REVISTA CRTRSP 5 - EDIÇÃO 002

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EDIÇÃO Nº 2 - AGOSTO 2019

ÁREA DE ATUAÇÃO

Radioproteção: É possível atuar em campos que vão além da medicina diagnóstica FISCALIZAÇÃO

Quem são, qual a função e a importância desses agentes dos Conselhos de Classe TECNOLOGIA

Virtópsia: utilização de RMs e Ultrasson promete aposentar o uso de bisturis em necropsias

FECHAMENTO AUTORIZADO. PODE SER ABERTO PELA ECT



EDITORIAL

Palavra do Presidente

O

selho, já demonstra sim total responsabilidade social, jurídica e constitucional. Ao diagnosticar, e determinar uma intervenção numa gestão que apresentava atitudes passíveis de questionamento – caso já exposto e apresentado em outras edições desta publicação – fica evidente o compromisso do Conselho Nacional de Técnicos e Tecnólogos (Conter), autoridade máxima dos conselhos de Radiologia no Brasil, com a sociedade e, de maneira indiscutível, com os profissionais aqui representados. Já do ponto de vista de cidadãos, no que trata, numa ação extrema, da extinção de um Conselho de Classe, quem irá nos garantir que ao procurarmos por médicos, advogados, clínicas e hospitais que realizam exames de imagem, estaríamos sendo atendidos, nós e nossos familiares, por profissionais habilitados e qualificados? Quais os danos que atividades específicas, se não realizadas por quem é habilitado, pode nos trazer? Se tiradas tais atribuições dos Conselhos, quem pode dizer qual ônus isso trará para a sociedade – lembrando que todos estamos inseridos nesse conceito, seja como profissionais, seja como usuários e clientes –, e como seriam feitas as retratações sobre prejuízos causados pela falta de uma entidade dirigida por profissionais que dominam as práticas da sua área de atuação? Acredito que valha uma reflexão menos rasa e mais aprofundada sobre todas as particularidades que envolvem o funcionamento de um conselho de classe, especificamente, um convite aos profissionais da Radiologia sobre os riscos implicados na falta de conhecimento das engrenagens que movimentam entidades como a nossa. Guilherme Viana Ribeiro

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s Conselhos de Classe, tema recorrente entre personagens políticos no Brasil e que voltou ao cenário nacional recentemente e tem causado, na sua maioria, reações extremas como as favoráveis à extinção dessas entidades. Muitos são os pontos levantados pela atual PEC 108, como a natureza jurídica dos Conselhos. Outros, tão relevantes, e por isso mesmo necessários de avalição racional, tratam especificamente dos poderes de fiscalização e sanções dados às, até então, autarquias federais. Ao racionalizarmos a questão da autonomia de fiscalização e imputação de penalidades – deixemos, por ora, a função de membro da diretoria interventora da qual eu faço parte – e vamos olhar a questão como profissionais. Se não os Conselhos de Classe, quais entidades estariam mais preparadas para as particularidades de cada profissão, e aqui, especificamente dos que estão habilitados e aptos às práticas radiológicas, podem nortear e deliberar sobre quais são as pessoas que têm competência para prestar os melhores e adequados serviços à sociedade? Talvez a máxima ‘dai a César o que é de César’ se aplique aqui. Quem, além de profissionais que detém o conhecimento de suas atividades pode balizar o bom ou mau exercício da profissão? Quem, melhor que esses mesmos profissionais, podem zelar pelo cumprimento das Leis que regem a nossa profissão, nossa porque também somos aqui, corpo diretor e fiscais – coluna vertebral deste Conselho – todos profissionais da Radiologia. Como gestor, atual componente de uma diretoria nomeada pela necessidade de uma intervenção, a própria natureza da atual atividade exercida por mim, e pelos diretores deste Con-

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índice EDIÇÃO Nº 2 - AGOSTO 2019

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INSTITUCIONAL Ainda em processo de regularização, reintegrações de funcionários demitidos ilegalmente geram altos custos aos cofres do Conselho

TECNOLOGIA

Virtópsia: utilização de RMs e Ultrasson promete aposentar o uso de bisturis em necropsias

FISCALIZAÇÃO

Quem são, qual a função e importância dos agentes de fiscalização dos Conselhos de Classe

ÁREA DE ATUAÇÃO Radioproteção: É possível atuar em áreas que vão além da medicina diagnóstica

EM FOCO

Pesquisa: O empenho em estudos científicos abre os horizontes para novas atividades e atuações


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EU & RADIOLOGIA A tecnóloga que foi da administração à Radioterapia e Docência na Radiologia

EDUCAÇÃO CONTINUADA Ações da Cored têm resultados positivos e eventos ganham cada vez mais adesões

OPINIÃO

Psicóloga Organizacional fala, sem rodeios, da questão Empregabilidade x Mercado de Trabalho x Processo Seletivo

FIQUE ATENTO Exercício ilegal, irregular e acobertamento

Novo local de atendimento ao público

O que é preciso saber sobre estágios na radiologia

DIRETORIA EXECUTIVA PROVISÓRIA Jornalista Responsável Verônica Falco

Diagramação Acará Estúdio Gráfico (11) 3803-8703

Diretor Secretário Jorge Biagi Fernandes

Edição e Revisão Verônica Falco

Impressão Plural Indústria Gráfica LTDA Tel: (11) 4152-9425 / 4152-9446

Pesquisa e produção Jennifer Andrade dos Santos

Veiculação Revista CRTR/SP, destinada aos profissionais das técnicas radiológicas. Publicação do Conselho Regional de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de São Paulo, distribuída gratuitamente aos profissionais com registro neste Conselho. O CRTR/SP não se responsabiliza por opiniões emitidas pelos entrevistados e por artigos assinados.

