A História de Walachai

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quando as estradas ficavam em más condições e as carroças facilmente atolavam, causando imensos dissabores aos condutores. As carroças, já de longe, anunciavam a sua aproximação com o melancólico tilintar dos guizos ou sinetas que os burros usavam na ponta. Nas passagens das carroças umas pelas outras, valia a mesma regra quanto à passagem de uma tropa pela outra. No meu tempo de menino, lá pelo ano de 1930, na época das colheitas, era comum verem-se tropas de 4 a 8 animais, umas atrás das outras, o pessoal assobiando alegres melodias de danças, cantando as mais variadas canções ou conversando animadamente. O uso da carroça intensificou-se após a 2ª guerra mundial, quando as estradas sofreram sensíveis transformações, possibilitando a passagem de carroças. Primeiramente foram puxadas tão somente por cavalos e burros. Gradativamente foi se instituindo o uso de bois ou vacas, tal como acontece hoje em dia, onde praticamente cada colono possui a sua carroça, e o uso do cavalo e do burro desapareceu quase totalmente. Assim como outrora a curiosidade estava voltada para o aparecimento de um automóvel, hoje se olha para quem aparece montado em burro ou em cavalo. Antigamente existia sela própria só para homem e só para senhora (Domensathel). Causava escândalo uma senhora servir-se de sela de um homem. Quanto à vestimenta, acontecia o mesmo. Mulher, só de saia. Teria sido o auge de escândalo mulher aparecer vestida como nos tempos atuais. Em 1948, Walachai chegou a ter um moderno meio de transporte, o caminhão. Albino Seger e filhos compraram então um caminhão “Ford”, novinho. Gualtério Blume foi o primeiro que possuiu jipe, com o qual se acidentou quase perdendo a vida. Gualtério puxava o leite até a BR 116, no Morro Reuter, para a Cooperativa de Leite Piá, de Nova Petrópolis. Na descida do trecho da estrada de Cirilo Meurer até a BR 116, o jipe ficou sem freio, vindo a capotar no barranco, caindo sobre o leito da BR 116, espalhando-se os tarros com o leite por cima da faixa. Gualtério sofreu fraturas de costelas e várias escoriações pelo corpo todo. Ficou hospitalizado no hospital São José, em Dois Irmãos, por um bom tempo, e pelo resto de sua vida sofreu em consequência desse acidente. Vendeu os destroços do jipe que praticamente era ferro velho. Poucos anos após, em 17.10.1990, Gualtério faleceu, contribuindo certamente para isto, o acidente que sofrera. Embora Walachai possua poucas áreas em condições de serem trabalhadas com trator, existem 2 microtratores Agrale, sendo seus proprietários Lauro Chies e Nelson Antônio da Silveira.

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