Cupinzeiro: notas e imagens de um fazer junto

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Santos, 2016

CUPINZEIRO: NOTAS E IMAGENS DE UM FAZER JUNTO


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cupinzeiro: Notas e imagens de um fazer junto/Nome do Autor, Nome do Autor. São Paulo, 2017. Vários Autores. ISBN: 000-00-00000-00-0 1. Artes 2. Dança 3. Performance 00-00000

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REGISTRO ARTÍSTICO



CUPINZEIRO: NOTAS E IMAGENS DE UM FAZER JUNTO Palavras-chave performance, criança, espaço público, arte e educação, livro de artista

Organizador Vinícius Terra Design e diagramação Luciana Fernandes Textos Conrado Federici e Vinícius Terra Revisão Renata Fernandes e Conrado Federici Fotografia Maurice Pirotte e Edvan Monteiro Plataforma de Pesquisa Laboratório de Corpo e Arte UNIFESP Data de Publicação Outubro de 2016 Edição Laboratório de Corpo e Arte UNIFESP

Livro eletrônico disponível para Download em www.corpoeartelab.wixsite.com/cupinzeiro

Promoção e Realização Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo

Promoção

Realização


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ÇÃO


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CUPINZEIRO: NOTAS E IMAGENS DE UM FAZER JUNTO

Um pequeno livro de artista, seus caminhos, suas memórias. Soa pretensioso chamar de livro, pois talvez seja mais um caderno aberto de notas e imagens de um processo de pesquisa artística em movimento. O Cupinzeiro circulou, se reinventou e aqui apresentamos um registro do que fizemos, como uma celebração, um fim. Se fazer nascer algo exige muita energia, mais intenso ainda é o esforço do fim. É mais fácil deixar morrer do que fazer da morte um ritual estético, uma celebração. O fim pode se inscrever na burocracia de uma prestação de contas; numa rodada de cerveja; num livre devaneio sobre o que nos tocou. Entremeio estas coisas mora também o desejo de agradecer e compartilhar. De abraçar a todos que fizeram e fazem parte. E não só chamar a todos não só pelo nome e sobrenome, mas evocá-los pelos sons, cheiros, cores e sabores experimentados juntos. Estetizada nestas páginas que seguem, a feitura da memória é uma artesania de afetos, que se usa das tecnologias, dos escritos, das gravações, das fotos, dos rabiscos, das notas e dos ruídos. Muito do esforço de tentar juntar para escrever um livro de experiências é se alegrar pelo que vivemos e sofrer pelo que já não conseguimos expressar ou lembrar… passada esta frustração primeira, podemos sentir as lembranças na pele, as recordações decantando no sangue, as reminiscências 13


fermentando na carne e os esquecimentos sedimentados nos ossos. É por esta trama meio dispersa e um tanto irracional que convocamos as memórias de estar juntos. O esforço aqui é o de compartilhar um pouco do nosso caminho e agradecer a todos aqueles e aquelas que se fizeram presentes, mesmo na ausência. E celebrar o presente de estarmos juntos. Na organização deste caderno, dividimos o conteúdo em cinco partes, todas elas enfatizando o trabalho realizado durante o projeto Cupinzeiro contemplado em 2015 pelo Edital #8 do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo: Circulação de Espetáculos de Artes Cênicas Infanto-Juvenis. Inicialmente, compilamos algumas produções ESCRITAS da direção do Cupinzeiro que vieram à tona em marcantes momentos de síntese de nosso trabalho, ora em forma de prosa, ora em poesia, ora em linguagem mais técnica. Também chamamos de escritas alguns desenhos em grande escala produzidos a muitas mãos, que surgem nesta parte do caderno e se alastram pelas demais, ora como paisagem, ora como rizoma. Numa segunda parte, estas escritas dão vez às imagens dos bastidores da cena: o processo de trabalho, os ENSAIOS e treinamentos, enfim, os conjuntos de rotinas, exercícios, jogos e procedimentos que realizamos semanalmente no Cupinzeiro e que passou por intensas transformações ao longo de seus dois anos de existência: a mudança do elenco, a participação das crianças nos ensaios, as demandas das apresentações em diferentes espaços e condições, a intensificação dos circuitos e as provocações dos artistas e pensadores convidados foram os principais vetores destas mudanças. A primeira marca foi a participação do Cupinzeiro no Dança Rima com Criança, onde encontramos com o Balangandança de Georgia Lengos e, ao final do primeiro dia do evento, conversamos com a Uxa Xavier sobre a nossa sensação de fracasso. O papo foi muito importante para tomar consciência de algumas escolhas 14


