Correio Fraterno 505

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Helena e sua memória de vidas passadas de Conan Doyle

A lógica

Ano 54 • Nº 505 • Maio - Junho 2022 2176-2104ISSN

SaibaSherlockpersonagemHolmes.comooescritorescocêsseaproximoudoespiritismoepôdeajudarnasuadivulgação.

Atropelada por um carro, Helena é leva da em estado grave para um hospital em Berlim. Mas o seu despertar trouxe mais do que esperança: trouxe também as memórias de sua vida passada. Leia na página 14.

Arthur Conan Doyle fez muito mais do que criar o conhecido

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Leia na página 7.

Um acidente, a acolhida de Jacques na mansão do marquês R. e a vidatransformaçãograndenadocamponês.

Um olhar especial para o jovem espírita 20 anos sem Chico Xavier

Há anos ligado ao tema juventude espírita, Walteno Silva fala sobre o envolvimento do jovem no espiritismo e por que é necessário se pensar no processo de sua inclusão na casa espírita. Leia nas páginas 4 e 5. Ojornalista, escritor e roteirista Marcel Souto Maior nos brinda com um texto especial sobre as lições deixadas por Chico Xavier. Há vin te anos, o médium, querido e reconhecido por todo o Brasil, partia, vendo-se cumprir o seu desejo de desencarnar num dia mui to feliz, exatamente quando os brasileiros ainda comemoravam a conquista do título de pentacampeão da Copa do Mundo da Coreia e do Japão. O biógrafo, autor de diversos livros sobre o Chico – incluindo As vidas de Chico Xavier, que virou filme – mergulha na essência da simplicidade mineira e resgata o que apreen deu com Chico, exemplos que nunca foram tão necessários como agora. Páginas 8 e 9.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclare cendo pontos obscuros.

2 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news EDITORIAL

• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possí vel responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

A guerra que sensibiliza e impulsiona a humanidade Excelente artigo, Eliana, nesta hora confusa em que vivemos, de luz e sombra. Um chamamen to à serenidade e à fraternidade. Obrigado! Antonio Carlos Molina, São Paulo, SP [Edição 504, mar. abr., 2022]

Vivemos tempos desafiadores. A frase já virou até clichê diante de tantas dificuldades morais a en frentar. Mas, se refletirmos na jornada da perfectibilidade do espírito, veremos que não existem tempos fáceis porque a lei do progresso exige experiência, experiência exige trabalho, trabalho exige disciplina e disciplina exige conscientização. Chico Xavier não foi um ser à parte de tudo isso. Veio certamente na última reencarnação para um trabalho gigantes co e, enfrentou com galhardia a tarefa. Nossa homenagem pelos 20 anos de sua partida tem sabor especial de gratidão ao querido Marcel Souto Maior, jornalista e biógrafo de Chico, que nos atendeu prontamente com todo seu carinho para um texto lindo, daqueles que têm não só o peso da responsabilidade e do reconhe cido talento do trabalho, mas também do amor, do compartilhar o aprendiza do, do prazer no Bem. Também, a Entrevista com Walteno Sil va sobre o envolvimento do jovem no espi ritismo e a necessidade urgente de se pensar no processo de sua inclusão na casa espírita foi de grande valia para esta edição. O Baú de memórias enfoca o escritor escocês Arthur Conan Doyle e mostra que suas realizações foram muito além da cria ção de Sherlock Holmes e traz sua marca na divulgação do espiritismo. A história de Helena, que foi levada em estado grave para um hospital em Ber lim e teve um despertar com lembranças FALE COM O CORREIO Fale com o Correio Quero continuar assinando sempre o Cor reio Fraterno. Minha mãe gosta muito. Só que com 88 anos, sua visão às vezes não ajuda. Mas ela fica toda contente, quando o recebe. E vai lendo de pouquinho em pouquinho, acho que é pra economizar lei tura. Eu também gosto. Tive que aprender; tenho o exemplo em casa. Por Cristina, filha de Maria Pastora Silva dos Santos, Rio de Janeiro, RJ Descomplica! Fala direta e descontraída sobre espiritismo Olá Bruno! comecei agora a ver os seus vídeos no CultKardec. Tirando as dificuldades da pande mia, houve um boom de pessoas trabalhando na divulgação da doutrina e o benefício está sendo enorme para aqueles que viram suas vidas viradas de cabeça pra baixo, que perderam afetos e entes queridos. Nosso trabalho precisa de pessoas en tusiasmadas para auxiliar os espíritos benfeitores, incansáveis na assistência a todos nós. Parabéns!!! Tereza Canuto, Rio de Janeiro, SP [Edição 504, mar. abr., 2022] Envio de artigos Encaminhar por apresentaçãoreferência3.800eOsredacao@correiofraterno.com.bre-mail:artigosdeverãoserinéditosnadimensãomáximadecaracteres,constandobibliográficaepequenadoautor. Uma ética para a imprensa Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• Os princípios da doutrina são os decorren tes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

Frederico Figner: Em busca de sua própria luz Incrível história de Frederico (Irmão Jacob). Vale muito ir mais fundo e ler a sua obra Voltei, psicogra fia de Chico Xavier, que além do encontro histórico com Thomas Edson, traz muitas dicas para os traba lhos de desobsessão de cada dia. Frederico teve que encarar pessoalmente do outro lado da vida espíritos com os quais tinha tido convívio na casa espírita. Sérgio Tadeu Diniz [Edição 504, mar. abr., 2022]

• A história da doutrina espírita, de al guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, so bre fatos gerais pouco conhecidos.

• Discussão, porém não disputa. As incon veniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança JornalistaDiretor:www.facebook.com/correiofraternowww.laremmanuel.org.brEmmanuelRaymundoRodriguesEspelhoEditora:IzabelReginaR.Vitussoresponsável:ElianaFerrerHaddad(Mtb11.686)Apoioeditorial:CristianFernandesEditordearte:HamiltonDertonioDiagramação:PACKComunicaçãoCriativawww.packcom.com.brImpressão:GráficaTribunaTelefone:(011)4109-2939 WhatsApp: (011) 95029-2684 E-mail: AtendimentoTwitter:correiofraterno@correiofraterno.com.brSite:www.correio.newswww.twitter.com/correiofraternoaoleitor:sal@correiofraterno.com.brAssinaturas:entrenosite,ligueparaaeditoraou,sepreferir,enviedepósitoparaBancoItaú,agência0092,c/c19644-3einformeaeditora.Assinaturaanual(6exemplares):R$58,00Exterior:U$34.00PeriodicidadebimestralPermitidaareproduçãoparcialdetextos,desdequecitadaafonte.Ascolaboraçõesassinadasnãorepresentamnecessariamenteaopiniãodojornal.Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118 Presidente: Tania Teles da Mota Vice-presidente: João Sgrignoli Júnior Secretário: Ana Maria Coimbra Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

ISSN 2176-2104

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi dual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nos so erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade ofere cer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidá rios e mesmo contra nós. Aliás, nos abste remos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princí pios que professamos.

