FOME que nunca saiu do mundo, a CRISE que nunca nos dá descanso, o LIXO como pesado fardo do século. Está a Arte como educação profunda da alma humana. O andar musical, plástico, teatral do Cenarte, suas ousadias e aprofundamentos. E o criativo e provocador Manifesto do Grupo Cultura Sul.

Abertura da exposição Ecoarte + Eco reuniu personalidades da área cultural dentro do Museu Dom Diogo de Souza

elos dessa rede. No Museu da Gravura estará também parte de seu acervo de lutas. Ali naquele sagrado espaço da Arte de Bagé. A arte, para o Ecoarte, foi sempre a chave escolhida para abrir e iluminar as consciências até os grandes compromissos fundamentados pela ciência. Nos dois museus estará o jornal Ecoarte neste evento que é uma promoção da Urcamp tem o apoio da comunidade através da Associação dos Museus. O Ecoarte nasceu nessa Universidade, no Cenarte, de mãos dadas com o Cultura Sul, e sendo a forte expressão de uma Universidade aberta. Seu jornal foi construído artesanalmente em nossa casa onde, até noite avançada, armávamos textos e imagens como se inventasse o caminho, se encasulasse o mar e tornasse o amanhecer imperecível (com Marly, Norma e nós). Depois, ganhou feição eletrônica, com Marsal Alves Branco e Luana Pimentel. Ele já foi mundo afora, já compareceu ao Uruguai, a Argentina, a Portugal, na Eco-92 e na Rio+2o. Nele está Bagé e seu coração exposto, suas feridas, desterros, conquistas e belezas, nele estão seus símbolos, praças, torres, seus cerros, sua panela de lenda e uma rua 7 encharcada de mitos, está a súplica cadente por claridade e horizonte. Nele, está a economia sustentável do século 21, o sonhado urbanismo humanizador, o desenvolvimento como preservação, a cultura como matriz e síntese de todas

Abençoados Museus quando recolhem o momento em que foi lançada a semente e, depois, a semente acumulada, que recolhem o voo da mão sobre o mapa e o estendem numa mesa e o transmutam em comida para a alma, que fazem dos sonhos acervos e provocam a multiplicação de olhares e seguram a força da vida. E se o Evento dos Museus pede a releitura do Ecoarte, perguntamos: que chaves criativas usarão nossa nova geração para montar os Ecos do Ecoarte em muitos outros registros a nascer? Que memória se construirá para que seja, outra vez, recolhida nos museus e, outra vez, entregue como alimento à alma? Deixem, portanto, que a palavra SUSTENTABILIDADE ligada, abençoadamente, a esta Semana Nacional dos Museus, persiga sua própria fonte, deixem que ela vá procurar e saber de seu sentido original, de seu clarão ético, seu sabor de raiz e horizonte. Deixem que acorde o pedaço de humanidade deste chão e segure sua sobrevivência e um cotidiano onde o grande LUXO seja a palavra RESPEITO entre todas as pessoas, com a Natureza e a cidade. Sustentabilidade. Não sejamos tão imediatistas, tão contraditórios, apressados. Uma nova geração nos aguarda nas calçadas do mundo. Uma imensa multidão de jovens e crianças. Ela tem os olhos ainda límpidos e comoventes, os olhos do amanhecer. E confia em nós. Elvira de Macedo Nascimento Ecoarte *O Museu Dom Diogo de Souza e o Museu da Gravura Brasileira são mantidos pela Fundação Áttila Taborda/Universidade da Região da Campanha.


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FUTURO

Atenção e cuidado com o mundo FOTOS SIMÔNI COSTA

O mundo discute a preservação e os cuidados com a natureza em junho, quando é assinalado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Ações sobre educação tornam-se necessárias diante de perspectivas sobre crescimento da população e aumento do consumo – que resulta na maior preocupação de governantes e pesquisadores sobre o futuro da água e do lixo. Em nível local, as escolas buscam iniciativas para tornar hábitos corriqueiros os cuidados com o meio ambiente. Nesta edição de Patrimônio e Sustentabilidade apresentamos uma proposta relacionada a turmas de Educação Infantil. A vigilância e o cuidado são ferramentas de trabalho para formar cidadãos focados nas condições do presente para tornar o futuro melhor para a sociedade.

