País Positivo

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DEZEMBRO 2013 | EDIÇÃO Nº 66

“QUALIDADE, TRANSPARÊNCIA E PROFISSIONALISMO SÃO AS PEDRAS BASILARES DO BOMPISO” Afirma Joaquim Santos, Administrador do Bompiso




BOMPISO

Qualidade, transparência e profissionalismo SÃO ESTAS AS PEDRAS BASILARES DO BOMPISO, UMA EMPRESA QUE TEM VINDO A EVOLUIR AO LONGO DOS TEMPOS E, HOJE, É A EMPRESA MELHOR POSICIONADA NO SETOR DA MOBILIDADE AUTOMÓVEL. NÃO PERCA A ENTREVISTA COM JOAQUIM SANTOS, AQUANDO DA COMEMORAÇÃO DO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DAS NOVAS INSTALAÇÕES DO BOMPISO. Bompiso e a entrada no mercado internacional marcou a viragem. “Em 2008, decidimos que estava na altura de darmos um passo fulcral. Necessitávamos de uma estrutura que acompanhasse o nosso crescimento no mercado internacional e, ao mesmo tempo, garantisse uma resposta mais eficaz e adequada aos nossos clientes e garantisse também condições de trabalho para os nossos funcionários, nomeadamente ao nível dos pesados”. Com esta ideia bem cimentada, em 2010, surgiu a oportunidade de adquirir umas instalações situadas em Ermesinde e que garantiam a criação de valor acrescentado para o serviço disponibilizado, oferecendo qualidade a todos os níveis. De salientar que em 2010 o país já se encontrava em crise, mas a verdade é que Joaquim Santos não hesitou na hora de investir quase três milhões de euros numa estrutura que lhe garantisse sustentabilidade e crescimento. Hoje, um ano voltado desde a inauguração das novas instalações, os números comprovam que o investimento foi acertado já que, segundo dados mais recentes, o Bompiso conta já com mais de dois mil novos clientes. Confrontado com estes números tão positivos, Joaquim Santos refere que “as perspetivas eram boas, mas a verdade é que nunca pensamos que chegássemos a estes números. Ultrapassamos todas as expetativas e penso que chegaremos, até ao final do ano, aos 2500 clientes novos”. Para comemorar o primeiro objetivo rapidamente alcançado, o de 500 novos clientes, Joaquim Santos proporcionou um lanche com o respetivo brinde a todos os seus colaboradores como forma de os envolver nesta vitória alcançada.

Joaquim Santos, Administrador do Bompiso

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Bompiso é uma empresa especialista em mobilidade automóvel criada em 1994, em Vila Nova de Gaia. Fruto de uma estratégia revista, a empresa deslocalizou-se para Ermesinde, posicionando-se num local de fácil acesso e marcando a diferença. Assim, no ano 2000, Joaquim Santos adquiriu uma loja que garantia

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a qualidade de serviço que preconizava, mas a verdade é que rapidamente este espaço se revelou pequeno e houve necessidade de abrir uma filial, em Baguim do Monte, respondendo a dois públicos e dando uma resposta mais eficaz a todos os clientes. No entanto, certo era que ambas as estruturas estavam desadequadas face à postura do

Primeiro aniversário A empresa celebrou, no passado dia 30 de Novembro, um ano de novas instalações, uma estrutura de cinco mil metros quadrados capaz de dar resposta a todas as solicitações, desde ligeiros a pesados, acrescentado a área de lavagem automóvel, que alavancará o futuro e sustentabilidade do Bompiso. No entanto, as comemorações foram destinadas aos funcionários, com a degustação de um almoço onde todas as vitórias foram comemoradas e brindadas. “Comemorámos o aniversário das novas

instalações, mas também a própria evolução da própria empresa. Afinal, parte deste sucesso também a eles se deve. Não é só necessário ter uma boa gestão, também é preciso que as pessoas que aqui trabalham se revejam no projeto e trabalhem todos os dias para que os serviços sejam cada vez melhores”. Os recursos humanos são, de facto, o ativo mais valioso desta empresa e é neles que se aposta todos os dias: “Investimos muito nos recursos humanos, quer ao nível da formação, quer ao nível das condições de trabalho. Penso que a riqueza desta empresa, além das instalações e dos equipamentos de topo, são as capacidades técnicas dos nossos colaboradores”, refere Joaquim Santos. Neste momento, é notável a evolução da empresa e o Bompiso é, sem dúvida, uma das melhores empresas do ramo. E porquê? “. A qualidade de serviço aliada às excelentes instalações fazem com que, neste momento, o Bompiso se destaque no panorama económico português”. Qualidade, antes de mais Assumindo-se como um especialista em mobilidade automóvel, o Bompiso garante a máxima qualidade dos produtos que comercializa. Assim, rejeita, enquanto não existirem garantias reais e legislação adequada, a comercialização de pneus usados. “Muitas vezes chegam-nos clientes que pretendem comprar pneus usados, na maioria das vezes devido ao preço”. No entanto, “não enveredamos por essa área por considerarmos que não estão reunidas as condições para garantirmos a qualidade que tanto prezamos. Assim, sempre que um cliente nos solicita pneus usados, tentamos sempre mostrar que os pneus usados não dão garantias de segurança e por alguns euros a mais conseguem colocar pneus novos, com pisos regulares e dentro das normas legais e que garantem uma segurança e proteção efetiva”. “Um pneu, para ter qualidade, não basta ter piso… É preciso ter bom piso” e um especialista em mobilidade não pode aconselhar um pneu usado, sem saber em que condições se encontra, se foi utilizado em condições climatéricas agrestes, sofreu toques e apresenta imperfeições.


BOMPISO

Ofiturbo A Ofiturbo nasceu como uma oficina de reparações mecânicas, em 2009, fruto de uma necessidade latente. Muitas vezes, “os nossos clientes chegavam a nós com alguns problemas de mecânica que não podiam ser solucionados no Bompiso. Assim, e perante a nossa incapacidade, era comum pedirem o nosso aconselhamento relativamente a um mecânico de confiança. Como não conseguíamos garantir os padrões de qualidade que praticávamos em outras oficinas, decidimos apostar na criação de uma oficina de reparações mecânicas e responder a esta necessidade dos nossos clientes”. No entanto, e como as necessidades foram também evoluindo, a Ofiturbo hoje oferece também serviços de chaparia e pintura. Equipada com o que de melhor existe a este nível, a Ofiturbo é, por si só, garantia de qualidade.

Certificação de Qualidade Nesse momento, o Bompiso encontra-se em processo de certificação de qualidade. A aposta foi clara e essencial, na opinião de Joaquim Santos, já que este selo é, sem dúvida, uma garantia e uma mais-valia. “Uma empresa com esta dimensão no mercado, não estando certificada é uma menos valia. Isto requer muito trabalho, tempo e investimento mas a verdade é que isso dá a garantia aos nossos clientes

Mobilidade Automóvel Joaquim Santos alerta: “Num veículo, o único elemento em contacto com o solo são os pneus e a segurança passa por aqui. Infelizmente, muitos automobilistas descuram esta componente e aliam a segurança apenas à velocidade ou condições climatéricas. É preciso que se entenda que a segurança começa, precisamente, em garantir que a pressão dos pneus é a correta, a sua manutenção é a ideal e que a qualidade dos pneus lhe garante a proteção desejada”.

de que os processos estão padronizados e não correm quaisquer riscos. Além disso, em termos internacionais, a certificação de qualidade dá-nos outra capacidade de competição”. Sucesso além-fronteiras Presentes no Senegal, Zâmbia e Angola, o Bompiso tem tido uma experiência internacional muito recompensadora. O fecho do terceiro trimestre revela que a Bompiso cresceu, no mercado externo, mais de sete por cento. “Estamos a crescer paulatinamente, continuamos a pensar que, apesar das condições existentes a nível internacional, continuaremos nesta linha

de crescimento e esse é mesmo o objetivo. Manter os padrões de crescimento para 2014 já que isso representa, para o Bompiso, uma faturação expressiva”. De salientar que, em Angola, o Bompiso possui uma empresa associada, a Offipeças, que tem vindo a ganhar terreno de forma sustentada e este crescimento irá revelar-se fundamental para a faturação do grupo. Mas os sucessos além-fronteiras são sustentados pelos sucessos no mercado interno já que os dados revelam, também, que o Bompiso teve crescimento na ordem dos 35% e isto é resultado de uma aposta contínua na qualidade, na abertura das novas instalações e na aposta forte em marketing e comunicação que são, indiscutivelmente o veiculo número um para “darmos a conhecer tudo aquilo que

temos”. Joaquim Santos pretende, também, dar a conhecer todos estes dados aos seus colaboradores por forma a envolve-los na estratégia e no futuro, “pedindo-lhes, também, que se mantenham disponíveis, como até agora, para continuar a lutar pela empresa”. 20 anos de Bompiso Em 2014 o Bompiso completará 20 anos de existência e a ideia é “continuar a apostar nos mercados internacionais, com crescimento sustentável e, no mercado nacional, a perspetiva é para manter os índices de crescimento que até agora se verificam, apesar de todas as condicionantes”. Ou seja, a aposta será sempre na qualidade, na honestidade e na transparência, em prol de um crescimento sustentável e equilibrado.

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SAÚDE E BEM - ESTAR

Entrevista ao diretor da INWA NATURE

DRISS A EL AMRAMI

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m Portugal, não há ainda um perfeito conhecimento sobre óleo de argan. Pode, por favor, falar sobre as origens e as características do produto? A árvore de argan é uma árvore endémica e selvagem que só cresce num único país do mundo: Marrocos. Todas as tentativas de a plantar noutros lugares falharam, O que a torna uma raridade e tem em conta as suas reconhecidas características alimentares e terapêuticas. Descrição do produto • Este óleo requintado é extremamente rico em produtos nutricionais e possui propriedades antioxidantes e anti radicais livres. A sua utilização combate eficazmente os sinais de velhice porque repara e revigora a pele cansada, melhorando a sua elasticidade, tornando-a mais suave firme e radiante. • O óleo de Argan cosmético da INWA é adequado para qualquer tipo de pele. Ingredientes ativos naturais • O Argan é quase inteiramente composto por ácidos gordos, 80% destes ácidos são ácidos gordos insaturados que restauram e estabilizam as camadas hidro-lipidas da pele. • Os ácidos oléico e linoléico têm propriedades anti-envelhecimento, anti-oxidantes sem radicais livres que podem ajudar a reduzir ou prevenir o aparecimento de rugas. • Vitamina E (tocoferol) torna a pele firme, macia e revitalizada. A cor da pele torna-se mais equilibrada, clara e saudável. Cabelo e unhas beneficiam de uma melhoria da microcirculação. Cuidados e terapia Além de suas excelentes propriedades de humidificação, o óleo de argan pode ser usado como um óleo de cuidados de saúde para, com cuidado, massagear a pele no local desejado: • O óleo de argan é um óleo hidratante regular para feridas e pele seca e rachada. • Nutre e efetivamente acalma a pele danificada

e cicatrizes, ou com queimaduras ou atacado por golpes de sol. • Reduz e previne estrias, celulite e varizes. • Trata doenças da pele como acne, eczema e psoríase. • Reduz dores musculares, dores reumáticas e artrite. Um outro produto fabricado pela INWA NATURE é o óleo de sementes de figos de barbárie. Este óleo é praticamente desconhecido em Portugal, pode também fazer uma descrição do produto? A descrição do produto Proclamado como um botox natural, a pera espinhosa realmente faz milagres. Algumas gotas aplicadas á noite num rosto cansado, revelará uma pele clara, lisa, brilhante e fresca na manhã seguinte. Este óleo é extremamente rico em nutrientes que protegem a pele contra elementos agressivos, tais como a radiação ultravioleta do sol, o fumo e a poluição; mudanças climáticas devido à humidade. Estas reações oxidativas podem causar o envelhecimento prematuro da pele, tornando-a menos firme, aumentando as rugas e linhas finas e fazendo-o perder seu brilho. Uma pequena quantidade de óleo a pera espinhosa fará imediatamente a pele nutrida, escarlate, macia e suave. Óleo orgânico de Figo Barbary é apropriado para todos os tipos de pele, especialmente a pele sensível. Os ingredientes ativos naturais • Ácido graxo polinsaturado: com ele a pele fica mais macia, radiante, nutrida e protegida. • Ácido linoléico: pode ser o mais importante dos ácidos graxos essenciais à pele, o óleo biológico de figo de Barbary contém duas vezes a quantidade de ácido linoleico do óleo de argan e é usado para regenerar a camada Hidra-lipídicos da pele com uma doçura sublime. • Tocoferóis (vitamina E): O óleo INWA de figo de Barbary possui uma grande quantidade de vitamina E, que é rica em antioxidantes e tem propriedades anti radicais livres que neutralizam os mesmos

evitando o aparecimento de rugas e linhas finas. • Esterol: Este importante elemento melhora a função da barreira da pele, protegendo-a de fatores ambientais estressantes e agressivos. • Insaponificáveis: Estas agem como anti-inflamatórios que servem para regenerar e curar a pele. Cuidados e terapia • Além do seu excelente conteúdo de água, das suas propriedades antioxidantes e anti radicais livres; óleo de pera espinhosa é excelente para tratar a pele lesada e com cicatriz. • Este óleo de Figue de Barbarie pode curar significativamente pele seca e rachada e espinhas de febres, pele danificada, queimada ou afetada por queimaduras solares. Quais são os outros produtos que a INWA NATURE está preparando para lançar no mercado? INWA NATURE lançará continuadamente uma nova gama de produtos cosméticos à base de óleo de argan, óleo de figos de barbarie, mel e açafrão. Tratar-se-á principalmente de: • Creme de dia à base de óleo de semente de pera espinhosa • Creme de noite á Base óleo de argan e açafrão puro, • Champô fortificante de uso frequente com base em óleo de argan, • Creme esfoliante facial e corporal, com base no óleo barbarie, mel e açafrão

• Manteiga corporal com base em óleo de argan perfumado com almíscar, • Creme solar à base de óleo de semente de figos de barbarie. Estes produtos com 100% de ingredientes naturais foram muito apreciados por todas as mulheres que testaram como parte do nosso protocolo de validação de final. Temos a certeza de que o público português ficará agradavelmente surpreendido com esta nova gama de luxo. Qual é a estratégia de negócios que INWA NATURE terá para a comercialização de seus produtos. INWA NATURE não trata apenas de produtos de alta qualidade, mas também valoriza a partilha e a solidariedade com os nossos parceiros rurais, essencialmente mulheres nas aldeias. No que respeita a Portugal e Espanha, encontramos na empresa situada no norte de Portugal, cujo representante consideramos o embaixador dos nossos valores e também o melhor representante dos nossos produtos. Assim, nós concedemos a esta entidade a exclusividade para os mercados de Portugal e Espanha, livre para escolher a estratégia comercial e de marketing que considere mais adequada e pertinente para estes países. INWA NATURE beneficiará o seu parceiro Português com todo o seu conhecimento e saber sobre óleos de argan e de semente de figos de barbarie.


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Discutir a economia do mar “com os pés bem assentes na terra” ORGANIZADO PELO FÓRUM EMPRESARIAL DA ECONOMIA DO MAR, O II CONGRESSO ÂNCORA DECORREU EM LISBOA, NA CULTURGEST, A 14 DE NOVEMBRO DE 2013. MAIS DE 700 ENTRADAS E TRÊS DEZENAS DE ORADORES DEMONSTRARAM O INTERESSE QUE O MAR DESPERTA NOS MAIS VARIADOS SETORES DA SOCIEDADE.

A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, não faltou à convocatória e frisou, perante uma plateia atenta, a vontade do governo em “aumentar em 50 por cento o peso da economia do mar no Produto Interno Bruto (PIB) até 2020”. A Estratégia Nacional para o Mar será o instrumento desta ambição, comprometendo-se a “agilizar os investimentos na economia do mar, sobretudo na área da aquicultura”, garantiu a ministra. O congresso abriu com uma mensagem oficial remetida pelo Presidente da República, que instigou a uma “nação marítima europeia mais forte e mais desenvolvida”. Bruno Bobone, do Fórum Empresarial da Economia do Mar, reafirmou o lema do congresso, afirmando que há que “impor o mar, em definitivo, como o grande desígnio nacional”. E porque os bons exemplos são motores de evolução, o congresso deu as boas-vindas à Noruega como país convidado. Com 30 por cento do seu PIB ligado às atividades do mar, o país escandinavo assume-se, no plano da economia do mar, como um caso de desenvolvimento único, unindo recursos e vontades que lhe permitem assumir a vice-liderança mundial nas exportações de peixe e marisco. 40 por cento do transporte marítimo de petróleo e gás natural é, igualmente, norueguês e só com a aquicultura o país já faturou mais de quatro biliões de euros. O historial é impressionante e o embaixador em Portugal, Ove

Thorsheim, manifestou o interesse do seu país em desenvolver parcerias com Portugal na áreas das renováveis offshore e da aquicultura. Pescas e transportes marítimos: a lógica do valor-acrescentado As pescas e o transporte marítimo foram outros dos temas em debate. Com os portos nacionais a assumirem-se como focos de competitividade, João Franco, do Porto de Sines, frisou a necessidade de aumentar o hinterland de Sines. José Luís Cacho, do Porto de Aveiro, defendeu a importância de “fazer de Portugal um hub marítimo”, o interposto de referência entre a Europa e o resto do mundo. Marco Vale, da MSC, e Miguel Paiva Gomes, da Transinsular, convergiram na receita para aumentar o shipping em Portugal: reduzir os custos dos serviços portuários, aumentar a competitividade dos portos, melhorar as soluções logísticas e cativar novos armadores. Miguel Paiva Gomes apontou ainda a necessidade de “legislação e enquadramento fiscal adequados para a atividade dos transportes marítimos”. Em representação da Fileira do Pescado e da Gelpeixe, Manuel Tarré foi outro dos oradores a salientar as imensas oportunidades na área de

transformação do pescado, onde Portugal pode garantir produtos de valor-acrescentado. Carlos Macedo, da ArtesanalPesca, frisou a necessidade de valorizar a pesca artesanal e sustentável. O futuro reside no turismo e na aquicultura “Com os pés bem assentes na terra”, o congresso convocou ainda os protagonistas das áreas emergentes da economia do mar. Hugo Henriques apresentou o projeto do Centro Náutico de Algés, Luís Sá Couto, da OceanRevival, e Mário Ferreira, da DouroAzul, destacaram o potencial do país na área do turismo, um setor que cresce dez por cento ao ano. A Ilha dos Puxadoiros foi outro dos exemplos apresentados na área do turismo sustentável. Francisco Lufinha, campeão mundial de kitesurf, foi o vencedor na categoria de aplausos. A plateia rendeu-se à apresentação dinâmica da aventura que o levou do Porto a Lagos. 300 milhas náuticas em 29 horas de viagem non stop, um feito que lhe concedeu um recorde mundial. Apaixonado pelo deporto náutico, Francisco Lufinha quer colocar Portugal no mapa destas modalidades. A aquicultura revelou-se um dos temas quentes da jornada. Renata Serradeiro, da Sea 8, Miguel Sequeira, da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marinhos, António Farinha, da Companhia de Pescarias do Algarve, e Francisco Piedade, da Caixa Geral de Depósitos,

ocuparam a mesa para discutir a viabilidade dos projetos de aquicultura em Portugal. Da plateia sobressaíram muitas opiniões discordantes, provando que a aquicultura não é ainda uma opção consensual entre os agentes do setor. A vertente de educação e investigação não foi esquecida pela organização, que reuniu vozes autorizadas na área. João Coimbra, da Oceano XXI, Armando Teixeira Carneiro, do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), Augustin Olivier, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto, e Cardoso da Silva, em nome da Universidade Itinerante do Mar, coincidem na visão de que o mar é uma fonte inesgotável de conhecimento e riquezas.