Diretor Tesoureiro Rafael Augusto dos Santos Delegados Regionais Bauru: Dilson Cuba Matos Campinas: Juliano Amadio Ribeirão Preto: Rodrigo Travaini Favaro Santos: André Luiz Silva São José do Rio Preto: Sergio Roberto Zullo

Colaboração Bibiana Tiago, Paulo Henrique Sampaio, Wagner Queiroga Fotos e Imagens Arquivo CRTR/SP e Banco de Imagens (Freepik, Pixabay e Visualhunt.com)

Revista CRTR/SP Edição nº 2 - AGOSTO 2019 Tiragem: 30 mil exemplares

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Diretor Presidente Guilherme Antônio Ribeiro Viana

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INSTITUCIONAL SITUAÇÃO É RESULTADO DE DEMISSÕES ILEGAIS FEITAS PELA DIRETORIA AFASTADA DO CRTR5

Passivos trabalhistas somam aproximadamente R$ 3,8 milhões

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O Conselho Regional de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia (CRTR/SP) da 5º Região começou o ano de 2019 cumprindo com uma série de decisões judiciais sobre os passivos trabalhistas provocados pela gestão

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anterior. Entre reintegrações e ações por danos morais, as dívidas somam, até o momento, R$ 3,734 milhões. Só no primeiro semestre deste ano, por exemplo, o CRTR5 teve que restabelecer o vínculo de emprego a qua-

tro servidores. As reintegrações dos postos de trabalho se deram porque a Justiça apontou que as demissões, que ocorreram entre 2016 e 2017, foram ilegais e houve também abuso de poder. Além do restabelecimento do emprego, também foi solicitado o pagamento de indenizações – que juntas podem ultrapassar R$ 350 mil. Ao todo, são 23 ações trabalhistas em tramitação – que incluem novos pedidos de reintegrações, verbas indenizatórias, de reparações e ações por danos morais. Até o momento, dez profissionais já tiveram o direito de reestabelecimento da função garantido e, em breve, devem retornar aos seus postos de trabalho, caso aceitem. No entanto, algumas pessoas mesmo tendo a oportunidade de voltar a integrar a equipe do CRTR5, têm optado pela exoneração do cargo – o que tem acontecido, na maioria das vezes, por causa dos rastros de insegurança deixados pela diretoria, até então, à frente do órgão, como o crime de


assédio moral. De acordo com o presidente do CRTR/SP, Guilherme Viana, além do impacto financeiro e do inchaço na folha de pagamento, a autarquia não tem estrutura física para acomodar mais servidores, bem como tarefas para todos que reivindicam a imediata reintegração. Ele acrescenta ainda que a atual diretoria vê com preocupação o futuro da gestão no CRTR/SP. “Estas ações [geradas pelas demissões ilegais] podem criar um quadro onde as próximas gestões do CRTR5 fiquem inviáveis”, esclarece.

DEMISSÕES SEM JUSTA CAUSA DE PROFISSIONAIS CONCURSADOS ENTRADA

SAÍDA

TEMPO DE TRABALHO

4/2/2013 25/7/2016 15/5/2017 7/8/2017 22/8/2017 4/1/2010 2/5/2012 20/5/2016

27/3/2017 11/4/2017 9/8/2017 25/8/2017 15/9/2017 21/7/2017 21/7/2017 19/5/2017

Quatro anos Menos de um ano Menos de três meses Menos de 20 dias Menos de um mês Sete anos Mais de cinco anos Um ano

Além desses casos, funcionários de carreira, com quase 20 anos de serviços prestados, foram desligados de seus cargos públicos sem qualquer justificativa. Fonte: Setor de Recursos Humanos CRTR/SP

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TECNOLOGIA A TÉCNICA, QUE CONSISTE NA ELABORAÇÃO DE UM MAPA INTERNO DO CADÁVER POR MEIO DE IMAGENS, É UMA ALTERNATIVA À TRADICIONAL NECROPSIA

Virtópsia: usando TC e RNM no exame cadavérico A curiosidade humana acerca da morte, e das causas que a ela levaram, tem origem desde a existência da humanidade. Mesmo assim, durante toda a Idade Média, abertura e dissecação de corpos humanos eram proibidas. Enquanto os antigos povos egípcios removiam os órgãos dos mortos para que fossem feitos os embalsamamentos – sem, no entanto

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A Virtópsia, ou necropsia virtual nasce com a introdução da tomografia computadorizada (TC) e da ressonância nuclear magnética (RNM) no exame cadavérico.

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submeter o que foi retirado a qualquer análise –, os gregos e os índios apenas cremavam seus mortos sem que fossem realizados quaisquer exames acerca da causa da morte. Somente em 300 a.C é que teriam sido realizados os primeiros estudos anatômicos ocidentais, com dissecações humanas de forma sistemática. Os gregos Erasístrato

(310 – 250 a.C.) e Herófilo (335 – 280 a.C.), médicos com grande conhecimento da anatomia humana, que fundaram a escola médica de Alexandria, foram os primeiros a realizarem tais procedimentos – denominado posteriormente como medicina legal. A essa técnica foi dado, originalmente, o nome de autópsia – atualmente substituída,


paulatinamente, pelo termo necropsia. Desde a descoberta dos Raios X, a radiologia vem sendo aplicada tradicionalmente e aperfeiçoada dentro das ciências forenses. Nos últimos anos, um dos mais brilhantes avanços da medicina foi o aparecimento de técnicas de imagens como a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética. Tradicionalmente aplicadas a exames auxiliares em diagnósticos médicos, essas técnicas avançaram para outros campos e, mais recentemente, criaram um novo conceito: a virtópsia, uma necropsia virtual sem a necessidade

de abrir o cadáver, que nasce com a introdução da tomografia computadorizada (TC) e da ressonância nuclear magnética (RNM) no exame cadavérico. Segundo Guilherme Viana, que conta com 15 anos de experiência como auxiliar de perícia, esse tipo de tecnologia, se disponível em grande escala, traria um benefício em cadeia. “Uma necropsia virtual, além causar menos cortes no ‘paciente’ na busca por per-

furações e possíveis artefatos, resultaria em laudos mais precisos e consequentemente mais agilidade de todo o processo, desencadeando numa resposta mais rápida à família, à sociedade e à Justiça”. Já em 2015, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), instalava um moderno laboratório para necropsias. Na nomeada Plataforma de Imagem da Sala de Autópsia (Pisa), os bisturis foram substituídos por máquinas de ultrassom e RM, destinados a realizar estudos de cadáveres recebidos pelo Serviço de Verificação de Os registros das primeiras necropsias Óbitos da Caindicam a prática em meados de 300 a.C pital (SVOC), da USP.

