Exercícios de mecanismo para piano e teclado e teoria musical

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Exercícios de Mecanismo Piano e Teclado

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Carlos Rodrigues, 2022 v.1.8

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3 Índice Introdução à teoria musical 5 Sinais de repetição 14 Frequência das notas musicais 5 Execução musical num teclado 15 Diapasão 7 Formação de acordes 16 Nome das notas musicais 7 Inversão de acordes 17 Modo Eólico 7 Escalas 18 Modo Jónico 7 Escala Maior 18 Modos menor e Maior 8 Escala menor natural 19 Sustenidos e bemóis (acidentes) 8 Escala menor melódica e harmónica 19 Middle C (Dó Central) 9 Intervalos musicais 20 Escrita das notas (pauta) 10 Acordes para acompanhar uma melodia 20 Clave de F (Fá) na quinta linha 11 Círculo ou ciclo de quintas 21 Tempo de cada nota – figuras musicais 12 Todas as escalas e com os acordes 23 Compasso 12 Escalas Pentatónicas 24 Exercícios de Mecanismo Escala de C Major (Dó Maior) 25 Auld lang syne (Bons tempos outrora) 41 Escala de G Major (Sol Maior) 25 Green green grasso f home 41 Escala de A Major (Lá Maior) 26 Lullaby 42 Escala de A minor (Lá menor) melódica 26 Midnight in Moscow (Meia noite Moscovo) 43 Escala de D minor (Ré menor) 26 The godfather theme – O Padrinho 43 When saints go marching in 27 Minuet - Bach 44 Ó malhão malhão 27 Twinkle twinkle little star 44 Jingle bells 28 Tristesse - Chopin 45 Ode to Joy, 9ª symphony - Beethoven 29 Yesterday - Beatles 46 Oh Susana 29 Barcarola - Offenbach 47 Lullaby - Brahms 30 Minuet - Boccherini 48 Silent night (Noite feliz) 30 Fur Elise – Beethoven (Para Elisa) 49 Amazing grace 31 Prelude BWV 846 - Bach 50 Dark Eyes (Olhos negros) 31 Gimnopedie - Satie 52 Happy birthday (Parabéns a você) 32 Prelude in Em op. 28 Nº4 - Chopin 53 Can’t help falling in love 32 Moonlight sonata - Beethoven 54 Scarborough fair 33 Rondo Alla Turca (Marcha turca) - Mozart 56 Aleluia – Leonardo Cohen 34 Edelweiss, Sound of music 35 A time for us – Romeo and Juliet 35 Greensleeves 36 Lara’s theme, Somewhere my love 37 Adágio – Albinoni 38 Aleluia – Leonard Cohen (Asc. Desc.) 39 The house of rising sun 40
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Introdução à teoria musical

Para percebermos como a música funciona, temos que começar com uma pequena introdução acerca de como o som é gerado e de algumas características baseadas nas leis da Física.

O estudo e experiências sobre este assunto remontam à civilização grega (cerca de 600 a.C.).

Vamos pegar numa guitarra clássica conforme figura acima.

Reparemos que a guitarra tem 6 cordas que são numeradas desde a corda mais fina, em baixo, até à corda de cima, mais grossa; a corda mais fina é a corda 1; depois temos a 2, 3, 4, 5 e 6 (a mais grossa) Também tem umas barras verticais metálicas ao longo do braço que permitem alterar o comprimento de cada corda, e que se chamam trastes.

Frequência das notas musicais

Para o objetivo do nosso estudo vamo-nos concentrar apenas na corda 5. Quando esta corda está parada, ela não emite nenhum som; dizemos que a corda está na posição de repouso, a que chamaremos posição 0 (zero). Quando puxamos a corda para cima e a largamos, ela vibra emitindo com isso um som que chamamos de uma nota musical. A corda fará um movimento de acordo com a figura seguinte:

A corda vai desde a posição de repouso 0 (zero), vai para cima, desce até passar novamente por 0, vai para baixo e volta a subir passando novamente por 0; e repete este movimento conforme a figura seguinte representa:

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A este movimento completo chamamos uma vibração ou um ciclo. Um som é determinado, em primeiro lugar, por quantos ciclos tem por segundo; o número de ciclos por segundo chamamos de frequência do som. No caso concreto desta corda 5, ela vibra 110 vezes por segundo, isto é, ela vibra a 110 ciclos por segundo, logo ela tem uma frequência de 110 ciclos por segundo. Em homenagem a um cientista chamado Hertz deram a cada ciclo o nome de 1 Hertz – de forma simplificada escrevemos 1Hz. Então esta corda 5 vibra a 110Hz, isto é, ela tem uma frequência de 110Hz – é uma nota musical de 110Hz. A este som chamamos de 1º harmónico ou Fundamental.

Vamos agora reduzir o comprimento da corda para metade; para o efeito vamos carregar no 12º traste (junto ao corpo da caixa da guitarra) e voltemos a tocar a corda nesta nova posição. Ela irá vibrar a 220 ciclos por segundo, isto é, ela terá uma frequência de 220Hz – é uma nota musical de 220Hz. Por ser o dobro da frequência do primeiro caso, dizemos que esta nota é o 2º harmónico da primeira nota.

Vamos agora reduzir o comprimento da corda original para apenas um quarto desse comprimento inicial conforme figura:

Vamos tocá-la. Ouviremos desta vez um som, uma nota musical, com 440 ciclos por segundo, ou seja, uma frequência de 440Hz. É precisamente esta a frequência do som de um aparelho, chamado de diapasão, usado para afinar os instrumentos musicais. A frequência do som da corda nesta última situação é 4 vezes a da primeira situação; dizemos então que é o 4º harmónico.