Armando Teixeira Carneiro defendeu ainda ação inovadora do ISCIA na área da formação superior de técnicos especializados ao nível da gestão de atividades relacionadas com o mar, transportes marítimos e da gestão portuária. No encerramento do dia de trabalhos, Bruno Bobone não resistiu a defender a economia do mar como “um setor de renovada esperança para Portugal”. Dezembro 2013

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DGRM: olhos voltados para o mar O T RA N S PO RT E MARÍTIMO CO M O CA N A L D E CO M U N I CAÇÃO E V E Í C U LO DA AT I V I DA D E E CO N Ó M I CA É CA DA V E Z M A I S VA LO R I ZA D O.

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Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos é um interlocutor de peso quando falamos de economia do mar. Consciente da necessidade de agilizar processos e criar medidas práticas para o investimento, Miguel Sequeira, diretor do organismo, avança que “as soluções legislativas estão a caminho”.

E é aí que entra a DGRM. Na avaliação das potencialidades e na sua divulgação. Sim, nós temos uma função relevante nesta comunicação e na identificação de oportunidades. Estamos sob a tutela do Ministério da Agricultura e do Mar, mas possuímos autonomia administrativa. A nossa missão passa por executar políticas de preservação e conhecimento dos recursos naturais marinhos e desenvolver políticas relacionadas com a pesca, a aquicultura, a indústria transformadora e atividades conexas. Assumimos ainda responsabilidade pela segurança e pelos serviços marítimos, incluindo o setor marítimo-portuário, bem como garantir a regulamentação, a inspeção, a fiscalização, a coordenação e o controlo das atividades desenvolvidas no âmbito daquelas políticas. Olhando para as pescas, quais os principais desafios que se impõem nesta área? Em primeiro lugar há que perceber que os recursos piscícolas não são infinitos e o governo português, assim como a União Europeia (UE), têm a incumbência de proteger a sustentabilidade dos stocks. E importa saber que a UE só impõe quotas quando os estados não são capazes de intervir sobre os limites de captura. Neste momento, a DGRM aplica-se na defesa de uma pesca mais seletiva.

A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) assume um papel vital no fomento da economia do mar. Como encara o potencial económico deste setor de atividade? Nas últimas décadas esquecemos o mar, eventualmente porque passamos a encarar as atividades marítimas como demasiado tradicionais. A verdade é que a maioria das pessoas não tem noção do enorme impacto económico das atividades marítimas, mesmo as mais tradicionais como o transporte marítimo ou a pesca.

Miguel Sequeira, Diretor Geral

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Mas esse desconhecimento começa a mudar… Sim, felizmente as pessoas começam a aperceber-se da importância estratégica do mar e dos seus imensos recursos. O transporte marítimo como canal de comunicação e veículo da atividade económica é cada vez mais valorizado. E, quanto às pescas, compreendemos que é uma área onde há muito a fazer. Uma das grandes dificuldades do mar é que a grande parte do seu potencial está abaixo da linha de água e, portanto, não é visível para os cidadãos e difícil de avaliar para as autoridades.

Em que consiste este modo de pesca seletiva? No fundo, capturar as espécies alvo com as dimensões adequadas, evitando rejeições e capturas acessórias de espécies em risco ou proibidas. Mas para que isto aconteça importa garantir formação adequada aos pescadores, explicando de que modo se pode fazer uma captura mais sustentável. Por exemplo, o ano passado fizemos uma campanha promocional da cavala enquanto substituto da sardinha. E mesmo com menos sardinha capturada, os pescadores foram capazes de aumentar o seu rendimento, porque a sardinha existente foi altamente valorizada, e peixes como a cavala viram aumentar o seu valor de mercado. Os pescadores conseguiram manter a sua rentabilidade e a sustentabilidade das espécies marinhas ficou a ganhar. São este tipo de soluções que importa valorizar. Os portos nacionais demonstram ser entrepostos de desenvolvimento e competitividade. O transporte marítimo é uma oportunidade emergente?


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A N O S S A M I S S ÃO PA S S A PO R E X E C U TA R PO L Í T I CA S D E P R E S E RVAÇÃO E CO N H E C I M E N TO DOS RECURSOS N AT U RA I S MARINHOS E D E S E N VO LV E R PO L Í T I CA S R E L AC I O N A DA S CO M A P E S CA, A AQ U I C U LT U RA, A INDÚSTRIA T RA N S F O R M A D O RA E AT I V I DA D E S CO N E XA S. Os nossos portos são extremamente eficientes, mas têm limites de crescimento. Quando falamos de transporte marítimo estamos altamente dependentes do consumo interno e das exportações e, por isso, estamos limitados pela dinâmica do nosso próprio mercado. Por falar em transporte marítimo, aumentar a frota marítima com bandeira portuguesa é também um dos objetivos deste executivo? A DGRM encontra-se empenhada no aumento da frota marítima com bandeira portuguesa, mas com qualidade. Este mercado revela um forte potencial económico, sobretudo porque

estes navios movimentam muitos serviços e são, igualmente, uma importante fonte receitas fiscais. Para além das áreas tradicionais, assistimos agora ao surgimento de novas atividades como a aquicultura… Só para termos uma ideia do potencial deste setor importa dizer que 50 por cento do peixe consumido em todo o mundo é proveniente de aquicultura, enquanto em Portugal esse valor é só de três por cento. Por isso temos muito por onde crescer. Contudo, neste caso, há muito a fazer do ponto de vista legislativo. É necessário que o estado facilite os negócios na área da aquicultura e estamos a trabalhar exatamente nesse sentido. Neste momento temos a modalidade chave-na-mão, que passa por apresentar aos investidores a proposta de negócio e identificar que espécies podem ser produzidas e em que circunstâncias. Caso os investidores cumpram os requisitos a obtenção da licença de atividade será célere. A Lei de Bases de Ordenamento e da Gestão do Espaço Marítimo é um instrumento regulatório imprescindível, que se encontra atualmente para aprovação na Assembleia da República, e vai permitir dar seguimento aos projetos de investimento na área de aquicultura. O projeto de extensão da plataforma continental abre também a porta a inúmeras oportunidades e recursos marinhos de valor inestimável. Há ainda muito trabalho a fazer na exploração destes recursos. Quando falamos de recursos minerais, por exemplo, é essencial um forte trabalho de prospeção e empresas interessadas em avançar para esse diagnóstico, tendo sempre em conta a necessidade de equacionar os impactos ambientais associados. E a DRGM assume também competências ao

nível da preservação ambiental dos ambientes marinhos? Portugal comprometeu-se com importantes metas até 2020 e compete-se zelar pelo seu cumprimento. A água do nosso oceano deve ser preservada e monitorizada. Neste ponto, importa referir que o transporte marítimo é uma alternativa amiga do ambiente, especialmente quando comparada com o transporte rodoviário. A ação da DGRM tem por missão, no final de contas, a defesa constante dos interesses nacionais quando se trata da nossa relação como mar. Sim, é um trabalho árduo e constante, sempre na defesa dos interesses nacionais. Esta direção-geral conjuga interesses dos mais variados setores. É, por um lado, um facilitador da atividade económica, mas simultaneamente tem a obrigação de preservar o meio ambiente e assegurar a segurança de bens e pessoas. É um triângulo complicado, mas necessário. E ainda bem que temos estas três componentes integradas. Prefiro esgrimir estas três componentes internamente do que ter três organismos diferentes em constante procura de equilíbrio.

E M E S M O CO M MENOS SARDINHA CA PT U RA DA, O S P E S CA D O R E S F O RA M CA PAZ E S D E A U M E N TA R O S E U R E N D I M E N TO, PO RQ U E A S A R D I N H A EXISTENTE FOI A LTA M E N T E VA LO R I ZA DA, E P E I X E S CO M O A CAVA L A V I RA M A U M E N TA R O S E U VA LO R D E M E RCA D O.

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O mar é Portugal! significativos para as populações, enquanto da exploração do fundo dos mares podem advir recursos com elevado potencial. A Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 assume-se como o instrumento de governação marítima, impondo a importância de Portugal como potência marítima, por excelência, no contexto europeu. O que significa, em concreto, esta visão? A Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 foi aprovada na 10ª reunião da Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, presidida pelo primeiro-ministro e coordenada pela ministra da Agricultura e do Mar. Neste encontro o governo assumiu querer aumentar em 50 por cento o peso da economia do mar no Produto Interno Bruto até 2020. O nosso objetivo assente é este. Claro que se houver condições excecionais, e formos capazes de ultrapassar a fasquia dos 50 por cento, melhor ainda. A crise económica não pode refrear este ímpeto dinamizador? Claro que, com a crise económica, o mar sofreu, tal como sofreu toda a atividade económica. Mas o facto é que a economia do mar provou ser mais resiliente e manteve-se num plano positivo.

João Fonseca Ribeiro, Diretor Geral

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mar é o desígnio nacional rumo ao futuro e a Direção-Geral de Política do Mar é o instrumento desta vontade. João Fonseca Ribeiro é o homem forte por trás deste organismo e um otimista nato quanto ao potencial dos recursos marinhos. A “economia azul” elege o mar como protagonista e, a provar isso mesmo, Lisboa recebeu a Conferência do Atlântico, onde se lançaram as bases para uma visão estratégica comum no plano europeu. Na sua missão, a Direção-Geral de Política do Mar (DGPM) reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável e o crescimento económico. Como se conjugam estas duas vertentes?

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Quando falamos do mar, falamos de Portugal. O mar é Portugal! Em primeiro lugar, convém sublinhar que os grandes desafios futuros do mar requerem, obrigatoriamente, cooperação internacional. O mar é um desígnio para todos os portugueses, mas esta vontade exige sustentabilidade e inovação. E esta visão traz benefícios para os portugueses, para a coesão social e para a integridade do território. Isto é o que já alguns consideram “hidroestratégia”. Quais os principais desafios desta “hidroestratégia”? O mar é a última fronteira do planeta e implica desafios imensos, comparáveis à chegada do homem à lua. Com uma grande diferença, é que da chegada à lua não resultaram ganhos

A economia do mar demonstra um enorme potencial… Sem dúvida, aliás isso confirma-se pelas expetativas do governo. Por exemplo, no caso do setor das pescas, e apesar de estarmos limitados pelas restrições das quotas, obteve-se um input económico extraordinário. A valorização do produto da pesca aumentou brutalmente, nas conservas e em toda a fileira de transformação do pescado. Como sabemos, a nossa balança comercial na pesca é altamente deficitária, em grande medida porque somos um grande consumidor de peixe e vemo-nos na obrigação de importar. Uma das soluções poderá passar pela viabilização de áreas de aquicultura. Tendo em conta a capacidade de produção que reside nas nossas águas, nós temos todo o interesse em viabilizar esta exploração a pensar não só na exportação, mas também no equilíbrio da balança comercial. O transporte marítimo assume-se, igualmente, como um importante componente da economia do mar. Como pode ser valorizado numa altura em que os nossos portos são cada vez mais competitivos? Temos todo o interesse em que a linha de mercadorias, especialmente do Porto de Sines, possa ligar-se com o interior da Europa, aumentando o seu hinterland e fomentando o transhipment. A ligação ferroviária é também vital económica

e ambientalmente. O caminho-de-ferro é crucial para reduzir a pegada de carbono e para reforçar a ligação com a Europa e com o mercado ibérico. Só assim podemos assumir preponderância neste domínio. Neste ponto, a reparação naval também apresenta enorme potencial, mas deve adaptar-se às novas realidades, como a construção de plataformas offshore, e corresponder às novas exigências de design dos navios, ou da eficiência energética da propulsão. Quando falamos de economia do mar, há também áreas de conhecimento emergentes que importa desenvolver. Sim, há áreas muito atrativas. A biotecnologia marinha, ou biotecnologia azul, por exemplo, é uma área de oportunidades infinitas, onde Portugal pode assumir papel de relevo caso seja capaz de desenvolver patentes próprias. Através da utilização de tecidos ou substâncias provenientes dos habitats aquáticos poderemos obter enormes mais-valias, numa altura em que os recursos terrestres se encontram sobre explorados. Outro domínio de interesse vital para Portugal é a náutica de recreio e o turismo, onde as oportunidades são mais que muitas. Temos ainda possibilidades de inovação ao nível dos recursos do mar profundo, da exploração da energia fóssil e das renováveis offshore. Olhando agora para as infraestruturas. Quais as competências efetivas da DGPM na concretização desta estratégia? A DGPM é o órgão técnico de apoio à Comissão Interministerial dos Assuntos do Mar. Este organismo conjuga duas grandes áreas, que são as direções de serviço de estratégia e de programação. A direção de serviços de estratégia ocupa-se da formulação de estratégias de dinamização da economia do mar, da sua monitorização e dos projetos de cooperação internacional. Por outro lado, a direção de serviços de programação é responsável pela implementação dos programas de ação e pela captação de investimentos estratégicos. É um serviço imprescindível ao desenvolvimento de uma economia do mar sustentável. A Conferência do Atlântico 2013, que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa nos dias 4 e 5 de dezembro, reuniu um grupo de países europeus para falar das potencialidades deste oceano. Quais as principais conclusões? Este fórum de debate elegeu o “crescimento azul do Atlântico” como mote e permitiu discutir a estratégia do Atlântico, que consiste numa visão macro partilhada pelos países atlânticos da Europa, envolvendo Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido. É um modelo de cooperação que visa uma política marítima integrada e a partilha de experiências, sem prescindir, igualmente do contributo de outros países banhados pelo Atlântico. Apraz-me dizer que nestes fóruns, a voz de Portugal é muito importante, devido à nossa posição estratégica e à extensão da nossa plataforma continental. É um orgulho saber que somos vistos como uma autoridade nos assuntos marítimos.


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Comida Mediterrânea Caldeirada Mediterrânea 6 doses Valor calórico Total: 1598,5Kcal Valor calórico por porção: 266Kcal Valor calórico do acompanhamento (porção 100g): 127Kcal Ingredientes 300 g de camarão 300 g de lula em anéis 300 g de robalo 5 unid. de tomate 2 dentes de alho picado 2 unid. de cebola picada 50 ml de azeite 30 g de salsa picada 50 ml de vinho branco seco 100 ml de caldo de peixe Sal e pimenta q.b. Aqueça o azeite. Refogue a cebola e o alho em fogo baixo. Use uma panela funda. Quando começar a dourar, adicione os tomates, o vinho branco e o caldo de peixe. Cozinhe por uns 10 minutos. Tempere com sal. Adicione primeiro o peixe, deixe cozinhar por três minutos, adicione o camarão e a lula e deixe cozinhar por mais três minutos ou até ficarem no ponto. Desligue o fogo, adicione a pimenta e, a salsa e sirva. Acompanhamento: arroz branco simples.

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s terras que se encontram ao redor do Mediterrâneo partilham uma longa história, em que intervieram vários povos, e um clima muito especial, o que permite que exista uma culinária mediterrânea bem rica. Esta dieta é característica dos países da bacia do Mediterrâneo. A designação “dieta mediterrânea” resultou de um estudo dos hábitos alimentares da população da bacia do mediterrâneo iniciado na década de 50. Este estudo revelou que essas populações apresentavam uma reduzida incidência de síndromes relacionados com a alimentação, nomeadamente um índice menor de doenças cardiovasculares e maior longevidade. Características Dentro dos países do mediterrâneo, apesar de existirem diferenças em relação às dietas tradicionais, todas elas apresentam as seguintes características: • Consumo de alimentos frescos, da época e da região, sem qualquer tipo de processamento químico; • O pão é uma presença bastante frequente neste tipo de dieta, não só como acompanhamento mas também como parte integrante de alguns pratos típicos de Portugal; • Os legumes, ervas aromáticas, frutas frescas e

os frutos secos são consumidos com frequência; • A gordura consumida neste tipo de dieta é maioritariamente de origem vegetal, quase toda sob a forma de óleos: azeite é a principal fonte de gordura, óleos de frutos secos e óleo de peixe. A banha de porco é usada em percentagens bastante reduzidas, o mesmo se passando com a margarina e manteiga; • Existe um consumo bastante baixo relativamente ao leite, iogurte, queijo e carne vermelha; • Existe um consumo moderado de ovos, aves e peixes, sendo este último a principal fonte de proteínas; • A principal sobremesa são as frutas frescas; • Açúcares refinados e mel são consumidos muito raramente; • O vinho é consumido com moderação, principalmente às refeições. Benefícios • Frutas e hortaliças possuem grande quantidade de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes que ajudam a prevenir o cancro. • Cereais contém hidratos de carbono que fornecem energia para o nosso organismo, sendo que os integrais, além de fornecerem energia, também são fontes de fibras, nutrientes, minerais (zinco, fósforo, magnésio) e vitaminas.

• Leguminosas são fundamentais para uma alimentação saudável, possuem fibras e proteínas vegetais, e por isso, o consumo regular combate a obstipação, evitando o cancro do intestino e diminuindo o nível do mau colesterol (LDL), prevenindo o aparecimento de doenças cardiovasculares. • Oleaginosas fornecem as gorduras boas (mono e polinsaturadas), que ajudam a reduzir o colesterol. Possuem vitamina E e selénio, que apresentam importante acção antioxidante. • Peixes são ricos em ácidos gordos ómega 3, proporcionando à nossa saúde diversos benefícios, como a diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral, redução da pressão arterial, acção anti-inflamatória, diminuição dos valores de triglicéridos e colesterol total no sangue. • Leite e derivados são fontes de cálcio que contribuem para a prevenção da osteoporose. • Vinho tinto possui na sua composição uma alta quantidade de flavonóides (antioxidantes). A bebida evita a formação de placas de gorduras na parte interna dos vasos sanguíneos, o que diminui o risco de doenças cardiovasculares. • Azeite é rico em ácidos gordos monoinsaturados, que auxiliam no aumento do colesterol “bom” (HDL), favorecendo o nosso coração.

Autora ALICE COUTO Nutricionista – Holmes Place - Arrábida

A DESIGNAÇÃO “DIETA MEDITERRÂNEA” RESULTOU DE UM ESTUDO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DA POPULAÇÃO DA BACIA DO MEDITERRÂNEO INICIADO NA DÉCADA DE 50.