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Atendendo recomendação do Ministério Público Federal (MPF) profissionais que estiverem com pendências financeiras junto à este Conselho poderão atuar normalmente em atividades relacionadas à radiologia. Tal decisão será mantida até que a questão seja julgada pelo Supremo Tribunal Federal. O CRTR/SP ressalta que a medida não impede que ações sejam tomadas a fim de promover a quitação de dívidas com esta autarquia.

Para ler na íntegra a recomendação do MPF, acesse

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FIQUE ATENTO CADA UMA TEM SUA PARTICULARIDADE E ASSIM, SUAS CONSEQUÊNCIAS QUANDO FLAGRADAS PELA FISCALIZAÇÃO

Exercício Ilegal, Irregular e Acobertamento. O que é cada infração profissional

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Após denúncia, fiscalização flagra exercício ilegal em Clínica de Ortopedia. Na manhã do dia 1/2, a equipe de fiscalização do Conselho Regional de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia (CRTR-SP) da 5ª Região esteve na Clínica de Ortopedia e Traumatologia de Itapecerica da Serra (Cotis). No local, além de flagrar exercício irregular da profissão, foi constatada a infração de acobertamento de pessoa não habilitada na área.

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A atividade profissional de técnicos e tecnólogos em radiologia é regulamentada pelas resoluções estabelecidas pelo Conter, que detalha quais as condições em que há irregularidade no exercício da profissão. No Exercício Irregular, se enquadra todo profissional inscrito que estiver com pendências administrativas junto ao Sistema Conter/CRTRs, podendo, inclusive, ser notificado e ter seu registro suspenso no respectivo Conselho Regional.

Para essas situações o profissional corre o risco de sofrer sanções como autuação e multa pecuniária – sem a obrigatoriedade de desligamento do trabalho, salvo alguns casos específicos. Já a segunda irregularidade, o Exercício Ilegal da profissão, é mais grave. Para esses casos, a Lei das Contravenções Penais, detalhada pelo Art. 47, entende que ‘o ato de exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está

subordinado o seu exercício’. As sanções para o Exercício Ilegal podem incorrer em prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Quando se trata de Acobertamento, que é quando um profissional inscrito dá ‘cobertura’ para uma prática de Exercício Ilegal, haverá duas sanções: a própria dessa irregularidade e, caso fique comprovado que o profissional habilitado tinha conhecimento da situação, será instaurada apuração administrativa sob os rigores da Ética Profissional.



FISCALIZAÇÃO A AÇÃO DA FISCALIZAÇÃO É UMA DAS PRINCIPAIS FINALIDADES DOS CONSELHOS DE CLASSE, E ISSO SE APLICA TAMBÉM AOS CRTRS Um dos pilares da atuação de qualquer Conselho de Classe, a fiscalização ainda é vista com estigma por profissionais. Muitos não entendem, não percebem e com isso não conseguem dimensionar a importância das ações desses agentes públicos. Afinal, quem são; qual a função; como, quando e de que forma eles atuam? As respostas para essas questões podem desmitificar e fortalecer o papel desses profissionais, e com isso, também valorizar quem atua com correção na atividade das técnicas radiológicas.

nais altamente qualificados dentro de instituições regulamentadas. Isso quer dizer que, com a ação dos fiscais, é garantido à sociedade um serviço de excelência na área da Radiologia por meio de profissionais capacitados, e regularizados.

QUEM DETERMINA ONDE ELES VÃO ATUAR? Anualmente, a Coordenação Regional de Fiscalização (Corefi) do CRTR5 elabora um cronograma de fiscalização – que

ONDE E COMO ESTÁ A FISCALIZAÇÃO DO CRTR5

Delegacia de Ribeirão Preto Fiscal Alessandra

• 97 Municípios • 24 sem RX • 293 Estabelecimentos

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QUEM SÃO OS FISCAIS?

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A equipe de fiscalização do CRTR5 é composta por técnicos e tecnólogos habilitados e devidamente credenciados para exercer o poder de polícia administrativa. Isto é, o direito de fiscalizar. QUAL A FUNÇÃO DELES? A eles cabe coibir o exercício ilegal da profissão e oferecer à sociedade o acesso aos serviços das Aplicações das Técnicas Radiológicas realizados apenas por profissio-

Delegacia de São Paulo Fiscais Carlos/Renato/ Viviane/Wagner/Wilson/Paula

• 35 Municípios • 1.085 Estabelecimentos


após validado e autorizado pelo Conselho Nacional de Fiscalização (Conafi) – determina as regiões e as instituições de saúde que serão fiscalizadas. Em 2019, por exemplo, a equipe de fiscais pretende visitar 3529 unidades. Além disso, denúncias podem e devem ser feitas ao CRTR/SP. Há para isso, diversos meios, como formulários disponíveis no site ou diretamente por e-mail.

COMO IDENTIFICAR O FISCAL? Além da Cédula de Identidade Funcional, os fiscais do CRTR/SP realizam os procedimentos de fiscalização nos hospitais, prontos-socorros e nas clínicas de saúde portando um crachá de identificação, informando que está sob Serviço Público Federal, com seu nome, cargo e RG.

Delegacia de São José do Rio Preto Fiscal Natália

• 122 Municípios • 108 sem RX • 325 Estabelecimentos

Delegacia de Campinas Fiscal Wener

• 98 Municípios • 10 sem RX • 573 Estabelecimentos

Após se identificarem, os fiscais solicitam a presença do Supervisor das Técnicas Radiológicas (SATR) ou de algum representante da unidade de saúde para os acompanharem durante o período de fiscalização. Então, é solicitado ao responsável pelo setor, a relação dos profissionais que atuam no local; escala de trabalho; relatório de dosimetria e a Cédula de Identidade Profissional (CIP). Em caso de haver estagiários, é solicitado o Termo de Compromisso de Estágio (TCE). Durante a visita da fiscalização, se for percebido alguma irregularidade quanto ao ambiente (aparelhos quebrados ou operando em desacordo com as normas estabelecidas, condições insalubres, descarte irregular de resíduos químicos), às condições de trabalho dos profissionais, tais constatações são comunicadas aos órgãos competentes, como Vigilância Sanitária, Ministério Público, Ministério Público do Trabalho, a Administração Pública Municipal/Estadual, e aos Conselhos com quem há parcerias.

