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PÓ DE ROCHA COMO ALTERNATIVA DE PRODUÇÃO NA AGROPECUÁRIA

Ouso de pós de rochas na agropecuária tem sido estudado por vários anos com uma contundente base científica sobre o tema. A aplicação de pós de rochas leva o nome de “rochagem”, prática que hoje ocupa mais de 1,2 milhões de hectares nas áreas de cultivos agrícolas entre os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A produção de rocha britada, peneirada e moída em condições adequadas de uso, durante a produção de brita, em pedreiras ou mineradoras da área de construção civil, com produção regionalizada, gera um produto “in natura”, obtido apenas por métodos físicos, o que permite seu uso na agricultura em sistemas de produção convencional e orgânica. Os pós de rochas advêm de rochas ígneas (basalto, granito, diabásio), metamórficas (xistos, gnaisse) e sedimentares (argilitos, arenitos e calcários), com destaque para as primeiras, em nossa macrorregião, dando maior ênfase no basalto. Possui um efeito sinérgico ao uso de corretivos, condicionadores de solos, adubação química, orgânica e organomineral, inclusive sendo insumo para composição desses produtos, o que permite a redução de custos e agregação de valor.

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Quando devidamente registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é chamado de “Remineralizador de Solo”, garantindo sua comercialização de forma adequada ao uso, por meio de parâmetros previamente estabelecidos em Lei (n° 12.890/2013) e Instruções Normativas (INs n° 05/2016 e n° 06/2016). As garantias dos pós de rochas comercializáveis, quando não registrados, devem, no mínimo, seguir os padrões impostos aos remineralizadores, com destaque para granulometria, soma dos óxidos de potássio (K2O), cálcio (CaO) e magnésio (MgO), teor de potássio e a quantidade de elementos potencialmente tóxicos (EPT). De acordo com experimentos e avaliações em casa de vegetação e no campo, por meio da eficiência agronômica, nas culturas de

amendoim, cana-de-açúcar, hortaliças, laranja, lima ácida, milho, pastagens, seringueira e soja, foram observadas melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas dos solos usados, gerando aumentos na produção da ordem de até 20%, e ainda, proporcionando uma diminuição no uso de corretivos, adubos e agrotóxicos, inserindo o produto em um sistema sustentável de manejo agrícola.

O produto não é solúvel, então seu potencial de resposta depende das condições climáticas, formas de manejo e de cada ambiente de produção, o que gera a chamada biodisponibilidade/biossolubilidade de seus minerais e dos nutrientes contidos nos mesmos, em função do tipo de rocha, os quais vão determinar a liberação dos nutrientes presentes de forma gradual, evitando a fixação e lixiviação dos mesmos nos solos, além de não agredir os microrganismos, não acidificar, não salinizar ou mesmo esterilizar o ambiente. A presença de Silício (Si), que é um elemento importante quanto à nutrição e proteção de plantas é outro destaque dos pós de rochas. Na prática de rochagem, o conceito de remineralizar solos é importante de ser entendido, pois é o que diferencia o produto de corretivos, condicionadores de solos e adubos. Neste aspecto, o processo citado leva em consideração a adição de novas fases minerais aos solos, aumentando sua capacidade de troca iônica (CTA e CTC dos solos), com melhora da capacidade de retenção de água no solo e possibilidade de maior aproveitamento dos nutrientes aplicados, garantindo uma reestruturação e formação de um novo perfil de solo.

Por: Prof. Dr. César Martoreli da Silveira - Engenheiro Agrônomo/Consultor em Agronegócios – CREASP n° 5062369979, Colégio Técnico Agrícola “José Bonifácio” - UNESP, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Câmpus de Jaboticabal - SP