estéticas e sistematizá-las: assim nasceu a escrita das “Seis ações do Cupinzeiro”, compartilhada nesta parte dos ensaios. Na terceira parte deste Caderno, apresentamos uma composição de fotografias das INTERVENÇÕES que realizamos nas cinco cidades onde circulamos entre Dezembro de 2015 e Outubro de 2016: Guarujá, Cubatão, Santos, Campinas e Ilhabela. Após cada intervenção, o grupo resguardava o ritual de conversar sobre o que aconteceu e tomava nota das frases ditas pelo público; estas foram transcritas e aqui aparecem espalhadas entre as fotos apresentadas e o vídeo que produzimos com a última intervenção do Circuito Proac, no Dia das Crianças, no Orquidário Municipal de Santos. Dada a ênfase nos processos, o foco nas crianças e as afinidades educativas dos membros do Cupinzeiro, os ENCONTROS tornaram-se cada vez mais presentes e importantes para todos, por isso os admitimos como atividades de caráter formativo, como oficinas, conversas, residências e demais realizações no entorno da cena. Além das fotos, compilamos aqui os áudios destes encontros, bem como algumas frases que marcaram cada um destes momentos. No caso de Campinas, onde tivemos um encontro de três dias com diversas crianças, dentre elas inclusive alguns dos artistas mirins do Coletivo Casarão, produzimos um vídeo do processo, aqui também disponibilizado. Por fim, e não menos importante, apresentamos na FICHA TÉCNICA os nomes de todas as pessoas, lugares e instituições que fizeram parte deste processo e merecem nosso imenso agradecimento pelos afetos e colaborações indispensáveis para a realização da Circulação Proac do Cupinzeiro.

Santos, 23 de Outubro de 2016 15





Desafio: existir no jogo sendo transformado e afetando ao mesmo tempo Aceitar mais do que propor A melhor ajuda ao outro será não abandonar nunca seu próprio movimento Perceber o conflito e abraçá-lo, com generosidade Um mérito e uma ética: existir no jogo, no equilíbrio entre o mínimo e o máximo Ganha quem nunca realizar um solo e nunca desaparecer. Ao mesmo tempo Massa corpórea Metáfora da vida: meu corpo, minha história em gesto, serão suficientes para me abandonar aos outros que se abandonarão a mim também, talvez. Juntos

Conrado Federici

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CINCO PERGUNTAS AO CUPINZEIRO

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1. O que é a INTERVENÇÃO Cupinzeiro?

Cupinzeiro é uma intervenção baseada em improvisação. Ou, simplesmente, um jogo de ocupação movido pelo desejo de reinventar nossa relação com os lugares gastos. Ao perambular num outro ritmo pelos lugares, os artistas propõem que a presença de seus corpos, silêncios, olhares, pausas e fugas produzam novas ordens nos lugares e desvendem os segredos que a rotina esqueceu, segredos que as crianças conhecem pela sua forma de lidar com as coisas, com as pessoas e com o movimento coletivo. Após reconhecer as afinidades do lugar ou simplesmente estranhá-lo, os artistas se aglutinam num cupinzeiro, que se forma como uma escultura viva de corpos amontoados com diferentes formas. Ora os corpos estão sobrepostos e formam massas volumosas que preenchem espaços vazios redesenhando o espaço por meio do contraste entre as formas orgânicas e urbanas. Ora os corpos estão justapostos e formam desenhos no espaço, emoldurando suas linhas, colorindo seus planos, por mimetismo. O cupinzeiro amontoase por um tempo, depois se deforma, explode e busca outro canto. Constrói-se nas árvores, nas encostas, nos bancos, nos degraus e demais lugares de passagem, criando um sentido lúdico à paisagem. A proposta de Cupinzeiro pode ser categorizada como uma performance voltada a todos os públicos, especialmente crianças. Como os movimentos do Cupinzeiro envolvem cerca 10 performers e têm uma dinâmica variante entre o súbito e o sustentado, é desejável que aconteça em espaços-tempos de passagem, trânsito e/ou espera, que possibilitem encontros e conexões com a arquitetura e o fluxo de pessoas.

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2. Como são os ENCONTROS com Cupinzeiro? Os Encontros (oficinas e residência) são uma imersão nos procedimentos de criação da intervenção Cupinzeiro: jogos de quase dança, conversas de olhares, acrobacias tortas, corridas tramadas, esculturas vividas, passeio pelo cupinzeiro, brincadeira de estar entre, viagem nas bordas do outro, experiências de não ser eu. O Cupinzeiro é um jeito de brincar de “ser juntos”. A residência parte de um estudo exploratório das matérias do corpo e se expande pelo espaço, tratando das formas como podemos estar juntos. “Ser juntos” é um jeito de existir e estar juntos sem que ninguém mande, sem que ninguém obedeça, sem que ninguém fale e ninguém silencie, um jeito que não começa, nem acaba, mas existe e todos aprendem quando acontece. Ser juntos é aprender a viver o acontecimento e aprender a livremente se transmutar em corpos dançantes: o corpo-cotidiano que se move por convenção; corpo-coisa que move por mimetismo; corpo-silêncio que ninguém percebe; o corpo-esconde que se move pelas partes; corpo-arquitetura que se move por formalidade; o corpo-estranho que se move diferente; o corpo-outro que aceita por empatia; o corpo-massa que se move organicamente; o corpo-carnaval que se move em vertigem; o corpo-coletivo que dialoga por oposições; o corpo-fluxo que se move como a multião; e o corpo-bando que se move por emergência. Nos possíveis encontros e deslocamentos entre o ser adulto e criança, estes vários corpos agem como janelas para o devir-criança (Gilles Deleuze), perfazendo experiências de inventar uma educação menor, avessas aos esforços pedagógicos adultos de fazer “para a criança”, ou “com crianças”. Assim, agimos pela possibilidade de estar juntos, em bando. (René Schérer). A residência é destinada a grupos heterogêneos de crianças de 5 a 12 anos, acompanhadas ou não por adultos, tem duração mínima de 8 horas e as crianças se inscrevem