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3.529 Instituições - 462 Cidades

COMO É QUANDO ELES CHEGAM AO LOCAL PARA FAZER A FISCALIZAÇÃO?

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ÁREA DE ATUAÇÃO OS MÉTODOS DE CONTROLE DA EMISSÃO DE RADIAÇÃO NÃO SE APLICAM APENAS À SEGURANÇA DO PROFISSIONAL E PACIENTE, ELES OTIMIZAM TERAPIAS

Radioproteção: menor desgaste e melhores resultados em tratamentos médicos

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Por Jennifer Andrade

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Desde a descoberta dos efeitos das radiações ionizantes, seja atuando com equipamentos que emitam radiação ou aplicando-a em tratamento médico, as práticas de radioproteção se fazem necessárias para proteger tanto a saúde dos pacientes, como a dos profissionais. Neste campo, como ferramenta de controle e emissão dos níveis de radiação, os procedimentos de radioproteção se destacam pelo uso contínuo da dosimetria – prática que mensura as doses adequadas de radiação em pontos específicos do corpo humano e, até mesmo, do meio ambiente. Layse Martins Gama, tecnóloga em radiologia e mestre em Neurociências e Biologia Celular, avalia que a radioproteção – uma ciência que surgiu, sobretudo, para tornar o exercício da radiologia uma modalidade possível em todas as suas aplicabilidades, tanto na medicina como na indústria – não se limita mais

A tecnóloga Layse Gama: “o uso da radiação não se limita mais às quantidades de doses ideais para o indivíduo exposto aos exames de imagens”

à discussão do uso da radiação nas quantidades de doses ideais para o indivíduo exposto aos exames de imagens. “Hoje, por exemplo, ao falarmos sobre tratamentos para o câncer, as questões de radioproteção estão completamente envolvidas. É por meio desta técnica que entendemos o comportamento das células do corpo quando recebem uma determinada quantidade de radiação”, comenta a tecnóloga, que atua como Pes-

quisadora em Oncologia e Radioterapia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp). Dosimetria X Dosimetrista Apesar da nomenclatura semelhante, dosimetria e dosimetrista são conceitos distintos. A dosimetria é o método de proteção radiológica que ‘dosa’, ou detecta, a exposição de radiação à qual uma pessoa ou am-


biente foi exposto, valendo-se, para isso, dos dosímetros. Em 1979, a par tir de pesquisas sobre métodos de dosimetria, realizadas no então Instituto de Física e Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, em parceria com a Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, surgiu no Brasil uma das primeiras empresas a tratar da dosimetria individual. Já o termo dosimetrista, aponta e determina o profissional que realiza o ‘cálculo de exposição à radiação’ na radioterapia – ou seja, é quem

faz todo o planejamento do tratamento. De acordo com a Coordenação Geral de Medicina e Indústria – a CGMI, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) –, esse profissional ‘é um membro da equipe de radioterapia que tem o conhecimento da maioria das características físicas dos equipamentos de tratamento radioterápico, e é capaz de realizar planejamentos computadorizados do tratamento do paciente, gerando distribuições de doses juntamente aos físicos médicos e radioncologistas’. Contando com tecnólogos e técnicos em radiologia, se-

gundo informações do site da Associação Brasileira de Dosimetristas (ABD), criada em fevereiro de 2019, atualmente o Brasil conta com 100 profissionais atuando nesta área. Com o crescente avanço de tecnologias para o tratamento e diagnóstico médico, segundo explica a CNEN, é essencial que o dosimetrista busque uma atualização frequente para exercer corretamente os princípios de proteção radiológica. Desta maneira, ‘ele garantirá que os pacientes serão tratados com as doses prescritas, minimizando assim a irradiação nos tecidos sadios do organismo’.

AFINAL, QUAL É A DESSE TAL

DOSÍMETRO?

A u�lização de dosímetros – seja o individual, o padrão ou o de ambiente – é um procedimento de proteção radiológica aplicada para garan�r a exposição ‘segura’ aos profissionais que atuem diretamente com o uso de radiações ionizantes.

DOSÍMETRO?

De uso pessoal e intransferível, o dosímetro individual é um equipamento obrigatório para todo e qualquer profissional que trabalhe com as técnicas radiológicas. Ele avalia a dose de radiação acumulada durante um determinado período de tempo e, por isso, deve permanecer com o usuário durante todo o turno de trabalho.

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COMO ASSIM USO INDIVIDUAL DO

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ÁREA DE ATUAÇÃO Técnicas e tecnologias O controle dos níveis de radiação, seja com emissão direta ou indireta de material radioativo, ou em tratamentos – como na radioterapia e braquiterapia –, pode ser feito de diferentes formas. Na dosimetria, isso é feito por meio da utilização de dosímetros, que pode ser encontrado para medir a emissão de radiação em ambiente quando, por exemplo, verifica a existência de fuga ou depósito de radiação em lugares que podem exceder os limites estabelecidos pela Portaria 453/98, que regulamenta as diretrizes de prote-

ção radiológica no Brasil. Já quando falamos da atividade do dosimetrista, softwares e programas de computadores são ferramentas que podem ser utilizadas para o planejamento de como a dose será distribuída. “Por exemplo, é possível manipular um software específico para que ele ‘alivie uma região aquecida’ do corpo – uma área que está recebendo uma quantidade elevada de radiação”, relata Layse. Isso ocorre porque não é possível irradiar apenas os tumores malignos, porém, os estudos dosimétricos garantem que o ‘volume’ [toda área irra-

diada] receba uma quantidade segura de radiação ionizante. E não para por aí. Os sistemas de proteção radiológica podem ser manipulados, inclusive, por meio do colimador multileaf – um equipamento com lâminas que se moldam de acordo com o tamanho e formato do tumor. Segundo estudos, apesar de existirem doses padronizadas para os tratamentos de uma forma geral, há a possibilidade de adequar a distribuição – já que, por exemplo, o tamanho da próstata do homem ou o formato do útero da mulher podem variar de paciente a paciente.