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Diapasão

Os gregos verificaram que pegando em 2 guitarras (naquela altura não havia a guitarra, mas havia algo semelhante), em que a primeira toca a nota de frequência de 110Hz e a segunda toca a nota de 220Hz, ao mesmo tempo, o ouvido humano não ouvia duas notas distintas; o ouvido sente apenas uma única nota. Repetindo a mesma experiência com 220Hz e 440Hz, o ouvido continua a ouvir apenas a mesma nota. Os gregos de uma região chamada de Eólia, chamaram a esta nota de A (letra da época - alfa) ; assim surgiu o nome da primeira nota – A

Nome das notas musicais

Modo Eólico

Alterando o comprimento da corda 5 da guitarra, variando a posição dos trastes, os gregos da Eólia verificaram que em determinadas posições dos trastes, surgiam outras notas que tocadas conjuntamente eram agradáveis ao ouvido. Verificaram também que só havia 7 posições em que as notas que surgiam eram agradáveis; assim surgiram as 7 notas musicais a que deram os nomes das letras do alfabeto (que no alfabeto atual corresponde a):

A, B, C, D, E, F, G

A seguir ao G vinha a 2ª harmónica do primeiro A, isto é, voltava o A. Assim sendo, o nome das notas musicais são uma sequência de 7 letras que se vão repetindo A, B, C, D, E, F, G, A, B, C, D, E, F, G, A, B, C, D, E, F, G, etc.

Modo Jónico

Os gregos de uma região chamada Jónia verificaram que as melodias que surgiam ao se tocar as notas da sequência anterior inspiravam sentimentos de tristeza e melancolia. Porém, verificaram que se alterassem a sequência para a ordem C, D, E, F, G, A, B, C, D, E, F, G, A, B, C, D, E, F, G, A, B, etc. as melodias que daí surgiam inspiravam sentimentos de alegria e passaram a usar preferencialmente esta sequência.

Guido d'Arezzo (992-1050) um monge italiano, achou que o nome das notas serem letras não era prático para se decorar e decidiu dar-lhes o nome das sílabas de uns versos. Assim surgiu o nome das notas como nós as conhecemos de Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si com a seguinte correspondência ao modo grego:

C-Dó, D-Ré, E-Mi, F-Fá, G-Sol, A-Lá, B-Si Porém, os países de língua inglesa continuaram a usar o sistema grego. Os países latinos passaram a usar o sistema italiano. E nós temos que saber os dois sistemas porque a maioria da informação a que temos acesso na Internet está em língua inglesa.

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Modos menor e Maior

No fim da idade média os músicos passaram a chamar à sequência de notas do eólico A, B, C, D, E, F, G de modo menor; e à sequência do jónico C, D, E, F, G, A, B de modo Maior.

Traduzindo estas sequências para o sistema latino temos:

Modo menor (Eólico): Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá (escala de A minor - Lá menor)

Modo Maior (Jónico): Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó (escala de C Major - Dó Maior)

Verificamos assim que, no modo menor, do primeiro Lá ao segundo Lá há oito notas; dizemos então que o segundo Lá é uma oitava acima do primeiro Lá. Por isso dizemos uma oitava acima, ou duas oitavas abaixo, ou três oitavas acima, etc.

Igual raciocínio existe no modo Maior: dizemos então que o segundo Dó é uma oitava acima do primeiro Dó. E assim continuamos com 1, 2, 3, etc. oitavas acima ou abaixo.

A frequência de uma nota que está uma oitava acima da anterior com o mesmo nome é o dobro dela. A frequência de uma nota que está uma oitava abaixo de outra com o mesmo nome é metade dela. Por isso, tocando as duas notas ao mesmo tempo o nosso ouvido tem a sensação de estar a ouvir uma única nota.

Sustenidos e bemóis (acidentes)

Entretanto os músicos descobriram que o intervalo entre algumas notas era maior que o intervalo entre outras. Observaram que o intervalo entre C-D, D-E, F-G, G-A, e A-B era maior que o intervalo entre E-F, e B-C. Passou-se a chamar ao intervalo maior um Tom e ao menor meio-tom ou Semitom. Assim, podia-se pôr uma nota entre cada um dos intervalos maiores; surgiram assim mais 5 notas. Em vez de 7 notas, havia 12 notas, cujo intervalo entre todas é de meio-tom Depois verificaram que essas novas notas não eram normalmente tão usadas como as 7 notas iniciais.

Quando construíram os primeiros instrumentos com teclas como, o Órgão, o Clavicórdio, o Cravo, o Piano e mais tarde os teclados elétricos e eletrónicos, os músicos puseram à frente as 7 notas iniciais, que eram mais usadas, e mais atrás as 5 cinco novas notas menos usadas. Adicionalmente usaram também madeiras (ou outros materiais) com duas cores diferentes para melhor as distinguir (atualmente são usadas teclas brancas à frente e teclas pretas atrás; em teclados antigos vemos por vezes o oposto). As 5 notas adicionais passaram a ter o nome das notas já conhecidas e então infelizmente surgiram dois sistemas:

- Tomando como referência o nome da nota anterior: acrescentamos a palavra sustenido (sharp na língua inglesa) e representamos com o símbolo # à frente da nota.

- Tomando como referência o nome da nota seguinte: acrescentamos a palavra bemol (flat em inglês) e representamos com o símbolo b à frente da nota. Assim temos que Dó# é o mesmo que Réb, e assim sucessivamente. Aos sustenidos e bemóis também chamamos de acidentes

Então entre C-C#, C#-D, D-D#, D#-E, E-F, F-F#, F#-G, G-G#, G#-A, A-A#, A#-B e B-C existe sempre um intervalo de apenas meio-tom que também se chama de Semitom.

Importante: Uma nota C (Dó) está sempre antes de um grupo de duas teclas pretas. Antes dos grupos de três teclas pretas está sempre um F (Fá)

Vejamos nas figuras seguintes a configuração final:

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Sistema em língua inglesa

Sistema italiano

O número de notas não é de 7 mas sim de 12 notas e que se repetem em oitavas

Middle C (Dó Central) e as diferentes oitavas

Como as notas em diferentes oitavas têm o mesmo nome, arranjou-se um processo de distinguilas.