Crianças orgulhosas com as suas criações. O lixo transformou-se em naves espaciais, carros, bonecas, robôs, castelos e tudo o que a imaginação foi capaz de criar

Cuidando da vizinhança Em desenho, as crianças representaram a cidade suja que encontraram durante o passeio pela vizinhança e a idealização de como gostariam que a cidade fosse realmente

Ter atenção e cuidado com o mundo que nos cerca é uma tarefa de todos que, pode ser bastante natural quando cultivada e compreendida

desde cedo. É com este objetivo que os alunos da Escola de Educação Infantil Modelando Sonhos da turma de pré I tem, entre os seus projetos, atividades que visam o despertar para o cuidado com o meio ambiente e com o lixo. Com

isso, os alunos foram levados a conhecer, inicialmente, a vizinhança da escola e a perceber a presença do lixo jogado na natureza. Logo de início, os pequenos alunos ficaram surpresos com o descaso da sociedade que não está atenta para os problemas e riscos que o descarte irregular do lixo pode causar. Após, eles puderam compreender e pensar sobre alternativas para o lixo e, a partir daí, propor alternativas que reciclem ou deem um novo uso para materiais como caixinhas de papelão, garrafas pet, papeis e outros. Eles construíram ferramentas, brinquedos, objetos, decorações e aprenderam que tudo pode ser reaproveitado, tendo nova utilidade e deixando de poluir o meio ambiente. As professoras Jura Lisete dos Santos Cimirro e Caroline Colares contam que o objetivo das atividades, que estão acontecendo desde o início do ano letivo, é de conscientizar os alunos e torná-los multiplicadores de boas ideias em casa. Agora, novos temas como a poluição das águas, do lixo na natureza e outros também serão abordados.


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FAMÍLIA X ESCOLA X MÍDIA

O mundo globalizado que cria novos Alternativas que recriam o papel da educação e apoiam-se em pressupostos capazes de criar novas experiências e visões de mundo podem ser caminhos para enfrentar os novos desafios da vida contemporânea RA

O mundo contemporâneo vive um período de mudanças e reformulações. A família precisa adaptar-se aos novos tempos: trabalha mais, tem menos tempo para estar reunida, para cuidar-se. A escola vê-se ultrapassada pelas novas tecnologias, ameaçada pela instantaneidade da informação e impotente frente ao desafio de reinventar-se. Ao mesmo tempo, a mídia passa a ocupar um novo e mais complexo papel na sociedade: leva informação, distração, entretenimento, mas também mostra-se segregadora, ocupando infi nitos novos espaços. Diante de tudo isso, papéis e funções confundem-se e os jovens ficam divididos entre as infi nitas possibilidades oferecidas pela mídia na contramão de uma escola conservadora e de uma família que já sabe identificar-se mais. O professor de Sociologia do IFSul - campus Bagé, e Mestre em Educação, Lisandro Lucas de Lima Moura, lembra que tanto a família como a educação são instituições que vem passando por uma crise profunda de sentido, uma vez que, até pouco tempo, a composição familiar fazia com que os pais se sentissem os principais responsáveis pela formação geral e básica de seus fi lhos. Por outro lado, cabia à escola o papel de transmissão de conhecimentos científicos e disciplinares, deixando para a família a formação cidadã baseada em valores. Lisandro destaca também que a escolarização,

hoje, não se resume apenas ao estudo de conhecimentos específicos, muito menos à simples transmissão de informações, mas envolve também a formação humana fundamentada em valores necessários para uma conduta ética, cidadã, política, sensível. “As causas da mudança são muitas, e uma delas diz respeito à crise generalizada das instituições modernas e as formas de sociabilidade decorrentes dessas instituições. Não é apenas uma crise civilizacional, é uma crise existencial. Há um desgaste das referências e costumes da educação institucionalizada e da família convencional, levando a uma diminuição de seus poderes de influência na socialização dos jovens. Soma-se a isso o rompimento dos laços sociais afetivos provocados pela intensificação do trabalho, pelas exigências da vida produtiva e seu ritmo cada vez mais veloz. Este afastamento faz com que os jovens busquem referências em outros

lugares, na internet, nas redes sociais, nos smartphones, onde encontram uma forma de socialização mais sintonizada com suas expectativas”, argumenta Lisandro. O professor lembra também que tudo passa pela necessidade de resgate do propósito primordial da educação. “O que está em jogo é, fundamentalmente, a tentativa de recriarmos o significado simbólico dos ritos de ensino e aprendizagem dentro do ambiente escolar. Os rituais da educação não passam de meras formalidades, perderam o sentido simbólico e original. Os ritos de ensino-aprendizagem se transformaram em meras técnicas, em metodologias de ensino, em programas curriculares que não conseguem mobilizar os jovens”. A esse mesmo respeito, o Doutor em Educação e Coordenador do Mestrado Profissional em Educação e Tecnologia do IFSul - campus Pelotas,

