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Maria José Negrão
from 16 Revue Cultive
by Cultive
É uma Mulher Cultive porque ela cultiva a educação, a poesia, a motivação, a literatura, o livro infantil, os eventos, o direito à cultura, a reinserção social, a igualdade de direitos, os cuidados com a criança, as figuras históricas, o Institu Cultive Suisse Brésil, a Paraíba,
Maria José Pery Negrão dos Santos D’ Piemonte do Paraguaçu (Zezé Negrão)
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Maria Quitéria filha do Sr. Gonçalo Alves de Almeida e D. Quitéria Maria de Jesus, nascida em 1792 no Sitio Licorizeiro na freguesia de São José das Itapororocas hoje distrito que leva o seu nome, sendo batizada no dia 27 de julho de 1798 tendo Maria 6 anos de idade. Sr. Gonçalo e esposa vão na capela de São Vicente e pelas mãos do reverendo Manuel José de Jesus Maria e na presença dos padrinhos Sr. Antônio Gonçalves de Barros e sua irmã Josefa Maria de Jesus recebendo no seu registro de batismo o nome de Maria Quitéria de Jesus Almeida, Jesus da mãe e Almeida do pai. Nesse período já estava com seus dois irmãos, Josefa nascida em 1794 e Luís em 1796. Sempre Maria Quitéria desaparecia horas a fios se divertindo entre as plumas silvestres, às vezes se entretém armando laços para apanhar passarinhos, sendo porém sua distração predileta percorrer o sítio num animal em pelo. E assim levava a vida de uma infância livre sobre a relva do Sitio.
Em 1802 sua mãe adoece gravemente, o sitio Licorizeiro entristece, Gonçalo comunica à Maria a morte da sua mãe enquanto todos choravam essa grande perda. Maria, a contra gosto assume a direção da casa com apenas 10 anos de idade porque pouco sabia fazer. Passados 5 meses da morte da sua esposa, Gonçalo contrai novo matrimonio com D. Eugenia, natural da mesma Freguesia, as crianças aos poucos iam se acostumando com a idéia. Passaram-se meses, D. Eugenia começa a se sentir mal, fica enferma repentinamente e vem a falecer.
As crianças mostram-se apreensivas e no passar dos dias, Gonçalo articula em mudar para outro lugar, vendendo o desventurado sitio para outra pessoa e adquiriu com suas economias as terras da Serra da Agulha localizada a noroeste da Freguesia de São José das Itapororocas e a nove quilômetros de Santo Antônio de Tanquinho na Serra da Agulha. Maria Quitéria já estava com 12 anos de idade e continuava à frente da casa. Passados alguns meses, Gonçalo contrai novo casamento. Desta vez com D. Maria Rosa de Brito natural daquela Freguesia. O ato é efetuado na Capela de Santa Barbara. As crianças estranharam o tratamento de D. Maria Rosa sendo que Josefa e Luiz eram tímidos, mas Maria que era de temperamento diferente, rebela-se dando início à discórdia entre ambas. Ao passar dos anos, os filhos do terceiro casamento começava a surgir: Francisca, Teresa, Bernarda aumentando a família; a prosperidade a cada dia multiplicava os bens existentes na fazenda e Maria sempre altiva, saia para caçar e pescar como uma
sempre determinada, porém humilde vivendo no bucolismo da natureza, mergulhava nos afazeres e nas distrações e uma delas era as caças junto à montaria.