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site correio.news de sua vida passada, está na seção Você sabia. E, como histórias nos remetem in diretamente a conceitos importantes da doutrina, mas abordados pelo encantador viés da experiência, resgatamos também a história de Pierre Le Flamand, contada por Kardec na Revista Espírita, e da janela mal-assombrada, relatada por Maria Au gusta Puhlmann. A edição, trabalhada com o carinho de sempre, vai levar informação e ideias con soladoras como o espiritismo exige e des perta. A frase tão bem destacada por Mar cel reflete o que pensamos, “De gota em gota, a gente faz chover”. Esperamos que você goste. Ela é toda sua.EquipeAproveite.Correio Fraterno.

para sempre Exemplos

ACONTECE

3CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news

Arigó foi muito dedicado ao compromisso espiritual, atraindo a atenção do mundo todo entre as décadas de 1950 e 1970 ao fazer cirurgias espirituais

No filme Danton Mello dá vida a Arigó e Juliana Paes interpreta Arlete, a esposa devotada do médium “Foi muito libertador não ter que ter o compromisso de estar bonita, mas sim de simplesmente ser”, conclui a atriz Juliana Paes

“O congresso é para todos: participantes, trabalhado res, estudantes, mas é principalmente para o dirigente es pírita. É um encontro especial, repleto de reflexões sobre temas atuais espíritas, abrangendo aspectos filosóficos, científicos e ético-morais”, explica Rosana Gaspar, pre sidente da USESP, lembrando a grande oportunidade de confraternização dos espíritas. Alguns assuntos a serem tratados nas rodas de con versa serão: o uso equivocado de teorias científicas no espiritismo, práticas estranhas no centro espírita, desafios da prática mediúnica nos dias atuais, diálogo entre gera ções no movimento espírita, fatos históricos e coerência doutrinária, lições da pandemia e também a postura dos espíritas diante das mídias sociais, este último com a par ticipação da equipe Correio Fraterno Inscrições: congressousesp.org

DESPEDIDA da equipe da USE no Congresso de 2017, em Atibaia

esse mês o Congresso Estadual

Da REDAÇÃO

CRÉDITO FOTOS: CHERRI

A história de Arigó chega aos cinemas emestilograndeUSErealiza

De 24 a 26 de junho, a União das Sociedades Es píritas do Estado São Paulo realizará na cidade de Atibaia, SP, o 18º Congresso Estadual de Es piritismo, que terá como tema “Evolução do ser: consci ência e livre-arbítrio”.

O evento acontece no Tauá Resort & Convention Atibaia e contará com palestras dos oradores Alberto Almeida, André Trigueiro, Heloísa Pires, Emanuel Cris tiano, Haroldo Dutra, Humberto Schubert e Rossandro Klinjey, além de rodas de conversa, apresentações artísti cas e feira do livro.

pode ser uma questão de maturidade?

Pai de seis filhos, Walteno Silva mora há 12 anos em São Paulo, onde participa como secretário geral da USE Estadual. Mas o seu vínculo com o espiritismo e com a juventude espírita teve início no Rio de Janeiro, onde nas ceu. Desde então, ele manteve os laços com as mocidades espíritas, através das confraternizações realizadas no Estado, e também com as atividades de evangelização. Infância e ju ventude espírita são temas que palpitam na vida em família de Walteno Silva, incluindo todos os desafios da atualidade. É o que ele nos conta nesta entrevista.

4 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news ENTREVISTA

O envolvimento dos jovens na casa espírita

Considerando o plano divino para a rege neração da Terra, considerando os milhares de espíritos pertencentes à nova geração que reencarnam todos os anos, entendemos que temos muitos jovens interessados pela re ligiosidade; do contrário, onde estariam os ciclos de transformação que são previstos no livro A gênese de Allan Kardec? O que acon tece é que essa nova geração precisa ser des pertada para os objetivos superiores de suas vidas. E se não temos uma estrutura que os receba e os relembre desses compromissos, podem seguir a rota da ilusão da matéria que a experiência da carne oferece naturalmente.

É comum ouvir que os dirigentes espíri tas não acreditam no trabalho dos mais novos, delegando a eles tarefas simples, que não comprometam o anda mento da casa. O que você acha disso?

E seguindo essa rota, podem, sim, ser con taminados pelas filosofias materialistas, em especial nos bancos escolares e nas univer sidades, instituições que permanecem ainda hoje com uma influência fortíssima dos pen samentos de dúvida e de negação de Deus. A que você atribui a prevalência de pessoas com mais idade nas casas es píritas? Compreender o espiritismo

Como você analisa a participação dos jovens no espiritismo?

No meu entendimento, o primeiro fator seria a falta de um processo inclusivo para as novas gerações. É como um lapso de atenção dos dirigentes e trabalhadores das instituições para com elas, e eu me incluo nessa falta. Sem julgamento a quem quer que seja, e com muita consideração pelos que se dedicam e trabalham muito para oferecer um núcleo de oração na comuni dade onde residem. Mas essa nossa desa tenção pode nos custar a continuidade da obra a que nos dedicamos com tanto cari nho. Podemos ver os centros envelhecerem e morrerem pelo problema da sucessão.

Um segundo fator seria a falta de uma abor dagem dinâmica no estudo da doutrina, não especificamente na forma divertida ou animada de se trabalhar com jovens, mas nas propostas que desafiem a inteligência e provoquem o interesse deles pelos dilemas atuais que o espiritismo pode solucionar.

Walteno Silva: Os jovens são cativantes. Quando vemos a inteligência da argu mentação deles, o sentimento de amorosi dade que eles oferecem, é algo que mexe com nossos sentimentos mais profundos, dando-nos esperança de que o mundo vai mudar. Entretanto, nós temos percebido que existe um distanciamento do jovem da casa espírita. Os hábitos sociais muda ram muito nos últimos anos. Alguma coisa na concentração mental e no interesse das pessoas pelas leituras e pelos estudos modi ficou substancialmente. Com isso, as casas espíritas enfrentam muita dificuldade em estabelecer grupos de jovens para o estudo da doutrina espírita. Acha que eles são desinteressados pela religiosidade?

É comum não cuidarmos do jovem com a atenção que deveríamos. Não é apenas uma questão de delegar tarefas mais complexas, mas, antes de tudo, estar ao lado dele mos trando como se faz, observando o seu de senvolvimento e apoiando-o a superar cada novo desafio. Somos a favor de preparar os jovens para assumirem um papel ativo den tro do movimento espírita. Mas para fazer isso temos que ter tempo nosso disponível para mostrar os primeiros passos e caminhar junto. Às vezes, é mais conveniente para o adulto entregar a chave do centro e dizer que ele agora é o protagonista. Mas será que os trabalhos espirituais devem ser tratados dessa forma? E o resultado disso é um isola mento maior ainda, pois então são criados

5CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news ENTREVISTA

Levando em consideração sua experiência no contato com os jovens espíritas, já chegou a alguma con clusão sobre o que pode ser feito, no sentido de reverter esse quadro? De tudo que fizemos nesse campo de tra balho com a juventude, o que trazemos na bagagem de mais relevante é a necessidade de trabalharmos o despertamento. É claro que ninguém conscientiza ninguém, as próprias pessoas que se descobrem e que se despertam. Mas nós podemos trazer bons estímulos. É como acender uma brasa que está lá no coração de cada um. Dentro da programação dos nossos estudos, havia sempre uma priorização em reflexões sobre os objetivos superiores da nossa existência e os compromissos assumidos ainda no plano espiritual. Em resumo, os estudos espíritas tendo como pano de fundo mui tos estímulos para o autoconhecimento e a transformação moral, além de relembrar esse preparo que tivemos no plano espiri tual para a nossa vida atual. Não esquecen do, obviamente, de adaptar os estudos com uma linguagem adequada e uma aborda gem dinâmica, de forma a tirar os jovens de uma posição passiva, chamando-os para interagir, discutir e dar sua contribuição, que é sempre muito valiosa.

O segundo projeto, “Mocidade itineran te”, está em fase de preparação. É uma ini ciativa da USE Regional do Grande ABC, onde a Mônica está como presidente, e tem a finalidade de fomentar a criação de novos grupos de mocidades em casas que ainda não a possuem. Estamos convocan do jovens, filhos de trabalhadores, ou co nhecidos dos centros espíritas da região do Grande ABC, para através de encontros de capacitação se prepararem para serem os multiplicadores. É como criar um canteiro de mudas para plantar depois. Tivemos contato com casas em São Ber nardo do Campo, SP, que dez anos atrás se ressentiam pelo fato de não terem um grupo de jovens, realidade que ainda não mudou. Quem sabe essa não é uma nova forma de conceber uma mocidade espírita?