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Donald Hugh de B. Kerr Junior, argumenta que a escola moderna sempre promoveu separações entre as suas ações e a vida, desconsiderando que ambas são indissociáveis e apostando no método científico para os seus processos de aprendizagem, onde os ideais capitalistas de quem é melhor vence são utilizados para a promoção do individualismo e desconsideração de que todo processo singular é também coletivo. “É fundamental pensar na singularidade de cada indivíduo envolvido no processo educacional para que, se possa pensar a educação como a arte da invenção e não como cópia, além de pensar na escola como uma instituição que se conecta com o mundo atual e é capaz de produzir a diferença. Essas podem ser alternativas para evitar os problemas atualmente enfrentados. Um bom caminho, também, seria apostar na (trans)formação dos professores e, não somente, investir em formação continua-


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sentidos para a família, escola e a mídia da, uma vez que, mesmo sem abandonar as questões cognitivas na formação do docente, é importante pensar também em questões mais humanas, que dizem respeito a capacidade de realização de encontros mais sensíveis, que consideram o inesperado e a surpresa e que veem, a partir do olhar do outro, a chance de transformação”, explica Donald.

Novos caminhos Pensando em alternativas capazes de minimizar os confl itos que a contemporaneidade leva para a sala de aula, Lisandro destaca a importância de pensar em percursos formativos variados. Ele cita o trabalho que vem realizando com os seus alunos através da produção de narrativas visuais (fotografias, vídeos e documentários), dentro do projeto “Narradores de Bagé”. O trabalho parte da observação, que representa uma forma especial de atenção ao mundo e aos fenômenos do cotidiano,e apoiando-se na dimensão do olhar criador, a capacidade de ver e ouvir são aguçadas para a construção de novos sentidos para os rituais de ensino da sociologia. “Isso faz sentido porque os alunos conseguem ver o resultado do processo de aprendizagem, pois o filme e a imagem fotográfica são produtos que eles puderam apresentar posteriormente. O propósito imediato é esse, o de poder visualizar o resultado do trabalho, ser reconhecido por aquilo que se faz. Não há nada mais desmotivador do que dizer a eles que a educação é uma preparação para a vida futura. Não, a educação é a vida acontecendo aqui e agora, não é uma preparação para o depois. A diferença é que a escola é uma espécie de laboratório da vida, onde as coisas acontecem de forma experimental. Errar também faz parte e é importante. Mas, enquanto que para o estudante o interesse dele na produção de imagens é imediato e depende de um resultado concreto, para mim, enquanto professor-formador, o que está em jogo é um processo indireto e visível só em longo prazo”, lembra Lisandro.

Já no contexto familiar, a dimensão artística apresentase como uma possibilidade de estreitamento de laços e aproximação de pessoas. “A arte contemporânea é capaz de produzir pensamentos e convidar a família a abrir diálogos. Por isso a importância dos núcleos de arte e educação serem, cada vez mais provocativos, desafiando as pessoas a não somente responder, mas também a fazer novas perguntas”, destaca Donald.

Entre papéis que se misturam, a mídia ocupa novos espaços... Embora muito se venha discutindo a respeito do papel da mídia na sociedade contemporânea, é sempre importante também lembrar que é através da mídia que muitas coisas acontecem, incluindo algumas transformações na sociedade. Tudo depende, conforme argumenta o professor Donald, da forma como a mídia é vista e concebida. “Se não fosse a mídia, muitas coisas não aconteceriam, porém não é qualquer mídia que pressupõe a diferença e, em sua maioria, ela ainda é uma reprodutora de saberes e estratégias, que ao invés de potencializar novos pensamentos, reforçam clichês e preconceitos. A mídia possui

um papel muito importante na sociedade, mas é importante também pensarmos como ela chega para as pessoas e se ela é capaz de produzir conteúdo que leve a reflexão”. Com isso, a importância de prestarmos atenção aos programas e canais assistidos e de pensar em outro recurso importante que é a Classificação Indicativa (que existe para filmes de cinema e DVDs, programação de TV – aberta e fechada – jogos eletrônicos e de RPG) que, segundo o Diretor Ajdunto do DEJUS (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação, da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça), Davi Brasil Simões Pires, tem como objetivo informar sobre o conteúdo de obras audiovisuais que podem causar danos ao desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes. “A Classificação Indicativa é importante para que os pais possam escolher o melhor e mais adequado para os seus filhos em termos de diversão e entretenimento e, para isso, é preciso que se tenha informação. A Classificação Indicativa é essa informação, isenta, objetiva e abalizada. Como não se trata de proibição, mas indicação, os pais é que devem fazer as restrições que entenderem necessárias