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Garantia de qualidade

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o contexto da sua missão de criar as condições adequadas e um serviço de qualidade para a produção e comercialização do pescado, a Docapesca desenvolveu o CCL - Comprovativo de Compra em Lota, uma marca para o pescado fresco das lotas portuguesas, materializado numa etiqueta para colocação nos pontos de venda ao público. O principal objetivo desta etiqueta é dar informação de valor acrescentado ao consumidor final, garantindo a rastreabilidade do pescado, bem como a sua valorização quantitativa e qualitativa, contribuindo assim para a sustentabilidade e rentabilidade do sector da pesca Português. Lançada em 2010, a etiqueta CCL teve no presente ano, a sua imagem renovada, desta vez incluindo o nome da lota de origem do pescado, uma informação que aproxima o produto ao consumidor, potenciando a decisão de compra. Este Projeto tem atualmente protocolos com 6 grandes superfícies comerciais, 10 Câmaras Municipais e os cerca de 18.218 suportes com a insígnia CCL distribuídos pela Docapesca podem ser encontrados em 1397 pontos de venda em todo o país. No passado mês de Outubro, o projeto Comprovativo de Compra em Lota - Valorização do Pescado Português, foi distinguido nos Green Project Awards Portugal, com uma Menção Honrosa na categoria “Iniciativa de Mobilização SIC Notícias”, pelas ações de valorização do pescado nacional.

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O projeto da Docapesca foi galardoado nesta categoria que premiou campanhas, ações e outras iniciativas que tenham produzido impacto na comunidade e que pretendam sensibilizar, informar e despertar a sociedade para um futuro sustentável. Efetivamente, a Docapesca tem vindo a desenvolver continuamente, desde 2012, as Campanhas de Valorização da Cavala e do Polvo, através de um conjunto de ações nos mercados municipais e grandes superfícies, ao longo de todo o país, onde os visitantes podem participar em aulas de culinária gratuitas ministradas por Chefs das Escolas de Hotelaria e Turismo da região. Os resultados têm sido muito positivos, quer do ponto de vista ambiental, com a diminuição das rejeições e aumento da procura, com mais de 20% de aumento nas transações de Cavala em lota, conferindo valor a esta espécie e promovendo uma alimentação mais saudável. O pescado é um dos alimentos predominantes na Dieta Mediterrânica, e a Cavala é um exemplo de uma espécie da nossa costa, mais ricas do ponto de vista nutricional. Rica em proteínas (com um teor idêntico ao da carne e constituída por todos os aminoácidos essenciais e não essenciais) e em ácidos gordos da série ómega-3, reconhecidos em diversos estudos, pelo seu papel protetor sobre o sistema cardiovascular e cerebrovascular e preventivo sobre doenças como cancro, aterosclerose e Alzheimer. Os estudos revelam também que as propriedades dos ácidos ómega-3 são igualmente importantes no tratamento da artrite reumatoide, da asma e na redução do risco de diabetes tipo 2 em pessoas com obesidade. Para fornecer a dose diária recomendada de 500mg de ómega 3 (EPA+DHA), são necessários apenas 15 g de Cavala, o que reforça a posição desta espécie como uma alternativa alimentar rica, proveniente de um recurso nacional e económica. A Docapesca é uma empresa de capitais públicos e uma importante empresa do sector da pesca em Portugal, responsável por 21 lotas e mais de 40 postos de venda de pescado, distribuídos ao longo de todo o território continental português, prestando um variado leque de serviços de apoio à pesca, garantindo a segurança dos dados estatísticos e a eficácia de uma cadeia de valor que confere eficiência e rentabilidade tanto para a própria empresa como para os seus parceiros sociais.


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Loja das Conservas: o sabor de Portugal ABERTA HÁ POUCOS MESES, A LOJA DAS CONSERVAS JÁ CONTA MUITOS CLIENTES FIÉIS. COM MAIS DE TRÊS CENTENAS DE CONSERVAS DIFERENTES, ESTE ESPAÇO QUER RECONCILIAR OS PORTUGUESES COM UM DOS SEUS PRODUTOS MAIS TÍPICOS. NÃO RESISTA E DEIXE - SE CONQUISTAR PELO SABOR DE PORTUGAL.

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ais de 300 variedades diferentes de conservas, 15 indústrias conserveiras, preços que oscilam entre os 1,15 e os 15 euros, marcas únicas no mercado português. Tudo isto está à sua espera na Loja das Conservas, na Rua do Arsenal, em pleno centro lisboeta. A iniciativa tem o carimbo da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP) e pretende assumir-se como uma montra privilegiada do que melhor se faz no nosso país no setor. Nos escaparates, a atenção recai no colorido que pinta as embalagens de sardinha, cavala ou atum. Fumadas, picantes, aromáticas ou com o toque suave do azeite, as conservas são as verdadeiras protagonistas deste espaço acolhedor. O vasto lote de indústrias é composto pela Belamar, pela Briosa, pela Cofisa, pela Comur, pela Conserveira do Sul, pela ESIP, pela La Gondola, pela Luças, pela Marina, pela Pinhais, pela Portugal Norte, ela Poveira, pela Ramirez, pela Freitas Mar e pela Vianapesca. Numa indústria que tem apostado forte na exportação, a Loja das Conservas é o projeto que quer reaproximar os portugueses de um dos seus produtos mais típicos. Reavaliadas no mercado gourmet, as conservas voltam a ser reconhecidas pelo seu elevado valor nutricional. Sem adição de corantes ou conservantes, as conservas preservam as qualidades naturais do peixe e potenciam o seu valor nutricional. Conservas únicas em Portugal O mostruário dá a conhecer no mercado nacional marcas exclusivamente vendidas no estrangeiro. Casos como a The Queen of the Coast, orientada para o mercado dos EUA, e a Cocagne, dirigida aos países do Benelux, produzidas pela Ramirez, são alvo de muita procura. A Porthos é outra das marcas só disponível no mercado asiático, assim como a Marina, exportada unicamente para Itália. Estas ofertas atraem muitos turistas, mas também um número crescente de clientes portugueses. Os consumidores nacionais vão e regressam. A excelente relação qualidade/ preço dos produtos e a diversidade são os principais atrativos da loja. Dezembro 2013

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“O mar faz parte da nossa identidade nacional”

Ove Thorsheim, Embaixador da Noruega em Portugal

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Cabo da Roca é o ponto mais ocidental da Europa e o Cabo Norte, na Noruega, é vulgarmente considerado o ponto mais setentrional do velho continente. Separados pela geografia, Portugal e Noruega, encontram-se no mar. Numa altura em que Portugal quer valorizar o impacto da economia do mar no país, importa olhar para norte. 30 por cento do Produto Interno Bruto norueguês está ligado às atividades do

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mar e o embaixador da Noruega em Portugal, Ove Thorsheim, explica-nos porquê. Contas feitas, o bacalhau é a única coisa que une Portugal e Noruega? (Risos) O que une Portugal e a Noruega é, de facto, o mar! O bacalhau é apenas um produto que a Noruega exporta para Portugal, à semelhança de muitas outras espécies de peixes e fileiras de produtos. Da nossa parte, importamos

fundamentalmente têxteis e cada vez mais calçado, assim como produtos agrícolas, especialmente peras e o incontornável vinho. Mas o mar é a nossa principal ligação e, a provar isso mesmo, estive presente na X Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, que se realizou no Dia Nacional do Mar em Sines. A Noruega é um dos mais fortes parceiros deste ressurgimento da economia do mar em Portugal e queremos assumirmo-nos como um aliado de futuro.

Ultrapassando as transações comerciais, o que têm em comum estes dois países aparentemente tão distantes? Fundamentalmente o facto de sermos duas nações eminentemente costeiras. O contacto com o mar é vital para os nossos povos e é parte importante das nossas identidades nacionais. Os países de tradição costeira têm muito em comum. Revelam uma maior abertura face ao resto do mundo, porque estão habituados a


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comunicar através do mar. Isto une-nos muito mais do que os quilómetros que nos separam. Partilhamos, de certo modo, uma mesma cultura. Por exemplo, os muitos engenheiros que agora elegem as empresas norueguesas como destino de trabalho têm uma integração muito fácil. As próprias empresas assumem que é mais intuitivo trabalhar com portugueses do que com outros europeus, exatamente porque partilhamos a mesma visão e cultura de dois países voltados para o mar. Mas a verdade é que Noruega foi capaz de desenvolver a sua missão marítima de modo muito mais eficaz que Portugal. Como podemos fortalecer a nossa economia do mar guiados pelo exemplo norueguês? Começámos pelas pescas e só mais tarde desenvolvemos a vertente do comércio marítimo. Nos anos ’60 encontramos petróleo no nosso mar e isso, claro, deu uma grande ajuda. Portugal foi pioneiro no comércio marítimo e só é necessário resgatar essa tradição. Penso que temos muitas áreas onde podemos desenvolver trabalho em comum, como na área das renováveis, já que Portugal tem investigação muito boa no campo da energia das ondas. A Blue Biotechnology é outro dos potenciais a explorar. O que se pode esperar desta Blue Technology? Ainda temos pouco conhecimentos das suas reais potencialidades, mas, neste momento, Portugal e Noruega usufruem de conhecimentos complementares que podem partilhar para desenvolver trabalho conjunto. Os minerais existentes nas profundezas dos nossos mares eram totalmente desconhecidos há apenas algumas décadas atrás. Ainda não temos tecnologia apta a efetuar uma exploração eficiente, mas com apostas certeiras

“OS MINERAIS EXISTENTES NAS PROFUNDEZAS DOS NOSSOS MARES ERAM TOTALMENTE DESCONHECIDOS HÁ APENAS ALGUMAS DÉCADAS ATRÁS. AINDA NÃO TEMOS TECNOLOGIA APTA A EFETUAR UMA EXPLORAÇÃO EFICIENTE, MAS COM APOSTAS CERTEIRAS PODEMOS INVERTER ESTA SITUAÇÃO”

podemos inverter esta situação. Basta pensar que há 50 anos explorar petróleo a grande profundidade parecia uma ideia completamente louca e hoje isso é uma realidade comum. Penso que se unirmos esforços conseguiremos encontrar o caminho para o filão de riquezas que habita no fundo dos nossos mares. A Noruega também foi capaz de desenvolver uma poderosa indústria naval. Portugal tem condições para afirmar-se como uma potência logística de primeiro plano? Portugal abandonou o comércio marítimo a partir do momento em que se desligou das suas ex-colónias. Isso levou a que o imenso conhecimento adquirido se tenha perdido, depauperando o potencial marítimo português. O facto é que Portugal possui ótimos portos e é surpreendente que não tenha uma frota maior, mas a Noruega está disposta a colaborar com Portugal na revitalização deste património marítimo. Portugal e Noruega possuem as maiores Zonas Económicas Exclusivas do continente europeu. Contudo, os noruegueses conseguiram valorizar este potencial, com a economia do mar a representar 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), e em Portugal esta aposta permanece na sombra. Podemos trabalhar este enorme espaço através da investigação conjunta, explorando mais recursos marinhos para além do peixe. Na Noruega encontramo-nos agora a desenvolver o krill, uma espécie de mini camarão, que serve de alimento para outros peixes, mas também pode vir a servir para alimentar os humanos. E Portugal possui uma ampla diversidade de algas que pode e deve ser otimizada e apta a um consumo de valor-acrescentado. Mas quero salientar que a Noruega está disponível para investir forte nas novas potencialidades da economia do mar em Portugal e são cada vez mais as empresas portuguesas a instalarem-se no país. Como observa a vontade de Portugal expandir a sua plataforma continental? Penso que é algo que todos os países devem fazer, já que é permitido ao abrigo das leis internacionais e dos regulamentos da própria ONU. A extensão da plataforma continental constitui um fator de estabilização, porque se define, em concreto, quem tem o direito e a responsabilidade de olhar por aquelas águas e pelos seus recursos. O mar é o nosso elemento comum, mas temos outros pontos de encontro… Em primeiro lugar, o facto de termos uma população mais reduzida permite-nos desenvolver parcerias em áreas estratégicas como a saúde pública, onde espero que possamos partilhar mais experiências. Possuímos a mesma cultura europeia e um património comum. Atualmente, por exemplo, estamos a mapear a presença judaica em Portugal. Portugal e Noruega partilham uma importante cultura judaica e considero que com mais conhecimento poderemos criar conhecimento e gerar, inclusive, novos fluxos turísticos.

“PORTUGAL E NORUEGA PARTILHAM UMA IMPORTANTE CULTURA JUDAICA E CONSIDERO QUE COM MAIS CONHECIMENTO PODEREMOS CRIAR CONHECIMENTO E GERAR, INCLUSIVE, NOVOS FLUXOS TURÍSTICOS” Situada na parte ocidental da península da Escandinávia, a Noruega ocupa uma área 385 199 quilómetros quadrados e reúne uma população de mais de 4,9 milhões. Com uma paisagem continental dominada pelas montanhas, platôs e fiordes, a Noruega agrega mais de 150 mil ilhas. A sua capital, Oslo, destaca-se como a cidade mais populosa, com mais de 830 mil habitantes. A base do poder político norueguês assenta numa monarquia constitucional unitária com um sistema parlamentar de governo. Com o segundo maior PIB per capita do mundo, a Noruega é também exemplo no Índice de Desenvolvimento Humano. Num país onde as atividades da economia do mar valem 30 por cento do PIB, a Noruega é o segundo maior exportador de peixe e marisco do mundo e tem a maior produção mundial de aquicultura, controlando dez por cento da frota pesqueira mundial e afirmando-se como uma potência na construção naval. Os recursos naturais em abundância, incluindo petróleo, energia hidroelétrica, espécies marinhas e minerais, explicam os altos padrões de vida do país. Grandes reservas de petróleo e gás natural foram descobertas na década de ‘60, o que levou a um boom económico, responsável pela Noruega que temos hoje, assumidamente um dos países mais desenvolvidos do mundo.

“O CONTACTO COM O MAR É VITAL PARA OS NOSSOS POVOS E É PARTE IMPORTANTE DAS NOSSAS IDENTIDADES NACIONAIS”

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Gelpeixe na defesa do “melhor peixe do mundo” de proveniente da Noruega, é considerado um produto tipicamente português. O bacalhau é património nacional, é transformado aqui e deve ser exportado como um produto português. Como define o estado atual da indústria de transformação de pescado? Está em franco crescimento, sobretudo considerando que vivemos um período de crise e o consumo de conservas tende a aumentar. Mas o peixe fresco também se encontra em franca progressão nos mercados internacionais. Hoje em dia, a indústria deve preocupar-se em oferecer um produto diferenciado, propondo soluções mais fáceis de cozinhar, mais económicas ou gourmet. Há a necessidade de desenvolver soluções aptas a corresponder às necessidades dos diversos nichos de mercado. Nós, empresários, temos que ser todos os dias criativos.

Manuel Tarré, Presidente do Conselho de Administração

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dia, estamos atolados em organismos que não fazem sentido, que prejudicam o desenvolvimento das empresas e da economia do mar. Há demasiadas burocracias e perde-se a nitidez do que é o supremo interesse do país.

Considerando a importância estratégica da Gelpeixe na Fileira do Pescado, qual a sua visão no que se refere à economia do mar? No essencial, defendo que a economia do mar precisa de uma grande reviravolta. Hoje em

Como se pode “dar a volta” a esta situação? Todos nós queremos que as estruturas se revelem mais ligeiras e que sejam orientadas por pessoas capazes de tomar decisões rápidas, objetivas e concisas. Há muitos empresários interessados em investir na economia do mar, mas o governo continua lento nas soluções legislativas e na aprovação de projetos. Neste momento, as políticas estatais são autênticos veículos demolidores de entusiasmo. É indecente o tempo que os projetos demoram a ser aprovados e uma falta de respeito por quem está disposto a investir. Precisamos de bom senso no país, na economia nacional e na economia do mar.

onsiderada uma empresa de referência no mercado nacional de transformação e comercialização de alimentos ultracongelados, a Gelpeixe nasceu e desenvolveu-se no seio da família Tarré. No mercado desde 1977, a empresa mantém a estrutura familiar, mas a ambição, essa, já extravasou as fronteiras há muito. Manuel Tarré, presidente do Conselho de Administração da Gelpeixe, é um homem de visão e uma voz de autoridade quando falamos de economia do mar e da Fileira do Pescado. Ao País Positivo falou das potencialidades do futuro, sem esquecer as fragilidades do presente.

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Apesar de tudo, as exportações de peixe português evidenciam um crescimento constante… Neste caso, falo em nome da Fileira do Pescado. Todos os produtores e indústria estão unidos na promoção do consumo do peixe português, pois trata-se do “melhor peixe do mundo”. E quando falo em peixe português não é só o peixe pescado em águas portuguesas, mas todo aquele que é preparado por mãos portuguesas. Até porque a forma como confecionamos o peixe em Portugal é muito apreciada, por nós e pelos turistas que nos visitam. A diferenciação reside também, então, no modo de preparação? Sim, o peixe que importamos, porque obviamente não conseguimos pescar todas as espécies em águas portuguesas, ganha valor-acrescentado, devido à preparação que recebe em Portugal. Por exemplo, o bacalhau, apesar

Então foi a criatividade o segredo da Gelpeixe, que é uma empresa histórica em Portugal e continua a ser um caso de sucesso quando passam mais de 36 anos da sua fundação? A nossa visão passa, fundamentalmente, por afirmar a Gelpeixe como um garante de qualidade e confiança. A política de confiança junto dos clientes, os rigorosos padrões de qualidade de seleção de fornecedores e as certificações pela norma NP EN ISO 9001:2000 e pela norma NP EN ISO 22000:2005 fazem da Gelpeixe uma empresa de referência no mercado e um parceiro seguro. Mas, obviamente, também apostamos na inovação, desenvolvendo novos produtos e soluções mais adaptadas aos padrões de consumo da atualidade. A nossa preocupação diária é manter a nossa quota de mercado em Portugal e continuar a crescer nos mercados internacionais. Somos provavelmente uma empresa de referência neste setor e desejamos continuar a oferecer qualidade ao melhor preço. E no que se refere à exportação? Quais os vossos mercados prioritários? Estamos presentes na grande maioria dos países europeus e atuamos também nos PALOP, ou seja Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, assim como em Macau. Neste momento, estamos a tentar abrir novos mercados na América do Sul. Em termos de números, o nosso maior mercado de exportação é Angola, esperando este ano atingirmos 10% do valor da faturação total.


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Considerando a importância do mercado angolano, a Gelpeixe prevê efetuar novos investimentos? Os PALOP, e especialmente Angola, são mercados determinantes para nós, não só devido ao potencial de crescimento, mas, fundamentalmente, pelo apreço pelas marcas portuguesas. Atualmente, estamos a avaliar a possibilidade de construir uma unidade local de produção em território angolano, mas ainda há muito trabalho a fazer. A Gelpeixe assume-se também como um importante exportador de conhecimento, principalmente no caso dos PALOP? Certamente que neste contexto a Gelpeixe é responsável pela transferência de conhecimento e know-how, contribuindo para o desenvolvimento da indústria do peixe nestes países irmãos. O mercado dos PALOP, ao contrário do que muita gente pensa, é bastante exigente. As empresas que subsistem são as que apostam no serviço de qualidade. Claro que nestes mercados o fator preço é determinante, mas a forma como se apresenta o produto é vital. A Gelpeixe, seja em que mercado for, pugna sempre por uma postura transparente e honesta. Só assim se conquista a confiança de fornecedores e consumidores. À postura combativa no mercado junta-se uma política de responsabilidade social efetiva. A Gelpeixe é uma empresa de pessoas para pessoas… A postura da Gelpeixe é de responsabilidade social, respeito total pelas normas laborais e pelos nossos colaboradores. Somos uma grande família e, porventura, foi por isso que recebemos o prémio Excelência no Trabalho, atribuído pela Heidrick & Struggles e pelo ISCTE, em 2011/2012 e fomos considerados a melhor empresa para trabalhar em Portugal em

2010. Simultaneamente, a Gelpeixe assume um papel interveniente junto da comunidade de Loures, concelho onde estamos implantados desde o início de atividade. Durante todos estes anos, desenvolvemos uma relação de proximidade com a população e o poder local. Conhecemos, de perto, as carências desta população e contribuímos para mitigar essas necessidades. Tentamos ser um veículo dinamizador da atividade social e empresarial desta região. Não estamos alheios às carências que nos rodeiam e, por isso, apoiamos instituições e realizamos donativos. O prazer de dar é muito maior do que o de receber. Esta é a nossa visão.