Assim, à frente no nome da nota coloca-se um algarismo a dizer o número da oitava; na primeira oitava colocamos 1; na segunda oitava colocamos 2 e assim sucessivamente. Depois apareceram uns pianos que têm algumas notas abaixo da 1ª oitava; a esta oitava chama-se de oitava 0 (zero).

Agora podemos reparar que a nota A2 (Lá2) tem a frequência de 110Hz como vimos acima. Reparemos também que a nota central do piano é a nota C4 (Dó4) e chamamos-lhe Middle C ou

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(Dó central). Observemos que o piano tem 7 oitavas completas, mais 3 notas na oitava 0 e apenas uma na oitava 8. Tem assim 88 teclas ou seja 88 notas.

A maioria dos teclados de 5 oitavas chamam ao Dó central de C3 em vez de corretamente C4. Isso deve-se a que estes teclados têm as oitavas desde a nota C2 (Dó2) até à nota C7 (Dó7), isto é, 5 oitavas completas mais a nota C7 (Dó7); têm assim 61 teclas. À primeira tecla, em vez de C2 chamam de C1 por ser a primeira nota do teclado; este sistema está errado porque na realidade, a nota que a primeira tecla toca é a C2 do piano.

Geralmente, nos teclados eletrónicos, acionando 2 botões do painel de comandos, eles são capazes de tocar mais uma ou duas oitavas abaixo de C2 e uma ou duas oitavas acima de C7. Assim, tocam até cerca de 110 notas, mas não ao mesmo tempo porque só têm 61 teclas.

Escrita das notas (pauta)

Para escrever as notas verificou-se não ser prático, nem usar as frequências de cada nota, nem os seus nomes, quer no sistema de letras (grego e inglês) ou no de sílabas (italiano). Inventaramse assim os pentagramas (penta = cinco).

No pentagrama, através de 5 linhas e dos respetivos 4 espaços, entre elas, podemos representar notas Optou-se por representar no pentagrama apenas as 7 notas iniciais e representar as 5 notas adicionais, os acidentes, colocando o símbolo # (sustenido) ou b (bemol) antes da nota que queremos indicar que é uma nota sustenido ou bemol.

Na figura seguinte, coloca-se no início do pentagrama de cima, e sobre a segunda linha a começar de baixo, aquela figura que parece um S e que informa que uma nota desenhada nessa segunda linha é o G4 (Sol4) do piano Chama-se por isso clave de Sol (G clef) ou treble clef em inglês, onde treble significa notas agudas

Este sistema só consegue representar desde a primeira linha o E4 (Mi4) até à quinta linha que é o F5 (Fá5). Recorre-se por isso a pequenas linhas suplementares quer para baixo, quer para cima. Assim, com uma linha suplementar abaixo já conseguimos representar o C4 (Dó4) central do piano. É o que representa o primeiro Dó da figura em baixo (middle C).

Este pentagrama é geralmente usado para representar as notas que irão ser tocadas com a mão direita.

O pentagrama de baixo tem no início uma figura parecida com um 9: colocado na 4ª linha. Uma nota escrita na 4ª linha é o F3 (Fá3) do piano. Chama-se por isso clave de Fá na quarta linha (em inglês F clef ou bass clef onde bass significa notas graves). Tal como no pentagrama da clave

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de Sol, tem a limitação de se poderem representar poucas notas. Ele vai desde a primeira linha com a nota G2 (Sol2), à quinta linha o A3 (Lá3) do piano.

Recorrendo a linhas suplementares, acrescentando uma linha suplementar acima, podemos representar o C4 (Dó4), chamado de Dó central (middle C) – Dó do meio (middle) do teclado

Na figura anterior, no pentagrama de baixo, a primeira nota representada à esquerda está na segunda linha suplementar abaixo; é a nota C2 (Dó2) do piano.

Na prática, isto significa que as notas na clave de Fá na quarta linha são tocadas quase duas oitavas abaixo das notas da clave de Sol.

A clave de Fá é geralmente usada para representar as notas que irão ser tocadas com a mão esquerda.

As notas mais à direita chamam-se de notas agudas, isto é, têm uma frequência alta, e as notas mais à esquerda chamam-se de notas graves, isto é, têm uma frequência mais baixa.

Ao conjunto de pentagramas para escrever uma melodia chama-se pauta (stave ou score em inglês)

Clave de Fá na quinta linha

O sistema adotado pelos músicos de posicionar a clave de Fá na 4ª linha tem um inconveniente grave:

As notas desenhadas nas mesmas posições (linhas e espaços) como na clave de Sol, têm nomes diferentes na clave de Fá Por exemplo, uma nota na primeira linha na clave de Sol é um E (Mi), enquanto na clave de Fá uma nota na primeira linha é um G (Sol). Isto trás dificuldade ao aluno em aprender rapidamente a clave de Fá.

Para resolver esta dificuldade também foi idealizada a clave de Fá na quinta linha. Desta forma, as notas representadas nas mesmas linhas e espaços como na clave de Sol passam a ter os mesmos nomes; isto é, aprendendo a clave de Sol, automaticamente sabemos a clave de Fá quando esta está na quinta linha Vejamos o resultado na figura seguinte:

Repare-se que agora, as notas na clave de Fá têm os mesmos nomes que na clave de Sol. Apenas são tocadas duas oitavas exatas abaixo, e não quase duas oitavas abaixo como na situação em que a clave de Fá está na quarta linha

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Notas muito agudas, mais agudas que o F6, por convenção, escrevem-se uma oitava abaixo do que realmente desejamos, mas, colocamos um 8 antes delas para indicar que as notas a seguir ao 8 são tocadas uma oitava acima do que estão escritas.