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de acordo com os seus valores e com a maturidade dos seus filhos”, explica Davi. Atualmente é o Ministério da Justiça o responsável pela classificação da programação de TV (aberta e por assinatura), cinema, DVD e jogos eletrônicos. Já os shows musicais e espetáculos públicos ou de teatro devem respeitar um Guia Prático (disponibilizado pelo Ministério da Justiça) e as programações de TV (aberta ou fechada) são autoclassificadas pelas próprias emissoras ou canais. Assim também acontece com os novos segmentos como os jogos eletrônicos comercializados/disponibilizados em lojas virtuais, como também o VOD (vídeo por demanda). “Não tenho dúvidas de que a mídia influencia as pessoas, ainda mais em um mundo essencialmente audiovisual como o que vivemos. É por essa razão que adultos adquirem roupas, carros, móveis, e tantas outras coisas influenciados pelo que vêm e ouvem. Se adultos são influenciáveis, imaginem como se dá com seres em formação psicossocial, como é o caso das crianças e adolescentes. Esta influência, contudo, não é necessariamente ruim. Como uma ferramenta, o bom uso depende de nossa habilidade e do conhecimento de suas potencialidades e dos cuidados que precisamos ter. É fundamental por isso que as escolas do País estejam preparadas para educarem para a mídia, que contribuam para o desenvolvimento do senso crítico de crianças e adolescentes, uma ferramenta efetiva de proteção”, destaca Davi.

Durante as atividades, Lisandro leva seus alunos a vivenciar novas experiências através da observação


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CULTURA POPULAR

A amizade de Madaleno com as plantas e ervas do pampa O cheiro da terra no pampa é o habitat natural de Madaleno Lemos da Silva. Aos 53 anos, o pedreiro que hoje atua como serviços gerais construiu uma jornada pelo conhecimento das ervas na região da Campanha. Embora tenha estudado apenas até o 6º ano do Ensino Fundamental, acrescentou pitadas de aprendizado no conhecimento da natureza. Há 30 anos descobriu por conta própria a capacidade que ervas e chás tinham para auxiliar no tratamento e cura de algumas doenças. Hoje, o morador do bairro Tiaraju é procurado por muitas pessoas atrás de um aconselhamento para tratamento de males que vão desde a dor de estômago passando por problemas cardíacos e até cáries. “Seu” Madaleno dificilmente dá ervas para quem pede. Prefere apenas aconselhar, ouvindo com atenção o diagnóstico do problema e indicando o chá ou infusão apropriados. Outro item importante é deixar que o próprio interessado verifique a melhor maneira como age a erva indicada. “Chá não se toma para o resto da vida, o tratamento é apenas por algum tempo, depois vem uma parada equivalente ao período que se toma o chá e depois, se necessário, volta a tomar”, recomenda. Um detalhe fundamental é tomar o chá “forte”. “Isso vale para todo tipo de erva que a pessoa for tomar, só assim para fazer efeito certo”, pondera. Utilizações As ervas que “Seu” Madaleno indica são para diferentes tipos de problemas. As pessoas o procuram mais para problemas estomacais e cardíacos. A procura é maior por macela, jambolão, murta e coronilha. Existem, entretanto, alguns requisitos. O

chá de macela, uma das plantas mais comuns na região da Campanha é indicada para problemas estomacais, é vetado por “Seu” Madaleno para quem tem pressão alta. “Vejo muita gente tomando chá de quebra-pedra para o rim, mas tem que ser a erva da pedra, legítima, da beirada do (rio) Camaquã e lugares de serra e não de calçadas”, aponta. Madaleno toma dois chás no momento. A carqueja, para evitar o peso da digestão durante o trabalho, e a coronilha, já que teve problemas cardíacos recentemente e precisou realizar uma angioplastia. “Agora não tenho mais nada”, brinca. “Não tiro os medicamentos, apenas acrescento o chá”, frisa. O pedreiro enfatiza a necessidade de tomar o remédio adequado para o problema específico. “Não adianta tu teres problema de glicose e tomar coronilha, não adianta”, expõe. Simplicidade Apesar de comunicativo, “Seu” Madaleno não gosta de aparecer. Disse à reportagem que daria todas as informações, mas não gostaria de que o nome aparecesse, talvez por timidez, talvez pela simplicidade que o caracteriza. Acabou convencido do contrário por entender que a natureza propicia a cura para diferentes males. Muitas vezes conta com ajuda dos vizinhos para conseguir as ervas. “O que foi criado por Deus é abençoado e sem Ele não se faz nada”, acentua, apresentando outra característica marcante: a religiosidade. Ao se despedir, “Seu” Madaleno pede apenas uma coisa. “Reforce que nunca se toma o chá ou se faz a infusão com excesso, sempre com tempo determinado e prazo determinado”, ressalta. Está reforçado “Seu” Madaleno.

