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JACQUES GONTIJO ÁLVARES.

Ex-Presidenteda COOPERBOM.

O engenheiro civil especialista em engenharia econômica pelo Fundação Dom Cabral e apaixonado pelo cooperativismo Jacques Gontijo Álvares iniciou sua trajetória administrativa na COOPERBOM em 1983, quando foi eleito para o Conselho de Administração. Três meses após sua eleição, foi conduzido à diretoria administrativa em substituição ao diretor Raimundo Nonato de Oliveira (Mundinho). Permaneceu no cargo até 1986. Naquele ano, elegeu-se presidente da COOPERBOM, tendo sido reeleitoem1989e1992.“Cumpriapenasumano no último mandato na cooperativa. Em 1993, fui convidado e eleito diretor da CCPR/Itambé”, informa. Na CCPR, onde permaneceu até 2017, foram cinco mandatos como diretor (vice-presidentecomercial)etrêscomopresidente.

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BONSTEMPOS,BOASLEMBRANÇAS!

“É sempre agradável falar dos bons tempos. Trazem-me ótimas lembranças! Fui presidente da COOPERBOM por três mandatos consecutivos. Minha passagem pela cooperativa foi rica em experiência. Tive oportunidade de fazer um bom trabalho, juntamente com uma equipe competente de conselheiros, e mesmo aqueles que não participaram diretamente da administração me ajudaram muito. Apesar de muito jovens à época, conseguimos fazer o trabalho de unir o pessoal, informatizamos a cooperativa, implantamos os comitês educativos, aumentamos a equipe de assistência técnicaerealizamosmuitaspalestras,levando informação aos produtores. A partir de tantas e rápidas inovações tecnológicas, um dos principais papéis da cooperativa passou a ser levar o que há de mais moderno em tecnologia aos cooperados”, relata Jacques.

“A passagem pela presidência da COOPERBOM foi um período muito bom em minha vida, no qual aprendi muito e colaborei para o desenvolvimento da entidade com iniciativas inovadoras na época, como a informatização e o estabelecimento de padrões modernos de gestão que havia aprendido na minha antiga atividade como engenheiro. Foi um período rico, fiz bons amigos, aprendi muito com eles, tenho ótimas lembranças”, conclui.

INOVADOR:

A administração de Jacques Gontijo Álvares à frente da cooperativa foi essencial para o salto de desenvolvimento administrativo, educacional, tecnológico e de assistência ao cooperado da COOPERBOM. “Sempre gostei de inovar, de novidades e suas aplicações na gestão. Em todos os meus mandatos na cooperativa, procurei seguir essa característica de minha personalidade através da implantação de várias inovações que trouxeram muitos benefícios para os cooperados – entre elas, criação e adoção de novos parâmetros para a precificação do leite, renovação interna, informatização, introdução dos primeiros computadores, reformulação da política de recursos humanos,selecionandoetreinandoaspessoas e recompensando-as pelos pelo desempenho, implementaçãodameritocracia,ampliaçãodo quadrodeassistênciatécnicaaoprodutorcom a contratação de veterinários e agrônomos paraintensificaraintroduçãoetransmissãode novos conhecimentos para o produtor. Através de convênio com a Universidade de Viçosa, por intermédio do professor Sebastião Teixeira Gomes, autoridade máxima no país em estudos econômicos, promovemos várias palestras sobre a formação do custo do leite. Firmamos convênio com a Esalq, cujos professores, catedráticos, vinham sempre a Bom Despacho fazer palestras sobre as principais novidades e inovaçõestecnológicasparaosprodutores.Em 1991, a COOPERBOM foi a primeira cooperativa noBrasilaimplantarumsistemadepagamento do leite que bonificava o produtor levando em conta a qualidade, as condições de exploração e o volume fornecido. Logo depois, o sistema foi implantado pela CCPR/Itambé e seguido por várias outras empresas. A COOPERBOM cresceu muito nessa época. Quando deixamos a presidência, a cooperativa era a segunda ou a terceira maior cooperativa em captação de leite de Minas Gerais e uma das maioresdoBrasil”,contaJacques.

