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INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

de cimento e cal registam um comportamento uniforme no que diz respeito aos parâmetros de produção e valor comercial, garantindo os mercados já conquistados e mantendo o seu valor económico. A realidade é diferente para o subsetor de minerais de construção para obtenção de agregados onde se registam decréscimos de grandes proporções na produção e valor comercial, obrigando a que esta indústria procure soluções do ponto de vista tecnológico e digital que garanta a criação de maior valor acrescentado. No quadro geral, de acordo com a DGEG, os minerais utilizados na construção civil, os valores de produção, no contexto global deste setor, registaram um ligeiro acréscimo em relação a 2020, situando-se nos 409 milhões de euros.

Segundo dados estatísticos da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), no ano de 2021, a indústria extrativa de Portugal Continental (inclui setor minas, pedreiras e águas) por subsetores de atividade, registou um valor de produção de 1 330 milhões de euros, em exportações um valor de 1 152 milhões de euros e em termos de emprego, existem 10 396 trabalhadores diretamente envolvidos nesta indústria. Em termos da produção, pode verificar-se que, em termos globais, para os minérios/minerais o valor registou um aumento de 34% em relação ao ano de 2020. Neste universo, os setores preponderantes são os minérios metálicos e os minerais para a construção, que representam, cada um, respetivamente, 42% e 31% de produção.

tamente dependente desta atividade, quer pela via financeira como por algumas destas matérias-primas serem essenciais ao desenvolvimento e produção de novas tecnologias mais amigas do ponto de vista ambiental e social (e também económico). São por isso fundamentais à execução das metas europeias, definidas como prioritárias.

O reconhecimento deste setor, por parte do Governo português, como sendo de importância estratégica e do seu potencial contributo para o desenvolvimento económico, é fundamental para o seu crescimento. É de extrema importância o investimento na melhoria do conhecimento geológico existente e o desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias que permitam viabilizar antigas e novas jazidas minerais. Articulado com a valorização destes recursos, através de inovação tecnológica e digitalização que promova as últimas etapas da cadeia de valor mineral, promovendo a criação de maior valor acrescentado. E, desta forma, aumentar o espectro de concessões de prospeção e exploração, atraindo novos operadores para o mercado português, e a diversificação dos recursos minerais e metodologias de prospeção, exploração e valorização, nomeadamente aqueles identificados no Critical Raw Materials Act e que se perfilam como fundamentais para os objetivos que à transição digital e verde dizem respeito.

Os recursos minerais

e o futuro da Europa

Atualmente, a Europa é muito deficitária na exploração de matérias-primas, e considerando o elevado potencial geológico de Portugal, é essencial a criação e liberalização de políticas que promovam a atração de investimento direcionado para o desenvolvimento do setor mineiro, recorrendo a tecnologias inovadoras que permitam a correta e sustentável (ambiental, social e económica) execução e gestão nas fases upstream e downstream da sua atividade, com o objetivo de levar Portugal a uma situação privilegiada a nível europeu. Importarmos recursos e matérias-primas exportando problemas sociais, ambientais e económicos para outras partes do mundo, que revelam uma grande falta de capacidade técnica e tecnológica de executar e gerir corretamente a produção e impacte desta indústria. Esta é uma problemática, e uma injustiça, que é identificada com maior frequência em países e/ou regiões subdesenvolvidas, com especial destaque nos continentes africano, asiático e sul-americano e que conduz a Europa a uma dependência económica de elevado risco, que já se fazia sentir um pouco por toda a indústria em Portugal e na Europa, tendo revelado o seu real impacte durante a pandemia COVID-19.

A indústria extrativa é fundamental para a obtenção de matéria-prima. A competitividade e sustentabilidade da indústria 4.0 está estrei-

Por fim, é fundamental enfatizar que o potencial geológico e a localização geográfica de Portugal podem servir como uma base sólida para colocar o país numa posição privilegiada dentro do contexto europeu. A sua diversidade mineralógica em conjunto com a sua capacidade de inovação tecnológica pode contribuir para a valorização destes recursos e revelá-los como um ativo estratégico para o desenvolvimento sustentável da economia portuguesa.

Portugal, tem nos seus recursos minerais, uma oportunidade de assumir a sua competitividade económica no espaço europeu.

Bibliografia

ASSIMAGRA – Recursos Minerais de Portugal, Dados Estatísticos Exportações – Junho 2023, 2023

Carlos Caxaria, Exploração de Minérios em Portugal in Revista Ingenium N.º 131, 2022

Direção Geral de Energia e Geologia Informação Estatística da Indústria Extrativa nº23, Dezembro 2021

Direção Geral de Energia e Geologia Informação Estatística da Indústria Extrativa nº24, Dezembro 2022

Rebecca Pool

Projeto Europeu EMB3Rs – Heat and Cold Matching Platform

A crise energética criou uma oportunidade. A imprevisibilidade dos preços do gás em conjunto com as novas metas de redução das emissões de carbono tornam o investimento a longo prazo mais atrativo. Mas o aquecimento urbano está em concorrência direta com bombas de calor e gás natural, pelo que tem de ser competitivo em termos de preço. Isto significa que os contratos oferecidos pelos operadores aos fornecedores de energia e aos utilizadores finais são um exercício de equilíbrio crítico. Em Portugal, a operação da Climaespaço no Parque das Nações, em Lisboa (em parceria com o projeto de calor excedente financiado pela UE, EMB3Rs) e a CIMPOR-Indústria de Cimentos, em Souselas, mostram que a solução pode passar pela existência de múltiplas fontes de calor na rede de aquecimento urbano.

De acordo com a CIMPOR, as redes com um fornecimento diversi- ficado de calor têm mantido os seus preços mais baixos do que as que dependem de uma única ou de poucas fontes, durante a crise energética.

Devido à incerteza sobre os preços do gás natural na Europa, empresas por todo o mundo procuram alternativas que lhes permitam reduzir a sua dependência em combustíveis fósseis. A Climaespaço, fornecedora de aquecimento e parceira da EMB3Rs, não é exceção.

"O aumento dos preços da energia e metas de redução das emissões de carbono significam que já não é sustentável ou acessível utilizar gás para os nossos sistemas de aquecimento urbano", afirma João Castanheira, diretor executivo da Climaespaço. "Também estamos preocupados com a disponibilidade - vamos ter gás para o próximo inverno, e para o inverno seguinte?", pergunta. "Não sabemos.