QUE OUTRA APLICAÇÃO TEM UM

DOSÍMETRO?

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Já o dosímetro padrão se caracteriza como um equipamento de leitura indireta – que serve como base de cálculo para medição e correção dos dosímetros individuais usados pelos profissionais. Isso porque ele monitora as doses de radiação não ocupacional, ou seja aquelas ob�das durante o transporte do equipamento ou pela radiação natural.

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TÁ. MAS COMO DEVO USAR O

DOSÍMETRO?

O dosímetro deve ser u�lizado na altura do tórax, sobre o avental plumbífero. Dosímetros de extremidade (pulso e anel – mais u�lizados na medicina nuclear e radioterapia) devem ser usados na mão ou no dedo em que a exposição à radiação for maior (o que ficar mais perto da fonte ou mais tempo exposto), devendo ser usados por baixo da luva.


FIQUE ATENTO O PRÉDIO FICA NA AVENIDA IPIRANGA, REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO: LOCAL ACESSÍVEL E COM FACILIDADES DE TRANSPORTE

Inaugurada subsede do CRTR/SP para atendimento ao público “Justamente por ser próximo à estação República do Metrô, dos principais terminais de ônibus e avenidas da cidade, o novo espaço proporcionará mais praticidade aos profissionais da radiologia”, afirma Guilherme Viana, presidente do CRTR5. Já para Jorge Biagi, diretor secretário da autarquia, essa decisão veio ao encontro de diversas solicitações feitas pelos profissionais. “A sede tem boa infraestrutura, mas a localização não facilita em nada a vida dos nossos profissionais”, explica. A expectativa é de que no novo endereço, o atendimento, que é feito das 8 às 17 horas, agilize processos de pagamento, por exemplo, além de facilitar o deslocamento para quem vai realizar a inscrição profissional ou retirar a CIP.

As Delegacias Regionais, que ficam em São José do Rio Preto, Santos, Campinas, Bauru e Ribeirão Preto permanecem com o mesmo endereço. Quem optar pelo envio de documentos por correio, o destinatário continua no mesmo local: Rua Herculano, 169 – Sumaré – São Paulo – CEP: 01257-030. Os telefones para contato não sofreram alterações.

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O Conselho Regional de Técnicos e Tecnólog os em Radiologia de S ã o Pa u l o ( C RT R / S P ) inaugurou no dia 17 de julho o local de atendimento aos profissionais da área. O espaço oferece mais conforto e acessibilidade às pessoas que buscam os serviços do Órgão. O prédio, que abriga os setores de Recepção e Cobrança, fica localizado na região central de São Paulo, na avenida Ipiranga, 344, nas salas 51D/51E, no conhecido Edifício Itália. Além de contar com agências bancárias nas proximidades, a região – e o entorno – é de fácil acesso, tanto para quem utiliza o transporte público, como o metrô e linhas de ônibus de vários bairros e cidades vizinhas, quanto para quem utiliza meios alternativos de locomoção.

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FIQUE ATENTO A LEI 11.788/08 ESTABELECE RESPONSABILIDADES TANTO PARA ESCOLAS, COMO PARA QUEM ASSISTE AOS ESTUDANTES – O QUE INCLUI O PROFISSIONAL FORMADO

Estágio: o que é preciso saber

Estagiários são flagrados exercendo ilegalmente funções de profissional da Radiologia em Santos. Na noite de 16/12, a equipe de fiscalização do Conselho Regional de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia (CRTR/SP) da 5ª Região, flagrou exercício ilegal da profissão na unidade de Pronto Atendimento da Unimed de Santos, no bairro Boqueirão, no litoral paulista. Na ocasião, estagiários foram encontrados exercendo funções relativas ao Técnico ou Tecnólogo da área.

como atividade opcional do estudante. Entre as condições necessárias para a contratação, previstas na Lei de Estágio (Lei nº 11.788/08), está a elaboração do Termo de Compromisso de Estágio (TCE) – assinado pelo aluno, pela instituição de ensino e pela empresa, que também deverá contratar o Seguro de Acidentes Pessoais. Em relação aos estudantes das técnicas radiológicas, sem o dosímetro – equipamento utilizado no controle da dose de radiação pessoal – eles não poderão estagiar na área. Já

os supervisores, profissionais formados, não devem permitir a presença de estudantes nos setores de raios x que não estiverem com o dosímetro. Outra regra impera sobre o estagiário em radiologia: se flagrado sem a presença de pelo menos um profissional habilitado, o TR responsável pelo plantão será autuado por Acobertamento de Exercício Ilegal da Profissão e será solicitado à unidade de saúde o afastamento imediato do estudante das funções da radiologia, o que não implica no cancelamento do TCE.

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Além de fazer parte da aprendizagem profissional, o estágio super visionado prepara para o mercado de trabalho estudantes matriculados em instituições de ensino superior, de educação profissional ou que estejam frequentando o ensino médio e os anos finais do ensino fundamental. O estágio supervisionado tem duas modalidades: o estágio obrigatório e o não obrigatório. A primeira constitui requisito obrigatório para obtenção do diploma. Já a segunda, é aquela desenvolvida

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EM FOCO OS ESTUDOS CIENTÍFICOS, ALÉM DE AMPLIAREM A APRENDIZAGEM, AUMENTAM AS OPORTUNIDADES DE TRABALHO NA RADIOLOGIA

Pesquisa Científica – Um caminho promissor

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Com um mercado de trabalho competitivo, e com o crescente avanço de novas tecnologias, o profissional das práticas radiológicas que bus-

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Com a devida capacitação, e criação de protocolos de procedimentos para realização de ultrassonografia, quem sabe, num futuro não tão distante, possamos ter tecnólogos atuantes nessa área no Brasil

ca expandir seus conhecimentos pode atuar em áreas além do radioadignóstico convencional e, inclusive, em futuros campos de atuação.