diversão, às vezes com o seu pai ou com alguns escravos. Além dos gados, na fazenda havia uma vasta plantação de algodão. Uma parte dos escravos cuidava do plantio, outros no pastoreio do gado e outros para o comércio. Neste período adquire mais terras do Sr. Manuel Ferreira da Silva, depois mais outra denominada Mamoneira na fazenda São Tiago que fora do Sr. Romão Alves. Ele já estava com 5 filhos do terceiro casamento e mais 3 do primeiro. Entre eles: Francisca, Teresa, Bernarda, Ana, Manuel, Maria Quitéria, Josefa e Luís. Maria Aos domingos ela sempre ia com seu pai à missa e lá encontrava as amigas, uma delas era Maria Hermenegilda de Oliveira, morava perto da Serra da Agulha. Passaram-se o tempo e já estava no ano de 1822, na Vila de Cachoeira estava sendo organizada a reação libertária contra os portugueses e, distante na Serra da Agulha à oitenta quilômetros daquela Vila. Maria Quitéria toma conhecimento do que ali se passava. Enquanto José Cordeiro de Medeiros, seu cunhado, levava os produtos agrícolas para serem negociados na Vila, vivenciou por algumas horas os movimentos dos batalhões marchando, cheios de entusiasmos, ele admira as cores vivas de suas fardas e a coragem do povo, ficando assim emocionado. Ao regressar da viagem passa pela casa do Sr. Gonçalo e narra o que tinha visto, é Maria que mais se destaca pelo vivo interesse. Daí por diante Cachoeira passa a ser objeto único de sua cogitação. Ao passar dos dias a Junta do Governo envia ao Recôncavo e região um emissário, o qual chega até à fazenda Serra da Agulha onde sabe que morava um abastardo fazendeiro. Ali chegando é recepcionado pela família, o emissário conta para que veio mostrando com entusiasmo patriótico os benefícios que podem advir para o país assegurar a nossa independência, porém o Sr. Gonçalo atento às palavras responde que nada pode fazer em virtude da sua idade e o filho que possuía é ainda criança e os seus escravos eram responsáveis dos afazeres na propriedade.

Se as palavras do emissário nenhuma repercussão tem no espírito de Gonçalo, grande ressonância causam à alma de Maria Quitéria que não contendo ao entusiasmo diz na presença do emissário que à semelhança das outras baianas do Recôncavo, ela sabe manejar arma de fogo e estaria muito bem para defender a terra. Se o pai consentisse, ela iria lutar pelo Brasil, pois está com o coração abrasado. O velho Gonçalo retruca-lhe bruscamente, que as mulheres não nasceram para guerra e sim para tecerem, bordarem e trabalhos de casa. Guerra é para homens! Após a saída do emissário Maria lhe recorda intimamente as palavras entusiásticas, pois haviam ficado em sua imaginação. Lutar pela pátria é para ela um dever e por isso pensa em se incorporar em um batalhão. Em seguida vai à casa de sua meia irmã Teresa esposa de José Cordeiro de Medeiros e conta tudo o que ocorrera. Lamentando não ser homem naquele instante para se junta imediatamente aos patriotas, mas mesmo assim estava pensando em ir; apenas estudava o meio.
Teresa depois de ouvi-la com todo o seu entusiasmo bravio e contagiante diz-lhe que, se não fosse casada e estavesse esperando um filho, também se alistaria. As palavras da irmã vem ao encontro de seus desejos, ela está decidida de defender a pátria. Foi quando tiveram a idéia de cortar os cabelos e Teresa ceder as roupas do seu esposo e que José Cordeiro de Medeiros seja o seu acompanhante até a vila de Cachoeira. Não se aventuraria a fazer a viagem sozinha porque a fazenda à Cachoeira distam oitenta quilômetros.