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antecipadamente por uma chamada pública, a partir da qual produzem uma memória da infância com seus pais e compartilham pela internet. Em cada residência, assumimos um tema-ação, como o “esconder” foi na última residência realizada no Centro Cultural Casarão (Campinas/SP). No link, o formulário com as orientações de inscrição goo.gl/E82ixA

3. Como surgiu o Cupinzeiro?

O processo de criação do Cupinzeiro iniciou-se com uma pesquisa sobre a performance Bodies in urban Spaces da Cie W.Dorner, em 2012, a partir de estudos da arquitetura, da rua e dos fluxos urbanos desenvolvidos pelo Laboratório de Corpo e Arte da UNIFESP. Tais estudos se somaram àqueles das artes da presença realizados na Bienal SESC de Dança 2013, quando os performers participaram da metodologia de trabalho de “Formação compartilhada em artes presenciais”, com Alejandro Ahmed, Sheila Ribeiro, Hedra Rockenbach e Roberto Freitas, e da oficina “B with people”, com Marcelo Evelin, bem como da residência que culminou no lançamento da Bienal, com “Colônia: mobilidade emergente de autonomia coletiva”, dirigido por Alejandro Ahmed, do grupo CENA 11. Em 2014, formou-se o primeiro elenco do Cupinzeiro, com graduandos e docentes que integravam o projeto Artes do Corpo do Laboratório Corpo e Arte da UNIFESP. Os primeiros estudos para Cupinzeiro foram apresentados no evento Semana Mundial do Brincar 2014, com apoio do SESC Santos. Desde então, a performance Cupinzeiro vem resultando de pesquisa baseada no jogo, com linguagem lúdica e contemporânea, voltada ao público de crianças, mas com o cuidado de não se infantilizar. 23


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A pesquisa corporal passou de estudos Labanianos aos métodos de formação e diferenciação de corpo massa e corpo conectivo. Dada a formação eclética do segundo elenco de performers (graduandos, docentes e artistas profissionais), a preparação corporal aconteceu por meio de uma sequência de oficinas propostas por alguns deles, como Conrado Federici, Renata Fernandes, Laise Padilha e Edvan Monteiro. Envolveu danças populares, técnicas contemporâneas, somáticas, contato, acrobacia e teatro físico, sempre com foco nas qualidades de presença, precisão, conectividade, transformação e auto-organização, tendo o jogo como principal dispositivo.

4. Por onde andou o Cupinzeiro?

Em 2015, o Cupinzeiro foi contemplado pelo Edital PROAC#8 – Circulação de Espetáculos para público infantojuvenil da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo. Dentro desta circulação passou pelas cidades de Guarujá, Cubatão, Campinas e Santos, sempre tendo artistas convidados como interlocutores que ajudaram o grupo a refletir sobre o fazer para/com crianças. Foram eles: Uxa Xavier (Lagartixa na Janela), Suzana Schmidt (ECA-USP), João Dalgalarrondo e Valéria Franco (Cia Tugudum), Georgia Lengos (Balangandança), Prof. Dr. Sílvio Gallo (UNICAMP), Daraína Pregnolatto (Flor de Pequi) e Gandhy Aires. Em Campinas, foi realizada com a parceria do Centro Cultural Casarão e Lume uma residência artística de 3 dias com 15 crianças que integraram a intervenção ao final do período. Em Ilhabela, última cidade do circuito, o Cupinzeiro participou do 19o Festival Dança e Movimento (2016), promovido pelo Espaço Cultural Pés no Chão. Em 2016, o Cupinzeiro foi selecionado para programação oficial do Circuito SESC de Artes e viajou por 9 cidades 25


no roteiro 10 do estado de São Paulo. Circulou ainda pelas seguintes unidades do SESC: Registro, Ipiranga, Vila Mariana e Jundiaí (2016) e SESC Sorocaba (2015), com Oficina. No SESC Santos participou de duas edições de 2014 e 2015 da Semana Mundial do Brincar e foi selecionado para o evento Dança Rima com Criança no SESC São Carlos (2015). O Cupinzeiro apresentou-se também na Virada da Educação em Santos e no Orquidário Municipal desta cidade, com o apoio da Coordenação de Educação Ambiental (2016).

5. O Cupinzeiro foi criado por quem?

O Laboratório de Corpo e Arte da UNIFESP é uma plataforma de criação artística existente desde 2011 na UNIFESP Baixada Santista, idealizada por docentes com diferentes formações artísticas. Os colaboradores propõem projetos e os interessados se conectam a eles para desenvolverem suas experiências e pesquisas, que mesclam o jogo, a dança, o circo e a performance para criar os seus trabalhos, que tratam do encontro entre as pessoas, os espaços públicos e as possibilidades de viver juntos. Até o momento, principal pesquisa artística deflagrada pelo Laboratório de Corpo e Arte foi o projeto 100lugaresparadancar. org.br , vencedor do prêmio Funarte Artes de Rua 2012. A videoinstalação foi convidada pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil na mostra de artes cênicas da Feira Internacional do livro de Frankfurt, na Alemanha (2013), no Centro Cultural Mousonturm. Ainda em fase de circulação, a obra viajou nacionalmente a convite do SESCSP nas unidades Pompéia, Belenzinho, Sorocaba e Bauru e também no SESC Palladium (MG). Em 2015 integrou a programação do Panorama Festival (RJ). Com trilha sonora concebida pelo grupo mineiro “O grivo” a obra já foi visitada ao longo destes anos por mais de 5000 pessoas. Entre as várias ações culturais de extensão desenvolvidas pelo Laboratório destaca-se o Cartograma, realizado desde 2014. 26