Tempo de cada nota – Figuras musicais

Numa melodia as notas não duram todas o mesmo tempo a serem tocadas; há notas que duram muito tempo e outras que duram pouco tempo. Também há momentos de pausas, umas mais longas e outras mais curtas. Para representar o tempo que cada nota deve ser tocada, ou o tempo de cada pausa, inventaram-se as figuras musicais e as figuras de pausas. Existem 7 figuras musicais para notas e 7 figuras para pausas.

Na figura anterior vemos apenas uma das 7 figuras musicais; aquela figura chama-se no sistema italiano de semínima (em inglês chama-se de quarter note)

Adicionalmente também foi necessária uma indicação que informasse se a melodia deveria ser tocada rapidamente ou lentamente, isto é o andamento Assim, no início da melodia escreve-se por exemplo T=60 (T - tempo). Isto significa que temos de tocar 60 semínimas por minuto, isto é, uma a cada segundo. Se escrevermos T=120 significa que temos de tocar 120 semínimas por minuto, isto é, duas por segundo, etc. Também é usual escrever a figura semínima=60 (ou outro número de andamento pretendido) com o mesmo significado de T=60.

A semínima é a figura base para medir o tempo de cada nota e o andamento (rapidez) com que a melodia tem que ser executada. Dizemos então que uma semínima vale um tempo

Compasso

No mundo ocidental é muito vulgar agrupar as notas em grupos que valem 4 tempos ou 3 tempos; (existem grupos mais complexos que abordaremos mais tarde). A cada grupo de quatro tempos chamamos um compasso de 4 tempos e representamos por 4/4. A cada grupo de 3 tempos chamamos um compasso de 3 tempos e representamos por 3/4

É ainda muito vulgar usar-se um compasso de 2 tempos 2/4 Porém, por ser exatamente metade do compasso de 4 tempos 4/4, pode-se executar o compasso de 2/4 em 4/4 tocando cada 2 compassos de 2/4 como se fosse um compasso de 4/4. Por isso, a maioria dos teclados eletrónicos não tem o compasso de 2/4.

Na figura anterior vemos as semínimas agrupadas de 4 em 4 com uma linha vertical a separar estes grupos – Estamos neste caso na presença de compassos de 4 tempos

Também no canto superior esquerdo da figura está a indicação do andamento de tocar 60 semínimas por minuto, isto é, uma por segundo.

Na figura seguinte temos as 7 figuras musicais com a designação de figuras de som e as 7 figuras de pausa com o nome de figuras de silêncio. Lá vemos a semínima a valer 1 tempo

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Como vemos, a figura musical que vale mais tempo é a semibreve o que sozinha vale 4 tempos; isto é, num compasso de 4 tempos, uma semibreve toca durante o compasso todo. Já para tocar o compasso todo são precisas 2 mínimas, 4 semínimas e assim sucessivamente. A figura seguinte elucida estas relações de tempo entre cada figura musical. O mesmo se aplica às pausas.

Reparemos que à esquerda estão representadas as figuras musicais como são desenhadas se aparecerem sozinhas, e à direita o desenho que as representa se aparecerem várias seguidas.

Nos países de língua inglesa, esta unidade compasso de 4 tempos chamam de nota completa (whole note) que é a semibreve, uma vez que uma semibreve preenche o compasso todo de 4 tempos. Desta forma, uma semínima vale 1/4 de compasso; por isso lhe chamam de quarter

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note, isto é, são necessárias 4 para preencher o tempo do compasso todo de 4 tempos, o que é verdade. Seguindo o mesmo raciocínio uma colcheia é 1/8 (eighth note) do compasso todo; logo são necessárias 8 colcheias para preencher o compasso todo, etc.

É uma forma complementar relativamente ao sistema italiano. Contudo resulta idêntico raciocinar por um compasso de 4 tempos como uma unidade completa, ou por uma semínima ser um tempo e o compasso são 4 tempos.

Sinais de repetição

D.S. ir para o Segno. D.C. ir para o início. Coda parte final. Fine Fim

1. toca na 1ª vez, mas não na 2ª vez da repetição.

2. toca na 2ª vez da repetição

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Execução musical num teclado

Para tocar num piano, ou outro teclado, é necessário usar os dedos todos das duas mãos. Para representar os dedos atribuímos números aos dedos conforme figura seguinte:

Nesta figura podemos ver como os dedos são numerados e como devemos colocá-los para tocar as notas C-Dó, D-Ré, E-Mi, F-Fá e G-Sol com a mão esquerda e com a mão direita. Para facilitar, executar primeiro uma mão de cada vez; mas depois de algum treino devemosfazer este exercício com as duas mãos ao mesmo tempo. Reparemos que o dedo 5 da mão esquerda está na nota C4-Dó4, e o dedo 1 da mão direita está na nota C5-Dó5 (Ver texto anterior sobre a clave de Sol).

Usamos ainda os símbolos na mão direita:

^3 desloca o dedo indicado (neste caso o 3) para esta tecla

> desvia o dedo a seguir indicado para a direita

< desvia o dedo a seguir indicado para a esquerda

<-desloca o dedo 3, por cima do atual 1, para a esquerda

->desloca o dedo 1, por baixo do atual, para a direita

Usamos ainda os símbolos na mão esquerda:

^3 desloca o dedo indicado (neste caso o 3) para esta tecla

> desvia o dedo a seguir indicado para a direita

< desvia o dedo a seguir indicado para a esquerda

->desloca o dedo 3, por cima do atual 1, para a direita

<-desloca o dedo 1, por baixo do atual, para a esquerda

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Formação de acordes

Há muitos acordes possíveis. Vamos fixar-nos apenas nos acordes mais vulgares: Maior, menor, Maior ou menor de 7, Maior ou menor de 7 aumentada e diminutos.

