Revista de Seguros - nº 908

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ESCOLA DE CHICAGO |

[Por: Aziz Filho Foto: Divulgação / Banco de Imagens CNseg]

O LIBERALISMO CHEGOU À ECONOMIA BRASILEIRA. E AGORA?

Especialistas analisam o significado da ascensão de Paulo Guedes e outros expoentes da Escola de Chicago ao poder no Brasil e falam das perspectivas para o setor segurador no novo cenário.

É

a primeira vez, desde a redemocratização, que o Brasil tem um Governo adepto do liberalismo econômico com todas as letras. Do início ao fim da campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro exibiu alinhamento incondicional às ideias do economista Paulo Guedes, que vieram de longe. Aos 69 anos, o poderoso ministro da Economia tornou-se o brasileiro mais notório da Escola de Chicago, onde fez doutorado. Por lá também passou um trio de peso: Joaquim Levy (BNDES), Roberto Castello Branco (Petrobras) e Rubem Novaes (Banco do Brasil). Se os novos ventos implementarem o modelo liberal em sua plenitude, o País chegará bem diferente em 2022, último ano da gestão. A fama mundial da Escola de Chicago começou em 1950, quando o Departamento de Economia começou a produzir teorias sob a liderança de Milton Friedman e George Stigler, dois expoentes do liberalismo ameri-

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“Se der certo, vamos ter renda, emprego, e as pessoas vão aprender a se proteger. Não temo uma onda de desemprego porque menos Estado significa mais investimento privado e, por consequência, mais empregos.” Hélio Zylberstajn / FEA/USP

cano. Eles defendiam a observação, com testes empíricos, para mostrar as limitações da ação do Estado na economia. Com os resultados, atacaram as bases das teorias vigentes, baseadas na intervenção estatal, como a reconstrução da Europa pelo Plano Marshall. Os debates eram acalorados com os seguidores do britânico John Maynard Keynes, que defendia a intervenção em alguns casos. Em um País nascido e criado com a ideia de que tudo depende do Estado, é difícil prever o resultado do encontro das ideias dos doutores de Chicago com a realidade nacional, representada pelos deputados e senadores, que terão de aprovar muitas mudanças. O liberalismo acelera o crescimento, mas, como lembra Daniel Sousa, coordenador da pós-graduação do Ibmec/RJ, pode concentrar a renda e aumentar a vulnerabilidade dos pobres em um primeiro momento. Como o mercado segurador se alimenta de emprego e renda, o cenário dos próximos anos para


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