É setembro de 1822, assim que chega à Vila procura o comandante da tropa acantonado, assenta praça num Regimento de Artilharia. É sexta-feira e tão grande o seu entusiasmo em servir à pátria que no domingo já monta guarda no referido Regimento. Com receio que lhe descubra o paradeiro dá, quando assenta praça, o prenome do seu cunhado – MEDEIROS - dizendo-se ser o seu filho. Manejando com segurança a arma de fogo, disciplinado e de comportamento exemplar, o soldado Medeiros é bem visto na tropa. Pela fragilidade do físico, dias após o soldado Medeiros foi transferido para a infantaria, Batalhão n° 3 ou Voluntários do Príncipe, conhecido depois por Batalhão dos Periquitos. Enquanto Maria vê realizado o seu desejo, Gonçalo Alves de Almeida a procura por toda parte- Santa Barbara, Tanquinho, São José das Itapororocas não a encontra, vai à Cachoeira lembrando-se das palavras por ela proferida em presença do emissário e, na vila, não se sabe como é informado de que Maria está no Batalhão dos Periquitos. Imediatamente vai ao seu encontro e vê que o outro não é o soldado Medeiros, senão a sua filha. Emocionado reprova-lhe o procedimento, tentando dissuadi-la do seu intento, porém Maria não lhe sede aos reclamos. Está inabalável no seu propósito de defender a pátria. Gonçalo procura o comandante do Batalhão solicita a sua retirada da tropa, Maria havia já suplicado ao major Silva Castro na interferência junto ao pai. Gonçalo houve o major que a ele transmite o nobre apelo de sua filha e após forte relutância cede aos seus caprichos, porém a maldiçoa. A partir dessa data estaria usando só o prenome da sua mãe “Jesus”, Maria tem a sua consciência tranquila, nenhum fundamento de outro caráter impelira sua decisão, tem 30 anos de idade e sua deliberação é consciente. Arrebatada pelo ideal coletivo para servir à pátria acima de tudo dando início à sua jornada de sacrifícios para libertá-la. É quem assim pensa e destituída de qualquer instrução, pois seus pais, como de praxe na época, não lhe proporcionaram. Porém um dia quis aprender a assinar o seu nome e o fez porque inteligência e vontade são forças do seu temperamento e assim foi feito assinando pelo nome de Maria Quitéria de Jesus, nome que jamais a história esqueceria. Pouco tempo passa Maria em Cachoeira, pois em 29 de outubro o major Silva Castro é designado com o seu Batalhão para a Ilha da Maré, onde vai organizar a defesa. Cumprida a missão, dias após seguem para Itapuã com os seus periquitos sob o comando do Ten. Cel. Felisberto Gomes Caldeirada. Dias depois os portugueses tentam surpreender a esquerda brasileira pela estrada da Pituba e são rechaçados pelo Batalhão dos Periquitos onde combate Maria Quitéria. É ESSE O SEU BATSIMO DE FOGO. Em fevereiro de 1823 entra pela 2ª vez em combate em Itapuã e é citada na ordem do dia, tendo atacado uma trincheira inimiga e feitos prisioneiros que conduz ao acampamento brasileiro.
Após esse reencontro o general Pedro Labatut lhe confere as honras de 1º Cadete.
No dia 28 de março atendendo a sua solicitação o Conselho Interino do Governo manda o Inspetor dos Fardamentos entregar ao cadete Maria Quitéria dois saiotes de camaleão ou de outro pano semelhante e uma fardeta de polícia no dia 31
do mesmo mês, outra ordem manda que lhe seja fornecida uma espada. No dia 31 de março de 1823 o Conselho Interino do Governo manda entregar ao Furriel João José Luís um fardamento à sua mulher Maria Quitéria com praça de cadete, uma calça e um par de botões. Essa portaria vem revelar que Maria Quitéria e o Furriel se uniram perante a igreja o que era perfeitamente visível devido a presença de um capelão na tropa pois de outra forma não poderia. Em abril na barra do Paraguaçu sob o comando, cuja forças do capitão Vitto José Topazio unida a um grupo de mulheres incendiadas por essa bravura Maria Quitéria avança com água até os seios contra a barca portuguesa cujas forças batendo nossas tropas tentam desembarcar, não o conseguindo em virtude do denodo com que os brasileiros ferem o combate. É esse o seu último recontro. Além das três vezes que entra em combate em Pituba, Itapuã e foz do Paraguaçu guarnece por alguns dias Cachoeira e Ilha da Maré. Às nove horas do dia 2 de julho de 1823 o general José Joaquim de Lima e Silva o Duque de Caxias, tem notícias da fuga do brigadeiro Madeira de Melo a qual classifica de a mais vergonhosa e precipitada que vira. Ordena que seja reunida toda a sua tropa à frente da Divisão, em primeira linha estava o comandante em chefe do Exército Nacional, Imperial e Pacificador José Joaquim de Lima e Silva, em seguida o Batalhão do Imperador dirigido pelo Major Manuel da Fonseca Lima, de que faz parte Maria Quitéria e outros pelotões, por fim um aglomerado de heróis descalços quase desnudos deixando transparecer através dos seus rostos marcados pelo sofrimento a luz que irradia da suprema aventura da LIBERDADE.