Danilo Peron Meireles, supervisor técnico do Centro de Leitura de Ultrassonografia do projeto

No Brasil, por exemplo, existem tecnólogos em radiologia se dedicando à pesquisa no Estudo Elsa (Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto) – que investiga associações entre doenças crônicas, como as cardiovasculares, com fatores biológicos e comportamentais dos seres humanos. De acordo com o supervisor técnico do Centro de Leitura de Ultrassonografia do projeto, Danilo Peron Meireles, os profissionais que participam do estudo integram o setor de ultrassonografia – realizando a aquisição das imagens, como em qualquer outro exame diagnóstico que tenha por finalidade a conclusão médica. Vale comentar ainda que o exame de ultrassom não utiliza radiação ionizante e exibe em tempo real qualquer órgão ou tecido do corpo. Segundo explica o pesquisador, nos hospitais, prontos-socorros e clínicas brasileiras, a ultrassonografia é realizada exclusivamente por médicos. “No entanto, nesta pesquisa, este procedimento é feito, exclusivamente, por


campo da radiologia – o que, indiscutivelmente amplia as opor tunidades de trabalho. Mesmo atuando com uma tecnologia não comum aos profissionais da Radiologia, o tecnólogo, e pesquisador, tem uma visão conservadora sobre o assunto. “Mas, para que isso se torne realidade nas unidades de saúde do nosso país, acredito que é necessário incluir a ultrasso-

nografia nos cursos de graduação para que tenhamos, todos, uma base teórica sólida. Com experiência, ficou claro para mim como a Física e, sobretudo, o domínio da Anatomia são ciências indispensáveis à atuação com ultrassonografia”, ressalta Danilo, que atua como docente dos cursos de Medicina e Tecnologia em Radiologia na Universidade Nove de Julho – Uninove.

O QUE É O ELSA BRASIL Considerada a maior pesquisa multicêntrica de coorte (estudo observacional onde os indivíduos são classificados – ou selecionados – segundo o status de exposição – expostos e não expostos) realizada por um país fora do eixo dos países desenvolvidos, ela envolve um consórcio composto por seis instituições brasileiras de ensino e pesquisa. De acordo com publicação do Ministério da Saúde, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil) reuniu, já no lançamento, feito em setembro de 2008, investimentos de mais de R$ 22 milhões do Governo Federal. O projeto Elsa Brasil conta atualmente com 15 mil pesquisadores de seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do país. Apontada pelo Ministério da Saúde como uma pesquisa pioneira sobre doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, e seus fatores de risco na população brasileira, ela é feita por meio da realização de diversos tipos de exames, como a ultrassonografia, nos participantes da pesquisa – que têm entre 35 e 74 anos. Neste estudo, o impacto e questões como gênero, relação com o trabalho e as diferenças sociais dos pacientes também são avaliadas para o diagnóstico clínico.

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tecnólogos em radiologia”, comenta Danilo, acrescentando que ingressou no estudo como estagiário há 11 anos. O pesquisador ressalta que, a exemplo de outros exames, a interpretação das imagens para o diagnóstico clínico, cabe ao médico. Para o pesquisador, que é tecnólogo em radiologia e mestre em ciências médicas, uma das principais vantagens dos estudos científicos é que eles proporcionam uma aprendizagem mais ampla sobre os assuntos das técnicas radiológicas. Além de trabalharem temas que, na maioria das vezes, não são abordados na sala de aula convencional, per mitem a defesa de ideias, fundamentando-as com conceitos teóricos e práticos. Com o Elsa, por exemplo, já são pelo menos nove tecnólogos atuando com ultrassom no Brasil - quatro no núcleo de São Paulo, um no Rio de Janeiro, um em Minas Gerais, um na Bahia e dois no Rio Grande Sul. “Com a devida capacitação, e criação de protocolos de procedimentos para realização de ultrassonografia, quem sabe, num futuro não tão distante, possamos ter tecnólogos atuantes nessa área no Brasil”, arrisca Danilo. Em países norte-americanos, como no Canadá, essa atuação é exclusiva ao

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EU & RADIOLOGIA “LOGO DE INÍCIO ME IDENTIFIQUEI TANTO COM O CONTEÚDO TÉCNICO-CIENTÍFICO, QUANTO COM A QUESTÃO DA PROXIMIDADE COM O PACIENTE”

Da administração à Radioterapia e Docência na Radiologia

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Por Jennifer Andrade

“Foi a profissão que me escolheu e, agora, se tornou a minha prioridade, a minha carreira”, afirma Ana

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A combinação entre sonho, esforço e determinação é um resumo da trajetória da tecnóloga em radiologia Ana Dreher, de 37 anos. Apaixonada pela área há 14 anos, ela é enfática ao dizer que a radiologia é muito mais que uma ocupação profissional. “Foi a profissão que me escolheu e, agora, se tornou a minha prioridade, a minha carreira”, afirma com alegria. Desde 2005, Ana – que trabalha no setor de radioterapia do Hospital Estadual do Servidor – se dedica às práticas radiológicas. “Ao obsevar o trabalho dos técnicos em radioterapia deste hospital, que fica na Vila Clementino, rapidamente, despertou em mim o interesse em exercer a mesma função”, conta, ressaltando que se sentiu atraída tanto pelo conteúdo técnico-científico desta especialidade médica, como pela questão da proximidade com o paciente. Na época, a profissional traba-


lhava como oficial administrativo da unidade de saúde. Ana apostou na qualificação e na educação continuada para realizar o seu sonho e chegar, em 14 anos, desde que se interessou pela área, ao patamar profissional em que está. Ainda trabalhando no setor administrativo do hospital, cursou Técnico em Radiologia no ano de 2006. Foi então que, ao prestar concurso para concorrer a uma vaga no setor de radiologia do Hospital do Servidor, em 2012, no quarto semestre da faculdade, passou a integrar a Equipe do Serviço de Radioterapia e Oncologia, local onde atua há sete anos. Depois, em 2014, se tornou Tecnóloga pelo Centro Universitário FMU.

