Entre Garantia de Direitos e Práticas Libertárias

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O Pastor na TV afirma que o desejo de um homem por outro homem, de uma mulher por outra mulher, é originado por traumas com a figura paterna, ou por abuso sexual na infância. O Pastor contesta as pesquisas da atualidade que indicam o componente genético na determinação do homossexualismo. A entrevistadora expressa indignação, o corrige informando-lhe que o correto é homossexualidade ou homo afetividade; homossexualismo seria doença. Os movimentos sociais usam as redes sociais para denunciar a homofobia transmitida no programa. O Cientista, em resposta às declarações do Pastor, apresenta dados científicos que indicam o componente genético como um fator importante na escolha de parceiros. Alguns movimentos sociais aplaudem os argumentos do Cientista. Orientação sexual, e não opção sexual, esclarecimento necessário para as palavras de ordem de determinadas campanhas contra a intolerância. O Pastor clama pela Graça Divina para o combate à desagregação da família. O Cientista apresenta a Ciência para explicar, segundo ele, a origem da homossexualidade. Certos movimentos sociais expressam ceticismo frente às novas descobertas da genética. A neutralidade científica é questionada. Lembram a história das práticas médicas dos corpos e das almas fabricadas pela racionalidade científica; recordam a história da mulher, das pesquisas nos campos de concentração na Alemanha, do louco, do negro, dos miseráveis, da criança na produção do destino destas vidas, tornando-as infames, dejetos ou saudáveis. A Bíblia e a Razão entram em choque. O grande número de assassinatos de homens que desejam homens no Brasil é omitido no programa. O Pastor e o Cientista concordam que a atração de um homem por outro homem possui uma origem a ser pesquisada. A entrevistadora também indaga sobre a origem. Opção ou orientação? – pergunta a jornalista com insistência. Nas redes sociais campanhas em defesa da diversidade sexual intensificam-se; é utilizada agora a expressão correta, segundo eles, orientação sexual. Respeito à diferença é a palavra de ordem. Não escolhemos os nossos parceiros, dizem alguns militantes. Temos que respeitá-los, nasceram assim, dizem muitos, militantes ou não. O pastor clama pela Graça do Senhor. Segundo o religioso, devemos amar da mesma forma o gay e o bandido. A Graça divina ilumina este amor. O biólogo apresenta a verdade 62

O cientista e o pastor entre bétulas e amoladores de facas: genocídios da diferença


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