É uma hora da tarde, o ouro do sol inunda a antiga capital do Brasil São Salvador que se prepara para receber as forças libertárias. Multidões sucessivas invadem a cidade para aplaudir os heróis e, em delírios a Bahia os recebeu. Toques de clarins, rufar de tambores espocar de fogos-de-artifícios, palmas, vivas e o repicar dos sinos ecoando do alto de todas as torres das igrejas.
Das janela das residências de onde pendem coloridas colchas de damascos, centenas de mãos atiram sobe as cabeças dos bravos uma chuva de pétalas de rosas, que tão espessas dão a impressão de terem deixados vazios de flores os jardins da nossa Bahia. Defronte do Convento da Soledade as freiras ergueram um arco de flores para a passagem dos bravos. Foi uma homenagem tocante que se vai ali realizar ao Exército vitorioso. O capelão interino do Convento padre Antônio José Gonçalves de Figueiredo saúda as forças da liberdade em nome das freiras entregando ao general Lima e Silva algumas coroas de louros por elas tecidas para a fronte dos heróis. Maria Quitéria que na tropa tem posição perto do general comandante é por ele distinguida nessa homenagem gloriosa. Ao meio ao rufar novamente dos tambores e delírios das ovações populares, o comandante dirige-se ao templo junto com o reverendo com o seu estado maior a fim de agradecer ao Senhor dos Exércitos a graça da Vitória. Assim cobertos de rosas e de louvores, atravessam as ruas com destino ao Terreiro de Jesus onde o Exército Pacificador vai ser distribuído por vários alojamentos. O batalhão de Maria Quitéria é designado para o Convento de Santa Teresa.
Passando alguns dias Maria revela ao general Lima e Silva o desejo de ir à Corte beijar a mão de Sua Majestade D. Pedro I. No dia 29 de julho deixa a Bahia com destino ao Rio de Janeiro no navio LEAL PORTUGUES, são os seus acompanhantes nessa viagem João Maria Paresi tenente, ajudante de ordens do general Labatut, Luís Carlos Correa tenente ajudante de ordens do comandante da 2ª segunda Divisão, Miguel Joaquim de Andrade capitão do Batalhão do Imperador e o cônego João José Damasceno.
Chega ao Rio de Janeiro no dia 17 de agosto após 19 dias de viagem, despertando a curiosidade popular de maneira extraordinária onde passava com o seu uniforme colorido, era uma festa, palmas e vivas estrugem à sua bravura, numa homenagem simbólica. A imprensa reverencia-lhe o heroísmo tecendo-lhe elogiosas referências. No dia seguinte dirige-se ao Ministro da Guerra e ao Ministro João Vieira Carvalho e faz a entrega do oficio que o seu comandante enviou. No dia 20 de agosto do mesmo ano o Imperador recebe em audiência em pleno conhecimento da sua ação militar. O paço da cidade está repleto de curiosos, ministros, senadores, deputados representantes do Corpo Diplomático e pessoas gradas. É presente também na solenidade a jornalista e escritora inglesa Maria Graham precetora dos filhos do imperador. Depois de vivamente cumprimentada por todos, o Imperador a condecora com a insígnia de Cavalheiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. O emblema do grau honorifico ele próprio o coloca na blusa da heroína à altura do
coração, dizendo-lhe as seguintes palavras! QUERENDO CONCEDER A D. MARIA QUITÉRIA DE JESUS UM DISTINTIVO QUE ASSIGNAELE OS SERVIÇOS MILITARES COM DENÔDO RARO ENTRE AS MAIS DO SEU SEXO PRESTARA À CAUSA DA INDEPENDENCIA DESTE IMPERIO, NA RESTAURAÇÃO DA CAPITAL DA BAHIA, HEI POR BEM PERMITIR-LHE O USO DA ISGNIA DE CAVALEIRO DA ORDEM IMPERIAL DO CRUZEIRO.