Para mim, o reconhecimento salarial é sempre consequência de um trabalho feito com entrega e amor o curso de tecnóloga para conseguir dormir melhor nas únicas três horas de descanso que eu tinha”. Segundo Ana, a parte mais difícil era suportar a distância do filho, que na época tinha dois anos. Aos 32 anos, bem empregada e com pelo menos dois cursos específicos na área de Radiologia, Ana poderia dar-se por satisfeita. Mas ela não parou por aí e decidiu ir além. Especializou-se em radioterapia e fez pós-graduação em Imaginologia, Docência e Gestão do Nível Superior. “Logo depois, no ano

de 2015, comecei a dar aulas nos cursos técnicos. Em 2016 integrei o grupo de colaboradores do Instituto Cimas de Ensino como professora e coordenadora. Em 2019 conquistei a docência para o ensino superior lecionando na Faculdade das Américas (FAM), diz, acrescentando que ser tecnóloga atuante e docente da área a faz ter que escolher, muitas vezes, entre duas paixões semelhantes. “O amor, o carinho e a admiração que recebo dos pacientes é, sem dúvidas, de valor imensurável”, finaliza.

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As barreiras para a realização profissional Moradora do bairro Jaraguá, zona norte de São Paulo, Ana conta que, além de estudo, o percurso envolveu diversos momentos de dificuldades e desafios. Por exemplo, para ir do trabalho à faculdade, dependia do transporte público – um trajeto que incluía trem, metrô e ônibus. “Eram duas conduções para chegar ao hospital, duas para ir à escola e mais quatro para voltar para casa”, relata. A jovem comenta ainda que precisou trabalhar aos finais de semana, aos feriados e, inclusive, fazer plantões de 36 horas para custear os estudos. “Eu costumava até levar o meu travesseiro para

Ana, na foto com amigas de curso, levava o travesseiro para poder descansar melhor nas três horas que tinha entre o curso e os plantões

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EDUCAÇÃO CONTINUADA ENCONTROS FORAM REALIZADOS NA CAPITAL PAULISTA, UM NA SANTA CASA E O OUTRO NO GRANDE ABC, E TAMBÉM NO INTERIOR

Cored/CRTR5 mantém sucesso de público em eventos

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Auditório cheio para o III Encontro de Técnicos e Tecnólogos de São Paulo

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A Coordenação Regional de Educação (Cored) do CRTR5 realizou diversos eventos destinados aos profissionais de radiologia do estado. Na capital paulista, a Santa Casa de Misericórdia, considerado o maior hospital filantrópico da América Latina, foi um dos destinos do ciclo de palestras e encontro de técnicos e tecnólogos da área, sob o tema O Estudo Vascular em Diferentes Aplicações. Para ampliar o alcance das ações, a Cored também esteve no Grande ABC, onde foi

promovido o II Encontro, que discutiu o Sistema Nervoso Central – Meduloblastoma. Já no interior do estado, o destaque foi para Barretos, onde reuniu um time de especialistas em várias tecnologias e aplicações das práticas radiológicas. Com os temas Diagnósticos Clínicos, Medicina Nuclear e Ressonância Magnética, o III Encontro de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de São Paulo foi um sucesso de público, reunindo num único dia quase 300 participantes. O evento, realizado no audi-

tório cedido pela Comunidade Cristã e custeado pela LiceuTec – escola técnica e profissionalizante de Barretos –, contou com caravanas de cidades vizinhas, como Franca, Jales, Jaboticabal, Bebedouro, Conquista. Entre os palestrantes, dois eram profissionais locais: Kelvin Luan Bueno e Vinícius Fernando dos Santos. Abrindo o evento, o tecnólogo em radiologia pela Fatec de Botucatu; pós-graduando em TC e RM, Kelvin – supervisor técnico no Hospital de Amor e


Alunos e profissionais foram contemplados com livros e bolsas de estudos

díaca: Um Mito Desvendado em Imagenologia diagnóstica. Maurício é técnico em Radiologia pelo Hospital das Clínicas, Tecnólogo em Radiologia pela FAMESP, Especialista em TC e RM, especialista em Docência no Ensino Superior pela UniCSul e também professor de RM Magnética na pós-graduação em Imagenologia da FMU. Na avaliação de Marcio Roberto Gonçalves, presidente da Cored do CRTR/ SP, o número de presentes é reflexo de um trabalho crescente. “Temos notado um aumento na adesão às nossas palestras. Isso é ótimo. Demonstra que estamos no caminho certo quando evidenciamos a importância da

educação continuada”. Já para Vitória de Vasconcelos Carvalho, membro da Cored, a oportunidade de ampliar o conhecimento tem sido valorizada pelos profissionais e estudantes. “O número de pessoas presentes, e a mobilização de virem de outras cidades da região demonstra que eles estão entendendo o nosso papel como comissão apoiada pela diretoria do CRTR/SP, que é valorizar nossa área de trabalho e lembrar sempre: a melhor ferramenta é o conhecimento”. Como em todos os eventos promovidos pela Cored, foram arrecadados mantimentos – doados à Santa Casa de Misericórdia de Barretos.

