Caderno Específico PRISE 3º ano Vol.II

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Índice Química Alex Martins Anderson Marques Eduardo Bechara

Matemática Ricardo Ribeiro Washington Rosário

Biologia Elton Costa Marcos André

História Márcio Marçal

Geografia Elesbão Duarte

Literatura Anderson Luiz


Sumário Química 

CAPÍTULO 01 - Introdução as Reações Químicas 01

CAPÍTULO 02 - Principais Reações Químicas 05

CAPÍTULO 03 - Macromoléculas 21

Matemática 

CAPÍTULO 01 - Estudo do Ponto 31

CAPÍTULO 02 - Estudo da Reta 38

CAPÍTULO 03 - Estudo da Circunferência 48

CAPÍTULO 04 - Polinômios 52

Biologia 

CAPÍTULO 01 - Sistemas 57

CAPÍTULO 02 - Zoologia 62

História 

CAPÍTULO 01 - História do Brasil 105

CAPÍTULO 02 - História Contemporânea 147

Geografia 

CAPÍTULO 01 - Regionalização do Brasil (parte 1) 181

CAPÍTULO 02 - Industrialização Brasileira 185

CAPÍTULO 03 - Urbanização Brasileira 191

CAPÍTULO 04 - Redes Técnicas: Energia, Transportes e Telecomunicações 197

Literatura  CAPÍTULO 01 - «Primeira Manhã» 205  CAPÍTULO 02 - Clarice Lispectro 212  CAPÍTULO 03 - A quinta história 219  CAPÍTULO 04 - Modernismo 226  CAPÍTULO 05 - Pós-Modernismo 230


MATEMÁTICA CAPÍTULO I – ESTUDO DO PONTO

 AULA 01

a)

Exemplo 3: Calcule, em cada caso, a distância entre os dois pontos dados: (1, 2) e (4, 6)

b)

(2, 1) e (10, 7)

c)

(-15, -20) e (0, 0)

Sistema cartesiano orthogonal No guia da cidade de campos dos goytacazes podemos encontrar parte de um mapa de ruas com este. 

Um sistema cartesiano ortogonal é constituído de duas retas x e y, perpendiculares entre si, e possui quatro quadrantes.

 AULA 02 - DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS    

A reta x é chamada eixo das abscissas. A reta y é chamada eixo das ordenadas. O ponto O, interseção das retas x e y, é chamado de origem. Todo ponto que pertence ao eixo x a coordenada y é zero e todo ponto que pertence ao eixo y a coordenada x é zero

EXEMPLOS:  Exemplo 1: Localize os pontos abaixo:

Exemplo 2: Determine as coordenadas dos pontos abaixo:

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Dados os pontos A (xA , yA) e B (xB , yB) e sendo dAB a distância entre eles, então podemos calcular essa distância através da seguinte fórmula:


BIOLOGIA CAPÍTULO I - SISTEMAS  SISTEMA DIGESTÓRIO

O sistema digestivo nos vertebrados tem por funções ingerir e digerir os alimentos para depois absorver os nutrientes essenciais à vida e eliminar os restos inaproveitáveis. È constituído pelo tubo digestivo e palas glândulas anexas.

I. O tubo digestivo

Apresenta-se formado por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus ou cloaca.

Na boca encontram-se a língua, os dentes e as glândulas salivares. A língua, em mamíferos, é musculosa e apresenta em sua superfície corpúsculos táteis e quimiorreceptores. Constitui-se nesses animais em órgão importante para a deglutição, mastigação, fonação e paladar. Os dentes têm grande importância para a trituração dos alimentos.

A faringe serve como via de passagem aos sistemas digestivo e respiratório. Porem, quando esse órgão funciona à passagem de alimentos, fica interrompida a passagem de ar aos pulmões, sendo a recíproca verdadeira. O esôfago é um tubo de musculatura lisa que une a faringe ao estômago. A musculatura de sua parede, por contrações, origina os movimentos peristálticos que transportam os alimentos em direção ao ânus. O esôfago nas aves apresenta uma dilatação, o papo, cuja função é armazenar e hidratar os alimentos. O estômago tem por função armazenar os alimentos e realizar a digestão. Comunica-se com o esôfago através do esfíncter cárdico e com o intestino através do esfíncter pilórico. Cárdia e piloro são dois orifícios em cujas paredes encontram-se músculos esfincterianos, capazes de, por contração, fechá-los.