MAIORLEGADO:

“O maior legado que deixei para a COOPERBOM foi a implantação de um sistema de pagamentodeleiteconsiderandoaqualidade, ascondiçõesdeexploraçãoeovolumedeleite captado.”

Considerado visionário e com o olhar à frente de seu tempo, Jacques atribui essas características aos grandes mestres que teve ao longo de sua vida. “Em 1982, ocupei a presidência da Comissão de Leite da Faemg, presidida pelo saudoso Antônio Ernesto Salvo, líder sindicalegrandeprodutor,deideiasbrilhantes –muitasàfrentedeseutempo.Convividepois com o ministro Alysson Paolinelli, na CNA, e com Roberto Rodrigues, na OCB, com quem trabalhei na parte de leite. A convivência com essaspersonalidadesmepropiciouumavisão muito ampla do que estava acontecendo no mundo e que esperávamos que acontecesse no Brasil com a evolução dos tempos. Viajamos para o exterior em visita a países mais desenvolvidos na atividade leiteira. Em todos eleshaviatendênciadeaumentodeescalade produção do leite, fator econômico de suma importância na atividade, uma vez que o leite depende muito da produção em escala. Isso já era realidade em muitos países. Vimos o leite ser granelizado (coletado a granel), o que veio a ser uma realidade no Brasil após alguns anos. Essa oportunidade de conhecer e trabalharcomgrandeslíderesdementalidademuito evoluída ajudou-me a forjar essas ideias”, reconhece Jacques.

“Existe uma frase dita por um político – se não me falha a memória, creio que foi Benedito Valadares – que dizia: ‘É perigoso falar a verdade antes da hora!’. Eu sempre falava as coisas que acreditava e muitas vezes fui criticado por isso. Eu não sei mudar os fatos ou as realidadesenãosoupolítico.Souummaupolítico, na acepção da palavra ‘político’! Muitas vezes,fuicriticadoporfalaraverdadeantesda hora!”, admite Jacques.

EXISTEMDOISDIVISORESDEÁGUASNO SETORLEITEIRONOBRASIL:

-Em1991,comaliberaçãodepreços,quando ficamos livres das amarras do tabelamento do Governo.

- Em 1997/98, quando foi implantada a granelização.

Sobreseuprotagonismonocooperativismo decrédito,JacquesGontijodissequeacriação da Credibom “é fruto da ideia de um jovem visionário que acreditou em outro visionário, Roberto Rodrigues”.

Para Jacques, o crescimento da agricultura na região é um processo irreversível. “Já existe um grupo de jovens produtores assumindo as fazendas, em um processo de sucessão que está indo muito bem. Esses jovens são arrojados,estãopreparadosecommuitadisposição para administrar o negócio”, comemora.

O ex-presidente da CCPR e da COOPERBOM falou sobre a importância do projeto da derivação do rio São Francisco para aumento da vazão do rio Picão, do qual ele é um dos idealizadores, incentivado pelo ex-ministro Alysson

Paolinelli – maior visionário do Brasil, segundo ele,completando:“Ohomemquerevolucionou o agronegócio brasileiro!”. O projeto tem um potencialde10milhectaresevaigerarmaisde 10milempregos.“Éumprojetograndeetemos tentado viabilizá-lo”, salientou.

Sobre a COOPERBOM, Jacques disse que a atual diretoria está indo muito bem. “Tenho conversado com eles sobre a importância da cooperativa de se aproximar do produtor, ver quais são suas demandas e atendê-las”, disse. Sobre o papel da COOPERBOM no atual contexto da evolução tecnológica no agronegócio, o ex-presidente da entidade alertou: “A COOBERBOM precisa olhar para um ponto que será um diferencial para o futuro e ajudar o produtor a entrar na era digital. Em pouco tempo,oprodutordeleitequenãoestivermuitobem-estruturadoparaingressarnessenovo mundo digital estará fadado ao insucesso. A COOPERBOM, que sempre teve a missão de ajudar o produtor, certamente irá voltar seus olhos para o mundo digital e cumprir o papel de preparar e orientar o produtor para essa nova realidade”, concluiu.

PorRenatoFragoso

Foto:DavidFragoso

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