Considerando sempre as teclas brancas e pretas e contando-as em sequência, um acorde Maior executa-se tocando 3 notas: a 1ª nota do acorde pretendido, a 5ª nota e a 8ª nota. Ex.:

C Major (Dó Maior): Notas 1ª C; 5ª E; 8ª G (Dó, Mi, Sol). Na pauta escrevem-se os acordes com letras maiúsculas e chamam-se de cifras. Neste acorde de C Major a cifra é C

C# Major (Dó# Maior): Notas 1ª C#; 5ª F; 8ª G# (Dó#, Fá, Sol#). Cifra é C#

Acorde menor: Notas 1ª, 4ª e 8ª; (ao passar de maior para menor a 5ª passa para 4ª nota). Ex.:

C minor (Dó menor): Notas 1ª C, 4ª D#, 8ª G (Dó, Ré# (=Mib), Sol). Cifra é Cm

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A minor (Lá menor): Notas 1ª A, 4ª C, 8ª E (Lá, Dó, Mi). Cifra é Am

Acordes maires e menores de sétima

Para obter um acorde de sétima apenas é preciso acrescentar ao acorde Maior ou menor a 11ª nota. Ex:

C Major 7 (Dó Maior 7): Notas 1ª C, 5ª E, 8ª G e 11ª A# (Dó, Mi, Sol, Lá# = Sib). Cifra é C7

C minor 7 (Dó menor 7): Notas 1ªC, 4ª D#, 8ª G e 11ª A# (Dó, Ré#, Sol, Sib). Cifra é Cm7.

A minor 7 (Lá menor 7): Notas 1ª A, 4ª C, 8ª E, 11ª G (Lá, Dó, Mi, Sol). Cifra é Am7

Acordes maiores e menores de sétima aumentada

Em vez de acrescentar a 11ª nota, acrescenta-se a 12ª nota. Ex.:

C Major 7+ (Dó Maior 7+): Notas 1ª C, 5ª E, 8ª G e 12ª B (Dó, Mi, Sol, Si). Cifra é CM7

Acordes diminutos (d ou dim)

Acordes diminutos ou diminuídos são constituídos pelas notas: 1ª, 4ª e 7ª. Ex.:

C dim = Dó dim: Notas 1ª- C; 4ª- D#; 7ª- F# (Dó, Ré#, Fá#) A Cifra é Cd

Inversão de acordes

As regras indicadas em cima para formação de acordes determinam quais as notas a serem tocadas para formarem o acorde pretendido. Porém, a ordem dessas notas é arbitrária.

Exemplo: C Major (Dó Maior) tem as notas C, E, G (Dó, Mi, Sol). Porém, podemos tocar E, G, C ou G, C, E (Mi, Sol, Dó ou Sol, Dó, Mi) que obteremos o mesmo acorde. A esta possibilidade chama-se de Inversão do acorde

Muitas vezes, para diminuir a movimentação das mãos, recorre-se a este atributo para obter diferentes acordes mantendo as mãos na mesma zona mudando apenas um ou dois dedos para teclas adjacentes que são notas do próximo acorde.

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Escalas

A escala em que se tocam todas as teclas (brancas e pretas) sequencialmente, como se encontram no piano, chama-se de escala cromática Porém, não é nada usual.

As escalas em que se tocam apenas as notas nas sequências a seguir indicadas chamam-se de escalas diatónicas e são muito usadas. Formam-se da seguinte maneira:

Escala Maior

Para formar uma escala Maior temos que contar a seguinte sequência de meios-tons/Semitons (S) a partir da nota inicial da escala pretendida; 2 Semitons representam 1 Tom (T):

2 2 1 2 2 2 1 ou T T S T T T S

Escala de C Major (Dó Maior).

A nota inicial é um C (Dó). Escolhamos por exemplo a nota C3 (Dó3) para início da escala; seguindo a sequência, a próxima nota é 2 meios-tons acima (T), isto é, um meio-tom dará C3# e mais um segundo meio-tom dará D3; esta é a segunda nota. Contando em seguida mais 2 meiostons (T) (conforme sequência) dará E3 Em seguida a sequência indica 1 meio-tom (S) - dará F3

Continuando temos mais 2 meios-tons (T) – G3. Mais 2 meios-tons (T) – A3. Mais 2 (T) dará B3

Finalmente mais 1 meio-tom (S) – dará C4. A escala será para uma oitava:

C3, D3, E3, F3, G3, A3, B3, C4 (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó)

Para formar a escala com duas oitavas, apenas repetem-se estas notas na oitava 4 e termina-se no C5. Com três oitavas, repetem-se as mesmas notas na oitava 5 e termina-se no C6.

A escala de C Major (Dó Maior) só tem teclas brancas e chama-se escala natural

Escala de F# Major (Fá# Maior) – Esta é uma escala maior menos conhecida; que notas tem?

A 1ª nota é F3#. Segunda nota (primeiro algarismo da sequência) é 2 meios-tons acima – dará

G3#. A seguir mais 2 – dará A3#. Em seguida é só 1 – dará B3. Na sequência vem outro 2 – dará

C4#. E mais 2 – D4#. Mais 2 – dará F4. Finalmente mais 1 – dará F4#. Assim, a escala de F#

Major (Fá# Maior) é:

F3#, G3#, A3#, B3, C4#, D4#, F4, F4# (Fá#, Sol#, Lá#, Si, Dó#, Ré#, Fá, Fá#)

Esta escala tem os acidentes todos porque as 5 teclas pretas são todas usadas.

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Escala menor natural

Para formar uma escala menor natural temos que contar a seguinte sequência de meios tons a partir da nota inicial da escala pretendida: 2 1 2 2 1 2 2 ou

Escala de A minor (Lá menor).