HÁ M UI TOS EM PRESÁRI OS I NTERESSAD OS EM I NVESTI R NA ECONOM I A D O M AR, M AS O GOVERNO CONTI NUA LENTO NAS SOL UÇÕES LEGI SL ATI VAS E NA APROVAÇÃO D E PROJ ETOS.

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O melhor linguado em produção sustentável E N T R E V I S TA A A N D R É B RAVO, M E M B RO D O CO M I T É D E D I R E ÇÃO, E R E N ATA S E R RA D E I RO, D I R E TO RA G E RA L DA S E A8 PO RTO.

André Bravo e Renata Serradeiro

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e que forma é que veem o mar e quais são as potencialidades da economia do mar? O interesse pelo mar não é recente, já há muitos anos que se tem vindo a concretizar algum investimento neste recurso. Relativamente à aquacultura em concreto, o que temos vindo a assistir é ao encerramento de algumas unidades e o investimento, como o da Sea8, por exemplo, é quase inexistente. No entanto, o potencial existe e existem áreas onde Portugal pode ser muito competitivo. Temos uma enorme plataforma marítima e temos que saber retirar o máximo de proveitos, mas a verdade é que também temos que nos focar bem naquilo que podemos ou não fazer. Por exemplo, existem áreas onde claramente não podemos apostar por não sermos competitivos, como por exemplo a produção de peixe em offshore. Comparativamente com a Grécia

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e a Turquia, Portugal não possui condições ambientais que permitam este tipo de exploração a um custo competitivo, mas podemos apostar em outras formas de aquacultura que nos permitem retirar mais proveitos, rentabilidade e qualidade. Às vezes, é preocupante assistir ao que está a ser feito em termos de planeamento das áreas costeiras porque só se fala em offshore. Realmente as explorações em offshore poderão ser muito proveitosas, mas aplicam-se na sua maioria aos bivalves do Algarve. E os investimentos onshore também são vitais para a economia do mar… Sem dúvida. As empresas têm que ser competitivas e nenhuma empresa vai produzir robalo e dourada em offshore quando noutros locais existem condições para a produção com muito menos custos. Podem existir tecnologias que garantam que o peixe não escapa ou que as

jaulas não sejam danificadas com o temporal, mas depois as pessoas conseguirem lá chegar diariamente para alimentar o peixe é muito complicado. Do ponto de vista operacional, estas explorações são menos rentáveis porque o peixe tem que ser alimentado todos os dias e se não for perde peso e quando isso acontece sobe o custo unitário e portanto se temos uma costa complicada, onde os temporais são frequentes e temos alguns dias por ano onde não é possível alimentar os animais, sem falar do perfil de temperaturas… Ou seja, existem um sem número de fatores naturais e ambientais que não são possíveis de contornar e isso mostra bem que, ao invés de pensarmos tanto em termos de offshore, devíamos apostar mais nos esteiros, nos sistemas onshore e na recirculação já que em offshore, existem outros locais com melhores condições do que Portugal e o investidor tem tudo isso em linha de conta.

Mas repare-se que a exploração offshore também se pode fazer em Portugal, existem exemplos de áreas e espécies que não sofrem com os problemas das intempéries ou falta de alimentação, mas não podemos olhar para esta forma de aquacultura como sendo a única. Aquacria e Sea8 Como surgiu a Aquacria? A Aquacria foi criada em 1996 com capital norueguês e começou a sua atividade no ano seguinte, altura em que foi instalado um sistema de recirculação que começou por ser uma estrutura piloto e durante muitos anos fomos desenvolvendo tecnologicamente aquilo que foi instalado e isso não permitiu que a empresa fosse viável, financeiramente. Durante cinco anos estivemos a desenvolver o sistema previsto para produzir pregado, mas em 2005,


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o grupo norueguês abandonou a empresa e o capital foi adquirido por duas empresas de capital de risco e, nesse momento, a empresa sofreu uma reestruturação, assim como o próprio sistema tecnológico e, começamos, finalmente, a produzir pregado de forma estável, atingindo as 120 toneladas/ano. Em 2010, a empresa faz um investimento de 2,5 milhões de euros e instala um novo equipamento e, em 2012, a Sea8 adquire a totalidade do capital e muda-se, novamente o paradigma. Passamos a introduzir, lentamente, o linguado na produção e, hoje, a nossa produção dedica-se totalmente ao linguado. Em Abril de 2012, a Aquacria foi adquirida pela Sea8. O que terá sustentado o interesse deste investidor? Creio que o principal interesse da Sea8 foi o facto de termos uma tecnologia sustentável. A Sea8 pretendia investir no setor e valoriza a produção sustentável de alimentos de qualidade. O facto de o projeto e a tecnologia assentarem nessa base despertou o interesse. Este tipo de produção mais controlada também permite uma melhor gestão do risco e da própria produção, o que nem sempre acontece na aquacultura. A par, a Sea8 pretende afirmar-se como um player importante na produção de linguado em termos mundiais. E isso permite-nos um crescimento que, de outra forma, não seria possível. A Sea8 é o veículo de investimento para a área da aquacultura de um fundo de investimento de capital espanhol. Existe um interesse estratégico e de longo prazo em investimentos sustentáveis e este fundo está, neste momento, focado em duas áreas distintas na produção primária: uma vertente é a de investimentos em aquacultura e a outra é a de produção de azeitona. A Sea8 tem ambições

muito grandes e esperamos conseguir concretizá-las. De momento, o nosso primeiro objetivo será elevar esta produção de linguado a um nível de duas mil toneladas, o que poderá suceder através de uma expansão do que temos atualmente em Portugal, através da construção de novas unidades em Portugal ou em Espanha, por aquisição de outras empresas ou através de contratos de gestão. Há uma aposta muito grande neste projeto e uma confiança enorme nesta tecnologia, na espécie e na equipa que está no terreno a executar. A Sea8 está muito focada neste projeto e no seu sucesso! Dedicando-se a Sea8 a uma aquacultura intensiva, de que forma procura preservar a sustentabilidade ambiental, minimizando os impactos negativos? O termo intensivo não significa mais poluente… Neste caso, sucede exatamente o contrário. O facto de se processar num sistema em recirculação permite-nos controlar muito melhor o principal recurso que utilizamos, a água. O volume de água que utilizamos é cerca de dois por cento daquele que seria usado em circuito aberto e, ao ser um volume muito pequeno, permite-nos tratar o efluente. Paralelamente, temos um projeto desenvolvido em parceria com a Universidade de Aveiro, a par de muitos outros que desenvolvemos com outras universidades nacionais e estrangeiras, que consiste na implementação de um sistema multitrófico de tratamento do efluente. Temos poliquetas, que se alimentam de matéria orgânica produzida pelos peixes e outras plantas, algumas com interesse comercial como a Salicornia, e também estamos a realizar testes com micro-algas e com bivalves, seres vivos que vão, no fundo, “limpar a água” ao mesmo tempo que otimizam a utilização dos nutrientes. Dezembro 2013

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O Mar como horizonte… Potenciar o Algarve, Um oceano de certezas agilizando processos na Estratégia 2020 “SOU ALGARVIO E A MINHA RUA TEM O MAR AO FUNDO...” ANTÓNIO DA ENCARNAÇÃO PEREIRA

GILBERTO VIEGAS É O HOMEM POR TRÁS DO CARGO DE DIRETOR REGIONAL DE ECONOMIA DO ALGARVE E, EM ENTREVISTA AO PAÍS POSITIVO, APRESENTA- NOS A SUA VISÃO PESSOAL E INSTITUCIONAL SOBRE AS POTENCIALIDADES DO ALGARVE E DA ECONOMIA DO MAR.

A Estratégia do MAR Algarve no horizonte de uma Europa mais Inteligente, Sustentável e Inclusiva O novo ciclo 2014-2020, não fugindo a esta dinâmica, aponta como necessário o reforço da orientação para os processos de inovação e para as estratégias de especialização inteligente, mas também permite constatar que a região, consolidou um modelo que se mostra pouco eficaz na criação permanente de emprego e com grande sensibilidade à desaceleração económica induzida por fatores externos.

David Jorge Mascarenhas dos Santos

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riqueza do mar do Algarve compreende-se facilmente se olharmos para o recorte da sua costa entre lagunas e estuários. A esta conjunção de dinâmicas, associam-se ainda os movimentos ascendentes e descendentes das correntes quentes de África e frias do atlântico, conjugada com a entrada para o mediterrâneo, fazendo com que este mar possua caraterísticas excecionais. Dos fenícios aos romanos, dos povos árabes à coroa portuguesa, o Reino dos Algarves (o ocidente do Al Andaluz), na periferia da periferia da Europa, era sinónimo de uma fachada atlântica com uma posição estratégica para o Mediterrâneo e território de “…bons portos, bom peixe e bom sal…”. Esta combinação de fatores competitivos: uma posição geográfica estratégica, portos de águas calmas, recursos naturais abundantes, transformaram a região num centro exportador para as diversas regiões do Império. No entanto a partir dos anos 60 os elevados lucros que a atividade turística vai gerar modifica definitivamente a estrutura socioeconómica e frustra qualquer tipo de investimento noutros sectores económicos a curto e a médio prazo. Mudaram-se as funções, reconverteram-se profissões, passámos de exportadores de produtos a exportadores de serviços, mas não se perdeu a vocação e o potencial do Mar.

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O Mar, mais do que um potencial regional, surge assim como um desígnio estratégico de afirmação e de valorização dos recursos endógenos, pela via da incorporação de mais-valias nas atividades, produtos e serviços e pela necessária transferência do conhecimento para o mercado. Mais do que a aposta em setores revolucionários, devemos orientar-nos para fazer melhor o que já fazemos bem e fazer do velho, novo, com base na introdução de inovação e de recursos humanos mais qualificados. Gilberto Viegas, , Diretor Regional de Economia do Algarve

Para atingir estes objetivos temos que recuperar o Mar na sua versão exportadora. Nestes domínios a aquacultura (in e offshore com particular relevo na produção de bivalves), a valorização e promoção dos produtos alimentares de origem marinha (de que a flor de sal é já um bom exemplo), a revitalização da indústria conserveira (inovando no produto e na comercialização), a aposta no leque alargado de atividades ligadas à náutica, ao lazer e desporto e aos cruzeiros, o reforço da integração dos recursos e de produtos ou serviços associados ao mar em setores como o Turismo, a Saúde, as TIC’s e a Energia, a par da investigação aplicada e da utilização de tecnologias avançadas, são o caminho de afirmação do Algarve no horizonte 2014-2020. Tendo o MAR como horizonte, estamos certos que a Região do Algarve, voltará a encontrar (tal como no passado) nos seus recursos endógenos a resposta para superação dos seus constrangimentos e um sinal de afirmação do seu potencial no contexto do Cluster Nacional do Mar. David Jorge Mascarenhas dos Santos Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve

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ntes de mais, gostaria de saber qual a sua visão pessoal relativamente ao mar e à economia do mar português. A partir do momento em que somos o país com a zona económica exclusiva mais alargada da União Europeia e das maiores ZEE mundiais, que somos um país periférico da Europa e portanto mais virado para o atlântico do que propriamente para a centralidade da zona terrestre europeia, sem dúvida alguma que Portugal tem que desfrutar de todo o potencial que constitui o mar, nas suas mais variadas vertentes de atividade e no aproveitamento desse potencial, quer na área da pesca, quer na investigação cientifica, no turismo e serviços associados, industria naval, náutica de recreio, comércio, etc..., num enorme manancial de serviços e produtos que podem ser explorados e extraídos do nosso mar. Temos que fazer deste vasto património, uma enorme janela de oportunidades do ponto de vista da economia nacional. Do ponto de vista histórico, foi o mar que nos permitiu ser grandes, como país e percursores da globalização através dos descobrimentos. Contudo, penso que ao longo dos anos, em especial nas últimas três décadas, acabamos por negligenciar essa herança natural. É, no entanto, nos tempos atuais de globalização da economia e de competitividade mundial, a hora de nos virarmos objetivamente para esse potencial de oportunidade. O mar,

quer nas áreas mais longínquas, que nos levam às 200 milhas marítimas da nossa ZEE, quer na nossa orla costeira, não está convenientemente aproveitado. De alguma forma, nalguns casos com excessos e desequilíbrios territoriais, foi aproveitada a faixa costeira com a imobiliária turística, em função do sol e praia, e algumas infraestruturas da náutica de recreio. Mas existe um conjunto suficientemente vasto de outras atividades e recursos que não foram aproveitados, designadamente nas áreas da indústria, do lazer e das várias atividades relacionadas com a área ambiental, energética e científica. Há mais de duas décadas, fizeram-se planos de ordenamento para a orla costeira que foram mais no sentido de conter ações e atividades, supostamente prejudiciais ao ambiente e à paisagem, mas com pouca visão para o investimento e o desenvolvimento sustentável, no aproveitamento das potencialidades da orla costeira e no fomento das atividades marítimas, como um contributo forte e determinante para a economia nacional e do Algarve. É tempo, portanto, de alterar paradigmas, com a revisão de planos de ordenamento e a alteração de estratégias. O Plano Estratégico Nacional do Mar 2013-2020 é já um bom indício de uma nova visão do mar e da economia associada, importa, por isso, concretizá-lo em ações práticas no território, com a participação pública e privada, num novo desafio.


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Mas no Algarve, tentou-se fazer mais do que no resto do país. Foram construídas muitas estruturas e infraestruturas de apoio ao turismo que acabaram por conseguir aproveitar as mais-valias do mar e do espaço costeiro… Fizeram-se, de facto, algumas coisas, no entanto, não direi que se fez mais do que no resto do país. Claro que as nossas particularidades, como o clima, esta proximidade com o mediterrâneo, diferenciam-nos do resto do continente de Portugal e isso faz com que a orla costeira do Algarve seja muito mais favorável a atividades relacionadas com o turismo, e não só. Mas na minha opinião deveria e podia ter-se ido mais longe. O mar do Algarve devia ter sido muito mais aproveitado do que foi nestes últimos anos. Por exemplo, o Algarve tem algumas marinas, mas a verdade é que ainda existem distancias enormes entre algumas delas. O facto é que um porto estratégico como a Baleeira, em Sagres, não oferece ainda condições de apoio à náutica turística, nem de média, nem de pequena escala, o porto de cruzeiros de Portimão e o porto comercial de Faro, têm fortes condicionalismos, para os quais foram agora anunciados cerca de 15 milhões de investimento público pelo Ministério da Economia. É um facto que a aposta no potencial económico do mar também passa pelo investimento privado, mas a verdade é que os planos e estratégias públicas deviam ter ido muito mais nesse sentido, porque a economia e a criação de emprego, a geração de riqueza será muito maior do que a aposta quase exclusiva no sol e praia. O Algarve tem um potencial enorme por si só e nós temos que ser capazes de o aproveitar, sem o destruir. Não penso que seja através da criação de santuários que conseguimos retirar as mais-valias económicas e sociais daquilo que a natureza nos deu e, simultaneamente, a salvaguarda dos valores naturais. Temos que ser capazes de transformar estas pérolas da natureza em mais-valias para o país e para a região. Não podemos ficar muitos mais anos na dependência dos fundos da união europeia ou à sombra do sol e praia, mas sermos capazes de aproveitar todo o nosso potencial marítimo e avançar para projetos e investimentos estruturantes, quer a nível privado, como a nível público, que no caso do Algarve contribuam para esbater a forte sazonalidade da nossa economia. Mas já tem existido esse cuidado, de mostrar que o Algarve é mais do que sol e praia? Sim, de facto têm existido muitos discursos nesse sentido. E temos de facto alguns exemplos concretos, como é o caso do afundamento dos navios de guerra em Portimão e a criação de corais artificiais e zonas de mergulho turístico, mas é preciso encontrar mais formas de atração turística. Por outro lado, é necessário aproveitar mais as potencialidades dos nossos portos. Considero um absurdo as condições em que se encontram alguns portos, nomeadamente o porto da Baleeira, ou seja, existe um potencial enorme que está a ser desperdiçado por falta de investimento estrutural e nós temos que ser capazes de alterar isso. E preciso criar mais infraestruturas e na orla costeira que dêem maior resposta a este tipo de turismo marítimo, seja com restaurantes, ofertas culturais, postos de abastecimento, pontos de lazer, ou seja, complementos a este género de turismo cada vez mais expressivo.

Existe, no entanto, a intenção de investir 15 milhões de euros no Porto Comercial de Faro e no Porto de Cruzeiros de Portimão… Apesar do período que vivemos, onde a austeridade impera, a intenção de investir este valor nestes dois equipamentos é, de facto, um excelente sinal de como o Governo está realmente a valorizar o turismo de cruzeiros e encara a economia do mar como um vetor de futuro. Além disso, sabemos que este investimento público irá, com certeza, atrair investimento privado e é esta espiral de investimento que queremos ver cimentada no Algarve. Importante é que a iniciativa pública potencie o investimento privado, ao invés de o castrar, como aconteceu ao longo dos anos. Não estamos em altura de colocar entraves ao investimento, precisamos sim de todos os organismos em consonância, respondendo prontamente e sendo ágeis nas respostas necessárias. Não podemos cair no erro de demorar anos a aprovar um projeto, sob pena de o perdemos. É hora de eliminar burocracias e de criar mecanismos que facilitem o investimento, sem cair também numa onda de facilitismo. No entanto, essa componente é facilmente ultrapassável se todos os organismos envolvidos na aprovação dos processos estreitarem relacionamentos e encurtarem procedimentos. Mas os processos ainda são muito burocráticos? A atuação da DRE do Algarve tem sido feita numa base de cultura da eficácia, de resposta rápida às solicitações. Essa cultura existe, os propósitos e as orientações do ministério da economia vieram nesse sentido, mas apesar disso a cultura desta casa já era no sentido de uma resposta rápida a todos os seus clientes, no sentido de que os vários licenciamentos sejam feitos de forma célere, sem gerar grandes custos de contexto. Agora, parece-me que há aspetos que se repercutem nos organismos licenciadores. Ou seja, o ordenamento do território impede que decisões mais acertadas sejam tomadas e que os licenciamentos sejam dados de forma mais célere e são estes aspetos que têm que ser vistos e revistos, de forma mais concreta e objetiva. Precisamos ter uma política de ordenamento do território que propicie o aparecimento e a concretização do investimento, e com menores custos de contexto,que ainda existem em larga escala. São estes constrangimentos ao nível do ordenamento do território que ainda inviabilizam muitos investimentos e, portanto, é hora de agilizar também estes processos porque corremos o risco de termos o tesouro e não podermos usufruir dele. Gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores? Este período de crise que estamos a atravessar deverá ser encarado como uma oportunidade. Temos que utilizar esta fase difícil e aproveitar para mudar mentalidades, métodos e formas de estar e de atuar, individual e coletivamente. Se o conseguirmos fazer, e vamos consegui-lo seguramente, conseguiremos prevenir outra crise deste género e garantiremos uma economia mais sólida e sustentada, para a região e para o país.