Em anfíbios, répteis e na maioria dos mamíferos, o estômago apresenta apenas uma cavidade. Nas aves, divide-se em pró-ventrículo e moela. O próventrículo ou estômago químico fabrica as enzimas, e a moela serve para triturar os alimentos. Os mamíferos do grupo dos ruminantes têm o estômago dividido em quatro câmaras: pança ou rúmen, barrete ou retículo, folhoso ou ômaso e o coagulador ou abômaso. Na pança há a digestão da celulose. No barrete o alimento é comprimido e transformado em bolas que voltam à boca para a mastigação (ruminação ou regurgitação). Novamente deglutido o alimento chega ao folhoso onde há a absorção de água. No coagulador o alimento sofre a ação do suco gástrico.

Nos intestinos completa-se a digestão e há a absorção dos alimentos digeridos. No intestino delgado corre a maior parte da digestão e absorção dos alimentos. Para facilitar a absorção, sua parede apresenta vilosidades, que são projeções da mucosa em direção à luz do órgão. Esse intestino se divide em duodeno, jejuno e íleo. O duodeno produz o suco digestivo denominado suco entérico e nele desembocam o pâncreas e o fígado. O intestino grosso tem por função a absorção de água e sais, além de acumular e eliminar as fezes pelo ânus. Nos peixes cartilaginosos, anfíbios, répteis e aves a abertura intestinal é comum aos sistemas reprodutor, excretor, e por isso denominada de cloaca.

II. Glândulas anexas.

As glândulas anexas são estruturas acessórias ao tubo digestivo no interior da qual lançam suas secreções. São anexos: as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado. As glândulas salivares encontram-se apenas em vertebrados terrestres. Produzem saliva que, lançada na boca, umedece os alimentos e, em mamíferos, apresenta função digestiva.

O fígado existe em todos os vertebrados. È maciço e divide-se em lobos direito e esquerdo. Apresenta cerca de 500 funções conhecidas e uma delas é a produção de bile, que é armazenada na vesícula biliar, estrutura em forma de saco ligada na face inferior do fígado. A contração da vesícula lança a bile no duodeno. O pâncreas fabrica o suco pancreático e os íons bicarbonatos (solução tampão), ambos são lançados no duodeno através do canal chamado canal pancreático.

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HISTÓRIA CAPÍTULO I – HISTÓRIA DO BRASIL Tensões sociais e discussões políticas: As transformações no Brasil escravista na segunda metade do século XIX. Ao final do século XVIII, a legitimidade da escravidão tornou-se alvo de um intenso debate entre os europeus, alcançando consequentemente suas colônias que espalhadas pela América, dependiam de maneira significativa desta relação de trabalho. Neste mesmo período ocorriam intensas mobilizações populares na Inglaterra contra a manutenção do tráfico negreiro, gerando uma cadeia de pressões que não poderia ser ignorada pelo parlamento daquele país, resultando na elaboração de uma lei que proibia aos comerciantes ingleses atuarem no tráfico negreiro, inclusive para suas colônias a partir de 1807. Para alguns autores a disposição inglesa em combater a escravidão está relacionada a aspectos políticos e sociais resultantes do iluminismo e do liberalismo junto ao movimento abolicionista naquele país. Entretanto para outros autores o fortalecimento deste abolicionismo encontra-se diretamente relacionado com os interesses do setor industrial posto que, ―A Inglaterra, até o século XVIII, era a grande beneficiária do tráfico negreiro. (...) Os traficantes ingleses vendiam escravos não apenas aos plantadores das colônias britânicas, mas também aos franceses e espanhóis. (...) Com a revolução industrial, os interesses econômicos ingleses privilegiaram a ampliação de mercados consumidores para as suas manufaturas. Com o objetivo de diminuir o custo de produção, a burguesia, ligada às atividades industriais, desejava que os produtos coloniais fossem vendidos na GrãBretanha a preços reduzidos porque poderia pagar salários mais baixos. Por conta deste processo, o tráfico negreiro não ocupava mais o lugar de destaque que outrora alcançara na economia britânica.‖ (Neves e Machado, 1999)