Como estão esses movimentos com jovens espíritas fora do Brasil? Em 2021, fomos convidados a participar da coordenação de um trabalho chamado Juventude Espírita Internacional Sembra dores de Luz e deu para ter uma noção. É um projeto com uma proposta supe rinteressante, que possibilita o comparti lhamento de experiências e aprendizados entre jovens espíritas de diferentes países e consequentemente de vários idiomas. Uti lizando tecnologia bem apropriada, con seguimos realizar encontros com tradução simultânea em espanhol, português, inglês e francês. O que nos chamou muito a aten ção é o nível de profundidade das reflexões desses jovens. Vemos nesse tipo de iniciati va o início de um movimento que deve se espalhar com muita energia. Participar dele é como encher a alma de esperança na pro posta do espiritismo para a transformação da Terra num mundo melhor. Como os espíritas devem se preparar para receber essa nova geração, com suas peculiaridades e demandas? Qual seria a prioridade? Precisamos entender mais o mundo jo vem, entender suas necessidades, seus conflitos. Estudar essa fase juvenil, os desafios psicológicos dessa faixa etá ria. Estudar como eles constroem a sua identidade, quais os movimentos sociais que estão fazendo convites para eles. De vemos nos preparar mesmo. Apoiá-los com muito respeito e sem autoritarismo, observá-los com um olhar e uma escuta sensíveis. A prioridade é o acolhimento do jovem. O grupo espírita deveria ser um porto seguro para ele, onde seus an seios e medos podem ter uma solução. E mostrar que com o auxílio do espiritismo ele terá mais liberdade e discernimento para fazer suas escolhas na vida.

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Seria algum fator de negligência nossa na formação dessas crianças e jovens dentro do lar espírita? Entendo que num futuro nós teremos muito mais habilidade em conduzir os nos sos filhos para o espiritismo. É algo intri gante ver que muitos trabalhadores dedica dos não tiveram a alegria de ver seus filhos acompanharem os mesmos passos. Não é uma tarefa simples. É verdade que nem todos os espíritos que recebemos no lar te rão afinidade pelos temas de espiritualida de. Mas será que não existem mecanismos educativos que ajudariam nesse mister?

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núcleos de mocidades totalmente apartados do centro espírita, com uma cultura muito particular que depois torna-se inviável uma tentativa de harmonização com outras áreas do centro. Quais os maiores benefícios que o espiritismo pode proporcionar à juventude? O primeiro é trazê-los para a vida verda deira. Já pudemos ouvir de alguns jovens como foi importante conhecer o espiritis mo da maneira profunda e espiritualizada como havíamos estudado. É como um re nascer na mesma vida. Tudo muda, todas as aspirações da vida mudam de foco. E considerando o clima de ansiedade e se es palha em toda parte, entendemos que um dos grandes benefícios que o espiritismo pode trazer para os jovens é uma segurança íntima e fé tão robusta, que lhes permita facear as provações da vida com mais sere nidade e paz no coração.

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Precisamos entender mais o mundo jovem, seus conflitos. E mostrar que com o auxílio do espiritismo ele terá mais liberdade e discernimento para fazer suas escolhas na vida”

Você está envolvido com projetos que mobilizam jovens, como o “Mo cidade itinerante” e o “Revista Espírita ilustrada”. Que trabalhos são esses? Na verdade, faço parte de equipes específi cas para cada um desses projetos, e tenho a felicidade de realizar tudo isso em compa nhia da minha esposa, Mônica, com quem temos compartilhado todas essas experiên cias com a juventude. O primeiro projeto da “Revista Espírita ilustrada”, é publicado na revista Dirigente Espírita, da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Foi interessante descobrir talentos valiosos nos jovens que formaram essa equipe. Uns fazem os de senhos e ilustrações e outros preparam e adaptam histórias de espíritos, selecionadas da Revista Espírita, para o público infanto juvenil. O resultado superou nossas expec tativas, tendo em vista ser uma iniciativa nova para todos nós e pelo fato de contar mos com a mão de obra bem jovem.

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Sob a lona do picadeiro

6 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news LEITURA

Artistas circenses encantam a todos com as diversas ati vidades que realizam: mala barismo, equilibrismo, acrobacias, piruetas, saltos, danças, teatro, e isso sem nos esquecermos do glorioso palhaço: protagonista da alegria e das deliciosas gargalhadas.

Com momentos lúdicos e manipulação da magia, de cida de em cidade eles vão levando sua arte, proporcionando feli cidade e emoção às pessoas que são convidadas a assistirem ao espetáculo.Avida desses artistas não é muito diferente da vida da maioria das pessoas: eles la vam, passam, fazem o serviço doméstico, além de cuidar do circo e de todo reparo que pre cisa ser feito para que as exibi ções ocorram da melhor ma neira possível e com toda a segurança. Além disso, dedicam tempo à esco larização e também organizam o espe táculo ensaiando e preparando a reali zação das apresentações. E é nesse contexto que vamos en contrar Rosalva, personagem principal do romance O exílio de autoria de J. W. Rochester e psicografia de Arandi Gomes Teixeira, publicado pela Cor reioNascidaFraterno.dentro do circo, seu pai, Pie tro, é dono do Grand Circo Monteverdi, senhor austero para com os funcionários, mas que diante da menina derrete-se em mimos e dedicação, cercando-a de todo cuidado. Ela, por sua vez, retribui com intensidade todo o amor paterno, aten dendo a todos os seus pedidos e sendo uma filha exemplar. Mas as teias do destino estão sendo fiadas e enormes desafios espreitam a vida desta nossa personagem que, além de ser retirada à força do convívio pa terno, ainda enfrentará outras experiên cias no acampamento cigano para onde será Nolevada.decorrer da leitura vamos co nhecer a fundo a vida de cada perso nagem, retratada de maneira primorosa e com um encadeamento de narração que nos impossibilita de interromper a leitura, tal é a intensidade dos aconte cimentos.Passado e presente se entrelaçam na vida dos personagens e cada um cons truirá sua história, de acordo com seus resgates e amadurecimento espiritual. Obra que se destaca pela qualida de da narrativa: as situações e os per sonagens que as vivem parecem nos envolver e nos carregar para dentro da história como se a estivéssemos vivendo junto a Leituraeles. maravilhosa, realmente imperdível!

Por SÔNIA KASSE

Por RITA CIRNE

Diz ainda que ao escrever A história do espi ritismo, Doyle não tinha o intuito de fazer propaganda de suas convicções, mas o de historiar o movimento espírita, colocando -se numa posição serena e imparcial, como observador dos fatos que se desenrolam aos seus olhos, através do tempo e do espaço.

do escritor, no livro A nova revelação, In dalício H. Mendes diz que Conan Doyle admirava o espiritismo por sua elevação moral, por não ser religião sectária, não condenar as criaturas humanas ao cas tigo eterno, não as ameaçar de perder a alma por causa de simples pormenores doutrinários, nem possuir a intolerân cia que tanto o irritara quando menino, predispondo-o contra todos os credos do minantes na Europa, como o catolicismo e o Oprotestantismo.biógrafodestaca ainda que Doyle sofreu muito durante a Primeira Guer ra Mundial, que vitimou o seu cunhado Malcolm Leckie e que o fez refletir sobre o sofrimento das mulheres que perdiam seus filhos e maridos. Esse fato fez com que ele estudasse a guerra pelo lado de dentro, isto é, “procurou penetrar o mundo íntimo das criaturas que, de um momento para outro, se viam despojadas da felicidade. E perce beu que aquelas que se punham em con tato com o espiritismo pareciam mais re signadas, porque compreendiam melhor as coisas”. Ele também ficou impressionado com as comunicações que os espíritos de soldados mortos enviavam através de uma médium. E, finalmente, teve a comprova ção que procurava sobre a continuidade da vida com a mensagem do seu cunhado Malcolm que mencionava fatos de caráter muito pessoal, só por ele conhecidos. Em 1917, começou a fazer conferên cias espíritas, expondo e analisando os fe nômenos psíquicos e nunca mais parou, mesmo sofrendo críticas dos inimigos da doutrina. Fez inúmeras palestras divulgan do o espiritismo pelos países nórdicos até pouco tempo antes de desencarnar, no dia 7 de julho de 1930, em Sussex, na Inglater ra, após sofrer um ataque cardíaco.

7CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news

Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico.

Doyle aos olhos de Herculano Pires No prefácio do livro A história do espi ritismo (FEB) o jornalista e filósofo Her culano Pires afirma ter sido Conan Doyle “um dos maiores e mais lúcidos escritores espíritas dos últimos tempos, em todo o mundo, que revelou admirável compre ensão do problema espírita em seu aspecto global, como ciência, filosofia e religião”.

A lógica de Conan Doyle a serviço da doutrina

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

“O romancista e o novelista aqui estão, na múltipla tessitura das narrativas que se su cedem, capítulo por capítulo. O autor poli cial, na perspicácia de apreensão dos fatos. O espírita se manifesta no interesse pelos fatos e pela sua interpretação, na compreensão da grandeza e da importância do movimento es piritista mundial. O médico Arthur Conan Doyle, o homem voltado para os problemas científicos, o pensador, debruçado sobre as questões filosóficas, e o religioso, que percebe o verdadeiro sentido da palavra religião – to dos eles estão presentes nesta obra gigantesca, suficiente para imortalizar um escritor que já não se houvesse imortalizado”.

Herculano também destaca que no livro A nova revelação, Doyle cita Allan Kardec como uma figura de influência re duzida ao âmbito nacional do movimento espírita francês, porque, segundo Hercula no, no movimento espírita, as coisas vão se definindo aos poucos, não se mostrando logo com a precisão necessária. “Somente quase trinta anos depois da morte de Co nan Doyle é que a figura de Kardec vai se impondo também, nas suas verdadeiras di mensões, ao mundo anglo-saxão”.

BAÚ DE MEMÓRIAS

Desvendar assassinatos e crimes com um raciocínio lógico e muita inteli gência era a principal característica de um dos personagens mais conhecidos de histórias de detetive da literatura uni versal: o Sherlock Holmes. Assim como esse personagem, o seu criador, o escritor escocês Arthur Conan Doyle, famoso em todo o mundo por suas histórias policiais, foi também um grande pesquisador e usou sua inteligência e raciocínio lógico para en tender também o espiritismo. Ele admirava a lógica da doutrina. Mas tinha dúvidas em relação à continuidade da vida. Por isso, fez estudos sobre fatos mediúnicos e buscou provas que lhe satis fizessem a razão. E as encontrou. Acabou se dedicando tanto ao espiritismo, que se tornou um palestrante e autor de livros relevantes sobre a doutrina, como A nova revelação e História do espiritismo. Sua de dicação à causa espírita o fez declinar do título de nobreza que iria receber do Reino Unido da Grã-Bretanha, pois lhe foi im posta a condição de que teria de renunciar às suas crenças. E ele preferiu honrar as ideias em que acreditava. Mas até chegar a esse posicionamento, passou pelo catolicismo, religião em que foi educado e teve uma fase materialista. Ele nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 22 de maio de 1859. Formou-se em medicina pela Universidade de Edimburgo, mas teve suces so mesmo como escritor de novelas policiais. Em 1887, publicou na revista de bolso britânica Beeton’s Christmas Annual a histó ria “Um estudo em vermelho”, que se tor naria o primeiro dos sessenta contos prota gonizados por Sherlock Holmes. E foi nesse ano também, através de seu paciente, o ge neral Drayson, que afirmava conversar com seu irmão desencarnado, que Conan Doyle teve o primeiro contato com o espiritismo. Admiração pela religião sem dogmas No texto biográfico de apresentação

– O martelo que atinge o prego o torna mais firme – ensinava o guia Emmanuel, segundoContraChico.o“armai-vos uns contra os outros” das posturas provocativas e belige rantes – hoje transformadas também em política armamentista de Estado em deter minados países –, Chico sempre pregou e praticou o “amai-vos uns aos outros”. Amar e não armar era a legítima defesa adotada e receitada por ele.

E, no lugar dos ‘discursos de ódio’ (ex pressão inconcebível para quem foi sauda do como o “Homem-Amor”, indicado ao Prêmio Nobel da Paz), palavras de cura. “Maus? Ainda não bons...” “Filho de mãe solteira? Filho de pai ausente.” “Presi diários?DefiniçõesEducandos...”dosábio mineiro, apontadas para o perdão ou para a esperança, nunca para o menosprezo ou a discórdia.

8 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news ESPECIAL

Há 20 anos, o coração de Chico Xa vier parou de bater em Uberaba, após 92 anos de palpitações inten sas e inundações de afeto. Neste 2022 tão desafiador, com uma pandemia ainda a ser erradicada e uma guerra de consequências imprevisíveis, a lembrança de Chico e de suas lições serve de alento e esperança. Um antídoto contra o pessimismo, o derrotismo, o radicalismo e outros ‘ismos’ que nos abatem enquanto o mundo parece ruir, sob o peso da fatídica polarização, que divide a humanidade entre nós e os outros, vencedores e perdedores, esquerda e direi ta, aliados e inimigos, como se não fizésse mos parte, todos nós, de um único grupo: o dos humanos destinados a nascer, viver e morrer e, se possível, deixar algum legado positivo nesta nossa passagem por aqui.

– Se pudesse, se tivesse alguma mí nima autoridade, mandaria pintar na fachada de todos os prédios, esta frase: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” –, disse em entrevista gravada em vídeo, hoje disponível no youtube.

Em meio a tantas ações e discursos vi rulentos, a voz suave de Chico ganha força ao defender valores básicos como o respeito ao próximo e ao diferente, a valorização da vida em todas as suas manifestações (in cluindo, claro, o meio ambiente e o mun do animal) e o apoio a quem às vezes só precisa do mínimo – de algum respeito e –para recuperar as forças e seguir em frente. Mesmo sob ataque e tensão, Chico sempre hasteou a bandeira da pacificação. Não por acaso referia-se aos adversá rios como “companheiros desafiadores”, aqueles que, ao colocarem suas obras, atitudes e declarações à prova, o torna vam mais vigilante e resistente.

Por MARCEL SOUTO MAIOR LIÇÕESASde XAVIERCHICO

– As palavras carregam uma energia poderosa –, Chico ensinava. – Imagina só se eu dissesse para alguém, em vez de “Vai com Deus”, “Vai com o Diabo.” Deus nos livre. Alvo de sucessivos ataques ao longo

9CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news ESPECIAL

O desafio Por estas e outras – pelo equilíbrio e coerência entre discurso e prática –, hoje defino Chico, a quem chamo de “o sábio mineiro”, como uma combinação muito bem equilibrada de monge budista e filó sofo estoico. Um mestre no exercício da paciência e da disciplina, sempre atento aos próprios pensamentos, sentimentos e ações, em processo permanente de auto conhecimento e autodesenvolvimento.

Marcel Souto Maior é jornalista, escritor e roteirista, autor de livros como Por trás do véu de Ísis, As lições de Chico Xavier e dos best-sellers adaptados para o ci nema: As vidas de Chico Xavier e Kardec, a biografia

À sombra deste abacateiro, Chico também chegou a participar de reunindotrabalhos,famíliasparaoEvangelhoedistribiuiçãodealimentos

E é com esta frase dele – um desafio para todos nós – que encerro este texto: – Dou a qualquer um o direito de ser como é, mas dou a mim mesmo o dever de ser a cada dia melhor. Se cada um de nós fizer a nossa parte (como o pássaro de ‘asas de gota d’água), ajudaremos – e muito – a por de pé um ‘ismo’ pelo qual vale muito a pena lutar: o humanismo, que move pessoas únicas, de corações sem limites, como Chico Xavier. De gota em gota, a gente faz chover.