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SEIS AÇÕES DO CUPINZEIRO 1. ENTRADA

A Entrada se dá na periferia do espaço, na beira do vazio. Os performers andam de modo presente e atento, aos poucos o corpo vai ampliando suas conexões com o ambiente, seus elementos, temperaturas, luzes, texturas e movimentos. Após a circulação, o andar já não se faz pelo corpo, mas entrecorpos. Nesta conectividade, os corpos silenciam o andar e estabelecem uma relação com um objeto ou arquitetura. Pausa. A postura é natural, cotidiana. A pausa, no entanto, é movimento, um movimento sutil de olhares conectados entre o grupo e do grupo com o ambiente. Os corpos estão imóveis e os olhares são curiosos e vivos, movem-se pelo canto dos olhos em conexão com outros olhares. É desta percepção sutil do movimento que irá emergir o disparo para o próximo movimento: o esconde.

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2. ESCONDE

o jogo de Esconde é com a arquitetura, com os objetos, as coisas, com a arte do desenho, com o tempo linear, com a causa e efeito. Por isso, a movimentação corporal aqui é mais geométrica, há uma valorização do desenho do corpo no espaço. Figuras corporais emoldurando a arquitetura ou se camuflando. Evitar posturas muito orgânicas, amontoadas, abraçadas. Existe uma clara tensão entre corpo e arquitetura, o corpo está em tônus, fricciona, traciona a arquitetura, ao mesmo tempo que revela as suas linhas de fuga. O jogo de esconde obedece uma hierarquia de complexidade: começa por relações eu-objeto, eu-arquitetura e progride para relações eu-outro-objeto-arquiteutura. Ao se complexificar, os corpos desenham em diferentes níveis, planos, direções e acumulam-se em sobreposições e justaposições. O esconde culmina em relações do tipo eu-outros, ou seja, entre pessoas, que dispensam o objeto ou arquitetura. Neste momento, o desenho vira escultura. Este é o Cupinzeiro, uma coisa-humana

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3. CUPINZEIRO

O Cupinzeiro é uma coisa-humana com vetores de força concêntricos. Um devir-escultura e, como toda escultura, é arte de tirar, daí o cuidado com a vontade de ser, colocar, subir, escolher. Há forte tensão interna, mas também delicadeza e amorosidade nas transições. Sua coesão impede que qualquer agente externo penetre, mas ele se movimenta por saturação. A movimentação interna do cupinzeiro é um dispositivo para desconstruir o corpo, reinventar posições e permitir a emergência do inesperado. Por isso, esta movimentação não pode ser apenas fisiológica: os corpos não se movimentam porque sentem dor, precisam um mero ajuste ou uma ajeitada. A movimentação é um convite para

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se revolver esta coisa-humana, desfigurar-se como indivíduo, para se dilacerar num organismo coisal, sempre em equilíbrio instável e atento às emergências e brechas que podem surgir e arremessar todos para fora e produzir um Fluxo para um novo cupinzeiro. Cada movimento interno é um passeio visceral, uma experiência de não escolha, uma sucessão de agoras, não evolui, apenas acontece, num tempo que é espaço. Assim, o desesperar não existe, pois não se espera nada. Aquele que se desespera merece ser sacaneado, cutucado, beliscado como forma de desarmar o corpo, um dedo no cu ajuda a levar a vida menos a sério. O treino desta não escolha é um caminho para a não-ação. O que resta é a delícia de não ser. Quando houver saturação das tensões e linhas de fuga, o cupinzeiro explode. Esta explosão pode até ser marcada (interna ou externamente), mas jamais mecânica. O maior fantasma do Cupinzeiro é a inércia, que o conduz para a “massa morta”. Enquanto as pessoas estão no Cupinzeiro, assumem o contato com múltiplos corpos, devem evitar ficar refém de um único corpo, assim como fazer um corpo de refém. Um cupinzeiro com maiores índices de interdependência é um Cupinzeiro mais livre, móvel e flexível. Se o Cupinzeiro enfraquece as interdependências, ele se institucionaliza, passa a delegar ao corpo o papel de instituição. Por isso, o corpo no Cupinzeiro não tem um centro, um “core”, uma “base”, um “eixo”. Nesta massa de corpos sem centros, de apoios periféricos, cada contato é um centro possível, donde são tramados enredos e narrativas em deslizantes diálogos de carne e pele, em cujos silêncios e pausas pulsam forças revoltosas de dispersão e alegres esgarçamentos. 33


4. CORRIDA

A explosão do Cupinzeiro, nascimento de novas possibilidades, desperta a corrida líquida e leve, um cardume que sabe como se movimenta, mas não sabe onde vai chegar. Os corpos tramam fios de uma trança líquida, a corrida é arte da costura e como tal, feita de idas e vindas, idas e vindas e mais idas e vindas, sustentadas num tempo espiralado, gestos e olhares precisos e leves, amarradas em ponto e cruz, que se apresentam pelos torvelinhos e saturação das curvas. Os corpos correm em ponta de pé, em jogo, em permanente disposição para mudanças de sentido, por isso a corrida é inconclusa e atende a uma disposição para instabilidade, por isso é sempre circular e espiralada para fugir do conflito, absorvendo o contato pelo acolhimento do outro ao próprio centro de gravidade. As orientações para o coletivo passam pelo correr sempre de modo coeso, entrecruzando duas ou mais pessoas, olhos nos olhos, sempre vivos e brincantes, sem perder contato com duas pessoas. O fluxo cessa e os corpos se agregam novamente quando as corridas desenham torvelinhos, que criam força de gravidade e poder de coesão.