Conforme aponta o texto o aumento da produção industrial inglesa exigia um rápido escoamento, através da conquista (ampliação) de mercados consumidores. Assim ao assumir um posicionamento contrário ao tráfico passava a existir de forma concreta a possibilidade de que recursos antes investidos na aquisição de escravos fossem desviados para a aquisição de produtos industrializados ingleses. Além disso, outro aspecto relevante em torno das mobilizações e pressões junto aos parlamentares ingleses partia das Antilhas inglesas, uma vez que a elite latifundiária da região perdia espaço no mercado mundial para os seus produtos de agroexportação. Diante do conflito europeu envolvendo Inglaterra e França, juntamente com seus respectivos aliados, ocorreria a transferência da família real portuguesa para o Brasil sob proteção da marinha inglesa. Posteriormente, com os tratados de 1810 (Comércio, aliança, navegação e amizade), assinado entre Portugal e Inglaterra os ingleses obtiveram não somente vantagens comerciais, como também o compromisso assumido pelo Príncipe regente em criar as condições necessárias à posterior abolição do tráfico negreiro. Com a derrocada do império napoleônico, coube aos ingleses reafirmarem a sua supremacia nas relações diplomáticas mundiais, exercendo um combate cada vez mais significativo ao tráfico negreiro, assim em 1815 o Congresso de Viena estabeleceria proibição ao comércio negreiro ao norte do Equador. Entretanto o tráfico ainda era uma atividade lucrativa para comerciantes brasileiros e portugueses, portanto continuou sendo praticado inclusive ao norte do Equador. A partir do contexto acima mencionado é de fundamental importância destacar que embora as pressões inglesas fossem significativas junto ao governo português e posteriormente brasileiro, articulavam-se reações que partiam de setores da sociedade na defesa de seus interesses relacionados a continuidade do tráfico e portanto do trabalho escravo, embora alguns elementos ligados a elite política e intelectual do país pregassem o fim da escravidão e o desenvolvimento econômico, já nas primeiras décadas do século XIX. A autonomia política alcançada em 1822 a partir de articulações políticas em torno de D. Pedro e consequentemente no apoio garantido pelas elites brasileiras (comerciantes e agroexportadores), não impediu que as desigualdades políticas e

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sociais desaparecessem ou pelo menos diminuíssem na medida em que foram mantidas as restrições ao acesso a cidadania, bem como a estrutura fundiária e econômica da nascente nação. Posteriormente já na vigência do governo regencial, em novembro de 1830 e de acordo com o que foi negociado por ocasião dos acordos de 1810 (ratificados em 1826), o tráfico de africanos para o Brasil seria abolido. Evidentemente que devido à importância do braço escravo para o setor agro – exportador do país, o tratado de 1831 seria ignorado pela elite brasileira (comerciantes e agroexportadores), posto que a partir deste ano (1831) o volume de importação de africanos seria crescente diminuindo a partir de 1850, ano em que o parlamento brasileiro aprovou o fim do tráfico negreiro para o Brasil, através da Lei Eusébio de Queiroz. Em 1845 foi submetido à apreciação do parlamento na Inglaterra o projeto de lei elaborado pelo Ministro das relações exteriores do Reino Unido, George Aberdeen concedendo poderes para que a marinha daquele reino apreendesse em qualquer parte do mundo, navios negreiros de qualquer bandeira, cujas tripulações seriam submetidas a julgamento em tribunais ingleses. A partir deste momento se tornou comum a presença de navios militares ingleses em águas brasileiras, promovendo a abordagem e apreensão de várias embarcações, é evidente que estes incidentes feriam a soberania brasileira, contudo mesmo diante de protestos diplomáticos apresentados pelo governo imperial, as ações inglesas continuaram deixando claro inclusive a possibilidade de bloqueio de aos portos brasileiros, além desta significativa influência militar é preciso levar ainda em conta a forte presença do capital inglês na economia do país. A repressão ao tráfico negreiro causava um grande desconforto para as autoridades brasileiras uma vez que a soberania do país era continuamente desrespeitada pelas incursões da marinha inglesa em portos brasileiros. Além disso, a influência política e econômica dos setores escravistas não poderia ser ignorada, posto que as restrições ao tráfico dificultavam a manutenção da escravidão. Outra situação apresentada dizia respeito à opinião pública interna indignada com a afronta à soberania. Foi neste ambiente que o governo conseguiu aprovar a Lei Euzébio de Queiroz em 1850. Para superar as resistências a esta lei o governo articulou a aprovação da lei a dois discursos sendo o primeiro em torno da necessidade de preservar e defender a soberania nacional, assegurando ao país o direito de decidir sobre seus rumos, frente a importante questão, já o segundo apontava para as ameaças à ordem interna representadas pelas insurreições e articulações de escravos, cada vez mais constantes nas cidades e nas áreas rurais. A mão de obra escrava era de fundamental importância para o país, principalmente para a lavoura cafeeira, já em desenvolvimento no inicio do século XIX, a partir do Rio de Janeiro, ocupando paulatinamente o Vale do Rio Paraíba, alcançando outras províncias. Grande parte do fluxo de escravos que entravam no país se destinava aos cafezais, que por sua vez geravam um volume fabuloso de riquezas concentradas nas mãos de uma minoria de abastados, pois; ―Pois por toda a parte a expansão da onda verde não apenas enriquecia os proprietários de escravos e de terras. Ela também fortalecia o poder e o prestígio dos chefes da ―boa sociedade‖. Eles participavam de reuniões das câmaras municipais, elegiam-se para a Assembleia provincial; formavam a guarda nacional; casavam suas filhas com bacharéis que deveriam representá-los junto ao governo geral; obtinham auxílios do Tesouro imperial, recebiam ou compravam títulos de nobreza tornando-se ―Barões do café‖; construíam luxuosos palacetes ou casas sólidas e vastas na Corte. (...). Por ocasião das revoltas liberais de 1842, muitos desses ―Barões do café‖ uniram suas forças as forças de repressão do governo imperial.‖ (Matos, I. e Gonçalves, 1991)