é grande. Logo após a prece de abertura, o profes sor Thomaz abre O evangelho segundo espi ritismo em um capítulo aleatório e o tema que vem à tona – já bastante preocupante na época – faz o ambiente pesar: a depres são e o Chicosuicídio.toma a palavra e, com seu fio de voz, valoriza a ciência da psicologia e da psiquiatria para, em seguida, destacar, em primeiro lugar, a Ciência da Vida: o diá logo em família, que já começa a se perder por conta dos excessos diante da televisão e do ritmo às vezes um tanto frenético de mais da vida. Em seguida, propõe exercícios de paci ência e calma no dia a dia. A compreensão de que nem tudo sairá como o planejado e de que os imprevistos fazem parte da jor nada de todos nós. “Compreensão de que nossa dor não é maior do que a dor dos outros.” E de que tudo passa e de que o que não faz sentido hoje, mais tarde fará. Lágrimas escorrem aqui e ali entre os par ticipantes do encontro, talvez de quem já te nha pensado em suicídio, sobrevivido a ele ou perdido um ente querido para o desespero. E Chico segue adiante: – Devemos contar com a lutas, com a tempestade, com a doença e até mesmo com a morte. Precisamos estar preparados. O então jovem companheiro de dou trina Carlos Baccelli, seu futuro biógrafo, anota cada palavra. Frases que seriam im pressas, mais tarde, no livro Chico Xavier à sombra do abacateiro. Lições como esta, a serem exercitadas hoje, em meio à nossas intempéries virais e bélicas:–Precisamos ter coração que sente e guardar silêncio e calma nas horas de tem pestade.Eécom ‘este coração que sente’ – e que ele dizia ser atravessado pela dor das mães enlutadas – que Chico convoca os frequen tadores da reunião à sombra do abacateiro para uma missão capaz de espantar ou pelo menos amenizar qualquer depressão: o tra balho. O trabalho que “engrossa o fio da vida”, como ele dizia. Trabalho em favor do outro, por menor que seja ou que pareça. – Precisamos cumprir com nosso dever de sermos mais úteis. Chico explica aos poucos, durante a reunião, como este trabalho que pode pare cer miúdo no início vai fazendo a diferença no final. E começa com uma parábola. O que compete a cada um – Havia um incêndio na floresta. Um pássaro enchia as asas de gotas de água e as joga va no incêndio. Os outros pás saros riam. O pequeno pássaro explicou que não tinha preten são de apagar o fogo, mas que estava fazendo o que podia, a sua Eparte.Chico comenta: “Não é rindo que vamos resolver.” Foi este mesmo Chico quem, ao ser criticado pelo as sistencialismo de suas campa nhas beneficentes – de doações de roupas, alimentos e remé dios –, respondeu aos ataques com a seguinte pergunta: – Se uma casa está pegando fogo, eu cruzo os braços e espe ro pela chegada dos bombeiros ou ajudo com alguns baldes d’água?Mas voltemos à sombra do abacateiro. Depois de lembrar o pássaro com suas ‘asas de go tas de água’, Chico se lembra também de outra trabalhado ra tão incansável quanto ele: Madre Tereza de Calcutá, praticante e de fensora do tal ‘assistencialismo’, censurado por quem prefere esperar pela chegada dos bombeiros.–Seique meu trabalho represen ta uma gota no oceano, mas sem ela o oceano seria menor – ela dizia a quem questionava seu esforço incessante, e às vezes um tanto solitário, em favor dos necessitados.Amesma Madre Tereza de Calcutá que, ao ser criticada por “dar o peixe em vez de ensinar o outro a pescar”, reagiu ao comentário com a seguinte pergunta: – E quando a pessoa não tem nem força para segurar a vara? Lições de Chico, de Madre Teresa e de Dalai Lama também, que – ao ser pergun tado sobre sua religião – deu a seguinte resposta:“Minha religião? Minha religião é mui to simples. Minha religião é a gentileza.” Tão Açãosimples...emfavor do outro, em vez de po larização.Palavras de afeto, em vez de discursos de ódio.Trabalho em favor do outro no trata mento contra a depressão.

De gota em gota, a gente faz chover” da vida e de permanente desconfiança de quem duvidava da possibilidade de inter câmbio com espíritos, Chico foi apren dendo com o tempo a resistir às críticas e insultos sem reclamar. – Fico triste quando alguém me ofen de, mas com certeza ficaria muito mais tris te se fosse eu o ofensor – dizia. Cuidado no uso das palavras e consci ência à cada ação e reação. Lições de Chico, muito bem-vindas nestes tempos tão tru culentos.Basta olhar para os lados e sintonizar no noticiário para testemunharmos o contrá rio da cordialidade e da gentileza nas ruas, em muitas casas e nas mais diversas esferas do poder. Na sombra do abacateiro Neste cenário de tantas turbulências, a figura de Chico e toda a sua obra – mais de 500 livros já publicados – destacam-se na paisagem como uma espécie de abrigo. Como a sombra do abacateiro de Uberaba, no terreno a céu aberto onde ele costuma va receber amigos e visitantes de todos os cantos do país, aos sábados, no início dos anos 1980, para contar histórias, comentar o evangelho, falar da vida. E é para lá – para a sombra daquele saudoso abacateiro – que convido agora os leitores deste querido Correio Fraterno a voltar.15de janeiro de 1983. Primeira reu nião do ano. Chico está acomodado en tre os amigos, sorriso suave sob a brisa fresca, aos 72 anos, pronto a comparti lhar suas experiências com a multidão silenciosa.Aexpectativa

Além de Allan Kardec, já havia lido Camil le Flammarion, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Léon Denis. Estudara também Charles Richet e Willian Crookes. Parentes luteranos, amigos esotéricos, um padre, um pastor evangélico, vizi nhos curiosos, todos de alguma forma queriam ver de perto o local da comenta da ocorrência.Apartirdaquele dia, Alcides ingressou nos estudos junto com seu cunhado, Oscar. Também Maria Augusta, em busca de tra tamento de saúde, procurou um médium de que lhe haviam comentado, o sr. Castro, do Centro Espírita Padre Germano, onde aos poucos também foram surgindo aque les que ajudariam na fundação da Institui ção Beneficente Nosso Lar e a construir a sua linda história. Ibnossolar.org.br Bibliografia Olhai as aves do céu, Maria F. Puhlmann e Nancy P. Di Girolamo, ed. Batuíra, 1992.

10 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news FOI ASSIM Por IZABEL VITUSSO

A casa foi fundada em 1946, sendo Maria Augusta e sua cunhada Nair Ambra Ferreira as iniciadoras do projeto, junto de inúmeras trabalhadoras que iam se ache gando ao movimento espírita da época. Mas, quando elas ainda nem se conhe ciam, tampouco eram espíritas, aconteceu um fenômeno na casa de Maria Augusta que deixou todo mundo alvoroçado. Ela já era casada com Oscar Puhlmann, de ori gem alemã e luterana.

Naquele dia, Alcides, irmão de Maria Augusta, estava junto à família. Era o tio que as crianças adoravam, por sua imagi nação, seus contos improvisados, sua cria tividade artística. De certa forma, porém, também era temido, por saberem que, na presença dele, as luzes se acendiam e se apagavam sozinhas e ruídos estridentes po diam ser ouvidos pelo ambiente.