FOTOS EMANUEL MÜLLER

Madaleno aponta que a coronilha pode ter o cerno ou a casca utilizada para a produção de chás visando ao combate de doenças cardíacas

A lista de ervas de “Seu” Madaleno com as respectivas sugestões Ninguém leva em conta a utilização de plantas como urtiga e guanxuma. “Seu” Madaleno revela indicações preciosas. * Murta – indicada para dores de estômago * Imbira – para que dores na coluna * Coronilha – indicada para desentupir veias coronárias. Pode ter utilizada tanto a casca como o cerno. “A gente coloca para ferver o cerno e ele fica cor de sangue. Podemos tomar no chimarrão ou como água, não faz mal nenhum”, diz “Seu” Madaleno. * Pitangueira – para quem quer acabar com a diarreia * Cancorosa Três Espinhos (também conhecida como Espinheira

Santa) – anti-inflamatório e indicado para problemas digestivos, como gases * Guanxuma – a raiz torrada é utilizada para combater cáries * Trançagem – anti-inflamatório para combater infecções internas * Pelo ou Orelha de Rato – para dores na bexiga e problemas na próstata * Hortelã – relaxante e indicado para quem tem problema cardíaco * Urtiga – Indicada para dores de garganta Para infusão em álcool, “Seu” Madaleno aponta o confrei. “É muito bom para combater qualquer tipo de ferida ou machucado”, revela.

Plantas Medicinais são tema de oficinas e projeto Engana-se quem pensa que as plantas medicinais são apenas crendice popular. Prova disso é o projeto Oficinas de Resgate de Saberes e Fazeres Relacionados ao uso de Plantas Medicinais Nativas do Bioma Pampa que é desenvolvido desde 2013. A intenção é realizar cursos de formação através de oficinas para unir o conhecimento imaterial e popular com o conhecimento técnico-científico do uso de plantas medicinais e do preparo de medicamentos seguros e eficazes. Através do Movimento Ambientalista Verdenovo, iniciado em 1999 na cidade de São Lourenço do Sul (RS), as oficinas realizadas promovem a educação pela preservação da vida, do patrimônio ambiental, histórico e cultural. O projeto também fiscaliza e encaminha denúncias ao Ministério Público e órgãos responsáveis. Já desenvolveu diversas atividades públicas e gratuitas de educação ambiental, já protagonizou iniciativas legais em defesa do patrimônio publico e dos recursos naturais, bem como atividades de divulgação da causa ambiental através de mídia escrita e radiofônica.

Imbira é recomendada para dores na coluna

Pitangueira é usada para combater diarreias


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CABANHA

Cabanha Da Maya é destaque nas exposições de raça Vitrine na produção de animais com alto padrão genético, a Cabanha da Maya colhe resultados positivos neste início de ano, fruto da dedicação de sua equipe e de seus colaboradores.

FOTOS DIVULGAÇÃO

O trabalho realizado para tornar a Cabanha um modelo em produção de genética de qualidade refletiu-se nas pistas de julgamento através das premiações obtidas. As novas conquistas aconteceram nas exposições realizadas no Rio Grande do Sul (13°Expoutono de Uruguaiana e XVI Expofeira de Três de maio) e no Paraná (55°Expolondrina), consagrando a genética Maya nas raças Angus, Jersey e Holandesa. Na raça Angus o destaque ficou por conta do touro Maya Catanduva 300 Impavido Eleuterio Lana que levou o titulo de Grande Campeão da raça nas exposições de Uruguaiana/RS e Londrina/PR. Nas raças Jersey e Holandesa, destaque para Henriqueta 801 Guapo da Maya e Maya Lavínia 57Jasper, Reservadas de Grande Campeã.

Avaliações Nas duas exposições que participou em 2015 na raça Angus, a Cabanha da Maya conquistou Grandes Campeonatos; tanto nos machos, quanto nas fêmeas. “Estamos buscando uma valorização da genética nacional, os animais que estão vencendo Maya Lavínia 57 Jasper

Maya Catanduva 300 Impávido Eleutério Lana

são filhos de pais nacionais. Esses resultados são alcançados devido ao apoio de Dona Zuleika e dedicação de todos, principalmente das pessoas que cuidam desses animais diariamente. Hoje temos um touro, o Impávido, que conquistou seis Grandes Campeonatos e se tornou um destaque da raça no país.”, enfatiza o médico veterinário Vinicius Diniz, responsável pelos animais da raça. “Somos uma equipe que trabalha o ano inteiro, não importa se faça chuva ou faça sol, frio ou calor”, ressalta o cabanheiro responsável pela Angus, Alexandre Vargas. Ele destaca o touro Maya Catanduva 300 Impávido Eleutério Lana, grande campeão pela sexta vez. “É um reconhecimento nacional ao trabalho que desenvolvemos e é um orgulho saber que todo o investimento realizado é consagrado nas exposições”, frisa Vargas.