De acordo com a analise acima, este novo grupo social passou a exercer considerável influência política local e regional, constituindo-se um uma importante base de apoio político ao governo imperial. Através da força do prestigio político e do considerável poder


GEOGRAFIA CAPÍTULO I - REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL PARTE 1 AULA 01 - RESUMO TEÓRICO DEFINIÇÃO: A regionalização, definida como a divisão de um determinado espaço ou território em áreas com características comuns, pode ser criada com base em critérios físicos, socioeconômicos ou políticos. A escolha de uma dessas alternativas depende das finalidades com que se pretende utilizá-la. Ela pode, por exemplo, servir a objetivos estatísticos, administrativos ou didáticos.

Dessa vez, o conceito-base era o das regiões homogêneas, definidas pela combinação de aspectos naturais, sociais e econômicos. A Região Leste desapareceu, com a Bahia e o Sergipe migrando para a Região Nordeste. A Região Sul passou a existir sem a presença de São Paulo que, juntamente com Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, passou a constituir a nova Região Sudeste. Entretanto, percebemos que as linhas divisórias das regiões continuam coincidindo com os limites estaduais.

A DIVISÃO REGIONAL DO IBGE:

A Revolução de 30 havia inaugurado um novo período na história brasileira, marcado pela centralização do poder político em torno do governo federal. Nesse contexto, o conhecimento estatístico do território e da população se transformou em prioridade nacional. Para traçar os rumos do desenvolvimento brasileiro, o governo precisava conhecer o Brasil!

A divisão regional de 1945 delimitava cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Foi feita com base no conceito de região natural, levando em conta, sobretudo, a uniformidade dos elementos da natureza. As unidades regionais foram identificadas por meio do "estudo das influências recíprocas entre diferentes fatores naturais, principalmente clima, vegetação e relevo". A divisão foi criada considerando o aspecto político do país, ou seja, os estados estavam “encaixados” em sua totalidade em uma única região. Não haviam estados separados por fronteiras regionais. Este aspecto foi considerado porque a divisão foi à oficial do país, ou seja, o Estado a usaria como base para suas políticas, assim como para realizar estudos e levantamentos censitários no país. Outro elemento importante na divisão de 1945 era a presença dos Territórios Federais, sendo eles: Ponta Porã, Iguaçú, Acre, Guaporé, Rio Branco, Amapá e Fernando de Noronha. Eles existiam em áreas de difícil administração, pois estavam distantes do centro político, na época localizado no Rio de Janeiro. A maioria deles estavam em áreas de fronteira com outros países, subtendendo-se que serviriam para que o Estado garantisse o controle das fronteiras, bem como dos recursos naturais. OBS: Os Territórios Federais são espaços que estão vinculados

ao Poder Federal, havendo um governador indicado pelo presidente da república, mas sem autonomia administrativa. Ele o representa e faz cumprir suas decisões.

