CREF2/RS em Revista - Ano V Nº 15

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PERFIL ando o nosso lado de treinador e também todos os cantos do Brasil”, avalia Kiko. “O realçando a nossa vocação de professor. A espírito olímpico foi muito bem recebido faculdade, imprescindível para qualquer pela nossa sociedade, tanto é que a gente técnico, fornece o conhecimento fisiológivê hoje na televisão uma ênfase maior co e, ao mesmo tempo, todas as questões noutros esportes, que até pouco tempo pedagógicas para desenvolatrás não passavam em “Os Jogos Olímpicos ver os atletas também como nenhuma emissora, como seres humanos”. mudam toda a o handebol e a ginástica. As pessoas, atualmente, concepção que a À frente de todo o projeto conhecem e se interessam olímpico da Sogipa, Kiko comunidade tem do por modalidades difequer que o legado deixado rentes, antigamente era esporte“ pelos Jogos do Rio possa ser tudo 100% futebol na usado também na luta por televisão. Para mim, isto uma política nacional para o desenvolvimostra como a Olimpíada é capaz de mento do esporte. “A realidade do atleta e proporcionar mudanças de comportamendos clubes mudou muito, mas ainda há to e de democratizar os espaços na mídia”. diversas questões que precisam de atenção”, analisa. “O Governo Federal, O judô no Rio Grande do Sul também pode com a MP 746, está tentando excluir a se aproveitar deste legado olímpico, como obrigatoriedade da prática da Educação aponta Kiko. “Nos últimos anos, a Sogipa Física no Ensino Médio, o que considero despontava sozinha no esporte, mas hoje um grande retrocesso. Quando os nossos temos o Grêmio Náutico União, que está atletas ganham uma medalha olímpica, a fazendo um belo trabalho nos últimos gente precisa fazer uma cronologia dos anos, e outros diversos clubes pelo interior. fatos para explicá-la. A nossa atuação é Eu vejo com bom olhos o crescimento que essencial na formação, na detecção e no vivemos atualmente. Quando a gente se desenvolvimento de futuros talentos. junta, conseguimos formar uma equipe Depois das confederações e dos clubes, bem forte para competir pelo Estado”, são os profissionais de Educação Física da adianta. “Nós temos que continuar escola que têm a missão de desenvolver o revelando grandes atletas, porque é com esporte e de disseminar o gosto por ele. É ídolos, como a Mayra e o Derly, que inegável que a Educação Física transforma conseguiremos mudar a realidade de a vida de qualquer pessoa e ela não pode muitas crianças, que podem deixar uma ser apenas a última opção para as nossas situação de vulnerabilidacrianças”. de para se dedicar a uma carreira vitoriosa dentro do Por causa desta Medida Provisória e de judô, como é o caso da outros fatores, o futuro do esporte no Rafaela Silva, medalha de Brasil, de acordo com o técnico da Sogipa, ouro agora no Rio. A ainda é uma incógnita neste momento Educação Física passou por pós-Jogos Olímpicos. “O legado estrutural um mau momento tempos está cercado de muitas dúvidas, porque foi atrás, quando tinha gente muito centralizado no Rio de Janeiro. Se as que defendia o esporte só outras regiões do nosso país não poderão para a participação, o que aproveitar a infraestrutura deixada por lá, sempre considerei um pelo menos o legado cultural é visível em grande erro. Eu acredito

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que o esporte vai da Mayra Aguiar até a criança mais humilde que participa de um projeto social”, avalia. Depois de 30 anos de carreira, cinco Jogos Olímpicos e incontáveis vitórias, Kiko não se sente desanimado para continuar, mesmo após tanto tempo e inúmeras privações pessoais. “O desafio que temos, atualmente, é manter o nosso projeto olímpico e ampliar as nossas conquistas. Na Sogipa, temos um mural com os nomes de todos os nossos campeões e eu ainda quero colocar mais gente ali”, explica. “Eu já treinei 15 atletas olímpicos, já estive junto em quatro conquistas de medalha e acredito que a Sogipa é reconhecida hoje como uma referência no judô, tanto pela comunidade gaúcha como pelo Comitê Olímpico Brasileiro. O esporte de alto rendimento possui um ambiente muitas vezes hostil, de muita competição, e isto acaba machucando e desgastando não só os atletas, mas também todos os treinadores. O ciclo olímpico não é uma gincana, precisamos encará-lo com seriedade, mesmo que esta escolha acabe prejudicando a nossa vida pessoal. Nunca pensei em desistir, até porque ainda nos falta o ouro olímpico. Eu até acreditei que viria agora, acabou faltando muito pouco, mas vamos ver se em 2020 a gente não volta do Japão com uma medalha dessas para o Rio Grande do Sul”, finaliza.


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