Saberes e sabores da Ria ENTRE O BARLAVENTO E SOTAVENTO ALGARVIO, ENCONTRAMOS UM RESTAURANTE QUE BUSCA NA RIA FORMOSA A SUA INSPIRAÇÃO E DAÍ RETIRA O QUE DE MELHOR SE PRODUZ. CONVERSAMOS COM CHEFE ALBERTO CARVALHO, DO RESTAURANTE RIA FORMOSO, DO HOTEL FARO, E ENCONTRAMOS A PÉROLA DA RIA.

Chefe Alberto Carvalho

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lberto Carvalho, chefe responsável pelo Restaurante Ria Formosa, em Faro, confidencia ao País Positivo que a sua inspiração e criatividade vem da Ria, onde “vamos buscar todos os produtos frescos que ela nos dá, nomeadamente os moluscos tão característicos”. Mas consegue também inspirar-se na serra, onde os pequenos agricultores são procurados todos os dias para fornecer a este restaurante os produtos mais frescos e mais característicos da região. Segundo o nosso entrevistado, Faro é uma terra rica em minifúndios que garantem a produção de excelentes legumes e frutas e “da minha parte, faço todos os possíveis para consumir produtos locais, frescos e da época”. Situado no centro de Faro e com uma esplanada de cortar a respiração, com a Ria Formosa como pano de fundo, o Hotel Faro caracteriza-se por ser um business hotel, ou seja, “o nosso cliente passa pouco tempo no hotel e, portanto, é um cliente que exige um bom pequeno-almoço, reforçado e com produtos

de qualidade, mas exige também um jantar rico, não em técnica, mas em termos de gastronomia típica e de qualidade”. Apesar de não apostar numa cozinha de grande transformação e técnica, Alberto Carvalho aposta numa cozinha de altíssima qualidade, com toques de requinte: “Não vale a pena inventar muito em termos de sofisticação, temos que apostar sim, na criatividade e na qualidade. Esta é a base da minha ementa. A tradição, por um lado, e por outro a inovação, onde pegamos naquilo que já existia e transformamos em requinte. No entanto, a base do nosso serviço é precisamente dar a conhecer aquilo que mais nos caracteriza”. Apostados em ser um marco de qualidade e requinte na cidade de Faro, o Restaurante Ria Formosa e o Hotel Faro é o parceiro de negócio que tanto procura, seja para empresas da cidade, como para empresas de outros cantos do país. Visite este espaço e não se irá arrepender. Prometemos-lhe uma refeição com sabores únicos, com uma vista ímpar e um serviço 5 estrelas. Dezembro 2013

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Algarve: Aberto 365 dias por ano É TEMPO DE CONTINUAR A VALORIZAR O SOL, A PRAIA E O GOLFE, MAS É TAMBÉM TEMPO DE ALAVANCAR E VALORIZAR OUTROS PRODUTOS COMPLEMENTARES.

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o sentido de melhor perceber quais as perspetivas de futuro para o Algarve e de que forma se poderá aproveitar todas as potencialidades deste destino de excelência, entramos à conversa com Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve. O Algarve está em mudança. Neste momento, trabalha-se no sentido de mostrar que o Algarve é mais do que sol e praia e que as potencialidades são muitas? Precisamente. O sol, praia e o golfe são o grande produto âncora da região, mas isso só não chega para um Algarve que queremos que tenha uma vida 365 dias por ano. No Turismo do Algarve temos procurado alavancar produtos que consideramos complementares e que não estão a ser trabalhados com o enfoque necessário, mas consideramos esses mesmos produtos essenciais para a valorização da região no seu todo. Sabemos que, de novembro a fevereiro, não podemos vender sol e praia, mas a verdade é que durante esses meses a capacidade hoteleira de excelência continua lá, assim como os produtos de natureza ligados ao BTT, à observação de aves, às caminhadas, à apreciação da fauna e flora. Mas temos também o turismo cultural, gastronómico e vinícola. Ou seja, temos uma série de potencialidades que devem estar constantemente interligadas e é esse apelo que temos feito aos agentes económicos deste setor. Os tempos mudaram e é

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necessário trabalhar em rede. Aqui há uns anos, um quarto de hotel valia por si, mas agora esse mesmo quarto de hotel tem que estar associado a produtos, experiências e inovação. É isto que o Algarve tem e precisa de ser trabalhado no sentido da sua promoção. Ou seja, diria que é tempo de continuar a valorizar o sol, a praia e o golfe, mas é também tempo de alavancar e valorizar outros produtos complementares. E foi precisamente nesse sentido que foi aprovado o Memorando do Turismo do Algarve… Exatamente. Preparamos um memorando sustentável, recolhendo contributos de várias pessoas e entidades. Procuramos, dentro desse quadro, elaborar um documento dinâmico e dar uma maior dimensão a alguns produtos. É, também, nossa preocupação estreitar laços e relações de trabalho com as autarquias porque entendemos que não existe turismo sem território e quem conhece o território são os autarcas, são aqueles que têm a responsabilidade de zelar e valorizar o que têm. No Algarve, apesar das 15 milhões de dormidas por ano, tem ainda muitas zonas genuínas, muitos locais onde não existe ainda intervenção humana, zonas calmas e tranquilas e capazes de nos proporcionar experiências únicas e nós temos que ser capazes de fazer um esforço para dar a conhecer e divulgar estas potencialidades. Apesar de haver uma preocupação por parte dos autarcas no sentido de manter o

património, não tem existido uma interligação. A verdade é exatamente essa, tem sido feita muita coisa mas não de forma interligada. Teremos uma reunião com todos os autarcas no sentido de procurar que seja criada uma interligação forte entre aquilo que são as intervenções dos municípios, de dar uma ideia global da região, acertando horários, criando redes de património… Ou seja, é necessário trabalhar em rede para que não exista desfasamento entre os municípios e a Direção Regional da Cultura. Por exemplo, muitas vezes os museus só estão abertos a horas em que ninguém os visita e quando é necessário ter as portas abertas, estas não o estão. Este trabalho está a ser feito e é, realmente hora, de os autarcas se envolverem e traçarem um caminho de futuro. O plano de ação da região de turismo do Algarve para o próximo ano visa criar estes elos de ligação, criar estas redes, estas rotas? O nosso objetivo é que os parceiros trabalhem entre si, criando parcerias, interligando produtos e dinamizando a região, promovendo-a. Temos uma região extraordinária, com muito potencial, mas que não se soube articular e organizar. O nosso esforço é no sentido da organização e é, no fundo, colocar todos a pensar numa estratégia para a região sob pena se sermos ultrapassados enquanto destino turístico de excelência. Assim, neste momento, estamos a trabalhar em conjunto com o Turismo de Portugal e os operadores no sentido de criar mais

rotas e atrair mais turistas. Por outro lado, é necessário criar condições para fidelizar os turistas que já conhecem o Algarve e isso passa precisamente pela forma como os recebemos, ou seja, temos que trabalhar no sentido de formar os nossos recursos humanos, dando-lhes ferramentas para que eles saibam bem receber, informar ou esclarecer qualquer dúvida. Mas mais uma vez este trabalho tem que ser feito de forma global, colocando todos os atores em campo e trabalhando interligados. O Algarve tem todas as condições para ser ainda melhor e o Turismo do Algarve tem que saber retirar o melhor de todas as áreas. O Turismo do Algarve tem que intervir, de uma vez por todas. Tem que intervir ao nível da segurança, tem que intervir ao nível das questões de saúde, intervir ao nível dos instrumentos de ordenamento e organização do território. Temos tentado fazer isso, mas nem sempre é fácil. Temos também que contar com a ajuda de outras entidades no sentido de agilizar processos e simplificar procedimentos, mantendo, obviamente, a defesa do território. Mas é preciso que também se entenda que é possível usufruir do território sem o destruir. Há ainda necessidade de criar santuários protegidos? Há espaço para tudo. O Algarve teve uns anos complicados ao nível da organização, do investimento desorganizado ou desadequado. Nesta altura, não é tempo de construir novos hotéis, por exemplo, penso que ao nível das estruturas base estamos bem posicionados. O levantamento de necessidades já foi feito e agora chegou a hora de requalificar, regenerar… A qualidade é um fator que, cada vez mais, se sobrepõe à quantidade e todos os agentes, públicos e privados, têm esta perceção. Agora, é uma questão de nos unirmos e começarmos a trabalhar neste campo. Além disso, as mentalidades mudaram e hoje já é possível avançar sem danificar. A consciência ambiental existe e, portanto, nenhum dos atores quer estragar as maravilhas escondidas no nosso território, mas sim potenciá-las. Dieta Mediterrânica Portugal foi responsável pela candidatura da Dieta Mediterrânica a Património da Humanidade. Poderá retirar-se mais- alias desta candidatura? Sim, penso que é mais uma ajuda. Tudo o que


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mostre e potencie a marca Algarve é bem-vindo. No entanto, a candidatura por si só não vale de muito, temos que trabalhar na promoção desta marca, na valorização e na divulgação. Por exemplo, nós recebemos prémios de Melhor Praia da Europa, Melhor Golfe da Europa…mas se não fizermos nada para divulgar estas atribuições, ninguém sabe que o temos. Não basta guardar o troféu numa prateleira, é preciso mostra-lo ao mundo. Mar 2020 O mar é um produto do Algarve? Ou melhor, através do mar há uma quantidade de produtos que podem ser alavancados, quer ao nível do turismo, como da indústria... Claramente, mas mais uma vez vamos de encontro ao que disse de início… é preciso existir interligação de todos os produtos do Algarve. O mar, por si só, é apenas um recurso. Cabe-nos a nós, agentes, tornar evidentes as potencialidades e criar as bases para a sua exploração sustentável. Por exemplo, a Universidade do Algarve tem trabalhado no sentido de revelar os recursos marinhos que possuímos, mas quando falamos em economia do mar, não nos podemos esquecer que a sustentabilidade da exploração do nosso mar passa muito pela intervenção do Estado ao nível das infraestruturas portuários, por exemplo, e isso não tem acontecido nos últimos anos. Mas já está previsto o investimento público no Porto de Portimão… É verdade, mas o Algarve é também Portimão. O Algarve tem muitos portos de pesca e de abrigo, onde a economia real mexe e que, neste momento, não têm qualquer capacidade porque o Estado simplesmente deixou de investir na sua manutenção. É preciso investir na pesca, é certo, mas é preciso que se criem condições para a atividade piscatória sob pena de desmotivarmos o investimento e, mais uma vez, assistirmos ao abandono das frotas pesqueiras. Mas o documento Mar 2020 aponta algumas áreas de intervenção chave. Quais são os investimentos prioritários para a região? Neste momento, todos os investimentos são prioritários desde que assumam um carater de diferenciação, complementaridade, inovação e formação. No que diz respeito a estruturas de raiz, o interesse no investimento pode existir

mas depois não vamos ter capacidade de dar uma resposta adequada ao investidor. Como assim? Imaginemos que existe um empresário com vontade de construir uma unidade fabril não poluente. A primeira resposta vai ser efusiva, facilitadora. No entanto, ao nível do planeamento e ordenamento do território, não vão existir áreas que permitam acolher essas indústrias e na altura em que for aprovado um novo PDM, já o investidor rumou a outras paragem e perdemos o investimento. No entanto, é também preciso mostrar aos possíveis investidores as áreas chave para a região… Claro que sim, mas a verdade é que temos que aproveitar as novas indústrias, as do conhecimento, da inovação, da formação… É verdade que o mar é um potencial não aproveitado, mas temos que conseguir potenciá-lo. Já temos tido uma evolução positiva ao nível das embarcações marítimo-turísticas e para isso muito contribuiu o aparecimento dos golfinhos, mas temos também tido muita procura ao nível do mergulho turístico. E isto são consequências

de investimentos estruturados, pensados e organizados e é precisamente aqui que temos que continuar a insistir. A sazonalidade Quando confrontado com a questão da sazonalidade, o nosso interlocutor refere que essa componente sempre existiu, mas existe no Algarve como noutras zonas do país. No entanto, “procuramos que exista um aproveitamento das infraestruturas, criando produtos que potenciem o turismo de saúde e sénio. Temos as condições, agora resta-nos vender os produtos interligados”. Existe um Plano Estratégico para o Algarve, mas é necessário que se passe do plano para a prática sob pena de nada mudar. E a verdade é que o Algarve é um pouco contraditório. Senão vejamos: Sem turistas a oferta hoteleira encerra as portas na época baixa, mas sem estas unidades abertas, os turistas também não procuram o Algarve. E é precisamente este ciclo que se pretende encerrar. “Não tem sido fácil conseguir isso, mas a imagem do Algarve de hoje já é totalmente diferente da que existia há uns anos. Hoje já vê hotéis abertos no inverno, assim como restaurantes”.

“O Mar e o Algarve no próximo período de programação” “A necessidade de definição (e implementação) de uma estratégia da região algarvia para o mar é uma constatação recorrente, ainda que pareça ter dificuldades em passar disso mesmo – uma constatação do óbvio. O Algarve encontra-se indubitavelmente ligado ao mar, remontando as raízes desta relação (que não apenas por razões de ordem geográfica) à nossa própria história. Dos descobrimentos, à indústria pesqueira, conserveira, ou ao turismo, este recurso sempre foi apontado como um dos principais fatores de desenvolvimento da região. Tal importância, sendo continuamente reconhecida, parece ter vindo a reduzir-se a um aspiração, ou a uma expressão que, tal como “turismo, setor vital para a economia nacional”, fica bem nos diversos discursos, mas que depois pouca consequência prática tem. Não gostaria que se inferisse deste meu comentário que acho que nada se tem feito. Efetivamente tal seria injusto, até porque o ainda vigente Quadro Comunitário de Apoio (QCA), que finda este ano, assumiu como prioritária esta ligação ao mar, definição esta que resultou de um aturado (e meritório) trabalho preparatório dinamizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRAlgarve) em que foi apresentada uma Agenda Regional do Mar, com relevantes contributos para o Plano de Ação para o Cluster do Mar”. “Numa região como o Algarve, qualquer estratégia de desenvolvimento do mar passará, incontornavelmente, pelo turismo que se assume como o garante da economia regional. Em si, a generalidade da cadeia de valor ligada ao setor é sinónimo de exportação, por via dos serviços prestados aos turistas, algo a considerar até numa perspetiva de internacionalização e de captação de receitas externas. Ainda que a alavancagem no turismo represente em si uma vantagem competitiva cujo efeito não será de minimizar, também o efeito poderá ser em sentido contrário, havendo a oportunidade para se requalificar e rejuvenescer o produto sol e mar, bem como para potenciar e estruturar outros elementos da oferta, como a vela ou o surf e outras atividades relacionadas à náutica, seja ela desportiva ou de recreio. “Neste período conjunturalmente adverso, em que se buscam soluções para ultrapassar a crise, poucos setores parecem ser tão consensuais como o Turismo e o Mar, ambos com grande grau de transversalidade e nos quais o Algarve parece ter todas as condições para assumir papel preponderante. Se as prioridades estão definidas, as debilidades devidamente identificadas e os princípios de atuação devidamente partilhados, cabe-nos a nós dinamizar este mar de oportunidades”.

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Câmara de Albufeira – combinação entre tradição e inovação

A PARTIR DOS ANOS 60 O TURISMO BALNEAR VIROU MODA EM ALBUFEIRA, MUITO POR CULPA DOS INGLESES. O CONCELHO DESENVOLVEU - SE A PARTIR DAÍ.

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stivemos à conversa com Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara de Albufeira, que afirma que “temos um mar calmo, areia fina, boas temperaturas. Não vale a pena falar em grandes teorias nem grandes doutrinas sobre a matéria, porque foi o mar e a praia que fizeram o turismo em Albufeira e nesta zona. A partir daí foram-se associando e criando uma série de serviços e de negócios que se desenvolveram todos com essa componente de atração praia e mar”. Porém, não pode ser só praia. O facto de ter uma costa com características como estas pressupõe outras atividades. “O mar também deve ser visto na perspectiva de lazer e prática desportiva, por exemplo. Já existem algumas empresas que se dedicam exclusivamente a isso, fazendo passeios, visualização dos golfinhos, festas em barcos, entre outras, e que estão a ter sucesso. Estas atividades podem ser feitas todo o ano, porque, em regra, é um mar calmo. Ou seja, tem um potencial de lazer que se estende também no Inverno”.

Carlos Silva e Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Albufeira

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A pesca Apesar de saber o quão bom é o turismo, o nosso entrevistado lembra que Albufeira “não pode ser apenas isto. Existem outras áreas, ainda ligadas ao mar, que podem e devem ser exploradas, porque, e volto a frisar, o mar aqui tem características únicas: “O mar tem características que proporcionam pescados maravilhosos. Assim como outros pontos do país são fortes nas carnes, nos vegetais, pois têm condições climatéricas e solos diferentes. Somos um país pequeno, mas com uma diversidade enorme. No entanto, não temos dimensão, mesmo no turismo, para algo de massas. Na pesca há áreas que não estão bem exploradas por nós algarvios. A nossa grande base é a pesca artesanal, que não estraga. O que estraga são outros que vêm para aqui pescar de arrastão, o que modifica o fundo do mar”. A partir do desenvolvimento das pescas existe uma indústria que terá condições de voltar à ribalta: a indústria conserveira. “Há que fomentar a indústria conserveira, que outrora, teve um peso significativo na economia da região”.