Essa divisão regional perdurou até 1969, quando os novos conhecimentos adquiridos sobre o território brasileiro e as transformações nele ocorridas em razão do desenvolvimento industrial e urbano obrigaram o IBGE a estabelecer uma nova divisão regional.

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A divisão regional de 1969 ainda é a oficial, com determinadas modificações: o Estado de Tocantins, criado em 1988 e desmembrado do Estado de Goiás (Região Centro-Oeste), foi incluído na Região Norte; o Mato Grosso do Sul desmembrou-se do Mato Grosso e surge como um novo estado; os antigos Territórios Federais foram, a maioria deles, elevados à condição de estados e Fernando de Noronha torna-se Distrito do estado de Pernambuco. A mudança mais contestada é a do estado do Tocantins ter sido inserido na região Norte, e a justificativa para tal relação foi o fato de esse Estado ter maior articulação econômica com o Estado do Pará e com o sul do Maranhão. Quando comparamos as divisões regionais do IBGE de 1945 e 1969, observamos algumas mudanças. Dois Territórios Federais já haviam sido extintos: Ponta Porã e Iguaçú; outro foi elevado à condição de estado: o Acre; e ainda tivemos o deslocamento do Distrito Federal do Rio de Janeiro para Brasília. Com esta ultima mudança, a cidade do Rio de Janeiro passou a ser um estado, chamado de Guanabara, que perdurou até 1975, quando ela tornou-se capital do estado do Rio que até então era Niterói. Com a criação da nova Constituição em 1988, o IBGE foi obrigado a fazer uma revisão da divisão regional do país, foi quando a divisão de 1969 sofreu trêsmudanças princpais:


LITERATURA CAPÍTULO I - ―PRIMEIRA MANHÃ‖ AULA 01 - DALCÍDIO JURANDIR

Rangiam-lhe as perneiras, peiando-lhe o passo, primeira marcha a pé da José Pio ao Ginásio, estírão lento. Trazia um cruzado para o bonde, ida e volta, passagem inteira; preferiu ir andando pela São João, cruza o Igarapé das Almas, espia a missa de Santana, ali ao pé da porta, o São Pedro na sua cadeira. O velho porteiro lhe estendia o pé de bronze agora em carne viva de tanto o povo beijar. Alfredo inclinou-se. ―Abra-me aquela porta, e o resto‖, O pé, não beijou. São Pedro avançava a sua sombra e a chave parecia pesar mais. Quebra a São Mateus, entra no Largo do Quartel: Lá está, lá está.

► O LICEU. (Ponta de Pedras, Ilha do Marajó, Pará, 1909- Rio de Janeiro,1979)

Quando era ainda bem pequeno, sua família mudou-se para a vila de Cachoeira do Arari, na mesma ilha, onde passou a infância e aprendeu as primeiras letras com a mãe. Em 1922, seguiu para Belém, a fim de estudar. Em 1928,resolveu tentar a vida no Rio de Janeiro, mas, sem condições de se manter, voltou quase imediatamente para o estado natal. De volta a Belém, em 1929, escreveu a primeira versão de Chove nos campos de Cachoeira, seu romance de estréia. Graças à indicação de amigos, exerceu alguns cargos públicos, como o de Primeiro Oficial de Educação e Ensino. Em 1936, tendo participado ativamente do movimento da Aliança Nacional Libertadora, foi preso por suas idéias esquerdistas, ficando detido por dois meses. Novamente preso em 1937, permaneceu por quatro meses no presídio de São José, devido à campanha contra o fascismo. Em 1952, Dalcídio viajou à União Soviética. Em 1953, ao Chile, para participar do Congresso Continental de Cultura. Em 1959, publicou o romance Linha do Parque - único que não pertence ao Ciclo do Extremo Norte, do qual, em 1961, foi lançada, em Moscou, a tradução para o russo, apresentada por Jorge Amado. Em 1972, Dalcídio recebeu, pelo conjunto da obra, o prêmio Machado de Assis, conferido pela Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1979. ―Sua matéria ou seu "sonho de juventude" é "a minuciosa reelaboração de sua vivência na infância e na juventude com os ilhéus de Marajó." ―No primeiro livro CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA, ―surge a personagem que será uma espécie de fio condutor da narrativa em todos os romances do Ciclo do Norte (à exceção de MARAJÓ), o menino Alfredo, filho do branco Major Alberto e da negra dona Amélia.