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5. EXPANSÃO

Diferente da coisa-humana, na fase Expansão, os corpos criam vazios. O vazio é uma abertura cortesã, um brinde ao outro, uma disposição para montar composições com o público, ou simplesmente acolhê-lo nos vazios inventados. Mas a estrutura amorosa é também um dispositivo maquínico, conectivo, comunicante, um jogo aberto entre vivos e máquinas (pré-corpos?), entre crianças e coisas adultas, que capturam e libertam: os corpos estão em tensão ou são tracionados uns pelos outros e a trama se monta, ora entre si mesmos, em estruturas ocas, ora compondo com objetos arquitetônicos, como próteses ou extensões arquitetônicas. As crianças usam (ou são usadas por) esta trama de corpos-próteses de um jeito coisal, inventando deslimites para o corpo: um trepatrepa de ossos, um banco de ancas, um corrimão de braços, um túnel de saias, uma almofada de peles. Na fase de expansão, indiferenciação e coisificação são caminhos para criar relações de poder outras, que não se estabelecem pelas políticas de igualdade entre os indivíduos ou pela revolução das massas, mas pelo potencial de desajuste e delírio aquém corpos. 35


6. FUGA A saída é sempre orquestrada, regida por movimentos de abertu

Os corpos correm coesos seguindo um ponto de fuga, ou dispersam de form olhar para trás, deixando ambiente rarefeito, raso, vazio, fértil de imagens esquecimento das imagens, das pessoas, dos heróis, um espaço para a em

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ura progressivos e disparada de forma simultânea. ma aleatória para todos os lados, sem nunca mais s como uma praia ou um deserto. Um convite ao mergência do movimento em si. 37


PELE E TERRA: SOBRE UM FIGURINO EM CONSTRUÇÃO Por Marina Guzzo

Roupa é imagem. O sentido da roupa tendo como suporte o corpo, cumpriu e cumprem diferentes papeis, pois ela comunica, informa, expressa um sentimento, documenta e registra uma época, uma dramaturgia, uma intenção e um movimento. Roupa, como figurino, é sempre uma segunda pele do performer. Colada à sua movimentação e presença evidencia o que se dá a ver. A linguagem da vestimenta se faz pelas linhas, formas, cores, proporções e volumes que se materializam sobre o corpo. E, como um discurso, é traduzida pela organização plástica, que intensifica e potencializa o corpo que está em cena. No Cupinzeiro fomos construindo juntos um tom para a performance. Com a proposta de organizar esse corpo coletivo, a referência principal e inicial era a terra. Os próprios cupins e a imagem do cupinzeiro numa paisagem. O marrom, ocre, bege. O cheiro de terra molhada que se mistura com a chuva e com o sol, mudando de cor. Afinal, cor é luz. Construído a partir de um acervo já existente no Laboratório Corpo e Arte, as peças foram mudando e crescendo a partir do trabalho, que ganhava corpo e estrada. Demorava para encontrar, buscava mais um pouco, estranhava, trocava. Cada nova pessoa, uma nova busca, cada novo coletivo, uma mesma história. A pele do ator, performer ou bailarino é também sua roupa. Tudo o que se conecta à ela, associa-se diretamente à informação que a mesma contém e a novas informações que evoluirão deste contato (CRAVO, 2008). Fomos então, adaptando, juntando, comprando e entendendo o que cada um queria e poderia ser como pele e terra. 38


Então, a referência da paleta de cores do Projeto Humanae, da artista Angélica Dass, trouxe a liberdade de entender que a pele, assim como a terra, tem possibilidades infinitas de formas e cores. Também é assim que o Cupinzeiro se parece e tem se construído: uma estrutura organizada de corpos que, à medida do encontro, se transforma em infinitas novas conexões. O processo então, continua se refazendo, como a pele, a terra e um cupinzeiro na paisagem. A seguir, algumas imagens do processo:

Referências CRAVO, Mapi; XAVIER, Jussara; MEYER, Sandra; TORRES, Vera. Figurino: a pele do performer. In: Coleção Dança Cênica; Pesquisas em Dança, v. I. Joinville: Letradágua. 2008. p.153-166.

