Revista 12 Horas

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Um espaço dedicado à promoção humana e à cidadania

Texto e fotos:Edson Camargo Alves

Não é a Casa China, mas lá tem tudo. Foi criada com a intenção de ser a “prefeitura no bairro”. No entanto, também tem banco, lanchonete, banca de revistas, e até uma lojinha de roupas para a galera “underground”. Lá você pode fazer sua carteira de trabalho, identidade, obter a segunda via de um documento qualquer, pagar contas, etc. Essas coisas que se não fizer, o bicho pega. A Rua da Cidadania do Carmo foi a primeira a ser fundada, no dia 29 de março de 1995, quando a cidade de Curitiba completava 302 anos. Era quase meio-dia e meia e achei que seria uma boa hora para se tirar umas fotos. O terminal do Carmo estava com pouco movimento. O dia estava curitibanamente nublado e achei que a luz natural iria me ajudar. Lembrei de Chartier-Bresson, fui para a passarela, e lá de cima, arrisquei umas fotos do pessoal que estava no terminal, andando de um lado para o outro, ou dando aquela corridinha para não perder o “latão”. Ah, um dia eu viro um

O terminal do Carmo estava com pouco movimento no dia 15 de junho.

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fotógrafo de verdade, um dia eu chego lá... Lembrei que do outro lado da rua que contorna o terminal tem a loja de instrumentos, a Musical Curitiba, que acaba ficando em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros anexo à Rua da Cidadania. Como todo típico guitarrista, deslumbrado, curioso e maluco por novas sonoridades, não resisto à tentação de ir à lojinha “dar uma olhadinha”. E olha que até tinha umas vídeo-aulas interessantes. Mas pedaizinhos de efeito usados, velhos, com sons esquisitos e a preço de banana que é bom, nada. Troquei algumas palavras com o dono, que parecia não estar com muito bom humor e sai fora. Como no dia 15 era o Dia Nacional de Vacinação Infantil, eu não poderia deixar de registrar as crianças tomando a dose. Como aparecia uma a cada dez minutos, fiquei por perto, conversei com o guarda que estava por ali e em alguns instantes, lá veio o Vítor, de quatro aninhos, descendo a rampa correndo alegre e inconseqüentemente, para o desespero da sua tia. – É esse mesmo, pensei. Tirei uma bela foto, ele ficou com a boquinha aberta olhando para a câmera bem no instante que a gotinha caiu. Acho eu nessa eu acertei a mão. Pois é, depois bateu a fome. Pensei em ir à lanchonete (acho legal essa palavra, “lanchonete”, soa legal...)

encarar um sanduba, mas como não moro muito longe, achei que seria mais interessante ir até em casa bater um rango decente. Voltei no meio da tarde, devidamente reabastecido. Vou até o Núcleo Regional do Boqueirão da Fundação Cultural de Curitiba e converso com o pessoal. Poxa, ali tem curso de tudo! Curso de pintura, dança de salão, de teatro infantil e adulto, de vários instrumentos musicais (até violino!) e também de esferocromia. “Esfero o quê?” Isso mesmo o que você acabou de ler, esferocromia. É a arte de colorir usando canetas esferográficas coloridas. É mole !? Quando o cara me falou pensei que fosse alguma doença ! Já imaginou, morrer de esferocromia !? E é bem capaz, acho que nenhum plano de saúde cobre... Depois dei uma chegada na Rock Urbana, uma loja ali dentro que vende camisetas de bandas de rock, bonés, moda street e acessórios. - Oi, tudo bem ? - Oi, deseja ver alguma coisa em especial ? Bem, ai apliquei minha resposta típica : - Só tô pescoçeando. Aplico essa porque aprendi com um vendedor “das antigas” que faz parte da cultura do pessoal do ramo de vendas chamar de “pescoço” aquele cara que olha, olha, pergunta o preço, fica por ali, se “embaça” e acaba não levando nada. Dali fui à banca de revistas. Ali


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