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A HISTÓRIA DA MAÇÃ GAÚCHA – 70 ANOS
No final do século XIX e na primeira metade do século XX a cultura da macieira era representada por plantas dispersas das variedades Golden e Red Delicious, nos quintais dos imigrantes italianos que tinham na uva e vinho sua principal atividade econômica. Nas décadas de 50 e 60 do século passado nascia o polo pioneiro e a Festa da Maçã no município de Veranópolis, logo se expandindo para outros municípios da Serra Gaúcha.

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Em 13.06.1977 surge a AFRUNOR - Associação dos Fruticultores do Nordeste, em Caxias do Sul, com o objetivo de organizar e incentivar a nova cultura e seus produtores. Em 29.11.1979 muda sua denominação para AGAPOMI – Associação Gaúcha de Produtores de Maçã, transferindo a sede para Vacaria.
Os pioneiros que trabalharam as encostas da serra em locais de difícil expansão perceberam que a região dos campos seria potencialmente melhor. Assim, a partir de 1974, famílias de colonos de Antônio Prado (Baldin, Guazelli, Pegoraro, Capra, Frozi, De Rossi, Della Giustina e Dal Piaz de Ana Rech) migraram para Vacaria implantando pomares e as primeiras câmaras e classificadoras.
O agravamento da crise do petróleo na década de 70 obrigou o governo brasileiro a instituir incentivos fiscais e creditícios para produtos com volumes significativos de importação. A maçã foi contemplada por representar um gasto anual de 100 milhões de dó- lares para um consumo de 200 mil toneladas.
O novo polo empresarial apontava para a Região dos Campos de Cima da Serra, com topografia, altitude e clima mais adequado para fruteiras de clima temperado. Para a rápida expansão foram muito importantes as empresas Mudelândia (franceses) para a multiplicação de mudas e a Planta liderada por Floriano e Marconi Isolan que implantavam os pomares para empresários que investiam com incentivos fiscais.
Franco-argelinos, argentinos, italianos e austríacos foram muito importantes para a nova frente com o zoneamento estabelecido pela Embrapa.
O Posto do Ministério da Agricultura com patrulha mecanizada para atender os pequenos produtores passa para o controle da Prefeitura no primeiro mandato do Prefeito Marcos Palombini (1973/77) e o Engenheiro Agrônomo Genor Mussatto, Secretário Municipal da Agricultura, coordenava a multiplicação de mudas e avaliação de uma centena de variedades de maçã cedidas pelos franceses de Fraiburgo, Universidade de New Jersey e Embrapa de Pelotas que, também, cedia pesquisadores para o trabalho de seleção dos clones com melhor adaptação ao clima de Vacaria. Foi um momento estratégico ao atrair investidores que já tinham destinos planejados para a Argentina (Lazzeri) e São Joaquim (Três Ases), acelerando a agregação de mais tecnologia de campo e conservação frigorífica, além de conhecimento do mercado. Mais tarde, diante da limitação de recursos do município, a Embrapa de Clima Temperado de Pelotas assume Vacaria para agilizar o processo de desenvolvimento da nova frente de fruteiras resgatando a economia da dependência da araucária em final de ciclo e da pecuária extensiva.
E assim chegamos aos dias de hoje, o Rio Grande do Sul com 14 mil hectares e produção anual de 500 mil toneladas, representando 45% da produção brasileira. Vacaria, principal polo e maior exportador, contribui com 6.900 ha e 260 mil t (54% do RS e 25% do Brasil).
Os estrangeiros foram embora, os aventureiros dos tempos dos incentivos fiscais debandaram cedo, e o setor se profissionalizou para as ações estratégicas introduzindo novas variedades para alongar o período de colheita e oferecer ao mercado novos sabores, clones e tecnologias para a produção orgânica, marketing mais agressivo para aumentar o consumo interno e a demanda para exportação.
O novo segmento do agronegócio demandou pesados investimentos, com destaque para os líderes Raul Anselmo Randon e Francisco Joaquim Schio, aliados a centenas de pequenos e médios produtores, com milhares de trabalhadores treinados para as funções técnicas do cultivo da macieira e colhendo os frutos com carinho para entregá-los com qualidade na mesa do consumidor.
A partir do pioneirismo de Veranópolis, lá se foram 70 anos para a consolidação de importante polo da fruticultura de clima temperado, gerando empregos, distribuindo renda e formando rotas turísticas, consagrando na diversidade o modelo de desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
FELIZ DIA DO TRABALHO E PARABÉNS AOS TRABALHADORES DO BRASIL!
JOSÉ SOZO Presidente