Avida de Maria Augusta Puhlmann (1902 – 1983) e de sua filha Nancy Puhlmann de Girolamo (1924 – 2018) se misturam com a história de uma das casas espíritas mais antigas de São Paulo, a Instituição Beneficente Nosso Lar, que há quase 80 anos desenvolve um expressivo trabalho social; primeiramente, junto às crianças órfãs, passando depois para o atendimento às pessoas com defici ências múltiplas e intelectuais.

Uma janela “mal-assombrada”

Mas o fato que ocorreu naquela manhã foi muito além. Reunidos na sala, todos puderam ver quando a parte móvel do janelão antigo da casa começou a se des locar vagarosamente, enquanto as pesadas dobradiças caíam ao chão. Também viram quando a grande parte da janela foi se colo cando entre o encosto da cadeira e as costas de Alcides. A família acompanhou atônita quando a parte angular da janela foi sen do dirigida para a parede, raspando-a e deixando ali um grande rombo, mas sem produzir um ruído sequer. Foi quando Oscar, quebrando o silên cio e despertando o olhar dos presentes para a realidade, disse: – É você, Alcides. Você é médium de efeitos físicos. Eu já te disse. Os espíritos estão chamando a nossa atenção para a pre sençaOscardeles. já vinha estudando o assunto através das obras clássicas do espiritismo.

– Os espíritos davam a impressão de ob servar o que ele escrevia?

– Depois chegaram oito ou dez pessoas que se reuniram numa outra sala com Kardec. Puseram-se a conversar. Faziam perguntas e ele respondia, explicava. – Conheces as pessoas que lá estavam?

Entende que levava uma vida extrema mente vazia e que precisaria se esforçar para mudar. Oscila em suas reflexões: “Confesso que prefiro assistir às cenas de amor e debo che que não têm influenciado o meu espíri to para o bem.”

O desenrolar dos acontecimentos daria tranquilamente para se tornar uma boa peça teatral, incluindo cenas com a participação do próprio codificador Allan Kardec. Trata-se de um jovem desencarnado há 15 anos, ainda bastante ligado à Terra. Tudo come ça quando à certa pergunta dirigida a um espíri to evocado, os médiuns recebem uma resposta pouco séria, completamente destoante. Percebida a intromissão do espírito, ele é convidado a se identificar, a falar sobre o que fazia ali presente e com que permissão.

– Ouvia-os tão bem que olhava para to dos os lados de onde vinha o ruído, para ver se não eram milhares de moscas. Depois abriu a janela para ver se não seria o vento ou a chuva. (O fato é absolutamente exato.)

Por VITUSSO

O orientador, inspirado, lhe diz: – Falei de ti ao sr. Allan Kardec. Dei-lhe conhecimento de nossa conversa, com o que ficou muito satisfeito. Ele deseja entrar em contato contigo.

A história de Pierre na Revista Espírita

– Só, sim, isto é, não havia lá outras pesso as. Havia, porém, ao seu redor, cerca de vinte espíritos que cochichavam acima de sua cabeça.

ARTIGO

– Eu sei, responde Pierre. Estive na casa dele.– Teu pensamento. Voltei aqui depois da quele dia; vi que tu lhe querias falar a meu respeito e disse com os meus botões: Vamos lá primeiro; possivelmente encontrarei material de observação e talvez uma ocasião de ser útil. – Que impressão tiveste da visita?

– Ele os escutava?

O orientador então lhe faz uma propos ta: Ao menos poderia tentar praticar uma boa ação! Mas antes teria que provar suas verdadei ras intenções e a sua capacidade de perseverar. Numa segunda conversa, Pierre mostra-se entusiasmado, desejoso de lhe mostrar o seu empenho para ser útil. Antevê a alegria de ser valorizado por algo que possa vir a fazer. Visita a Allan Kardec

– Não. Sei apenas que havia pessoas im portantes, porque a um deles chamavam sem pre príncipe, e a outro, senhor duque. Tam bém os espíritos chegaram em massa. Havia pelo menos uns cem, dos quais alguns tinham uma espécie de coroa de fogo. Os outros man tinham-se a distância, escutando. No relato, é surpreendente a descrição de Pierre sobre detalhes do que assistira na casa do codificador, revelando uma parte real da história do espiritismo com um colorido testemunhal da sua observação, um leigo em matéria de doutrina. Outro ponto importante a observar é a ha bilidade da orientação amorosa e a condução in teligente da conversa com desencarnados, pontos precisos que vão descortinando para Pierre novos horizontes. E isso tudo faz com que ele se sinta bem, comece a ver mais sentido na vida, deixando o vazio que lhe atormentava por falta de valoriza ção e descoberta de suas próprias potencialidades escondidas que desabrochavam em forma de tra balho e alegria de servir.

– Foi tudo o que viste?

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Com ar um tanto irreverente, Pier re diz ter sido colega de escola de um dos médiuns, que havia inclusive puxado briga com ele, o que o médium diz ter vaga lem brança. O espírito justifica também ter se intrometido na conversa para dar ‘um em purrão’ no espírito evocado, que demorava a sePierremanifestar.havia sido criado pelo tio e, dados endereço e nome, tudo pôde ser posteriormen te confirmado, inclusive o comportamento problemático do seu sobrinho quando em vida. Acolhida amorosa É muito linda a condução da conversa, e a forma com que o espírito vai se conscientizan do sobre a possível nova forma de levar a vida, através do diálogo franco e amoroso. Pierre admite que não é verdadeiramente feliz, como tantos espíritos que se comunicam ainda hoje nas reuniões mediúnicas nas casas espíritas.

– Penso que sim. Dois ou três, sobretudo, sopravam aquilo que ele escrevia e davam a impressão de ouvir a opinião dos outros. Con tudo ele acreditava piamente que as ideias lhe eram próprias, e parecia contente com isso.

IZABEL

Na Revista Espírita de maio de 1859, há um curioso caso publicado por Allan Kardec envolvendo a manifestação do espírito Pierre Le Flamand. Ele chama a aten ção pela forma com que foi acolhido e con duzido pelos diálogos, ao se manifestar numa das sessões que realizavam na casa de um dos médiuns, em Paris.

– Oh! Muito boa. Aprendi coisas que nem suspeitava e que me esclareceram quanto ao meu futuro. É como uma luz que se fez em mim. Agora compreendo tudo quanto tenho a ganhar com o meu aperfeiçoamento... Fui à casa dele anteontem à noite. Estava ocupa do, escrevendo em seu gabinete... Trabalhava numa nova obra em preparo. (Era o livro O que é o espiritismo, publicado no mês seguinte). – Estava só?

• Estudo das Cartas de Paulo: às sextas-feiras: 18:30h. https:// pt.surveymonkey.com/r/estudo-das-cartas-de-paulo Seminário sobre Bezerra de Menezes Será realizado dia 20 de agosto de 2022 o Seminá rio “Bezerra de Menezes, o homem, seu tempo e sua missão”, com o escritor e orador Luciano Klein, presidente da Federação Espírita do Ceará. O evento acontece às 15 horas, no Teatro da Federação Espírita do Para ná, na alameda Cabral, 300, Curitiba, PR. O orador, biógrafo de Bezerra de Menezes, estará autografando sua obra recém -lançada no www.feparana.com.brseminário.

Chico Xavier e sua primeira obra

Baseado na apresentação da obra, pu blicada pela FEB, em 1931. Encontre ao lado as palavras que o médium escreveu ao apresentar o primeiro livro publicado que ele psicogra fou: Parnaso de além-túmulo

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CAÇA-PALAVRAS

Cursos de Educação Continuada da FEESP Interessados em estudar a doutrina espírita podem acessar atra vés dos links abaixo os Cursos Abertos da Federação Espírita

• O livro dos espíritos: às terças-feiras: 16 h; quartas: 20h; quintas: 9h; sábados: 18h. estudo-do-livro-dos-espiritoshttps://pt.surveymonkey.com/r/

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio FraternoDO CORREIO ENIGMA Por que espiritismoo PrometidooconsideradoéConsoladorporJesus?