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na Santa Casa de Barretos –, abordou Os Preceitos da Angiotomografia de Tórax para Protocolos TEP. Na sequência, Os avanços tecnológicos na Medicina Nuclear : Um olhar para o futuro desta prática, ministrado por Vinícius, graduado em Tecnologia em Radiologia pela Universidade de Franca, em Física Médica pelo Centro Universitário da Fundação Educacional de Bar retos, mestre e doutor em Física Aplicada à Medicina e Biologia pela USP, e físico médico do Hospital de Câncer de Barretos no departamento de medicina nuclear. Fechando a ação, Maurício Barros da Silva levou seus conhecimentos sobre RM Car-

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EMPREGABILIDADE

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Jogo Aberto – a distância entre TER e SER

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Em tempos de crise econômica e grande competitividade no mercado de trabalho, devemos atentar se somos empregáveis. Existem fatores essenciais para ser, e se manter empregável, e isso pode ser resumido em dois conceitos: competências técnicas próprias do seu exercício e as competências comportamentais (expressão, atitude, habilidade, cuidado, sinceridade, entre outras). Mas vamos tratar dos processos seletivos da área da radiologia, que é o que interessa aqui. Nesse segmento, as etapas são específicas e não tem como evitar, você terá que passar por cada uma dela. A prova escrita, a Dinâmica de Grupo, a Entrevista Pessoal, o Teste Psicológico de atenção e personalidade e por fim, o Teste Prático (sim, seu conhecimento prático só será considerado depois que todas as etapas tiverem sido concluídas). Dentro de todo esse processo, um deslize pode ser crucial. Acreditem, a falta de postura corporal e o português incorreto, por exemplo, desbancam candidatos com muita experiência para qualquer área que seja a seleção. Gosto de fazer analogias da empregabilidade de vínculo CLT com os concursos públicos. Suponha que você vai se candidatar a uma vaga de cargo público, nesse apenas você e mais um interessado na oportunidade, sua chance seria 50%, certo? Errado. Se ele está mais preparado do que

Adriana Mikaelian dos Santos é formada em Psicologia Clínica – abordagem Cognitivo Comportamental; Neuropsiócóloga com formação em 2015; atua como Psicóloga Organizacional há pelo menos 13 anos e foi analista de Recursos Humanos na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por sete anos. E-mail: drimika@hotmail.com

você, sua chance é 0! E assim seria se tivessem mais de mil inscritos. Inversamente, se você for o mais preparado, os outros mil inscritos não são sua concorrência real, mas apenas estatística. Outra comparação que gera reflexão é a do emprego com o relacionamento amoroso. Quem se compromete com outrem que não sabe o que quer, ou já passou por vários relacionamentos todos com pouca duração? Pois bem, emprego é igual a relacionamento. Quem é instável, gera dúvidas. Os dois compromissos têm o lado bom e o lado ruim, mas somos medidos por nosso histórico de maturidade, assim capacidade de tê-los e mantê-los só é individual. Mas então surge a dúvida: faço o que então para TER um emprego e/ou SER empregável Adriana? Não tem segredo, e nem outro caminho: estude! Estude profundamente sua área de interesse. Avalie seu comportamento e sustente uma postura positiva. Se expresse com clareza e sinceridade. Continuar empregável garantirá que você consiga transitar na sua área de atuação e isso só depende de você! Dito isso, boa sorte, sucesso e uma carreira longa e próspera.


PROFISSIONAL INSCRITO NO CRTR/SP Pensando na sua qualidade de vida, foram firmadas diversas parcerias. Agora você conta com descontos em vários segmentos. São cursos de extensão e educação continuada; consultoria na escolha de um plano de saúde; pousadas e parques com diversas opções de lazer e recreação; descontos em livrarias, em academias e muitas outras facilidades! Sem qualquer custo adicional.

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INFORMATIVO COREFI 2019

COMISSÃO REGIONAL DE FISCALIZAÇÃO REALIZAÇÃO DE EXAMES EM PACIENTES MENORES DE IDADE Esse tema ainda é um assunto que causa muita dúvida entre os nossos profissionais, e é de nossa responsabilidade trazer o esclarecimento necessário para evitar constrangimentos no atendimento de pacientes menores de idade. Para isso, consultamos o Colégio Brasileiro de Radiologia, Conselho Federal de Medicina, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei do Estado de São Paulo nº 10.241, de 17 de março de 1999, e encontramos os seguintes entendimentos sobre tal proposição: 1) O ar�go 2º, XV, da Lei Estadual nº 10.241/99 (que dispõe sobre os direitos dos usuários dos serviços e das ações de saúde no Estado de São Paulo) prevê que é direito de todos os usuários de serviços de saúde no Estado de São Paulo ser acompanhado, se assim o desejar, nas consultas e internações por pessoa indicada pelo próprio paciente; 2) O Estatuto da Criança e do Adolescente considera criança, a pessoa até 12 anos de idade incompleto, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade, de acordo com o que está escrito em seu ar�go 2º; 3) Em caso de urgência/emergência o atendimento deve ser realizado, cuidando-se para garan�r a maior segurança possível ao paciente. Após esta etapa, deve-se comunicar aos responsáveis o mais rápido possível; 4) Na faixa de 12 a 14 anos e 11 meses o atendimento pode ser efetuado sem a presença dos pais/responsáveis, devendo, se necessário, comunicá-los. 5) Em pacientes pré-adolescentes, mas em condições de comparecimento espontâneo ao serviço, o atendimento poderá ser efetuado e, simultaneamente, estabelecido contato com os responsáveis; 6) Com relação aos pacientes adolescentes há o consenso internacional, reconhecido pela lei brasileira, de que entre os 12 e 18 anos estes já têm sua privacidade garan�da, principalmente se com mais de 14 anos e 11 meses, considerados maduros quanto ao atendimento e cumprimento das orientações recebidas. O conceito de adolescente maduro, entretanto, pode de acordo com a avaliação do profissional, não se restringir somente a faixa etária, posto que no dinamismo que caracteriza esta fase do desenvolvimento a maturação pode sofrer variação decorrente de influências socioambientais e pessoais. Destacamos por fim, em complemento aos apontamentos acima descritos, que em todos os casos, quando possível, é absolutamente recomendável a presença de um acompanhante na sala de exames. Faça parte das redes sociais do CRTR5 e se mantenha informado sobre os assuntos relacionados à Radiologia crtrsp

crtrsp

CRTR 5ª REGIÃO - SÃO PAULO - SEDE Endereço: Rua Herculano, 169 - Bairro Sumaré - CEP: 01257-030 - São Paulo - SP Telefones: (11) 2189-5400 | (11) 2189-5402 | (11) 2189-5411 E-mail: crtrsaopaulo@crtrsp.org.br Horário de Atendimento: Segunda à Sexta das 8h30 às 16h30, exceto feriados.


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