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DE CUPINZEIROS E MOLEDROS

Talvez já tenha contado a minha história desta imagem para alguns, mas relembro aqui, também para a Uxa Xavier. Quando criança, me encantavam os cupinzeiros do sítio do meu pai, que contava sobre o tio-que-virava-cupinzeiro quando queria se perder no pasto. Por que virava cupinzeiro? Porque assim era também outro, dizia o pai sobre o tiomeio-xamã. E onde estavam aqueles bichos cupins? Nunca eram vistos, só apareciam se transformando: larvas, ninfas, operários, soldados e as ninfas aladas, que também eram chamadas siriris e aleluias, que choviam no verão e esqueciam suas asas nas minhas mãos. E diziam que os cupins eram exímios construtores, faziam as paredes feito tijolos com suas babas. E também diziam que as grávidas lambiam paredes, gostavam de tijolos, feito cupins. E nas barrigas, crescia um cupinzeiro. Estavam prenhes de túneis labirínticos de babas, cheiros e palavras... E depois de dura insistência, a picareta do vô quebrou um cupinzeiro: mesmo em surto, eram calmos e alinhavam-se para fugir. Descobri que por dentro o cupinzeiro era um verdadeiro labirinto de passagens de coisas: caótico ao olhar externo, mas precisamente organizado, calmo e temperado em seu microclima, em seu rigor interno. E se os nossos corpos fossem labirintos de passagens de coisas? Seriam coisas humanas: coisas-afetos, coisas-palavras e coisasintensidades, cavadas e babadas em cada micro encontro 41


eu-outro... Como estar entre corpos de passagem? Como se mover entre corpos-trajetórias, sem começo nem fim? Como a partir deste estado, do entre, no meio? O que a criança faz o tempo todo? Ela explora os meios, vive num meio aberto e impermanente: O que você mais gosta, Ian? De viajar. Para onde? Para o avião, responde. Ele não responde sobre o fim, mas assume o meio como a viagem, meio que é feito de “qualidades, substâncias, potências e acontecimentos” e que se encontra com a subjetividade da criança e se transforma. Assim, penso que o Cupinzeiro, como performance, segue as pistas de um devir-criança. Que, obviamente, é diferente de ser criança, brincar de criança, ou brincar para a criança. Um adulto pouco sabe o que passa neste mundo da criança, apenas percebe seus comportamentos: “O que diferencia a criança do adulto é que este prefere mapas que indicam os percursos a seguir, localiza onde está, decide aonde quer chegar, compra o mapa com roteiros já delimitados e migra de um lugar para o outro. A criança cartografa em viagem, prefere a viagem. Os lugares, ela os localiza na sua carta, assinalando seus conhecimentos e movendo-se pelo produto de encontros e acasos, afetos-criança.” (CECCIM e PALOMBINI, 2009, p. 308-309). Portanto, a única coisa que o adulto pode fazer é apontar para aberturas, conexões, passagens através das crianças. Na intervenção, o Cupinzeiro pode ser fotografado como um conjunto de poses interessantes, como um monte de pessoas estranhas. Mas aos poucos a narrativa fotográfica se esgota, pois o ponto de vista adulto não penetra na sensação: o Cupinzeiro se transforma num lugar para se estar, um túnel de passagem, ou um meio de transporte, tal qual o avião serve ao Ian. Seu rigor, quase esportivo, tem haver com esta necessidade de estruturar-se como meio: neste sentido, vejo o Cupinzeiro menos como dança do que uma arquitetura de fluxos, 42


um design de encontros, “escultura como rota”, como dizia o minimalista Carl Andre. Uma arquitetura que só se sustenta por uma estrutura desejante que se autoregula a partir do jogo, que é justamente a liga conectiva desta estrutura. A perda de mobilidade nas conexões torna a estrutura dura, pronta, seja por auto-referência ou dependência a um líder, daí a necessidade do jogo ser transformado e dirigido permanentemente para que haja desequilíbrios e, com eles, possíveis fissuras que irrompem os condicionamentos, que nada mais são do que formas do corpo se bastar: o corpo se basta ao ser espetacular e monumental (ser autor/ego) ou se basta ao estar sob ordens, refugiando-se no porto seguro da massa (ser personagem/interagir por clichês). Conduzido por este corpo de passagem, imagino o Cupinzeiro a partir de moledros ou cairn, aqueles marcadores de caminhos, usados pelos andarilhos. E assim Deleuze apresenta o seu sentido: “A arte se define então como um processo impessoal onde a obra se compõe um pouco como um cairn, este montículo de pedras trazidas por diferentes viajantes e por pessoas em devir (mais do que regresso), pedras que dependem ou não de um mesmo autor (...). Como a escultura, quando deixa de ser monumental para se tornar hodológica: não basta dizer que ela é monumental e que ordena um lugar, um território. Ela ordena caminhos, ela mesma é uma viagem.” (DELEUZE in Crítica e Clínica, 2008, p. 78-79). Vinícius Terra, 22/02/2016

Referências Critica e Clinica (Deleuze), Arquitetura e Corpo, Arquitetura Desejante e Devir Criança

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F [R ] ASES DO

ENSAIO

Das coisas apreendidas entremeadas às não ditas, veio ao corpo que o ensaio é a preparação, é o antes. E sendo o antes, vem a ideia, vem a pedagogia e suas sedutoras purezas. Coisa outra é tratar o ensaio como movimento de vida, ou o treinamento como potência de vida. Dá prá ver mais gente que ideia. Mas também dá para se embriagar de gente, na província da gente. E aí fica sendo o mesmo. Aplauso, é o mesmo. Sucesso, é o mesmo. Quem já sabe, é o mesmo. Quem não sabe, fica assim mesmo. O mesmo repete, repete, repete. E mesmo entre um mesmo e outro, alguma coisa fricciona porque confia e, na confiança, deixa de ser e volta a ser, lembra e esquece, está e não está. Joga. O corpo desfeito de jogo já não é, fica sendo. Quasemente corpo indo. Ora ou outra chega junto, vibra junto, respira junto. Recebe as bênçãos dos céus. Aí está pronto para a experiência. Pronto: se arruína.

