ECONOMIA BRASILEIRA
ECONOMIA BRASILEIRA Análise Conjuntural Os anos da pandemia foram particularmente difíceis para a elaboração de cenários e projeções. Um exercício que já é costumeiramente complexo ficou ainda mais desafiador durante uma crise com origem em uma questão de saúde pública, sem paralelo na história recente, e que atingiu simultaneamente oferta e demanda, rompendo partes do intricado tecido que são as cadeias globais de produção. Como resultado, encontramo-nos naquela que é a situação mais difícil para os formuladores de política econômica, em que as escolhas não são óbvias: com inflação em alta e ameaças claras à recuperação do nível de atividade, o que pesa mais? Quais são os maiores riscos? E a que prazo? São perguntas como essas que nortearão a análise econômica no ano que vem. Apesar disso, a maioria dos analistas internacionais têm um cenário base relativamente positivo para a economia mundial em 2022: recuperação ainda robusta aliada à resolução gradual dos gargalos que vêm provocando restrições de oferta e inflação. Ou seja, ainda que lentamente, as coisas caminhariam numa direção positiva, mesmo com a retirada de estímulos fiscais e monetários excepcionais. Mas há muito espaço para que ocorram divergências entre o que se projeta e o que ocorrerá de fato nos próximos meses, no mundo e especialmente no Brasil com suas particularidades e uma eleição presidencial pela frente. O ano pode ser particularmente difícil para países emergentes, sobre os quais o aperto das condições monetárias globais tende a ter um peso maior, com menores fluxos de investimentos diretos e em carteira, provocando desvalorizações cambiais e, consequentemente, pressões inflacionárias que, em um período como o atual de preços já em alta, podem ser ainda mais desafiadoras e afetar expectativas de longo prazo. O quadro abaixo, elaborado pela Bloomberg Economics, coloca o Brasil como o terceiro país emergente com maior vulnerabilidade para o ano que vem, atrás apenas de Argentina e Turquia.
SUMÁRIO
4
CONJUNTURA CNseg | ANO 4 | NO 61 | DEZEMBRO/2021