Maya TE308 Imperatriz Ditador Solvente

* Angus EXPOLONDRINA – LONDRINA (PR) Maya Catanduva 300 Impávido Eleutério Lana – Grande Campeão Maya TE308 Imperatriz Ditador Solvente – Reservada de Grande Campeã Maya 311 Ilustre Clark Filhota – 3º Melhor Macho EXPOUTONO – URUGUAIANA (RS) Maya Catanduva 300 Impávido Eleutério Lana – Grande Campeão Maya TE308 Imperatriz Ditador Solvente – Grande Campeã Maya TE378 Javalí Quebrantador Antígona – 3º Melhor Macho

Depois de anos com destaque nas raças leiteiras, a Cabanha optou por permanecer um ano ausente do circuito de julgamento, visando a uma reestruturação. Este ano, a Cabanha da Maya retorna às pistas com animais nascidos e criados na própria cabanha. Agora começa a colher resultados nas exposições. “Estamos trabalhando com a produção aliada a morfologia e é importante participarmos dos eventos para apresentarmos o nosso trabalho

e aperfeiçoarmos ainda mais a nossa atividade na pecuária leiteira”, explica o cabanheiro responsável pelas raças leiteiras, Jorge Passos. As premiações, de acordo com Passos, reforçam a satisfação e o orgulho pelo trabalho realizado por toda a equipe. “Sabemos que precisamos melhorar cada vez mais, mas é importante o reconhecimento pelo fato que trata-se de animais acasalados e criados na Cabanha”, enfatiza.

Maya Norciga 91 Braxton

Cabanha da Maya – Campeã Conjunto Vacas Leiteiras

* Jersey EXPOFEIRA DE TRÊS DE MAIO (RS) Henriqueta 801 Guapo da Maya – Reservada de Grande Campeã Idália 933 Iatola da Maya – 3ª Melhor Fêmea Joele 1082 Gateway da Maya – Reservada Vaca Jovem Lúcia 1314 Reward da Maya – Campeã Fêmea Jovem Liberdade 1277 Tequila da Maya FIV – Reservada Fêmea Jovem Analú 1281 Reward da Maya – 3ª Melhor Fêmea Jovem

* Holandesa EXPOFEIRA DE TRÊS DE MAIO (RS) Maya Lavínia 57 Jasper – Reservada de Grande Campeã Maya Norciga 91 Braxton – Campeã Fêmea Jovem


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MUSICOTERAPIA

Medicamento para a autoestima DIEGO LAMEIRA

Depois de quase três meses de trabalho, projeto com musicoterapia para pacientes com câncer de mama apresenta resultados animadores O projeto ‘Musicoterapia e Música na Promoção da Saúde” ganha forma a cada sessão. O trabalho com um grupo de mulheres com câncer de mama iniciou no Da Maya Espaço Cultural no final de fevereiro de 2015 – a última edição de Patrimônio e Sustentabilidade apresentou à comunidade o surgimento do grupo. Até agora foram realizadas 12 sessões. Sete mulheres têm participado do processo. A frequência média nas sessões é de quatro mulheres, principalmente porque algumas delas precisam fazer radioterapia em Pelotas, onde permanecem nesse período. Existem duas partes distintas. A primeira são as sessões de musicoterapia. A outra é o ensaio a céu aberto da Da Maya Orquestra Filarmônica com a participação das integrantes. A equipe do projeto é composta pela musicoterapeuta bageense Ana Maria Delabary, o médico Mário Mena Kalil, responsável pelo Centro Integrado de Oncologia e Mama (CIOM), a musicoterapeuta Lia Rejane Mendes Barcellos, responsável pela supervisão teórica e acompanhamento do projeto, e a psicóloga Rosicler Camargo Marques. O trabalho de musicoterapia é feito de forma interativa. Durante as sessões há canto, toque de instrumentos, movimentação corporal, dança, rodas cantadas, PÉTRYA BISCHOFF

No início das atividades, o grupo foi submetido a testes para avaliação das condições em que iniciaram o trabalho. “Essa testagem será refeita em breve, onde iremos reaplicar os testes e analisar os resultados, mas do ponto de vista clínico a melhora é evidente”, frisa a psicóloga. Instrumentos utilizados nas sessões proporcionam melodias escolhidas pelas próprias integrantes do grupo de maneira a estimular o ânimo delas

sempre partindo do interesse e disposição das integrantes do grupo. “As músicas utilizadas são, principalmente, aquelas trazidas pelas pacientes, as que lhes são mais significativas”, explica a musicoterapeuta Ana Maria Delabary. Entre as técnicas utilizadas até o momento estão a recriação de canções e a improvisação de letras, bem como a improvisação instrumental e corporal. O grupo é aberto a todas as pacientes de câncer de mama atendidas no CIOM. Para a participação basta uma solicitação à Rosicler, responsável pelo encaminhamento ao grupo de musicoterapia. “A parceria pacientes – música é capaz de fazer dos encontros momentos lúdicos e descontraídos, contribuindo para o alívio de tensões e para o ânimo na persistência dos tratamentos médicos necessários”, enfatiza Ana Maria. “No caso de pacientes oncológicos, ainda que a musicoterapia seja apenas uma pequenina parte da imensa rede de apoio, contribuir para que a aparente fragilidade humana se transforme em imensa capacidade de superação na busca da saúde é algo de valor inestimável”, pondera a musicoterapeuta.