A nota inicial é um A (Lá). Escolhamos por exemplo a nota A3 (Lá3) para início da escala; seguindo a sequência, a próxima nota é 2 meios tons acima, isto é, um meio tom dará A3# e mais um segundo meio tom dará B3; esta é a segunda nota. Contando em seguida mais 1 meio tom (conforme sequência) dará C4. Em seguida a sequência indica 2 meios tons - dará D4. Continuando temos mais 2 meios tons – E4. Mais 1 meio tom – F4. Mais 2 dará G4. Finalmente mais 2 meios tons – dará A4. A escala será para uma oitava:

A3, B3, C4, D4, E4, F4, G4, A4 (Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá)

Reparemos que a escala de A minor (Lá menor) só tem teclas brancas e terá sido a primeira escala evoluída – a Eólica grega. Chama-se a esta escala, escala relativa menor de C Major (Dó Maior).

Assim, cada escala Maior tem a sua relativa menor e vice-versa; isto é, também dizemos que a escala de C Major (Dó Maior) é a escala relativa maior de A minor (Lá menor).

Formemos agora uma escala menor menos conhecida, por exemplo: F# minor (Fá# menor)

A nota inicial é um F# (Fá#). Escolhamos por exemplo a nota F3# (Fá3#) para início da escala; seguindo a sequência, a próxima nota é 2 meios tons acima, isto é, um meio tom dará G3 e mais um segundo meio tom dará G3#; esta é a segunda nota. Contando em seguida mais 1 meio tom (conforme sequência) dará A3. Em seguida a sequência indica 2 meios tons - dará B3

Continuando temos mais 2 meios tons – C4#. Mais 1 meio tom – D4. Mais 2 dará E4. Finalmente mais 2 meios tons – dará F4#. A escala será para uma oitava:

F3#, G3#, A3, B3, C4#, D4, E4, F4# (Fá#, Sol#, Lá, Si, Dó#, Ré, Mi, Fá#)

Escala menor melódica

As escalas menores naturais podem ser alteradas com dois acidentes adicionais quando a escala sobe e retiram-se esses dois acidentes quando a escala desce. Chama-se a esta alteração escala menor melódica Os dois acidentes, fazem-se elevando de 1 Semitom as 6ª e 7ª notas quando a escala é ascendente. Exemplo com A minor (Lá menor):

Ascendente: A3, B3, C4, D4, E4, F4#, G4#, A4 (Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá#, Sol#, Lá)

Descendente: A4, G4, F4, E4, D4, C4, B3, A3 (Lá, Sol, Fá, Mi, Ré, Dó, Si, Lá).

Escala menor harmónica (só tem a 7ª nota alterada 1 Semitom acima)

A3, B3, C4, D4, E4, F4, G4#, A4 (Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol#, Lá)

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T S T T S T T

Intervalos musicais

Para nomear os intervalos entre as notas de um acorde, ou entre as notas de uma determinada harmonia (em que duas ou mais notas são tocadas ao mesmo tempo), os músicos usam uma terminologia que não é simples para mim.

Para simplificar esta situação eu fiz o quadro seguinte que traduz em semitons (sinónimo de meios tons) quanto vale em semitons cada intervalo atribuído pelos músicos.

Acordes para acompanhar uma melodia

Uma melodia está, quase sempre, escrita com as notas de uma dada escala. Consultando a figura seguinte que é chamada pelos músicos de círculo ou ciclo de quintas, podemos ver quais os acordes mais usuais para cada escala. Ver também tabela na página 23.

Por outro lado quando se está a tocar uma sequência de notas de um compasso de uma melodia, normalmente essa sequência de notas contém uma ou algumas das notas do acorde necessário para a acompanhar.

Seguindo estas observações e estando atento ao ouvido, sentindo se o acorde que estamos a tocar harmoniza (soa bem) com as notas do compasso que estamos a tocar, conseguimos pela prática detetar quais os acordes a usar em cada compasso. O ciclo das quintas também dá uma preciosa ajuda; vamos ver o que é:

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Círculo ou ciclo das quintas

Na formação de acordes nós aprendemos a regra geral de contar todas as teclas (notas) e assim, por exemplo, para o acorde C (Dó) Maior, nós temos a 1ª, 5ª e 8ª teclas (notas) que são as notas C, E, G (Dó, Mi, Sol).

Porém, os músicos usam outro processo de contar. Eles só contam as notas de uma escala, ignorando as teclas (notas) que não pertencem à escala.

Contando desta maneira, para a mesma escala de C Major (Dó Maior) cujas notas, como já sabemos, são C, D, E, F, G, A, B, C (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó) verificamos o seguinte:

C (Dó) é a 1ª nota desta escala; o E (Mi) é a terceira nota e o G (Sol) é a quinta nota.

Então os músicos chamam ao intervalo entre C (Dó) e E (Mi) um intervalo de terceira; Ao intervalo entre C (Dó) e G (Sol) um intervalo de quinta.

Na figura seguinte podemos ver que à direita de C está o G, isto é, uma quinta. Acontece o mesmo em todas as escalas Maiores e menores. Daí o nome de ciclo das quintas.

Na figura, temos em preto o nome dos acordes/escalas em língua inglesa, e em vermelho o mesmo no sistema latino.

Temos também uma indicação de quantos acidentes tem cada escala. Na parte direita vemos que a escala de G Major (Sol Maior) tem um sustenido que é F# (Fá#); (os pentagramas representados na figura estão na clave de Sol; um sustenido está sobre a quinta linha que se chama F (Fá). Na mesma posição vemos que a escala relativa menor de G é o Em (Sol é o Mi menor) e vice-versa.

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Acordes da escala de C Major (Dó Maior) também chamado de tom de Dó Maior

O primeiro acorde é o próprio C (Dó); o segundo acorde é o que está a seguir (no círculo) no sentido dos ponteiros do relógio – é o G (Sol) – para este segundo acorde usa-se normalmente a variação de sétima (7), isto é o G7 (Sol7); o terceiro acorde é o que está a seguir ao C (Dó) no sentido contrário aos ponteiros do relógio – é o F (Fá). De uma forma simples, o acorde principal está a meio e os outros dois estão um de cada lado.