10 de janeiro de 1909 – 16 de junho de 1979  Chove nos Campos de Cachoeira (1941)  Marajó (1947)  Três Casas e um Rio (1958)  Belém do Grão Pará (1960)  Passagem dos Inocentes (1963)  Primeira Manhã (1968)  Ponte do Galo (1971)  Os Habitantes (1976)  Chão dos Lobos (1976)  Ribanceira (1978)  Série Extremo-Sul  Linha do Parque (1959)  Publicações póstumas  Passagem dos inocentes – Editora Falângola, 1984  Chove nos campos de Cachoeira – Editora Cejup, 1991  Marajó – Editora Cejup, 1992  Três casas e um rio, Editora Cejup, 1994  Belém do Grão-Pará - Edufpa/Casa de Rui Barbosa, 2004

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Devia ter beijado o pé de São Pedro? Voltar à igreja, depositarzinho o beijo e vir correndo, dava tempo? Não. Não. Não, dizem aquelas janelas. Por que todo este silêncio? Esta praça deserta? Primeiro dia, primeiro instante, às oito ao som da campa, presente, professor. Oito dias de aula perdeu pelo atraso dos uniformes, seu nome no jornal faltando sem motivo. E tão desconhecido, tão primeiro ano, tamanhão que estava, sem livro, sem material de desenho ou mapa! Mas adeus de uma vez, cheirosas professoras da Dois de Dezembro, até mais nunca, passe bem para sempre, Barão. Assim é o início do livro Primeira Manhã. O adolescente Alfredo de 16 anos, vai a pé para o colégio. Atual rua Senador Lemos,atravessa a Doca de Souza Franco,Vinte oito de Setembro,Praça da Bandeira e atual colégio Paz de Carvalho. Iniciaria o ginasial, oito dias de falta, pois não tinha o uniforme. Lembrou das professoras das escolas anteriores. No entanto diante da escola, veio lembranças da noite anterior, e também dos oito dias sem uniforme. As histórias da velha parteira Santa, irmã pobre do fazendeiro, o coronel Braulino. Ele era proprietário da fazenda Camamoro. Lembrava do raio que matou 16 porcos e abriu o quarto prisão de Luciana. Tudo aconteceu na semana em que dona Jovita, mulher do fazendeiro prendeu Luciana Boaventura, a filha mais nova, nua no quarto das selas. Um crente pastor Severino a pediu em casamento e foi negado o pedido pela mãe. Sumiu pelo mundo, rasgando folhas da Bíblia e imaginando Luciana como beata em um cavalo,prometendo ser sua mulher em nome do céu. Transtornado teria jogado uma praga― e uma praga lançou sobre a fazenda: desse a peste no gado, perdida a questão das terras de Camamoro correndo ainda no foro, um raio...‖ Luciana pediu para estudar o ginásio em Belém,também foi negado pela mãe.Alfredo lembra que não era filho de fazendeiro e sua mãe nem era casado no cartório. Luciana veio para Belém pelas mãos da tia parteira. No entanto ela fugiu.Alfredo iniciaria o primeiro ano de Humanidades,o couro do sapato rangendo,o uniforme cáqui,sentia que era um ritual de passagem, o menino ficara para trás.Estava atrasado com dezesseis anos ainda no primeiro ano, a voz já mudara, porém lembrava dos familiares lá em cachoeira, e também da jovem Luciana. A caminho da escola lembrou dos amigos de Cachoeira que não poderiam frequentar o ginásio. ―Trazia consigo a penca de menino e menina de Cachoeira e do Muaná, Raimundinho dos pastéis, Antônia da Areinha, Andreza (sem Andreza até agora!), Luciana (me mandem pro Ginásio, que eu quero), deles e delas carregado, para entrar no Liceu, por isso o coração pesava mais‖ Pavuloso seguia no seu novo uniforme, quando um incidente aconteceu. Desvia-se do bonde, do olhar do quintanista, escorregou na casca de manga, as operárias riem, pisa na pedra solta do calçamento, espirrou lama... Chega atrasado na aula.Sobre os olhares de todos,o maior da turma,senta no fundo da sala. O professor segue com a aula,Alfredo lembra de Cachoeira, parece distante do ensino do professor,talvez fosse o único do interior,cor de água barrenta, lembra do dia do exame de admissão em que um loiro do quinto ano afirmava soberbo quem passaria no exame.Sua primeira aula foi de Química, quis conhecer a fórmula da água. Pensou no pai lá no chalé de Cachoeira.‖


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