Em seguida ordena que seja lavrado um decreto concedendo-lhe o sôldo de aferes de linha, em retribuição aos seus feitos heroicos. Terminada a leitura do decreto Maria humildemente agradece ao imperador a distinção recebida e pede uma carta para Gonçalo Alves de Almeida seu pai, aconselhando-o a perdoar-lhe por ter abandonado o lar em defesa da pátria. O Imperador aquiesce imediatamente, e dias depois, para auxiliar a sua viagem de volta manda que sejam adiantados dois meses do seu sôldo de alferes. No dia 29 do mesmo mês atendendo ao convite que lhe fizera Maria Graham vai vista-la em sua residência temporária e junto leva o pintor Augustus Earle para desenvolver a sua pintura que ficaria perpetuada. O encontro é demorado e de suma importância histórica, pois a jornalista transforma num valioso depoimento sobre a heroína o qual encontramos no livro intitulado Diário de uma viagem ao Brasil de 1824.
A heroína retorna para a Bahia no mês de setembro na escuna NACIONAL CARLOTA, levando a carta do Imperador a seu pai solicitando que lhe perdoasse e assim o fez.
Chegando a Salvador procura uma condução e segue para a vila de Cachoeira onde fardada dando-se a conhecer, no aquartelamento pede que lhe seja facilitada condução até a sua fazenda. Segue seu caminho no anonimato, passa por Feira de Santana, atinge São José das Itapororocas e tomando caminho as direitas vai a fazenda Santa Cristina de parentes seus, almoça conta rapidamente suas façanhas seguindo para a sua fazenda que ali ficava a três léguas e meia.
Na Serra da Agulha em frente da casa grande estava D. Maria Rosa, Bernarda, Josefa e Ana entretidas, enquanto o velho Gonçalo olhava do alpendre a paisagem da serra. De repente começa o cão a latir e olham para estrada avista um soldado a cavalo, todos dirigem a atenção ao cavaleiro que se aproxima. Rápido o cavaleiro alcança o atalho elevado que conduz à frente da Casa Grande enquanto todos gritam surpresos, é Maria! É Maria! Gonçalo já havia deixado o alpendre.
Madrasta e irmãs a abraçam, Maria lhe retribui as afeições e rapidamente segue em direção ao pai, que já está no interior da casa, entregando a carta do Imperador enquanto de joelhos aguarda as bênçãos do seu pai. Gonçalo lê com viva atenção a missiva imperial e um leve sorriso vai iluminando a fisionomia austera, que lhe compõem a grande barba grisalha. Ao termina-la, abraça a heroína efusivamente, perdoando-lhe. Todos se cercam novamente de Maria que começa a narrar sua aventura. Dias depois Maria toma-se do desejo de viajar, deixando a casa paterna vai visitar o arraial de Coração de Maria que fica a 10 léguas da Serra da Agulha, ali mora por algum tempo em uma casa junto a fazenda Sta. Tereza no lugar denominado Papagaio onde em 1954 residia Luís Martins de Oliveira Santos conhecido por Senhor Tenente conforme o livro de Pereira Reis Júnior quando ali esteve. Nos dias de feriados a heroína a que chamavam de D. Maria Alferes aqui nessa região ela era chamada por esse nome, costumava vestir seu uniforme dos Periquitos ostentando a condecoração do lado esquerdo do dólmã como o Imperador a pusera. Daí vai a Pedrão, Lustosa, Irará e outros povoados da região, voltando novamente à Serra da Agulha. Sua ida sozinha ao rio de Janeiro e do mesmo modo o seu retorno à sua fazenda, dão-nos impressão de que o seu companheiro o Furriel João havia tombado no campo de luta. É nessa fase de seu retorno que se enamora de um lavrador do rio do Peixe. Gabriel Pereira de Brito e com ele contrai matrimonio. Nesta ocasião o pai lhe dar cem mil reis de sua legitima e por dote um escravo de nome Antônio, avaliado em cento e vinte mil reis, um cavalo por 20 mil reis, uma novilha por cinco e mais um cavalo por 30. Assim Maria Quitéria deixa a fazenda Serra da Agulha para os afazeres de um lar sertanejo. Dessa união nasce Luísa Maria da Conceição.