Adicionalmente ainda poderão ser necessários os acordes da escala relativa menor, neste caso os acordes Am, Em e Dm (Lám, Mim e Rém) que estão por dentro do círculo

Então, numa melodia que está feita com a escala de C Major (Dó Maior), diz-se que está no tom de C Major (Dó Maior) e os acordes prováveis serão alguns, ou todos, dos seguintes:

C, G7, F, Am, Em e Dm (Dó, Sol7, Fá, Lám, Mim, e Rém)

Paralelamente, uma melodia na escala de Am (Lám), tom de Am (Lám), terá provavelmente alguns, ou todos, dos seguintes acordes:

Am, Em, Dm, C, G7, F (Lám, Mim, Rém, Dó, Sol7, Fá)

Recorrendo ao ciclo das quintas e fazendo o mesmo procedimento, encontramos os acordes prováveis para outras escalas, isto é, para outros tons. Ex:

Acordes de D Major (Ré Maior)

No ciclo das quintas temos à direita de D o acorde A, e à esquerda temos o acorde G. Os tons relativos menores serão respetivamente Bm, F#m e Em. Ainda vemos que a escada de D Major tem 2 sustenidos que estão no pentagrama na quinta linha F# e no terceiro espaço C#. Resumindo os acordes prováveis para D Major serão alguns, ou todos, dos seguintes acordes:

D, A7, G, Bm, F#m e Em (Ré, Lá7, Sol, Sim, Fá#m e Mim).

Paralelamente, uma melodia na escala de Bm (Sim), tom de Bm (Sim), terá provavelmente alguns, ou todos, dos seguintes acordes:

Bm, F#m, Em, D, A7, G (Sim, Fá#m, Mim, Ré, Lá7, Sol).

Ligadura

Uma ligadura entre duas ou mais notas iguais determina que só se toca a primeira nota e a duração dela é a soma dos tempos das notas ligadas. Se as notas são diferentes informa que as notas são tocadas de forma ligada, isto é, sem qualquer silêncio entre as notas.

Ponto de aumentação

Um . (ponto) à frente de uma nota, aumenta o tempo da figura musical anterior para mais metade do valor dela. Assim, 1 Mínima tem 2 tempos, mas tendo 1 . (ponto) à frente passa a valer 3 tempos. Uma Semínima tem 1 tempo, mas tendo um ponto à frente dela vale 1.5 tempo, etc.

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Reparemos que os 1º, 4º e 5º graus das escalas estão salientados porque são os acordes principais de cada escala. Os acordes dos outros graus de cada escala são também possíveis conforme a sonoridade pretendida pelo compositor.

Tipo de acorde: M – Maior; m – menor; d - diminuto

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Escala Pentatónica

Uma escala pentatónica só tem cinco notas (penta = 5).

Para fazer a Escala Pentatónica de C Maior basta retirar a 4ª e a 7ª notas da escala de C Maior. Assim, na escala de C Maior: C, D, E, F, G, A, B, retirando a 4ª e a 7ª notas fica: Escala Pentatónica de C Maior - C, D, E, G, A.

Nesta escala podemos encontrar de imediato, porque são notas da escala, o acorde de C (notas C, E, G) - 1º grau da escala, e o acorde de A menor (notas A, C, E). Mas também poderemos encaixar os acordes de F e de G que são o 4º e 5º grau da tabela da página anterior.

Assim, se tocarmos uma progressão de acordes, como C, F, Am e G e tocarmos de forma ascendente ou descendente, percorrendo várias oitavas, as notas da Escala Pentatónica de C, todas as notas soarão harmoniosamente. Por isso as Escalas Pentatónicas são comumente usadas pelos músicos para fazer improvisos

A escala relativa menor de C Maior é, como já vimos na página anterior, A menor.

Então a Escala Pentatónica de A menor será: A, C, D, E, G.

Os acordes principais serão o 1º, 4º e 5º graus da tabela: Am, Dm e Em

Regra para fazer qualquer Escala Pentatónica Maior e relativa menor

Analisando acima a Escala Pentatónica de C Maior, temos: A primeira nota é a nota que dá nome à escala; na escala de C Maior é o C; entre C - D temos 1 Tom (T); entre D – E temos 1 Tom (T); entre E – G temos 1 Tom mais 1 Semitom (T+S); entre G – A temos 1 Tom (T); isto é a sequência T T T+S T .

Ex.: construir a Escala Pentatónica de G Maior: Primeira nota é o G; seguindo a sequência temos T acima de G que é o A; um T acima dá o B; acima T+S dá o D; e finalmente um T acima dá o E Escala Pentatónica de G Maior: G, A, B, D, E.

Os acordes imediatos serão G (notas G, B, D) e E menor (notas E, G, B) Na tabela no 4º e 5º graus temos o D e o G (M – Maiores).

A escala relativa menor será E menor: E, G, A, B, D Os acordes principais serão Em, Am, Bm.

Um exemplo típico de escala pentatónica é a Escala Pentatónica de F# Maior porque as notas desta escala correspondem apenas a todas as teclas pretas de um piano ou teclado: F#, G#, A#, C#, D#

Os acordes imediatos são F# e D#m=Ebm No 4º e 5º graus temos ainda o B e o C#

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No início dos pentagramas acima está na quinta linha (fá) o sinal de #. Isto indica que todos os fás serão sustenidos, como realmente são na escala de G (Sol) Major (Maior).

Eu prefiro usar o sistema em que os sustenidos estão representados antes das figuras musicais nos pentagramas, conforme mostrado na escala de G (Sol) a seguir:

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Reparemos que numa escala menor melódica ascendente, a 6ª e 7ª notas são alteradas para meio tom acima; por isso vemos sustenidos no F e G. Na descendente não tem esses acidentes; reparemos que no G e F descendentes coloca-se antes aquele sinal chamado de bequadro para anular acidentes que essas notas tivessem anteriormente, ou lembrar isso.