Aliar tradição e inovação A Universidade do Algarve é a grande fonte de conhecimento e inovação da região e que pode dar um grande contributo no desenvolvimento da economia do mar. “Temos que saber explorar melhor o mar sem o estragar. Utilizar o conhecimento, os jovens, a inovação em prol da melhor exploração do que temos ao dispor. Assim movimenta-se a economia, com empreendedorismo, criando novos projetos, novos negócios e mais emprego. Temos que saber conjugar o conhecimento ancestral com a tecnologia. A tradição é boa naquilo que ela apresenta de bom. Mas não podemos ficar agarrados a ela porque os tempos mudam. No entanto, também não podemos desperdiçar os saberes antigos. Temos que associar o conhecimento empírico ao científico”. Um grande exemplo da conjugação entre saber antigo e inovação foi o medronho. Até há algum tempo atrás, este produto não podia ser exportado porque tinha um componente que fazia mal à saúde. No entanto, “uma investigadora da Universidade do Algarve conseguiu produzir medronho sem este componente e, hoje, já é possível exportar este produto e são já algumas as empresas que o fazem”. A crise Os tempos que correm, em Portugal, são de mudança e apesar de viver do turismo estrangeiro, de pessoas com algumas posses, o Algarve também se ressentiu. “Com o aumento exponencial do turismo, os algarvios viram novas oportunidades de negócio e foram abandonando a agricultura. Hoje, por causa dos tempos que se vivem, estão a retornar. A paisagem vai sofrendo alterações lentamente. Deixa-se de se ver os terrenos descurados, para se verem a ser cuidados, plantados”. Planos futuros Num período difícil, numa região onde o trabalho é sazonal, há que abolir barreiras e comprometer-se a fazer um esforço para que

HÁ QUE FOMENTAR A INDÚSTRIA CONSERVEIRA QUE, OUTRORA, TEVE UM PESO SIGNIFICATIVO NA ECONOMIA DA REGIÃO haja uma mudança de mentalidades para que as coisas de facto mudem para melhor. Carlos Silva e Sousa refere que “existem infraestruturas criadas para cativar novos visitantes. No entanto, é preciso mudar mentalidades. É preciso acabar com a sazonalidade no Algarve. Temos que virar a terra para o mar. As pessoas têm que olhar mais para o mar e desfrutar mais dele. Nós, residentes, temos criar uma imagem não só como estância balnear, porque está perfeitamente divulgada, mas também como área propícia à prática de desportos náuticos, existem aqui, uma série de possibilidades de desfrutar a natureza”. Deve-se mostrar, em Albufeira e no Algarve, o que de melhor tem a gastronomia, publicitar os produtos regionais e apostar mais numa imagem de complementaridade. No entanto, “tem que haver um esforço por parte dos nossos comerciantes e da restauração. Há uma nova dinâmica que precisa de ser criada para que a economia, não só de Albufeira como da região, ganhe um novo ímpeto”. A grande batalha deste autarca é o desemprego por causa, mais uma vez, da sazonalidade da região. Não é um problema só de Albufeira, mas sim do Algarve. “Se as mentalidades mudarem, a pouco e pouco, vão existir condições para acabar com a sazonalidade. Ou seja, não podemos deixar que a cidade feche. Só que para isto tem que haver um esforço por parte de todos”, finaliza o nosso interlocutor.


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“Os alfaiates da construção naval em fibra de vidro” FOI NO ALGARVE, MAIS PROPRIAMENTE EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO, CONCELHO INTIMAMENTE LIGADO AO SETOR DO MAR, DAS PESCAS E DOS NAVIOS, QUE ENCONTRAMOS UMA EMPRESA LÍDER NO SETOR DA CONSTRUÇÃO NAVAL EM POLIÉSTER REFORÇADO A FIBRA DE VIDRO E QUE POSSUI OS MELHORES ESTALEIROS DE REPARAÇÃO DE EMBARCAÇÕES DE RECREIO DA REGIÃO, A NAUTIBER. ENTREVISTA DE RUI ROQUE, GERENTE DA NAUTIBER, AO PAÍS POSITIVO.

de Aquacultura e entidades oficiais ligadas à fiscalização e investigação (Marinha, GNR, IPMA).

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que o levou apostar na construção naval? Quais os principais atrativos da área? Formei-me em Engenharia Naval e no decorrer da minha formação tive a oportunidade, conjuntamente com alguns colegas, de desenvolver alguns projetos através de uma empresa criada nos últimos anos de curso e foi assim que surgiu, igualmente, a hipótese de assumirmos uma posição num estaleiro de construção Naval em fibra de vidro em Vila Real de Santo António e este foi o primeiro passo que demos no âmbito da construção naval. A principal justificação para apostarmos neste setor deve-se, essencialmente, ao facto de existir uma boa perspetiva para a renovação da frota de pesca foi essencial. Além disso, penso que a construção em fibra de vidro é um setor muito específico e, portanto, com muito espaço para crescer. A Nautiber é especializada em construção naval em poliéster reforçado a fibra de vidro. Quais as vantagens deste material em termos de performance, durabilidade e aerodinâmica? Os cascos construídos em poliéster reforçado a fibra de vidro (P.R.F.V), apresentam enormes vantagens sobre os cascos construídos em aço ou em madeira, onde se destacam: - Maior resistência á colisão. - Total impermeabilização. - Isenção de corrosão. - Embarcação mais leve. - Menores consumos de combustível.

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- Maiores velocidades. - Mais espaço interior disponível. - Menores custos de manutenção. A reparação naval é outra das vossas áreas de atuação. Qual o seu potencial efetivo? A reparação naval não depende de mecanismos financeiros de apoio à mesma, sendo de carácter obrigatório para o armamento, é um mercado sempre presente. Para empresas como a nossa, este é um mercado muito importante já que nos permite ter fluxos de tesouraria permanentes, enquanto que na construção, embora de maior valor, os fluxos financeiros são pontuais, pelo que para a tesouraria da empresa é da maior importância. Além disso, a reparação naval garante o bom estado da frota e o bom funcionamento e segurança da mesma. Quais os principais serviços oferecidos pela Nautiber? As atividades desenvolvidas pela nossa empresa são a Construção Naval em PRFV (poliéster reforçado a fibra de vidro), Pesca, aquacultura, passageiros, e cargas especiais; Reparação Naval, Parqueamento a seco de embarcações: Trabalhos diversos de acordo com a especificidade requerida. Quais são os vossos principais clientes? Trabalhamos maioritariamente com Armadores de Pesca, empresas da Atividade Marítima- Turística, empresas de Tráfego Local de passageiros, empresas

Quais as vantagens competitivas da Nautiber? Em termos tecnológicos, a Nautiber diferencia-se pelo fabrico de embarcações feitas à medida, ou seja, de acordo a especificidade requerida pelos Armadores, com cascos com desenho muito próprio e identificável como sendo da nossa empresa. Por outro lado, oferecemos mão obra especializada que mantêm o conhecimento tradicional mas que adotou as novas tecnologias, como seja a laminação por infusão. Em termos comerciais, a Nautiber destaca-se por possuir uma estrutura ligeira e vocacionada fundamentalmente para a produção, que nos permite ser competitivos no valor da hora-homem e as embarcações maximizam o rácio investimento/produto final, nunca dissociando o produto físico do produto financeiro. São apelidados de “os alfaiates da construção naval em fibra de vidro”. A que se deve este “título”? A Nautiber constrói as suas embarcações para Armadores que por norma querem as mesmas de acordo com a especificidade do seu trabalho, com design e ergonomia ao seu gosto. Assim, procuramos utilizar cascos com moldes existentes quando tal é possível, caso contrário criamos um novo casco à medida do cliente e isso faz com que, nas cerca de 360 embarcações construídas por nós, não existam duas iguais, exceção feita a encomendas de diversas embarcações para o mesmo cliente e do mesmo tipo.

Quando passam 20 anos sobre a fundação da Nautiber, quais as prioridades rumo ao futuro? Crescer no mercado externo é uma das ambições? Com a quebra do mercado das novas construções nomeadamente para o setor da Pesca, torna-se extremamente importante, para a empresa, reforçar a capacidade de reparação e parqueamento de embarcações, sobretudo no setor da Pesca. Para tal, um processo de financiamento para criação de infraestruturas e aquisição de equipamentos, situação fundamental para o estaleiro manter a estrutura existente e poder aguardar no futuro, com capacidade para tal uma nova renovação da frota de pesca. Por outro lado, é muito importante inovar e romper com o design tradicional nomeadamente nas embarcações de passageiros, para tal admitimos recentemente para o nosso quadro de pessoal dois arquitetos. Cada construção aparece associada a um designer ou arquiteto. Hoje, neste setor, só conseguimos vender o que é diferente e inovador. É essencial, também, reforçar o trabalho comercial no exterior, nomeadamente em Angola, com possibilidade de poder inclusive produzir aí em parceria com empresas locais.

Como define o mercado da construção naval em Portugal e quais as vantagens da Nautiber face à concorrência? O mercado da construção naval em PRFV em Portugal, tem funcionado, nos últimos 20 anos, de acordo com os mecanismos financeiros de apoio aos sectores para os quais trabalhamos. A vantagem da Nautiber é ter-se posicionado, no mercado, sempre de acordo com esses mecanismos e maximizar sempre a sua utilização, acompanhando os Armadores na preparação dos processos de financiamento, permitindo dessa forma a generalização do acesso aos mesmos.

Quantos trabalhadores tem, neste momento, a Nautiber? Neste momento, a Nautiber emprega 32, como colaboradores diretos, recorrendo ainda a uma média de oito colaboradores indiretos. Tem nos seus quadros sete Carpinteiros Navais, seis Serralheiros/Mecânicos, oito Laminadores, três Pintores, um Eletricista, uma Administrativa, um Gestor Financeiro, um engenheiro Mecânico, dois engenheiros Navais e dois Arquitetos. Por norma, laboram ainda em média nas nossas instalações oito colaboradores subcontratados a empresas de montagem de equipamentos diversos, nomeadamente de frio, eletrónicos, eletricidade e hidráulicos.


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30 anos a liderar na paixão pela náutica

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undada em 1983,a Associação Naval do Guadiana veio dar a Vila Real de Santo António um merecido espaço dedicado à náutica desportiva e de competição. Hoje congrega um porto de recreio com mais de 350 embarcações, “mais de metade das quais espanholas”, presta uma ampla gama de serviços de apoio à prática náutica, detém dois espaços de restauração que dinamizam a frente ribeirinha da cidade e assume-se como uma referência no desporto náutico nacional e internacional. Com mais de 500 associados, dedica-se às modalidades de vela, canoagem, pesca desportiva de mar e alto mar, motonáutica e jet ski. Desenvolve ainda atividades subaquáticas, de recreio, campismo e formação náutica, possuindo, em plena atividade, as escolas de vela e de formação náutica. Porto de recreio: polo de atração Luís Madeira, presidente da Associação Naval do Guadiana, defende que “a plena integração entre o porto de recreio e a componente desportiva é o grande segredo do nosso sucesso”. Apostado em conquistar o mercado externo, sobretudo os vizinhos espanhóis, o porto de recreio conjuga características que fazem dele um polo de atração e de desenvolvimento regional. “Temos preços altamente competitivos, um enquadramento ótimo e serviços de qualidade

superior”, enuncia o responsável. Vantagens competitivas que trazem, todos os fins de semana, centenas de espanhóis a Vila Real de Santo António, “criando uma dinâmica económica única para a vila e para a região”, destaca. Atualmente com 47 funcionários em permanência, a Associação Naval do Guadiana é responsável pela gestão de todos os serviços, garantindo qualidade a toda a prova. Aposta no desporto náutico A Associação Naval do Guadiana é um dos pesos pesados da vela nacional, tendo no currículo a organização de vários campeonatos mundiais e do Europeu de 2008, que trouxe às águas do Guadiana embarcações dos cinco continentes. A motonáutica é outra das grandes apostas, assim como o jet ski. “Orgulhámo-nos de deter vários títulos nacionais em vela e motonáutica e possuímos ainda um título de vice-campeão do mundo em pesca desportiva”, frisa Luís Madeira, sublinhando que o futuro avizinha-se promissor, já que “o ano passado fomos campeões nacionais de infantis em vela e este fomos vice-campeões”. O presidente nota que o clube não vive para os resultados, mas eles não deixam de ser demonstrativos do forte empenho da associação em promover o desporto náutico. “Fazemos muito investimento para obter estes resultados. Ainda há pouco

COM 30 ANOS DE HISTÓRIA, A ASSOCIAÇÃO NAVAL DO GUADIANA É UMA REFERÊNCIA NO DESPORTO NÁUTICO E UM FOCO DE DESENVOLVIMENTO CRUCIAL EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO. LUÍS MADEIRA, PRESIDENTE EM EXERCÍCIO, REVELA COMO O MAR E O RIO SEMPRE SE REVELARAM “OPORTUNIDADES DE SUCESSO” PARA A REGIÃO.

tempo adquirimos cinco embarcações de escola novas e três de competição”, aponta. Rio e mar: oportunidades de futuro Os bons resultados do presente não fazem com que a Associação Naval do Guadiana descure o futuro. As prioridades passam por alargar o porto de recreio e fazer nascer um centro de alto rendimento de atividades náuticas em Vila Real de Santo António. “Esta região tem um potencial enorme e condições naturais que permitem a qualquer equipa praticar 365 dias por ano”, destaca Luís Madeira. Apostar na componente desportiva, mas também no turismo de natureza, são soluções que permitem inverter a sazonalidade que afeta esta região do país. O aproveitamento da baía de Monte Gordo e a possibilidade de navegar no Guadiana até Mértola são vitais para revitalizar a economia regional, mas sobretudo para impor o Algarve como um ponto de atração durante todo o ano. Luís Madeira afirma que aqui não há segredos, só evidências. “Diz-nos a História que sempre que Vila Real de Santo António se voltou para o mar e para o rio teve sucesso, sempre que lhes virou as costas esteve deprimida”. Abrir a cidade e a região ao turismo náutico é abraçar novas oportunidades. “O viajante de barco é um público altamente rentável e, com estas condições naturais, seria um erro crasso não desenvolver esta vertente”, conclui Luís Madeira. Dezembro 2013

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Economia do mar, na prática…

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Mar: Um desígnio nacional

são desconhecidas. Não sou um perito na matéria, mas a verdade é que estou ligado à náutica através de um clube que administra uma doca de recreio e promove modalidades ligadas ao mar. Além disso, somos também responsáveis por uma escola de navegação de recreio que forma centenas de marinheiros, de patrões locais, de costa e de alto mar, todos os anos. A nossa intervenção é a este nível. Apesar disso, refletimos, até devido à nossa natureza, sobre estas questões. Portanto, em relação ao concelho de Faro, à cidade de Faro e à Ria Formosa, que se enquadra dentro do concelho, nós refletimos sobre o desenvolvimento potencial desta área, desta zona e gostaríamos de ser mais vezes auscultados sobre os investimentos que estão em curso ou que possam vir a estar, mas a verdade é que tal não acontece. Sabemos que, neste momento, não atravessamos um momento de grandes investimentos públicos, mas penso que era uma excelente altura para planear aquilo que pudesse ser feito numa altura mais favorável, sob o ponto de vista económico e financeiro. Cada vez que temos oportunidade, fazemos sempre notar que temos propostas e ideias sobre o que deve ser feito. Sentimos que existem projetos em estudo que poderão por em causa toda a sustentabilidade futura da náutica no concelho de Faro e é impensável que se façam estudos sem que se ouçam os responsáveis por esta ligação entre terra e água. O Mar do Algarve é, realmente, um mundo de oportunidades, quer do ponto de vista turístico, quer do ponto de vista económico. Temos assistido, nos últimos anos, a um aumento do investimento na aquacultura, um exemplo das potencialidades aproveitadas no mar do Algarve. Mas temos também visto o aparecimento de novas embarcações e explorações, nomeadamente de petróleo. No entanto, a economia do mar foi posta em causa, nos anos 80, quando se pagou para abater frotas de pesca, se impulsionou o abandono da pesca, se obstaculizou o equipamento e apetrechamento da costa em termos turísticos. Ou seja, restringindo a construção de marinas e de portos de recreio, por exemplo, não se explorou devidamente, não se desenvolveu devidamente as potencialidades deste recurso que é o mar. Penso que temos sido demasiado radicais relativamente ao ambiente e não temos sabido analisar as situações com bom senso e equilíbrio. Se nós observarmos o que se passa em outros países, nomeadamente aqui na nossa vizinha Espanha, constatamos que esse equilíbrio tem sido muito mais patente do que cá.

Qual é a sua visão concreta do mar, quer a nível nacional, quer a nível regional? Na minha perspetiva, o mar é, de facto, um recurso com grandes potencialidades, mas no fundo estas

Mas a Estratégia Nacional para o Mar acaba por abrir horizontes… Sinceramente, não conheço a estratégia nacional para o mar. Vi alguns trabalhos relativos ao mar e ao

Rocheta Cassiano

e acordo com o nosso interlocutor, Rocheta Cassiano, este clube possui duas modalidades relacionadas com o mar: a Vela e o Remo. Além de potenciar o crescimento das modalidades de Vela e Remo, o Ginásio Club Naval de Faro é responsável pela marina daquela cidade. Segundo Rocheta Cassiano, esta concessão, que leva já 20 anos, “é feita de forma irrepreensível. Temos cumprido todos os acordos e honrado todos os nossos compromissos, mas a verdade é que, por outro lado, o Estado não tem cumprido as obrigações contratuais. E isto já vai sendo um hábito, assumirem, como dado adquirido, que o Estado não tem que ser uma pessoa de bem. Eu penso que é ao contrário e que é o Estado que tem que dar o exemplo. E, na maior parte das vezes, isso não acontece, sobretudo no que respeita à manutenção dos fundos, que neste

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momento, tornam esta doca muitas vezes difícil de operar, provocando-nos prejuízos, inclusivamente na conservação do material flutuante” Atualmente, a Marina de Faro tem 501 lugares de amarração e a taxa de ocupação é de quase cem por cento. No entanto, e apesar do sucesso, “a crise atingiu todas as classes sociais e a verdade é que muitas vezes temos problemas de cobrança. No entanto, vamos conseguindo gerir estes problemas da melhor forma e tentando encontrar soluções que se adequem a cada caso específico”.

ROCHETA CASSIANO, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DO GINÁSIO CLUB NAVAL DE FARO, APRESENTA-NOS UM CLUBE QUE TRABALHA, HÁ 86 ANOS, NA ECONOMIA DO MAR, PROMOVENDO-A E PRESERVANDO-A E TRAÇA A SUA VISÃO SOBRE A RECENTE APOSTA NO MAR.

aproveitamento das suas potencialidades, alguns deles bastante válidos, mas a verdade é que a grande maioria deles são mais específicos para a região de Lisboa. No que diz respeito ao mar do Algarve, todas as propostas e trabalhos são ainda muito vagos, apresentando alguns pontos de interesse, é certo, mas sem grande expressão ao nível de projetos concretos ou necessidades prementes. Era essencial, para mim, um estudo de fundo relativo ao mar e a todas as suas potencialidades, nomeadamente ao nível da náutica, do turismo e das atividades económicas. Mas existem políticas definidas para o desenvolvimento do mar? Que eu tenha conhecimento, não. Atualmente, e relativamente ao mar, existe uma grande indefinição. Por exemplo, o IPTM foi extinto e não sabemos quem é o nosso interlocutor, quem faz a mediação entre agentes e Estado, no que respeita à tutela das marinas e dos portos de recreio e não sabemos, por exemplo, qual será o futuro das concessões. Ou seja, neste momento, não sabemos qual será o nosso futuro porque, de facto, não temos qualquer interlocutor junto do Governo e esta indefinição traz malefícios para economia do mar… E esta indefinição não lhes permite traçar objetivos, projetar o futuro… Exatamente, é muito complicado. E quando falamos de futuro, é inevitável falarmos de passado. O Ginásio Club Naval de Faro é responsável por feitos de relevo na área do desporto náutico. São centenas de velejadores, de remadores, de formandos de recreio náutico. Somos responsáveis por algumas medalhas olímpicas, por lançar campeões nacionais… Ou seja, este clube já deu muito ao país e prova disso são as inúmeras condecorações recebidas, mas a verdade é que não precisamos de condecorações formais, mas sim de consideração e respeito pelo trabalho que fizemos, fazemos e queremos continuar fazer. A economia do mar sempre existiu? Estamos apenas a dar mais visibilidade às potencialidades do mar? Este Clube é o exemplo vivo daquilo que é a economia do mar, dimensionado à nossa própria escala. Trabalhamos o mar como matéria-prima, fazemos da água o nosso local de trabalho e sempre fizemos de tudo para potenciar a prática de náutica de recreio como forma de potenciar as mais-valias desta água que nos banha. Só não vamos mais longe porque, realmente, não nos permitem fazê-lo, mas encontramo-nos disponíveis para colaborar em prol da exploração das potencialidades do mar, fazendo deste, um recurso de futuro.