TUM TUM

AGOAGOAGO192720

SUA DOAÇÃO FAZ

do Estado de São Paulo nos respectivos horários:

TUM TUM AIIII TUM Batidas na parede Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio

PASSATEMPOSOLUÇÃOdoRespostaEnigma:DO

• O evangelho segundo o espiritismo: às terças-feiras: 18h e quintas: 10:45h: link: do-do-evangelho-segundo-o-espiritismohttps://pt.surveymonkey.com/r/estu

AGENDA

• Estudo do Novo Testamento à luz da doutrina espírita: às terças-feiras: 16:15h; terças: 20h. com/r/estudo-do-novo-testamentohttps://pt.surveymonkey.

CULTURA & LAZER

Feira do Livro Espírita em São José dos Campos A USE Intermunicipal de São José dos Campos rea lizará de 19 a 28 de agosto, na Praça Afonso Pena, centro, a 51ª Feira do Livro Espírita. O evento contará com palestras, encontros de jovens, música, filmes, ar tesanatos, atendimento ao público e muito mais. @flesjc. Encontro da Liga de Historiadores do Espiritismo Acontece em São Paulo, nos dias 27 e 28 de agos to, o 17º Enlihpe – Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que esse ano já completa 20 anos de existência. O evento reúne pesquisadores e interessados de todo o Brasil na apresentação e discussão de trabalhos de investigação cientí fica sobre a temática espírita. O tema desse ano será: “Coerên cia doutrinária na pesquisa espírita” e o encontro acontecerá de forma híbrida, presencial: na sede da USE: rua dr. Gabriel Piza, 433, Bairro Santana. Informações: 17enlihpe@lihpe.net Região do ABC Retirada de doações para o Bazar Permanente ligue: (11) 94454-7048 A DIFERENÇA

“Em agosto de 1931, comecei a receber a série de poesias que aqui vão publicadas, assinadas por nomes respeitáveis. Serão das personalidades que as assinam? – é o que não posso afirmar. Não posso dizer que são minhas, porque não despendi nenhum esforço intelectual ao grafá-las no papel A sensação que sempre senti, ao escrevê-las, era a de que vigoro sa mão impulsionava a minha; e de outras vezes, que alguém me as ditava aos ouvidos. Farei entender, a quem me lê, a verdade como ela é? Creio que não. Em alguns despertarei sen timentos de piedade e, noutros, risinhos ridicularizadores. Mas há de haver, porém, alguém que encontre consolação nestas pá ginas humildes, e darei-me por compensado do meu trabalho.”

Porqueelerealizao conhecimentodascoisas, fazendocomqueohomem saibadeondevem,para ondevai,porqueestána Terra,recordando-odos verdadeirosprincípiosdaLei deDeus. Oevangelhosegundoo espiritismo,cap.6,item5.

Roupas, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, utensílios domésticos, móveis em bom estado, mantimentos, etc

Brasileiros e as experiências espirituais

13CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news ATUALIDADES Por ELIANA HADDAD

AUniversidade São Paulo, em parce ria com o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde, da Uni versidade Federal de Juiz de Fora, MG, publicou um estudo sobre a prevalência de experiências espirituais e religiosas na po pulação brasileira.

O trabalho foi desenvolvido pelos pes quisadores Maria Cristina Monteiro de Barros, Frederico Leão, Homero Vallada Filho, Giancarlo Lucchetti, Alexander Moreira-Almeida e Mario Prieto Peres, seguindo a proposta de mapeamento das experiências espirituais feita pelo biólogo inglês Alister Hardy (1896 – 1985), da Universidade de Oxford.

Consciência da transcendência “Experiências espirituais e religiosas são fenômenos subjetivos comuns rela cionados à consciência da transcendên cia, que transforma a percepção da vida, da morte e do sofrimento. Apesar da alta prevalência dessas experiências em todo o mundo, poucos estudos foram realizados fora da Europa e América do Norte”, pu blicaram os pesquisadores brasileiros em artigo sobre o tema.

92% dos participantes tiveram pelo menos uma experiência espiritual ou religiosa na vida. 84% tiveram experiências místicas (de união com Deus, com o universo ou de que tudo é sagrado). 71,6% usaram a intuição para tomar decisões. 70% tiveram premonitórios.sonhos 58% já viram, ouviram ou sentiram a presença de alguém que já morreu.

pesquisas com foco na relação entre espi ritualidade e saúde.

Com seus estudos, Alister Hardy gerou um avanço na investigação das experiências espirituais, defendendo o transcendente como núcleo da espiritualidade e adotan do uma abordagem não dogmática. Ele reconheceu que a evolução darwiniana não implicava apenas materialismo, nem a mente era redutível à matéria. Suas ideias inovadoras e a realização de uma grande pesquisa no Reino Unido, a partir da dé cada de 1970, acabaram por transformá-lo em referência no tema de pesquisa em ex periências espirituais. No Brasil, a pesquisa recente da USP e do NUPES contou com uma amostra de 1.053 adultos de todas as regiões do país e apontou também resultados interessantes, que demonstram serem as experiências es pirituais e religiosas muito mais comuns do que se imagina: Presença da religião e espiritualidade Vale ressaltar ainda que isso não acon tece somente no Brasil. Segundo os pes quisadores, embora desde o final do século 19 várias previsões no mundo acadêmico apontassem para o fato de que o mundo passaria por uma transformação (processo histórico de secularização) e que a religião e a espiritualidade seriam abandonadas, es tudos globais contradizem essas profecias. Atualmente, mais de 80% da população mundial relatam ter uma afiliação religio sa e 74% afirmam que a religião desempe nha um papel importante em suas vidas diárias. Também, nas últimas décadas, houve um grande aumento no número de

A pesquisa com os brasileiros permitiu concluir, resumidamente, que experiências espirituais e religiosas são muito prevalen tes em diferentes estratos da população, merecendo maior atenção de pesquisado res e clínicos para esclarecer sua natureza e implicações na saúde mental no país. A alta prevalência de diferentes tipos de experiên cias espirituais aponta para a necessidade de mais estudos transculturais e de méto dos mistos para elucidar seu impacto na formação de crenças espirituais e religiosas e práticas relacionadas.

Os autores do artigo também eviden ciam que, embora muitas pesquisas inter nacionais tenham encontrado significativa prevalência dessas experiências, as taxas entre os brasileiros são especialmente altas, independentemente da filiação religiosa dos participantes. Para eles, esses resultados su gerem que se trata de um fenômeno huma no comum, em todos os estratos da socie dade. Além disso, as experiências espirituais seriam relatadas mais abertamente por mu lheres e seriam mais prováveis de ocorrer en tre pessoas de meia-idade, não apresentando relação com outras características sociode mográficas, como educação, etnia e renda. Saiba mais em edoi/10.1177/13634615221088701https://journals.sagepub.com/www.nupes.ufjf.br

Experiências espirituais são mais comuns do que se pensa

Da REDAÇÃO

14 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news

Helena e sua memória de

vidas passadas VOCÊ SABIA?