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Como pode? Parece até que tinha alcançado. Tomar tombo nesta altura da vida? E não dá para aprender a cair. Nem falar que nesta eu já caí. Se aprender a cair, não caiu de verdade. Talvez a gente consiga aprender a levantar mais rápido depois que cai se a gente não se apegar no tombo, ou se justificar, ou se defender… a circulação fez girar o Cupinzeiro, vertigem de fazer cair e subir e cair e subir. Cutucou as sombras, atracou nas feridas, sacudiu o medo. Terríveis e belas as crianças. Simbólicos e Diabólicos os lugares. Desdenhoso e carente o público. Ilusórios e pretensiosos os projetos. Venenoso e permissivo o dinheiro. Insuficientes e necessários os ensaios. Cansativa a escrita e esquecida a leitura, que faz disso tudo agora vivo. 50


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Na primeira fase do Cupinzeiro a gente treinava muito a pausa e o sincronizado. 54


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Numa segunda fase, a gente trouxe um encontro de treinamento, exercĂ­cio, mas era uma parte fĂ­sica, do corpo.

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Numa terceira fase, mudou a composição como grupo e os ensaios mudaram. 65


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GUARUJÁ 4 E 5 DEZ 2015

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Nossa, eles tĂŁo pendurados no chĂŁo! 75


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CUBATÃO

26 E 27. FEV 2016 79


–O que é isso professora? –Já nem sei mais, tô aprendendo com vocês a 80


agora! 81


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Como é que ele cabe? 83


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CAMPINAS

20 a 23.ABRIL.2016 87


Como é que eles vão sair? 88


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Nossa, foi frenĂŠtico! 90


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Isso é engraçado!

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SANTOS

13 A 15.MAIO.2016

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Vai acontecer... eles vĂŁo aprontar alguma coisa...

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Ah, entendi, ĂŠ arte. O pĂşblico tem que participar!

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Apresentação realizada pelo Cupinzeiro no Dia das Crianças, no Orquidário Municipal de Santos, no dia 12.10.2016. Clique e assista.

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ILHABELA 15 A 17.SET.2016

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Eu nรฃo estou entendendo nada, mas tรก รณtimo!

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— não é brincadeira! — é sim! — não é não! é dança! — olha lá! tá acontencendo... (pensa, pára, duvida) acontecendo uma (pensa mais um pouco) um nada!

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ENC TR Estes ícones estarão em algumas das páginas seguintes. Eles indicam conteúdo de vídeo e áudio. Para acessar, basta clicar sobre eles. 115


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GUARUJÁ Suzana Schmidt

O Cupinzeiro é um trabalho do corpo cru, diferente do nosso, que tem a plasticidade da instalação. Suzana Schmidt

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Fazer um trabalho artístico com as crianças também é resgatá-la dentro da gente, do adulto. Suzana Schmidt

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As nossas experiências primeiras não são organizadas pela linguagem, mas pelas sensações. Suzana Schmidt

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CUBATÃO

Por que o Universo da infância? Ou, por que crianças? (...) Porque é necessário. Uxa Xavier 124


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Se movimentar sem intenção, sem um direcionamento em relação ao espaço? Uxa Xavier 126


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Uma provocação: o Cupinzeiro não dev Uxa Xavier 128


veria ter um olhar externo da direção? 129


CAMPINAS Andrea Desidério Silvio Gallo Apresentação na Praça do Coco (24.04.2016) Finalização da Residência com Artistas Mirins, no Centro Cultural Casarão

O que leva vocês a estarem juntos e grudados uns nos outros? Andrea Desiderio 130


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Quintal do Casarão: é um projeto que traz o brincar no espaço público onde são espalhados brinquedos e as crianças vêm sem intervenção do adulto. Eles seguem uma vertente do pensamento da Lydia Hortélio: o brincar sempre, o brincar junto, sem a coisa da monitoria do brincar... Andrea Desiderio

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René Schérer pensa na criança a partir dos bandos, onde elas se reúnem por afinidade de desejos, sem organização clara, é caótica a organização de um bando, mas funciona. Silvio Gallo

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SANTOS Daraína Pregnolato Gandhy Aires Georgia Lengos

O caminhar do Cupinzeiro é desprovido de força e intenção de movimento Daraina Pregnolatto 136


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Um jeito de esticar a perna pode expressar mais ou menos esta perna esticada entende? Georgia Lengos

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As crianรงas sรฃo depositรกrias dos mitos que encantam o mundo. Gandhy Aires

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ILHABELA Emiliano Bernardo e Malu Gonçalves

Foi uma experiência arrasadora este contato com um mundaréu de crianças Malu Gonçalves 142


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O contato facial de vocês é muito v a expressão e acho que vocês do C 148

Malu Gonçalves


vivo, muito bonito, o olhar aumenta Cupinzeiro tĂŞm que usar isso. 149


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Comeรงamos aqui movidos por grandes mudanรงas em nossas vidas. Malu Gonรงalves