VINHOS DO ALGARVE

“A região vitivinícola do Algarve encontra-se numa fase de afirmação e crescente notoriedade” AS PALAVRAS SÃO DE CARLOS GRACIAS, PRESIDENTE DA COMISSÃO VITIVINÍCOLA DO ALGARVE, EM ENTREVISTA AO PAÍS POSITIVO.

Carlos Gracias, Presidente da Direção da CVA

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omo caracterizaria a CVA, quer em termos de objetivos, como de trabalho desenvolvido? A história da organização tem o ponto de partida com a então denominada Comissão Vitivinícola Regional Algarvia, constituída por escritura pública em 1991, iniciando a sua atividade em 1994, num processo complexo onde as explorações e entidades recém-constituídas se viram confrontadas com um sector fortemente desprotegido e em fase de abandono. À data apenas se realizava a certificação dos vinhos com direito a Denominação de origem Controlada de Lagos Portimão, Lagoa e Tavira. A par desta situação as adegas cooperativas da região também passaram por dificuldades económico-financeiras, que culminou com o

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encerramento da Adega Cooperativa de Tavira (1992) e da Adega Cooperativa de Portimão (1997). Mais tarde deu-se a fusão da Adega Cooperativa de Lagos com a de Lagoa, dando origem à ÚNICA – Adega Cooperativa do Algarve. A partir de 1998 a Comissão imprimiu uma nova dinâmica, visando a melhoria e rejuvenescimento das estruturas vitivinícolas da região, através do apoio à elaboração e gestão de projetos (PAMAF/VITIS), que levou à renovação até ao ano de 2005 de cerca de 600 ha de vinhas, em todo o Algarve. Na campanha de 2000/2001 e após a publicação da Portaria nº 364/2001 a Comissão passa também a assumir as funções de controlo e certificação dos vinhos com IG – Indicação Geográfica (Vinho Regional Algarve) e ainda o reconhecimento da utilização da indicação

geográfica “Algarve” no vinho licoroso produzido na mesma área. Com a publicação do Decreto-Lei nº 212/2004, que veio estabelecer a organização institucional do setor vitivinícola, a Comissão entrou numa nova fase, que envolveu a alteração do nome da Comissão que passou a designar-se por CVA – Comissão Vitivinícola do Algarve, a alteração dos estatutos em conformidade com o referido Decreto-Lei, onde ficou estabelecida a constituição e composição do Conselho Geral e a eleição do Presidente da Direção, em substituição do representante do Estado e ainda a entrada num processo de acreditação junto do IPAC como “Organismo de Certificação” pela NP EN 45011 para a certificação dos produtos vínicos com direito a DO e IG produzidos na região do Algarve. Atualmente, a CVA está acreditada pela NP EN 45011 como “Organismo de Certificação” dos produtos vínicos produzidos na região e a desenvolver as suas principais atividades, das quais se destacam o controlo e certificação dos produtos vínicos produzidos na região, a promoção e divulgação dos “Vinhos do Algarve” e a promoção da Rota dos Vinhos do Algarve. Existem ainda planos a curto prazo para o pedido da extensão da acreditação para a certificação de outros produtos regionais, nomeadamente o medronho e o mel. Esta realidade iria permitir uma gestão mais sustentável dos recursos da CVA e até talvez baixar os custos da certificação para os agentes económicos. Apesar dos fracos recursos disponíveis para a promoção, a CVA tem colaborado e participado em inúmeras ações, desde provas e mostras de vinhos em restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos, até à participação em eventos regionais e nacionais subordinados ao tema “Gastronomia e Vinhos”, como sejam a ”ViniPax”, “Algarve Genuíno”, “Fatacil” “Semanas Gastronómicas” entre outros.Gostaria ainda de destacar os seguintes eventos e iniciativas como marcantes e significativos para a promoção e divulgação

da região e dos “Vinhos do Algarve”: O “Guia de Vinhos do Algarve”, editado pelo Turismo do Algarve, revestiu-se de uma grande importância, pois concentra numa só edição toda a oferta vitivinícola da região, a nível de marcas e produtos, como pela oferta de produtos na área do enoturismo que potenciará a implementação da futura Rota dos Vinhos do Algarve; O “Torneio de Golfe AAUUAlg/Vinhos do Algarve”, patrocinado pela CVA e produtores da região visando a promoção e divulgação dos nossos vinhos num mercado de excelência; “Há Vinhos do Algarve” em Portimão, prova e mostra de vinhos na antiga lota de Portimão na zona ribeirinha, evento realizado em parceria com a Casa Manuel Teixeira Gomes e que contou com um significativo número de participantes; “Porto Bay Wine Week” que decorreu no Algarve com “Vinhos do Algarve”. Como Caracteriza a região e seus pontos de diferenciação; A localização única da região do Algarve, com influência Mediterrânea e Atlântica, confere características especiais aos vinhos aqui produzidos, determinadas essencialmente pelo “Terroir” e competência do vitivinicultor e enólogo, resultando assim néctares de excelência que se poderiam classificar de “vinhos de autor”. Obtêm-se assim vinhos bem produzidos, elegantes e fáceis de beber, provenientes da combinação das melhores castas regionais com as novas variedades trazidas de outras regiões e continentes de notoriedade reconhecida, como sejam: Negra Mole, Trincadeira, Crato Branco, Touriga Nacional, Shyra, Aragonês, Castelão e Cabernet Souvignon, entre outras. A produção de vinhos brancos e rosados está numa fase de grande expansão, sendo estes praticamente consumidos durante o Verão em linha com o fluxo turístico da região. Estimamos que dentro de quatro a cinco anos, estes vinhos poderão ter uma quota de mercado na ordem dos 50 por cento.

Quais os obstáculos encontrados no desenvolvimento da vossa atividade? Em termos gerais a conjuntura económico-financeira por que passa o país é o principal obstáculo ao desenvolvimento da nossa atividade, condicionando o crescimento e reduzindo a nossa capacidade financeira para apostar num forte “Plano de Marketing e Comunicação” que fomentasse o consumo dos vinhos produzidos na região, a par de uma campanha de sensibilização da hotelaria e da restauração da região para o serviço dos mesmos. Este projeto poderia vir a inverter os atuais constrangimentos da colocação dos nossos produtos vínicos no “mercado”. Por outro lado, a recente inscrição no setor e na CVA de novos produtores de “vinho de quinta” e com a perspetiva de instalação de empresas vindas de outras regiões vitivinícolas de Portugal com planos de expansão e diversificação do seu portfólio de vinhos, pensamos que num futuro muito próximo estará consolidada a produção vínica de qualidade da região, estando garantida desta forma a sustentabilidade do setor, a afirmação da Região Vitivinícola do Algarve como produtora de vinhos de qualidade e consequentemente a notoriedade dos “Vinhos do Algarve”. Qual a reação dos agentes económicos e do público em geral aos produtos apresentados? A região vitivinícola do Algarve encontra-se numa fase de afirmação e crescente notoriedade, despertando o interesse de críticos, escanções, e de peritos nacionais e internacionais. De referir ainda que a estratégia da região tem sido definida de acordo com os seus próprios objetivos e não em função do estado de desenvolvimento e tipo de produções das outras regiões. A apresentação anual dos novos vinhos gera sempre alguma curiosidade nos agentes do setor, nomeadamente no lançamento dos vinhos monocastas “Negra-Mole” que


VINHOS DO ALGARVE

têm recebido grandes elogios a par da apresentação dos vinhos reserva e colheita selecionada. Começa a sentir-se na população residente na região e também nos que nos visitam, uma maior apetência para a procura e consumo dos “Vinhos do Algarve” e também um certo “bairrismo” e orgulho no serviço dos nossos vinhos. Quanto à qualidade dos “Vinhos do Algarve” estamos no bom caminho e esta tem vindo a ser reconhecida de forma generalizada, de onde se salientam as cerca de 50 distinções obtidas em 2013 nos seguintes prestigiados concursos: China Wine & Spirits Awards (CWSA com o troféu de “Produtor Português do Ano 2013”), no “Sommelier Wine Awards”(“on-trade” - Reino Unido), no International Wine Challenge, no Concurso Mundial de Bruxelas, no Decanter World Wine Awards, no Challenge International du Vin, na 15ª Edição do Wine Masters Challenge, no International Wine and Spirit Competition, no Concurso “La Selezione del Sindaco”, no Concurso Vinhos de Portugal / Wines of Portugal Challenge, no Concurso de Vinhos da Fatacil e ainda no Berliner Wein Trophy 2013. Que perspetivas, desafios e projetos para o futuro. Perspetivamos melhorias relativamente à produção e consumo dos “Vinhos do Algarve” através da conquista generalizada de quotas de mercado em toda a cadeia, desde as grandes superfícies até à restauração e hotelaria. Esta convicção baseia-se, conforme já referido, na qualidade reconhecida e no aumento sustentável das nossas produções. O maior desafio que temos pela frente é conseguir continuar a passar a mensagem da qualidade intrínseca dos “Vinhos do Algarve” e garantir a sua presença nas cartas de vinhos da restauração de referência e no mercado em geral. Destacava ainda os 4 importantes projetos em que estamos envolvidos, com vista a consolidar a imagem dos “Vinhos do Algarve” e conquistar novos mercados. - O Projeto de Comunicação da Rota dos Vinhos do Algarve, que conta com o apoio do Turismo do Algarve e que comporta as seguintes ações: I. Lançamento dos Passaportes da Rota dos Vinhos do Algarve. II. Lançamento da Carta de Vinhos da

Rota dos Vinhos do Algarve. III. Produção do Website Rota dos Vinhos do Algarve. IV. Produção do Vídeo Promocional da Rota dos Vinhos do Algarve. V. Promoção da Rota dos Vinhos do Algarve no Aeroporto de Faro. - A nova publicação atualizada do “Guia de Vinhos do Algarve” a ser editada pelo Turismo do Algarve, no final do ano de 2013. - A abertura da Casa da Rota no rés-do-chão da sede da CVA e de uma loja para promoção e venda de “Vinhos do Algarve”. - O Projeto de uma “Missão Inversa”, que consta no acolhimento de 3 peritos de 5 países (EUA, Canadá, Noruega, Suíça e Moçambique) que virão visitar a região, quintas e adegas e potencialmente estabelecer contactos comerciais com os Agentes Económicos da região, no sentido de promover a exportação dos produtos vínicos do Algarve. Para tal, foi

Agentes económicos • ALCIONE - Comércio Alimentar Unipessoal, Lda • A.A.C. - Alcantarilha Agrícola e Comercial, Lda • Adega do Cantor - Sociedade de Vitivinicultura, Lda. • ANAZUL - Soc. Agro - Pecuária Lda • Carlos Eduardo Silva e Sousa • Convento do Paraíso, Lda • Cruz Alta Agricultura, Lda • Edwin Opstelten • Essential Passion Lda • Guillaume Abel Luís Leroux • Helwig Christian Ehlers • Herdade dos Pimenteis • J. Lopes, Lda • Jacobus Johannes Honekamp • José Manuel Cabrita • Luis Carlos Borges da Silva • Luis Miguel Tomé Pequeno • Nuno Magalhães • Paxá Wines, Lda • Pedro Cabrita • Quinta do Barranco Longo, Lda. • Quinta do Francês • Quinta do Morgado da Torre, Lda. • Quinta dos Vales • Ricardo Silva e Sousa • Sociedade Agrícola Herdade dos Seromenhos, Lda. • Sociedade Agrícola Quinta da Malaca, S.A. • Sociedade Agro-Industrial e Turística Monte das Laranjeiras, Lda. • Torre da Penina – Produção e Exportação de Vinhos, S.A. • TURINOX - Sociedade Industrial e Comercial de Equipamentos Hoteleiros, Lda • ÚNICA - Adega Cooperativa do Algarve, CRL • Vinciane Marie J.J. Nieuwenhuys

apresentada uma candidatura ao SiPAV - Sistema de Apoio à Promoção de Vinho em Países Terceiros, da qual aguardamos aprovação. Em termos de conclusão insisto em referir, que a região do Algarve tem vindo a melhorar o seu desempenho, sustentado no crescimento e na qualidade da produção de vinhos de quinta. Necessitamos desmistificar o valor percebido dos nossos vinhos como alto, associando-o à produção em pequena escala e à sua qualidade

intrínseca, e por outro lado melhorar a sua relação preço qualidade. Temos interiorizado que o nosso “mercado” está na região, onde existe uma oferta de serviços por excelência na área da hotelaria e restauração e onde estão os nossos potenciais clientes. No entanto, não descoramos o potencial de exportação dos nossos vinhos para nichos de mercado, que contribuirão com certeza para o escoamento da produção e para a afirmação da região no mercado global.

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VINHOS DO ALGARVE

Restaurante “O Barradas” O PAÍS POSITIVO ESTEVE À CONVERSA COM LUÍS PEQUENO, PROPRIETÁRIO DO RESTAURANTE “O BARRADAS” E PRODUTOR DOS VINHOS QUINTA DO BARRADAS.

O

restaurante foi a primeira aventura do nosso entrevistado que começou em 1991. Só depois se aventurou nos vinhos. Afirma que a gestão de um espaço de restauração não é fácil já que “a restauração, hoje em dia, é um trabalho contínuo. Ao trabalharmos um ano inteiro temos que ter sempre um serviço constante. Não se pode falhar, nem em termos de qualidade, nem no atendimento. “Eu e a minha mulher somos insubstituíveis: eu na sala e a minha mulher na cozinha e trabalhamos para que cada cliente que aqui entre, volte a entrar”. Para fidelizar clientes é necessário manter altos padrões de qualidade e, portanto, “optamos sempre por ter os melhores produtos. De início focamo-nos no peixe do Algarve, porque tínhamos alguma dificuldade em encontrar carnes de qualidade. Hoje em dia, já existe distribuição de carne de qualidade no Algarve, e hoje trabalhamos com carne de vitela mirandesa certificada e trabalhamos também com o borrego do Alentejo. Tudo carnes frescas”. No que diz respeito aos vinhos, a carta é composta pelos melhores néctares da região. “No entanto, selecionamos os melhores vinhos, até para não haver muitas referências à mesma casa. Por norma, a maioria dos produtores algarvios só trabalha com gama média e gama alta. A gama baixa raramente se vê porque pequenos produtores que somos, e aqui já estou a falar como produtor, temos sempre uma atenção especial com a vinha”. A paixão pelos vinhos Luís Pequeno confessa-se um apaixonado por vinhos. Detentor de um terreno de família, o passo para a vinha foi rápido. “A propriedade era do meu pai e antes de termos citrinos, chegou a ter vinhas e amendoeiras. O meu sonho sempre foi poder produzir o nosso próprio vinho, então, resolvemos em 2006 plantar a nossa vinha com as castas que mais nós satisfaziam – Touriga Nacional, Aragonés e Syrah. A nossa primeira produção foi em 2010. Por não termos adega própria alugamos uma empresa de vinificação e de enologia na adega do Cabrita”. Neste momento, a Quinta do Barradas produz vinho tinto, o Seleção e o Reserva, o rosé e este ano, pela primeira vez, foi produzido o vinho branco,

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todos eles sob a marca Quintado Barradas. “Apesar de ter tido apoio do programa Vitis para replantação da vinha, o nosso interlocutor considera que o grande investimento foi oriundo de receitas próprias, mostrando assim que “o vinho, para mim, é uma paixão e não é um negócio. Tento transmitir isto aos nossos clientes. No nosso restaurante a carta de vinhos representa quase todas as regiões dos vinhos portugueses. Todos eles com algumas caraterísticas diferentes, mas todos de qualidade. Nós tentamos oferecer aos nossos clientes a oportunidade de provar o melhor que se faz em Portugal em vinho. E disso muito nós orgulhamos. A chave do sucesso Os vinhos Quinta do Barradas começam a tornar-se um caso de sucesso. Podem ser encontrados no restaurante “O Barradas”, nos Intermarchés do Algarve e nos supermercados Apolónia. Muito por culpa da clientela que frequenta o restaurante, “homens de negócios”, estes vinhos vão começar a ser exportados para a Holanda e para a Alemanha. “O restaurante acaba por ser uma rampa de lançamento. É aqui que os clientes tomam conhecimento dos meus vinhos, passam a palavra e os negócios acontecem”. Isto também só acontece porque os produtos são bons e o atendimento é de qualidade. Só assim se consegue uma imagem impecável perante os consumidores. “A frescura dos nossos produtos, a qualidade da nossa confecção e o atendimento que damos aos clientes são fatores de diferenciação. É assim que os trazemos de volta e fazemos com que tragam amigos ”. No futuro Mesmo com esta evolução do negócio, Luís Pequeno não pretende aumentar hectares, apenas aumentar a qualidade. “Estamos constantemente em busca de melhor e, para isso, o grande projeto da Quinta passaria por ter uma adega própria, situação quase impossível já que a construção, nesta região, é muito difícil devido à reserva agrícola”. O Restaurante “O Barradas” é símbolo de qualidade, assim como tudo o que nele se encontra. Símbolo de trabalho árduo, de conquista e aposta constante nos produtos frescos e na arte do bem receber.

MDS

MAIS DO QUE UM NEGÓCIO, O VINHO É UMA PAIXÃO. ASSIM SE PODERIA COMEÇAR POR FALAR DOS VINHOS MDS, DO PRODUTOR PEDRO CABRITA.

Em conversa com o País Positivo refere que “a paixão pelos vinhos já é antiga. O meu pai tem uma propriedade em Lagoa e porque gostamos de vitivinicultura decidimos avançar com o projeto. Plantamos as castas mais adequadas ao solo e clima: touriga nacional, aragonês, syrah e cabernet sauvignon. Inicialmente toda a colheita ia para as adegas”. O ano de 2011 marca o ponto de viragem. É neste ano que surge o primeiro vinho tinto denominado MDS. “Hoje, uma pequena parte da colheita é para fabricar o nosso próprio vinho. No primeiro ano produzimos apenas 2200 garrafas. Em 2012 aumentamos para 6500. Para este ano estão previstas 15 mil garrafas”. O Algarve para além do turismo A região algarvia é bem mais que sol e mar. Tem condições ótimas para a prática de agricultura, nomeadamente para a produção de vinho. “O Algarve é uma área de enorme potencial. Tem enormes aptidões para a produção de vinho, em termos de solos, clima. Já existiram grandes produções de vinho no Algarve, mas com o turismo, com a ocupação de alguns solos mais indicados para vinhas pelos empreendimentos turísticos, a agricultura foi abandonada. Estamos numa zona privilegiada em termos de mostras de vinhos, onde circulam imensas pessoas, nacionais e estrangeiras. É preciso é que o vinho lhes seja mostrado. A nossa qualidade vai-se debater com outras zonas do país e podemos ter um grande crescimento. Para isso é preciso um esforço por parte da restauração para que inclua os vinhos da região nas suas cartas e que os indique, uma situação que tem vindo a melhorar. No entanto é também preciso um esforço dos vitivinicultores para conseguirem ter um vinho de qualidade a preços competitivos”.