Helena Marquad, 12 anos, atrope lada por um carro, chegou a um hospital de Berlim, Alemanha, inconsciente e com graves ferimentos. O médico do pronto-socorro concluiu que o desenlace ocorreria em breve. Mas ele se equivocou, porque, certa manhã, depois de dias inconsciente, Hele na acordou. Olhou para os presentes à sua volta e começou a falar em italiano, língua que ela jamais aprendera (naquela vida). Chamaram o diretor do hospital, dr. Schöder, que, por sua vez, solicitou a aju da de um intérprete. Helena narrou cor retamente na língua italiana a sua curiosa história.Dizia ser Rosetta Castellani e que vivia em Noventa, perto de Pádua, Itália, e que nascera em 9 de agosto de 1887. Aflita, ela implorava: “Tenho dois filhos, Bruno e Franca; eles devem estar esperan¬do que eu volte. Por favor, diga ao doutor que ne cessito voltar para casa, em Noventa.” Interessado, dr. Schöder decidiu-se por investigar o estranho caso. Com Helena e o jornalista R.C. Gottschalk, partiram para Noventa, cidade da Itália. A comprovação Nos registros paroquiais, eles encontra ram a data do nascimento de uma menina em 9 de agosto de 1887, cujo nome de ba tismo era Rosetta Teobaldi. Encontraram ainda o registro do seu casamento, em 17 de outubro de 1908, com Gino Castella ni; o seu falecimento, em 5 de fevereiro de 1917, e o endereço da casa onde vivera e falecera. Souberam que nessa casa vivia Franca Castellani, filha da desencarnada. Os três seguiram para lá. E mesmo antes de chegar à frente da residência que procuravam, Helena apontou, exclaman do: “Aquela é a minha casa.” Era, de fato, a casa que procuravam. Bateram à porta e uma senhora veio atender. Ao vê-la, Helena disse: “Esta é minha filha Franca”. A senhora (Franca) ficou surpresa ao ver uma menina desconheci da afirmar ser sua mãe. Em seguida, He lena narrou acontecimentos da infância de Franca, os quais foram confirmados pela moradora da casa. O caso de Helena é tipicamente co nhecido como lembrança de vidas pas sadas, realidade que a doutrina explica através da multiplicidade de vidas, como encarnados. Há anos o tema atrai pes quisadores do campo da ciência, como o psiquiatra canadense Ian Stevenson (1918- 2007), que se tornou uma das re ferências sobre o assunto. Fonte: As ciências proibidas, vol. 2, Editora Século Futuro, 1987. Cidade de Noventa, Itália

Esta capacidade de comunicação men tal nos atinge muito mais do que imagina mos em nosso dia a dia, podendo ser moti vo de grandes realizações evolutivas ou nos deter e atrasar nosso crescimento espiritual.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor bra sileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de di versos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.

Refletir, analisar e comandar os pensamentos é receita de saúde e bem-estar”

Adoutrina espírita se mostra cada vez mais atual e revolucionária, ape sar da data de sua codificação; ela não se torna obsoleta, ao contrário. Cada vez que a estudamos podemos observar que suas revelações aos poucos encontram comprovações científicas irrefutáveis, algo perfeitamente justificado, uma vez que a recebemos das grandes inteligências da di mensão espiritual. A profundidade de seu conteúdo vai emergindo na medida em que consegui mos aprofundar nossas pesquisas e méto dosTrouxemosinvestigativos.hoje uma questão que pa rece simplória em um primeiro momento mas, quando aplicada ao que hoje já enten demos e vivemos, se mostra grandiosa em suas aplicações e consequências. Na questão 285 de O livro dos médiuns, Kardec comenta sobre a telegrafia humana, a comunicação à distância entre duas pes soas vivas, que se evocam reciprocamen te, que entram, por vontade própria, em sintonia mental, conectando-se. Nos diz ainda que esta será a comunicação do fu turo, universal de correspondência, pode mos pelo pensamento nos ligar a qualquer pessoa no Universo! Isto não é pouca coisa, demonstrando o poder que um pensamen to possui, quando bem treinado, focado e, claro, elevado.

É justamente a sintonia mental, a troca que se efetua com outras mentes, que não vemos e percebemos, mas com as quais nos unimos pelo pensamento, vibração, nos retroalimentando das mesmas energias de nossos interesses, algumas saudáveis, boas, outras negativas, viciosas e manipuladoras.

Vigilância e oração O pensamento é um recurso valioso, mas que precisa, conforme nos ensina Jesus, de vigilância e oração. Vigilância para o cui dado, e justo direcionamento, e oração para manter a frequência salutar e renovadora com as mentes amorosas e boas que nos au xiliam e aconselham, consolam, inspiram.

15CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news Por UMBERTO FABBRI DIRETO AO PONTO

Refletir, analisar e comandar os pen samentos é receita de saúde e bem-estar. Conforme nos diz Emmanuel no livro Fonte viva, habitamos nossa casa mental, vivendo a cada dia as consequências vibra tórias das nossas certezas, crenças, convic ções e escolhas e, podemos acrescentar, que nos ligando a outras mentes, esta casa men tal recebe as visitas de acordo com nossos interesses e Tomemosobjetivos.ocuidado para sempre tentar mos a sintonia com o mais Alto, com o Bem, e o Amor, pois só assim nossas mentes esta rão unidas com a mente criadora de Deus.

Como espíritas que somos, sabemos que a linguagem dos espíritos é o pensa mento, e a ligação que se dá também com os desencarnados.

Estando longe de nossos afetos, encontramos no pensamento um modo de proximidade.

Fazendo pontes pelo pensamento Visualizando o cenário mundial, inclusi ve na pandemia, fomos chamados a desen volver este potencial na raça, por necessidade.

Evidentemente, a tecnologia nos auxi liou, possibilitando a comunicação, pois pudemos nos ver, conversar, mas a troca emocional que se efetua não caminha pela fibra ótica, tampouco é transmitida por satélites. A emoção, o afeto, o sentimento que trocamos, bom ou ruim, caminha por onde? Já se perguntaram? De que forma somos atingidos, impactados pelo ódio, ou somos agraciados pela troca sincera de afe to? Exatamente pelo pensamento. Entran do na mesma frequência nos sintonizamos, trocamos as energias que nos alimentam ou destroem, dependendo dos nossos ob jetivos, ideais, ou ainda de nossa falta de conhecimento ou displicência.

Além da possibilidade da comunicação, somos ainda defrontados a cada dia com a influência programada e cada vez mais desenvolvida para motivar o consumo ou deter nossa atenção em redes sociais, por exemplo, visando fins diversos. E os ami gos poderão perguntar: qual a relação disto com a pergunta 285 de O livro dos médiuns?

Sintonia e frequência

Voluntários oferecem passeios de bike para combater solidão entre idosos que vivem em asilos Mensagens educativas em bueiros de Santa Catarina

Em cidades de todo o mundo, voluntários estão levando idosos e pessoas com deficiência para passear em triciclos espe ciais para aproveitar o ar livre – e combater a solidão.

Saindo do tradicional “lugar de lixo é no lixo”, a mensa gem educativa é divertida, lúdica e “instagramável”. Não à toa, fotos dos bueiros já viralizaram nas redes sociais. Além disso, causa um impacto imediato, trazendo uma reflexão ambiental, que não passa despercebida.

Fonte: UOL

MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu.

Fonte: Ciclo Vivo

O projeto criado na Dinamarca, chamado Cycling Wi thout Age (Ciclismo Sem Idade) recruta dezenas de volun tários dispostos a pedalar com pessoas que vivem em casas de repouso e abrigos de modo a melhorar seu bem-estar. Existem 2.700 voluntários em todo o mundo usando mais de 3.700 triciclos.

O estado de Santa Catarina visa conscientizar banhistas sobre o dever de não jogar lixo no chão. O texto com dese nhos de animais marinhos foi pintado em bocas de lobo da cidade litorânea de Bombinhas.

16 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2022 www.correio.news

“Não há sensação melhor do que o momento em que toca mos o pé novamente no solo e sabemos que tudo deu certo. As sementes coletadas para o projeto possuem índice germinativo superior a 95% e não necessitam de intervenção humana para germinar, portanto, em alguns anos, veremos os frutos dessa ação inédita”, afirmou o paraquedista.

Fonte: Razões para acreditar Recordista mundial do salto com o menor paraquedas do mundo, Luigi Cani saltou a 300 quilômetros por hora para semear a região amazônica com 27 espécies de árvores nativas do bioma local para o coração da floresta.

Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente! Paraquedista lança mais de 100 milhões de sementes em área desmatada da Amazônia

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