O Efeito Marina

Page 105

ainda diante da ofensiva feroz dos republicanos contra a reforma do sistema de saúde, que terminou numa vitória histórica, mas pagando um alto preço político. Na atual circunstância, Obama não pode se dar ao luxo de passar nenhuma percepção de debilidade ou hesitação. Ao mesmo tempo, precisa evitar qualquer atitude ou gesto que evoque a arrogância de Bush. Convenhamos, isso é nó em pingo d’água. É nesse contexto que nosso presidente Lula, muy amigo, em tese homem com um ideário democrático de esquerda, adota o compadrio, o tapinha nas costas e na barriga como norma de relacionamento com sua coleção de ditadores e/ou histriões amigos. No caso do Irã, resolve dar cobertura política internacional a um regime francamente fascista, com uma postura internacional aventureira e fomentadora do terrorismo. Essa ação terrorista já teve sua manifestação direta na vizinha Argentina, com os terríveis atentados à Associação Israelita (Amia) e à representação diplomática de Israel, nos anos 1990, o que faz com que até hoje, mesmo com o governo do casal Kirchner, Buenos Aires continue a exigir mediante mandatos via Interpol a prisão de altos personagens do regime teocrático e não mantenha relações diplomáticas com o Irã. Movido pela vaidade e por uma pretensão que chega às raias da megalomania, Lula meteu a mão numa cumbuca que não é nossa, na qual nada temos a ganhar e só atrapalhamos. Vamos acabar nos isolando por essa amizade a uma feroz ditadura, que tortura e executa opositores políticos. Se, afinal, para além de Ahmadinejad, Castros, Chávez, Ortega e similares, “o melhor para o Brasil” seria um fracasso de Obama e uma futura volta dos republicanos, então dá para conceder coerência e propósito à política externa lulista... O fiasco da política iraniana de Lula. O jogo de enganos e autoenganos parece dominar o noticiário internacional. Ontem, tivemos a votação no Conselho de Segurança da ONU, e o Brasil e a Turquia sobraram isolados na defesa insensata do regime despótico dos aiatolás e de seu presidente, Ahmadinejad. A China e a Rússia, apesar de seus grandes interesses econômicos com o Irã, votaram pelas sanções, e mesmo o Líbano, no qual a poderosa milícia pró-iraniana Hezbollah deita e rola, se absteve. Doze países votaram a favor. A megalomania e leviandade com que nosso governo tratou o assunto nos deixou num

O efeito Marina

131


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.