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FICH 153


Ficha Técnica Cupinzeiro Proac Concepção Renata Fernandes e Vinícius Terra Direção Vinícius Terra Assistente de direção Conrado Federici Produção Executiva Renata Fernandes Produção Local Andrea Desidério (Campinas) e Guilherme Funari (Ilhabela) Figurino Marina Guzzo Performers Alessandra Santana, Ariadne Filipe, Bruna Paiva, Celso Lima, Conrado Federici, Edvan Monteiro, Erik Moraes, Gabriel Smaira, Juliana Picolo, Renata Fernandes e Tamara Tanaka Oficinas Renata Fernandes, Bruna Paiva, Conrado Federici e Vinícius Terra Fotografia: Edvan Monteiro (p. 40, 140-141), Andrea Desiderio (p. 86-87), Trilobita Filmes (p. 88 a 95), Ariadne Filipe (p. 132-133), Vinícius Terra (p. 140-141). Demais fotos: Maurice Pirotte. Identidade Visual Luciana Fernandes Desenvolvimento Web Eduardo Hiraoka Web Design Luciana Fernandes e Gabriel Smaira Comunicação Web Gabriel Smaira e Vinícius Terra Vídeos Trilobita Filmes, Canal Oito de Dança e Vinícius Terra Transporte Luxvan - Walter Teixeira dos Santos e Renato Borges de Souza

HA TÉCN Lugares das intervenções Ateliê Artes no Palco, Escola Municipal (E.M.) Sérgio Pereira Rodrigues e Praia de Pitangueiras (Guarujá); Unidade Municipal de Educação (U.M.E.) Jardim Casqueiro e Parque Anilinas (Cubatão); UME Cyro de Athayde Carneiro, Lagoa da Saudade, Orquidário Municipal e Praça do SESC (Santos); Centro Cultural Casarão e Praça do Coco (Campinas); Centro Cultural Pés no Chão, E.M. Paulo Renato de Souza e Praça da Vila (Ilhabela). Artistas, pesquisadores e educadores convidados Suzana Schmidt, Uxa Xavier, Georgia Lengos, Silvio Gallo, João Dalgalarrondo, Valéria Franco, Daraína Pregnolatto, Malu Gonçalves, Emiliano Bernardo e Gandhy Aires. Plataforma de Pesquisa Laboratório de Corpo e Arte – Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista 154


Representação Jurídica (Proponente) Imaginário Coletivo de Arte (Marcio Roberto Oliveira Barreto - ME) Parcerias Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal do Guarujá, Ateliê Artes do Palco do Guarujá, Secretaria da Educação da Prefeitura Municipal de Santos, UME Cyro de Athayde Carneiro, Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal de Cubatão, Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Cubatão, Centro Cultural Casarão - Campinas, LUME/Unicamp, Faculdade de Educação/Unicamp e Espaço Cultural Pés no Chão - Ilhabela. Assessoria de Imprensa CDN Comunicação Corporativa e Assessoria de Imprensa Unifesp Agradecimentos Alexandra Linda, Tarcísio Cunha e Madalena Lourdes Amaral Martins (Guarujá); Juliana Clabunde, Diretora da UME Casqueiro Lucilene Semeghini, Secretário de Cultura de Cubatão Welington Ribeiro Borges Secretário da Educação de Cubatão Cesar Rodrigues Pimentel (Cubatão); Renato Ferracini, Odilon Roble, Raquel Guzzo e Joana Toledo Piza (Campinas); Inês Ferreira da Silva Bianchi, Ruben Bianchi, Maria Lucia Fernandes, Yacy Helena Bernado, Fátima Gonçalves Tanaka (Ilhabela); Fabiana Riveiro, Rita de Cássia Pereira Monteiro, Marilisa Cristina Figueira, Iva Passos, Coral Cênico Céu da Boca e Murilo Netto; Ana Flor e Daniel Pregnolato; Cibele Coelho Augusto, Hamilton Gomes da Silva, Rafael Palmieri Brandão Celestino, Bárbara Oliveira e Lairton Carvalho; Marise Teixeira Cabral, Lígia Azevedo e Daniele Baumgartner (Santos).

NICA

Agradecimentos especiais Ian Terra, Sophie Tanaka, Sophia Federici, Amelie Filipe Monteiro, Erich Filipe Monteiro, Benjamin Guzzo, Giovanni Federici, Laise Gurgel, Lucas Gurgel, Jhonny Elias, Lilian Rocha, Aguieska RIbeiro, Bianca Bittencourt, Bruna Labella, Lucas Mion, Rafael Koga, Sandra Cavalcanti, Wladimir Reis e Elisa Taemi. Promoção e Realização ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo 155




Um pequeno livro de artista, seus caminhos, suas memórias. Soa pretensioso chamar de livro, pois talvez seja mais um caderno aberto de notas e imagens de um processo de pesquisa artística em movimento. O Cupinzeiro circulou, se reinventou e aqui apresentamos um registro do que fizemos, como uma celebração, um fim.(...) Na organização deste caderno, dividimos o conteúdo em cinco partes, todas elas enfatizando o trabalho realizado durante o projeto Cupinzeiro contemplado em 2015 pelo Edital #8 do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo: Circulação de Espetáculos de Artes Cênicas Infanto-Juvenis.

Promoção

Realização


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