Na bruma do descanso anonimato por cause um decênio quando reaparece no dia 22 de agosto de 1835 na então vila de Feira de Santana à procura do Cartório do Escrivão de Órfãos Sr. Augusto Guimarães a fim de constituir advogado no inventário do seu pai Gonçalo Alves de Almeida, uma vez que
encontrava-se viúva pela segunda vez e, suas vindas à Feira de Santana eram constantes, porém a amorosidade por anos estabelece um ritmo lento ao processo. No ano de 1841, Maria Quitéria em requerimento ao Juiz dos Órfãos revela que está em um estado deplorável por lhe faltar a visão. A constância presença da heroína em Feira de Santana faz-nos crer que deveria estar morando em alguns desses distritos vizinhos. Descrente dos processos da Justiça, campo em que ela se bate há 8 anos a fios, resolve abandoná-lo deixando a Feira rumo a Salvador em companhia da sua filha, levando apenas o soldo de Alferes. Assim o faz, sem que lhe tomem conhecimento vai residir com sua filha no distrito de Santana, aí vivendo um decêndio até o dia 21 de agosto de 1853, quando num doloroso anonimato os olhos se fecham para a vida com 61 anos de idade.
Sua certidão de óbito aponta o pequeno cemitério em que foi sepultada onde não há mais indicio do seu túmulo. Porque fora construída nesse terreno a igreja do Santíssimo Sacramento de Santana na capital de Salvador BA.
Quando o inventário é concluído, já os bens do casal são escassos. Os anos lhe haviam reduzido o número de bens. Dentre os herdeiros está Luísa Maria da Conceição que virá a receber em 1863 a parte de sua mãe Maria Quitéria e que seria de 154 mil 369 réis, Luísa Maria nessa ocasião ainda era solteira e contava com a idade de 34 a 39 anos.
No ano de 1895 foi inaugurado o monumento ao 2 de julho no Campo Grande em Salvador BA e desde essa época o trajeto do desfile foi ampliado tendo a figura de Maria Quitéria presente nos cortejos na capital.
Em 21 de agosto de 1953 quando dos 100 anos de sua morte foi inaugurada a estátua de Maria Quitéria de Jesus na Praça da Soledade no Bairro da Liberdade em Salvador BA, também nesta mesma data houve o lançamento do selo em sua homenagem expedido para todo o território brasileiro pelos correios, e o governo federal decretou que seu retrato estivesse presente em todos as repartições e unidades do Exército. Em 28 de junho de 1996 Maria Quitéria de Jesus, por decreto do Presidente da República, passou a ser reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Em muitas cidades do Brasil existem praças e ruas com o seu nome, de especial na sua terra natal a princesa do sertão Feira de Santana na Bahia que possui um lindo monumento em sua homenagem na avenida Getúlio Vargas e uma extensa avenida que leva o seu nome. Hoje estamos mais uma vez apresentando um legado deixando na história do nosso Brasil através da heroína feirense Maria Quitéria de Jesus Almeida. (Soldado Medeiros ou D. Maria Alferes).
FONTRE DE PESQUISAS!
Diário de uma viagem ao Brasil da escritora inglesa Maria Graham lançado em 1824 onde ressalta a entrevista que a mesma teve com Maria Quitéria em 1823 quando da sua ida ao Rio de Janeiro.
O livro Maria Quitéria lançado em 1954 pelo jornalista e escritor Pereira Reis Júnior através do Ministério da Educação e Cultura e apoio do jornalista e escritor feirense Ilmo. Sr. Arnold Ferreira da Silva.
Site do Arquivo Público da Bahia.
Cópias das xerox de alguns documentos a mim doados pelos Confrades (as) Ilmo. Sr. Ângelo Almeida Pinto e a Ilma. Professora Lélia Vitor Fernandes. Algumas orientações prestadas pelo nosso herói brasileiro da segunda guerra mundial o confrade, escritor o Ilmo. Sr. Antônio Moreira e o confrade Miliar aposentado Ilm.º Sr. Josman Lima quando das informações sobre as armas usadas no exército brasileiro nos anos da Independência do Brasil na Bahia, precisamente em 1823.
Esta pesquisa apresentada, efetuada pela Comendadora Doutora Honoris Causa, Doutoranda em Psicanálise Maria José Negrão dos Santos (Zezé Negrão) membro do IHGFS, ALAFS e em diversas Instituições Socioculturais à nível nacionais e internacionais.