Estamos aqui perante a escala de D minor (Ré menor) harmónica. Como foi dito anteriormente, a escala é o modo Éolico, isto é, quando ascendente não tem meios tons subido na 6ª e 7ª notas. Porém vemos que esta escala tem o Bb = A# (Sib = Lá#); contudo, isso resulta da aplicação da sequência menor que lembramos é 2 1 2 2 1 2 2.

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No final da melodia encontra-se um sinal de repetição com os pontos à esquerda das duas verticais. Isto significa que se repete a melodia desde o início. Os acordes tocados com a mão esquerda são dedilhados conforme se explica no parágrafo seguinte. A ligadura no pentagrama de G (Sol) no compasso 12 nas notas F (Fá) na quinta linha determina que essas duas notas valem apenas uma nota de 4 tempos (3 da primeira + 1 da segunda)

As letras que se encontram por cima da clave de Sol (G clef) indicam os acordes de acompanhamento executados com a mão esquerda e que se chamam de Cifras.

Nestas duas melodias os acordes são dedilhados, isto é, as notas de cada acorde não são tocadas simultaneamente, mas sequencialmente, umas a seguir as outras; chama-se a esta técnica dedilhar as notas, dedilhados ou arpejos. Nestas melodias o movimento no teclado é ascendente e logo descendente começando o dedilhado de cada acorde na 1ª nota que dá nome ao acorde. Tocando as notas da mão esquerda e vendo qual a cifra (acorde) correspondente, vamos memorizando quais são as notas de cada acorde.

Nota: Neste livro usa-se a clave de F (Fá) na quinta linha (F clef 5th line) porque é mais fácil de ler.

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Nesta melodia vemos algumas figuras musicais com um . (ponto) à frente delas. Esse ponto aumenta o tempo da figura musical anterior para mais metade do valor dela. Assim, uma Mínima tem 2 tempos; mas como tem um ponto à frente passa a valer 3 tempos. Do mesmo modo, a Semínima tem 1 tempo; mas a que tem . (ponto) à frente dela vale 1.5 tempo.

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Nesta melodia, alguns acordes (cifras) só têm dois tempos e desta forma só tocamos duas das notas do acorde. Outros só têm um tempo; neste caso tocamos só a nota base do acorde.

Nesta melodia toca-se os compassos 2 a 9 na 1ª vez, e repete-se indo para o compasso 2 porque está no início do compasso 2 o sinal de repetição com os pontos à direita das barras verticais; na 2ª vez repete-se apenas os compassos 2 a 8 e salta-se para o compasso 10. No compasso 18 repete-se indo para o compasso 2; na 2ª vez salta-se do compasso 17 para o 19.

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Esta melodia de embalar está num compasso de 3/4, isto é, sendo a figura base de tempo a semínima, cada compasso tem 3 delas, ou o equivalente, para fazer 3 tempos.

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Nesta melodia, no segundo compasso existe um grupo de 3 colcheias que valem só um tempo. São chamadas de tercinas e são indicadas pelo algarismo 3 por baixo do grupo. A mesma situação encontra-se no 6º compasso.

Nesta melodia repare-se que os compassos 15, 16 e 17 só se tocam a 1ª vez e repetimos o trecho indo para o compasso 2; na 2ª vez salta-se do compasso 14 para o 18.

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Nesta melodia há dois sinais de repetição com os pontos à esquerda das barras verticais; assim, em ambos os casos, quando se encontra cada sinal pela 1ª vez repete-se voltando ao início da melodia. Quando se encontra cada um destes sinais pela 2ª vez segue-se em frente no 1º sinal e termina-se a melodia no segundo sinal. Ao terminar podemos fazer o acorde cheio, isto é, tocando as 3 notas do acorde em simultâneo.

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Nesta melodia, cada compasso é preenchido com um padrão base de 6 colcheias (ver o que a mão esquerda toca); é por isso que se chama um compasso de 6/8. Assim, cada tempo é preenchido com duas colcheias, isto é, toca-se duas notas do acorde em cada tempo. Neste exercício a mão esquerda executa o acorde sempre com dedilhado ascendente (é mais simples). Mais à frente aprenderemos o dedilhado ascendente e descendente, que é mais difícil.

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Esta melodia já foi aprendida anteriormente com dedilhado ascendente. Agora executamos o dedilhado ascendente e descendente. É um exercício mais difícil. Começar muito lentamente com um tempo de valor baixo e na medida que vamos automatizando os movimentos dos dedos e mãos, subiremos progressivamente o valor do tempo.

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Aqui temos outra melodia de compasso 6/8 com dedilhado ascendente e descendente.

Nesta melodia vemos o sinal D.C que significa voltar ao início, para repetir a melodia

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Nesta melodia, o acorde de C7 está invertido. O acorde de C7 é constituído pelas notas C, E, G, Bb. A nota G ou E pode ser suprimida que o acorde mantém-se. Optou-se aqui por suprimir a nota G; então o acorde fica com as notas C, E e Bb; invertendo uma vez fica E, Bb, C. Se se optar por suprimir a nota E e invertendo ficaria G, Bb, C que também soaria bem.

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Até aqui, os exercícios tiveram como objetivo automatizar o dedilhado de acordes e memorizar quais as notas que formam diferentes acordes.

Vamos agora passar para outro tipo de exercícios. A mão esquerda precisa também de automatizar o que se pode chamar de técnica mista:

Num dado compasso, umas vezes toca notas individuais, outras vezes toca acordes cheios e outras vezes toca uma melodia que harmoniza com a melodia da mão direita. Para conseguir este objetivo é necessário ler bem a pauta da mão esquerda e praticar muito, mais de 1 hora diária. Primeiro com o Tempo muito lento e subir progressivamente na medida em que se evolui.

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