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Domingo, 25 de novembro de 2012 Diário do Amazonas | visite D24am.com

Espelhos para corrigir erros e não para admirar o corpo Nas academias, objetos ajudam na execução correta dos exercícios e a evitar contusões RESPIRAÇÃO

TEXTO: Diogo Rocha FOTO Nathalie Brasil

Evitando a manobra de Valsalva

MANAUS

spelho, espelho meu, existe alguém mais forte e sarado do que eu? Pode até parecer brincadeira, mas a função dos espelhos nas academias foi ignorada pela busca estética do corpo perfeito. Em Manaus, professores de musculação revelam os erros mais comuns, além do uso do espelho para conferir o visual. Um dos erros mais cometidos, principalmente nessa época do ano em que começa a correria pela boa forma, é o descuido com a postura. E para evitar lesões com a prática errada de exercícios, o especialista em musculação e treinamento de força, Carlos Fernandes, avisa: “os espelhos não servem apenas para ver se o cabelo está penteado, se a maquiagem está borrada ou se a roupa está combinando”. No Cagin Clube, zona sul de Manaus, o professor Thiago Luiz Reis, 24, observou dois tipos de alunos predominantes na hora da malhação: os que desejam ficar ‘grandes’, entenda-se musculosos, e os que querem emagrecer. “A maioria faz musculação e malha mais pela estética. Tanto que alguns espelhos de academias aumentam mais (a massa corporal) do lado onde se concentram mais

E

FRASE

Thiago Reis. Professor de musculação A estética é consequência. Manter uma atividade física como hobby e lazer é mais importante” Sobre a importância da atividade física.

Na frente do espelho pode-se corrigir erros de postura e fazer exercícios corretamente, evitando lesões e sobrecarga nos músculos

os homens e outros afinam na parte das mulheres. É tudo proposital, mas é mais para motivar”, comentou Reis. O truque da ilusão é habitual em academias e também está presente na Companhia Atala, zona centro-sul da cidade. “É motivacional. Tudo para incentivar. A pessoa fica mais empenhada quando percebe que pode dar resultados. Mas às vezes o espelho fica desajustado com o tempo e precisa ser trocado”, justificou o professor de musculação Rômulo Coelho

Ferreira. Para não pensar apenas na vaidade, os preparadores físicos aconselham a dar mais atenção na forma de executar os exercícios. “Com o espelho, o aluno pode se autoajustar e fazer tudo corretamente. Afinal, como vai saber que está subindo mais um peso do que outro? Como é no caso do cross over (que trabalha o peitoral)”, exemplificou Ferreira. Thiago Reis reforça a utilidade do espelho. “Orientamos desde o início o aluno sem ex-

periência na parte de musculação a executar corretamente os exercícios. Os espelhos entram, justamente, para auxiliar na posição correta do corpo e evitar lesões prematuras ao longo do tempo”, afirmou. Fora as aulas de aeróbica, a musculação não deve ser praticada sem uma olhada no espelho. “Cross over, agachamento, desenvolvimento no ombro, glúteos com caneleiras, rosca direta (bíceps), entre outros, são indispensáveis ficar de olho na execução”, citou Vinícius.

ERRO COMUM

Intensidade causa dor e desconforto A falha mais visível percebida nos alunos iniciantes é a intensidade. “Muita carga no exercício, amplitude do corpo e malhar sem o acompanhamento de um profissional são os erros básicos”, revelou Rômulo Coelho Ferreira. A força empregada e o modo de fazer o exercício físico são as principais causas de lesões. “O desconforto muscular acontece mais pela falta de conhecimento do exercício e de sua intensidade. Às vezes, a pessoa tem um conhecimento superficial do movimento e tende a pressionar mais”, confirmou Thiago Reis. A impaciência do aluno em querer

resultados imediatos é proporcional às dores no corpo. “Isso atrapalha, porque o aluno até desisti de voltar à academia e chega a culpar o professor”, revelou Reis. Para reduzir o desconforto nos músculos e evitar contusões, a recomendação aos iniciantes é começar com exercícios leves e aumentar gradativamente a intensidade. “A musculação nada mais é que criar um processo inflamatório e à medida que se recupera, o corpo fica adaptado. Uns sentem mais e outras não, depende do organismo”, disse Reis. A exceção à regra é nos casos de

recomendação médica. “Temos aí mais cuidado na hora de prescrever os exercícios, porque não buscamos objetivos estéticos”, afirmou Reis. É a situação do violinista Victor Mira, 24, que está há mais de duas semanas na academia devido um problema de saúde. “Tenho diabete tipo 1 (crônica), que depende de insulina. Então, meu médico achou melhor sair do sedentarismo”, explicou Mira, que faz musculação e aeróbica. Ele admite dispensar o uso de espelhos. “Não viso a estética, mas percebi que muitos alunos ficam se admirando o tempo todo no espelho”, revelou Mira.

Além da importância de realizar atividades físicas sob orientação de um profissional, os frequentadores precisam ficar atentos a outros detalhes. “Um fator importante é com a respiração. Muitas pessoas tendem a prender a respiração durante o exercício, voltando a respirar só quando executa a série completa. Para alguns. essa apneia, conhecida como manobra de Valsalva, pode gerar um aumento exagerado da pressão interna, o que pode ser perigoso para hipertensos”, adverte Carlos Fernandes, especialista em Musculação e Treinamento de Força. Outro erro muito comum praticado dentro e fora das academias, segundo Fernandes, é em relação à intensidade e o volume dos treinos. De acordo com o professor de educação física, não adianta ultrapassar os limites físicos para atingir resultados de forma rápida. “O volume e a intensidade devem estar inversamente relacionados. Se o treino for muito volumoso, ou seja, com muitos exercícios ou séries, a intensidade, mais representada pela carga, deve ser moderada. Assim, o contrário é verdadeiro: se a carga é alta, o volume deve ser baixo. Muitos iniciantes desrespeitam essa regra, o que pode causar futuras lesões ao invés de alcançar o objetivo desejado com mais rapidez.”, afirma Carlos, que destaca que os resultados serão mais fisiológicos do que estéticos neste contexto.

O NÚMERO minutos a uma hora de musculação três vezes por semana é o tempo ideal para iniciantes. Em média, demora seis meses para atingir o nível intermediário.

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