Depoimentos

Da Maya Orquestra Filarmônica realiza apresentações mensais para todas as pacientes

resposta clínica é excelente. “Elas melhoraram muito a autoestima e a aceitação da quimioterapia e da radioterapia, além de demonstrarem evolução nos aspectos físicos e psicológicos”, aponta Rosicler.

Entre as pacientes, a vivência com a musicoterapia catalisou emoções ao longo dos quase três meses de participação no grupo. Elas concordaram em proporcionar seus depoimentos a esta reportagem sob a condição de preservação de suas identidades, utilizando pseudônimos. Todas ficaram conhecendo o projeto por intermédio da psicóloga Ro-

sicler, que as convidou a participarem. Índia, 85 anos, considera que a atividade proporciona a ocupação da mente e o envolvimento. Jasmin, no alto de seus 73 anos, revela que sentia falta de um convívio com uma mudança de ambiente, mesmo com todo o apoio recebido da família. “A musicoterapia distrai, anima, proporciona amizades”, expõe. Para Rosa, 34 anos, a musicoterapia ativou o ânimo após encarar a realidade da doença. “Foi horrível receber o diagnóstico. Fiquei sem chão. A musicoterapia é um refúgio”, reitera. Índia revela que aceitou o câncer alicerçada na fé. “Passei momentos muito ruins, mas não perdi o ânimo. As atividades de musicoterapia são gratificantes, me preenchem a vida. A musicoterapia ocupa a mente e é boa em todos os sentidos. Ficam na recordação as horas que passamos aqui”, complementa.

Pesquisa e importância

Avaliações do cérebro funcionando estimulado pela música acontecem por meio de ressonância magnética funcional. Um dos principais locais a realizar essa atividade é na Universidade de Montreal, no Canadá. A reação do cérebro de um músico e a do cérebro de um não-músico diante de uma mesma melodia pode ser diagnosticada. (Veja Imagem). Um estudo realizado em 2011 pela professora JokeBradt, do Departamento de Tratamentos Criativos da Universidade de Drexel, na Filadélfia, indica que tanto escutar música em cds pré-gravados como a musicologia podem ser um complemento aos tratamentos dos pacientes com câncer para melhorar seu bem-estar. O trabalho envolveu sete países (o Brasil não consta na lista). E apresentou resultados tão significativos de melhoria no controle da ansiedade dos pacientes que a prática passou a ser difundida em outros pontos do planeta. REPRODUÇÃO

Rosa destaca a fatia emocional que o grupo já ocupa em seu coração, embalada pelos acordes musicais: “Estou gostando e fico mal quando não venho à musicoterapia”, admite.

Busca-se o atendimento da pessoa em sua integralidade e, nesta abordagem, mudanças ou resgates significativos podem ocorrer.” Ana Maria Delabary

Evolução no tratamento

A evolução anímica das pacientes é considerada um sucesso. A psicóloga Rosicler destaca que a

Cérebro de músico é mais estimulado por ser acostumado a atuar com as melodias


INFORME COMERCIAL

EDIÇÃO 02 | Sexta-feira, 29 de maio de 2015. | BAGÉ - RS

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PRESERVAÇÃO

Beleza com toque de leveza no restauro de escaiolas NILTON SANTOLIN

Uma obra em Bagé chamou atenção recentemente pela simbiose entre arte e simplicidade. Uma casa nas proximidades da Catedral recebeu o restauro de suas escaiolas. O responsável pelo trabalho é o bacharel em Restauro e Conservação Fábio Galli. O pelotense apresenta o resultado de técnica, pesquisa e aprendizado na área de patrimônio já com experiência no município – já que atuou na conservação e restauro do teto do prédio da Intendência Municipal e do teto de metal da Sociedade Espanhola. “Onde tem patrimônio a ser preservado e restaurado, estou atento”, pondera Galli. A escaiola é uma técnica decorativa de revestimento de paredes da família dos estuques, que normalmente fingem o mármore e outras pedras e ainda se prestam para aplicação da técnica do trompe l’oeil que imita volumes em perspectiva. Provavelmente foi introduzida no Brasil pelos italianos e pelos portugueses. A técnica em resumo, consiste em uma massa muito fina e brilhante à base de cal e pó de mármore que é pintada a fresco com pigmentos inorgânicos diluídos em água e fixados com uma solução de sabão líquido, o que sempre exigiu dos artífices que as realizavam muita habilidade e conhecimento. Galli conta que a realização do trabalho foi prazerosa. O especialista revela que a acolhida na cidade fez com que pudesse se sentir em casa. “A atenção dada por toda a equipe do Da Maya Espaço Cultural foi irretocável e friso ainda que o pessoal da obra foi excelente também”, salienta. O momento mais difícil para Galli foi na hora de despedir-se da obra e da cidade e o fato não ter podido ficar em tempo integral no restauro. Uma frustração, revela, foi não ter conhecido pessoalmente a proprietária da casa, Zuleika Torrealba. “Pessoas como ela, com certeza, só acrescentam ao meio cultural”, enfatiza. Um dos aspectos que mais agradou Galli em Bagé foi a gastronomia. “Voltava a Pelotas sempre com uns quilinhos a mais”, diverte-se.

Escaiolas trazem charme e originalidade como técnica de restauro DIVULGAÇÃO

Desenvolvimento da técnica Galli realizou diversos cursos de restauro na área de patrimônio, inclusive com italianos. Aprendeu a técnica das escaiolas observando e pesquisando em diversos livros importados. A ação consistia em elaborar e desmanchar trabalhos, até obter o resultado que acreditava ser o mais próximo possível da técnica original. “O que mais me realiza ao executar um restauro é poder devolver a unidade e beleza à mesma e ainda poder preservar e exercitar as técnicas decorativas da antiguidade para as gerações futuras”, revela. “Gostaria muito de dividir futuramente este conhecimento de forma mais

Próximo de concluir Mestrado, bacharel em restauro e conservação atua em Pelotas DIVULGAÇÃO

aprofundada com Bagé, que possui ainda exemplares de rara beleza da técnica”, acrescenta.

Galli conta que desenvolveu aprendizado criando e desmanchando trabalhos até atingir proximidade da técnica original

O bacharel em restauro pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) presta consultoria para a firma do parceiro de trabalho , Fernando Rebello. Gali é técnico de Restauro no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzoe conta com um atelier em casa onde restaura quadros e objetos decorativos. Galli espera concluir em breve o Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural também na UFPEL. “Minha idade é 50 anos mas motivação de 30 (risos)”, ressalta.


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DA MAYA CAFÉ

Sabor e qualidade no Da Maya Café Espaço funciona em anexo ao Da Maya Espaço Cultural e está aberto de segunda-feira à sábado das 14h às 18h DIEGO LAMEIRA

Cafés, tortas doces e salgadas e, em breve, também os produtos produzidos pela Cabanha da Maya estarão disponíveis no Da Maya Café. Um espaço aconchegante que representa mais uma opção para quem deseja desfrutar de bons momentos em família ou com amigos aliando alta gastronomia à possibilidade de conhecer o trabalho que está sendo realizado na exposição no Da Maya Espaço Cultural. A proposta do espaço é servir um cardápio leve, variado, de excelente qualidade e sabor. Entre as opções salgadas estão os quiche de espinafre com cottage ou de loraine, a empanada de carne e a empada de palmito e tomate seco. Para quem prefere os doces, há torta de limão e de castanha.

O sabor e a textura das rapaduras e do doce de leite são inconfundíveis e irresistíveis graças a qualidade dos produtos utilizados em sua fabricação

O Da Maya Café também comercializa os queijos e o doce de leite produzidos pela Cabanha da Maya, que utiliza o leite de vacas Jersey de rebanho especial e alta genética reconhecida em todas as grandes exposições do país, para a sua produção. O leite conta com rigoroso controle físico-químico e microbiológico, de excelente qualidade, resultado do controle laboratorial de sanidade e manejo apropriado.

DIEGO LAMEIRA

O Azeite de Oliva 1492, produzido nos Olivares de Quepu, no Chile, também está disponível no Da

Maya Café. Fabricado com uma variedade de azeitonas de origem italiana, possui sabor intenso que se distingue pelo leve toque apimentado e seu aroma de frutas frescas misturadas a vegetais verdes, sendo reconhecido mundialmente pela sua qualidade e sabor. O Da Maya Café está aberto no mesmo horário do Da Maya Espaço Cultural – de segunda-feira à sábado das 14h às 18h e também está disponível para reservas de pequenos grupos para confraternizações ou outras atividades.

As tortinhas doces de limão e nozes estão entre as mais consumidas no Da Maya Café. Já os queijos, de vários tipos, são produzidos na Cabanha Da Maya e comercializados no Café De aroma e sabor marcantes, o azeite 1492 é produzido no Chile e reconhecido internacionalmente pela excelência em qualidade


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