O apoio das entidades públicas O produtor dos vinhos MDS enaltece o serviço prestado pelas entidades oficiais, nomeadamente a C.V.A. (Comissão Vitivinícola do Algarve), porque mesmo residindo longe consegue manter-se informado. “São de muito fácil acesso, daí a minha facilidade em conseguir, a esta distância, tratar das coisas. A C.V.A está muito atenta, muito próxima dos produtores, em constante contacto”. A comercialização Os vinhos MDS podem ser comprados diretamente ao produtor ou então nos supermercados Intermarches da região algarvia. Pedro Cabrita frisa a importância de se dar a conhecer os vinhos da região do Algarve e de um aumento de produtores com sucesso. “Se nós pensarmos nas regiões mais importantes do país, o Douro também não tem relação preço/ qualidade e consegue vender os seus vinhos. Eu penso que o problema do Algarve é por não ser conhecido. Eu tenho conseguido vender algum vinho fora do Algarve mas noto que é muito mais difícil. Agora o que é preciso é promover os vinhos algarvios. E quantos mais vitivinicultores no Algarve houver e com sucesso melhor para todos. É preciso que o Algarve adquira volume, dimensão”. Um horizonte internacional? Apesar do crescimento gradual a exportação ainda não é a maior ambição, até porque “ a quantidade produzida não o justifica”. Porém, “se este projeto seguir, continuar a aumentar a produção própria será um caso a pensar. Não podemos é dar um passo maior que a perna”.

A NOSSA Q U A L I DA D E VA I D E B AT E R- S E CO M O U T RA S ZO N A S D O PA Í S E PO D E M O S T E R U M G RA N D E C R E S C I M E N TO jpedrocabrita@hotmail.com


VINHOS DO ALGARVE

Tradição e Qualidade “Por mais raro que seja, ou mais antigo, Só um vinho é deveras excelente Aquele que tu bebes, docemente, Com teu mais velho e silencioso amigo”.

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ário Quintana sabe bem descrever o prazer de um vinho, acompanhado por uma excelente companhia e com pano de fundo os sentimentos. Em busca daquilo que melhor se faz no nosso país, a nossa publicação encontrou a Quinta dos Correias e entrou à conversa com Ricardo Silva e Sousa, responsável pela Quinta. Desde o reinado de D. Maria que esta quinta faz parte da família. Apesar das diferenças visíveis, a verdade é que esta Quinta, localizada em Tavira, onde em tempos esta foi das mais importantes regiões vinícolas do nosso país, a Fuzeta, é pertença da família há várias gerações e, desde sempre, foi tratada com o carinho de quem gosta. O seu terroir característico, com solos arenosos, argilosos, com pedras, e encostas pouco vincadas dá um corpo único a este vinho, forte e poderoso, do alto dos seus 14 graus de teor alcoólico. O recomeço Fruto de um sonho e de uma visão de futuro, no ano 2000 foi feito um forte investimento na Quinta dos Correias, com a replantação da vinha, apostando em castas nobres e que dão ao vinho aqui produzido um sabor único. Hoje, a Quinta dos Correias conta com castas como Castelão francês, Touriga Nacional, Aragonês e Cabernet Sauvignon e aposta numa produção controlada, de cerca de 30 mil litros anos, capaz de fazer

sobressair o melhor deste vinho que é dividido em duas marcas – Terras da Luz e Fuzeta. Apostados na qualidade, aqui não se descura a tradição e, nesse sentido, o vinho é produzido de acordo com técnicas ancestrais e a adega artesanal é parte integrante de todo o projeto. Comercialização Por ser uma Quinta que aposta na produção controlada, a totalidade da produção é escoda no Algarve, com a restauração e hotelaria a receber grande parte dos vinhos Terras da Luz e Fuzeta. Segundo Ricardo Silva e Sousa, “hoje já é mais fácil entrar neste mercado mas a verdade é que quando iniciamos este projeto os vinhos do Algarve não gozavam de muita reputação e, portanto, foi preciso trabalhar muito para conseguir conquistar um lugar no mercado. Hoje, grande parte dos restaurantes querem trabalhar com vinhos algarvios e isso mostra que os produtores têm feito um esforço para dotar os seus vinhos de uma qualidade extrema”. O futuro Para o futuro, os projetos são poucos mas bem definidos. Antes de mais, o nosso interlocutor avança com o projeto de produzir vinhos brancos, “por ser um complemento e por termos capacidade para o fazer”. No entanto, na Quinta dos Correias irá continuar a apostar-se em vinhos de qualidade e com produções controladas.

QUINTA DOS CORREIAS

Sítio da Arroteia de Baixo · 8800-102 Luz de Tavira Telefone(+351) 918 621 595 · Correio Electrónico rssousa83@gmail.com


VINHOS DO ALGARVE

Herdade dos Pimenteis

“TER UMA VINHA NÃO É BRINCADEIRA”, AS PALAVRAS SÃO DE ANA SOFIA PIMENTEL, PROPRIETÁRIA DA HERDADE DOS PIMENTEIS.

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m conversa com o País Positivo revela que entrou neste ramo às escuras, seguindo quase como um sonho em comum com a mãe: “Tanto eu como a minha mãe gostávamos de ter uma vinha e fomos um pouco ingénuas ao pensar que seria fácil consegui-la”. A verdade é que um projeto na área dos vinhos não é, de todo, simples. A propriedade existia, mas a verdade é que aqui só se tinha produzido, em tempos, leite e queijo e o conhecimento relativo ao vinho e à vinha era inexistente”. Com a ajuda de uma enólogo transmontano, mãe e filha lançaram-se na aventura de criar, de raiz, uma vinha e a verdade é que no primeiro ano, “a nossa vinha foi atacada por tudo o que era maleita”. Mas Ana Sofia Pimentel não desistiu e perseguiu o sonho. A vinha foi plantada em 2004, com as castas touriga nacional, syrah, aragonês, tinto cão, cabernet sauvingon e moscatel. Com cerca de 15 hectares de vinha, a primeira vindima foi feita

em 2006 e o ano de 2007 foi o grande teste, já que começou, oficialmente, a época de comercialização. Tal como muitos produtores que tinham como projeto inicial enviar as uvas para as adegas, Ana Sofia também teve que optar entre o abandono da vinha ou iniciar a própria produção de vinho. “A adega de Lagos fechou e a adega de Lagoa não se revelou uma solução. Assim, começamos a produzir as garrafas “Herdade dos Pimenteis”. Sendo assim, Ana Sofia Pimentel optou por engarrafar toda a produção. “Lançamos o vinho em versão garrafa e bag in box, aumentando assim o escoamento. Não optámos pelo bag in box para aproveitamento de uvas de menor qualidade, mas sim como forma de escoar mais facilmente o produto”. Os vinhos A Herdade dos Pimenteis tem, atualmente, três

vinhos tintos: o Regional (aragonês, touriga nacional e syrah), o Monocasta (touriga nacional) e o Reserva (touriga nacional e syrah), que será o vinho mais elaborado. No entanto, depende sempre do gosto das pessoas, porque, por exemplo, há pessoas que preferem um monocasta”. O monocasta touriga nacional e reserva foram premiados na Fatacil - Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa, e sendo que o reserva no ano passado foi considerado o melhor vinho do Algarve. No que diz respeito a vinho Branco, a Quinta dos Pimeiteis oferece aos seus clientes o monocasta de moscatel, um vinho que foi premiado o ano passado, assim como este ano. A comercialização “Temos três distribuidores e até agora tem corrido bem. Os vinhos podem ser diretamente comprados a nós ou na região algarvia, por

MEDALHA DE PRATA PARA A HERDADE DOS PIMENTEIS NO VI CONCURSO DE VINHOS DO ALGARVE NO ÂMBITO DA FATACIL 2013: VINHO TINTO REGIONAL ALGARVE TOURIGA NACIONAL E VINHO BRANCO REGIONAL ALGARVE.

exemplo, no Intermarché, assim como no El Cort Inglês de Lisboa. Além disso, os nossos vinhos estão colocados nos hotéis de Albufeira a Vilamoura, o que é um prestígio”. A sazonalidade É certo e sabido que a região algarvia é sazonal. Isso traz alguns problemas aos produtores. “A restauração, a partir de Outubro, começa a fechar e torna-se muito complicado vendermos o nosso produto”. Projetos para o futuro A nossa entrevistada não tem grandes sonhos e é muito cautelosa no que toca à expansão do negócio. “Queremos aumentar a produção gradualmente como temos vindo a fazer ao longo dos tempos. Se o negócio corresse da melhor forma possível teríamos capacidade para plantar mais vinha. Agora resta-nos esperar para que a economia do país melhore”, refere e finaliza.

HERDADE DOS PIMENTEIS Herdade dos Pimenteis, Apartado 178 8501-910 Portimão Telefone e Fax (+351) 282 411 962 Correio Electrónico morgado.penina@sapo.pt


VINHOS DO ALGARVE

Quinta Morgado da Torre também já tínhamos plantado uma vinha de cabernet sauvignon, com a colheita de 1999 lançamos o primeiro vinho em garrafa com castelão, cabernet sauvignon e trincadeira. Os tintos estavam sob a denominação “Tapada da Torre”. Com a colheita 2000, 2001 lançamos a marca “Alvor” com tinto, branco e rosé. Com a evolução do negócio houve necessidade de plantar mais vinha? Sim, houve. E para o ano vamos voltar a plantar, desta vez mais quatro hectares e vamos apostar na uva branca. Qual é a dimensão deste novo projeto? Estamos a falar de cerca de vinte hectares. Temos de pensar em áreas susceptíveis em termos de volume de vinho, muito área obriga a baixar preços e pequena área inviabiliza pensar em economia de escala, penso que 20 hectares será a área mínima para uma pequena empresa agrícola.

João Mendes

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oão Mendes é um dos maiores produtores de vinho algarvio. Como muitos outros foi quase que ‘obrigado’ a produzir vinhos. Hoje, aposta na qualidade do produto.

Como começou este projeto? Aqui, na Quinta do Morgado da Torre já havia uma grande tradição ligada à vinha. Vendíamos as uvas para às adegas cooperativas. Depois houve atrasos em alguns pagamentos e eu, assim como outros produtores, fui ‘obrigado’, incentivado a produzir vinho para não abandonar a vinha. Começamos por pequenas quantidades e fomos aumentando gradualmente. Para todos os efeitos, foi um risco? Sim, foi e tem sido um grande investimento. Para fazer a adega,foi reaproveitada uma edificação antiga e de resto, foi tudo feito de novo, em pavilhão modular. Com que vinhos e castas começou? Comecei por fazer um vinho tinto com negra mole e castelão que são as castas regionais. Depois, e como

Como é ser produtor de vinhos do Algarve? Eu comparo isto um pouco com a Califórnia. Temos um clima mediterrâneo temperado pela proximidade com o mar e a produção está espalhada por pequenas unidades vitícolas, entre um e 20 hectares. A maior das dificuldades prende-se com os custos de produção. Nesta região só se pode vencer com qualidade e é isso que a Quinta Morgado da Torre está a fazer. Quais são as características que desde o início pretendem implementar nos vossos produtos? Eu não invento nada. Antigamente o consumidor bebia tudo, hoje não é assim. As pessoas hoje estão mais atentas e sofisticadas. O consumidor europeu está habituado a um tipo de vinhos que nós estamos a procurar nos adaptar, e o consumidor nacional já tem algum conhecimento a respeito de vinho. No Morgado da Torre faz-se vinho para agradar de uma forma geral o consumidor, só assim é possível vender.

– reservas e dois Licorosos), o Alvor (tinto, branco, rosé e também um tinto reserva), Alcalar e o Foral da Albufeira. Para além da loja na quinta, onde podem ser encontrados os seus produtos? Podem ser encontrados no pequeno retalho, como garrafeiras e lojistas, na restauração e unidades hoteleiras, basicamente aqui na região. Temos de alguma forma evitado as grandes superfícies. Não sei por quanto tempo o vamos conseguir fazer porque eles infelizmente estão a dominar o sector produtivo a nível nacional. Trabalhamos mais com os distribuidores a nível regional. Normalmente a produção é toda vendida? Sim, é. Até porque produzimos à medida das vendas. Assim vamos controlando também a produção. O mercado nacional está muito difícil, muito por culpa da conjuntura económica atual.

Como é a exportação? Exportamos pouca coisa. Mas queremos incrementar um pouco mais, através do cliente que vem cá e leva uma ou duas paletes, pois também não temos produção para muito mais.

Qual é o grande problema dos vinhos do Algarve? Não são os vinhos propriamente. Todos têm qualidade. Falta divulgação da marca” Vinhos do Algarve” e tempo, para afirmar a nossa qualidade.

Qual é a gama de produtos que tem disponível? Temos a marca Tapada da Torre (tinto e branco

Como é que faz o seu marketing? Participo em alguns eventos aqui na região e tento

concentrar-me mais na qualidade do produto. Muitos dos seus colegas produtores queixaram-se que a restauração não ajuda em nada a divulgação do produto. Tem a mesma opinião? A restauração começa a se entusiasmar com os vinhos do Algarve, estavam muito renitentes no passado, mas a imagem e qualidade está felizmente a mudar o sentido do mercado de vinhos na nossa região. Trabalhando todos em conjunto, podemos incrementar as vendas. Estando a restauração ligada à gastronomia local tem um papel fundamental dando a conhecer os vinhos da região e claro também é necessário o cliente pedir os vinhos do Algarve. Temos também que continuar a dar mais a conhecer o nosso produto à restauração, por vezes falta-nos alguma logística comercial. Temos produto com qualidade, no entanto note-se, produzir no Algarve é muito caro. Quais serão os próximos passos? Como já referi, para o próximo ano vamos plantar mais vinha. Tenho um projeto de agroturismo, para aproveitar edificações existentes, dando-lhes uma nova utilidade. Se “nos deixarem trabalhar” pensamos que os “Vinhos do Algarve” serão uma referência no futuro, não só no mercado interno, como no mercado internacional.

QUINTA DO MORGADO DA TORRE Sitio da Penina, 8500-156 Alvor GPS - N 37º 10’ 06’’  W 08º 34’ 45’’ Telefone (+351) 282 476 866 Correio Electrónico qmt@sapo.pt


PORTUGAL SOU EU

Pela União, pela Qualidade “OS VINHOS SÃO COMO OS HOMENS: COM O TEMPO, OS MAUS AZEDAM E OS BONS APURAM” CÍCERO

bem o produto que estão a comprar. A base do nosso sucesso é a honestidade, a transparência e a confiança. Por exemplo, já aconteceu detetarmos um problema com uma rolha e de imediato avisamos os nossos clientes e fizemos questão de substituir os lotes, assumindo o prejuízo”.

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dia raiou cinzento e frio, mas a equipa do País Positivo rumou a Viseu com a expectativa de encontrar uma instituição onde a união faz a força e a qualidade é impressão digital. Chegados ao nosso destino, recebeu-nos Fernando Figueiredo que nos mostrou que a nossa expectativa estava correta. Numa conversa informal e amena, o presidente da Udaca apresentou-nos a instituição e fez-nos perceber que juntos somos, verdadeiramente, mais fortes. Foi em 1966 que se lançou a primeira pedra deste projeto estruturante para a região do Dão, criando uma entidade que se afirmasse como força comercial das adegas cooperativas da região. No entanto, “ao longo dos anos esta missão foi-se alterando, fruto de muitas condicionantes. Por um lado, a força cooperativa esmoreceu-se e, hoje, são apenas seis as adegas que compõem a Udaca, das dez iniciais. Por outro lado, as próprias adegas foram alterando as suas missivas e, hoje, quase todas elas têm marca própria e uma força comercial que lhes permite escoar quase a totalidade do produto”. Pela necessidade, a Udaca teve de se reinventar e, hoje, a estratégia é clara e está bem definida: “Acabar com a necessidade de existir tantas marcas próprias no Dão, evitando desperdícios e unindo esforços”, até porque, “o setor cooperativo tem tudo para dar bem já que os lucros são parte reinvestidos e distribuídos pelos associados, depois de pagos os custos de exploração”.

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Ao longo dos anos, fruto de uma gestão menos rigorosa e apostas menos certeiras, a Udaca foi sofrendo machadadas quase fatais. Até a entrada da nova direção, a Udaca não tinha qualquer força na região e a sua situação financeira era demasiado frágil, demasiado instável. No entanto, “temos vindo a recuperar, quer a imagem, quer a situação financeira e isso deve-se fundamentalmente ao facto de termos, agora, uma estratégia bem definida”. Hoje, a Udaca dedica-se maioritariamente ao mercado internacional, estando presente em países como Angola, Brasil, China, EUA, Canadá, França, Suíça, Alemanha, entre outros, que garantem 70% da faturação da empresa. No mercado interno, podemos encontrar os vinhos comercializados pela Udaca na rede de distribuição Sonae e em pequenas lojas locais”.

para mercados tradicionais como é o caso, por exemplo, de Angola e EUA, muito fruto das tradições e costumes levados pelos portugueses”. E a qualidade? Essa, é a mesma. “O vinho que é vendido em garrafa até porque os mercados para onde exportamos são bastante exigentes em termos de qualidade, mas todos eles têm as suas especificidades e nós tentamos adaptarmo-nos a todas elas”. Muitos podem pensar que este crescimento paulatino foi fruto do acaso, mas a verdade é que a sorte dá muito trabalho: “Este crescimento foi fruto de muito trabalho e também do empenho das pessoas que fazem parte deste projeto que, apesar de tudo, continuaram a acreditar e a rever-se nele. A verdade é que temos uma equipa bastante eficiente e muito profissional”.

Um crescimento sustentado No ano de 2012 a Udaca garantiu a compra de três milhões de litros às adegas do Dão. Apesar de alto, este número não garante o escoamento da totalidade da produção das adegas associadas. No entanto, o crescimento é notório: “Desde 2009, crescemos cerca de 42,6% em volume de vendas. Quando aqui chegamos, o mercado nacional representava 65% da faturação e, hoje, essa realidade está totalmente invertida. Além de aumentarmos a produção e comercialização internacional, passamos a acrescentar mais valor ao vinho em garrafa e bag in box e apenas trabalhamos com garrafão

Confiança e transparência A nova direção da Udaca instituiu na confiança e transparência como pedra basilar da atividade da empresa. E é precisamente graças a esta postura que a Udaca tem vindo a crescer e a desenvolver-se no mercado internacional. “Temos uma relação muito próxima com os nossos clientes, as nossas relações comerciais são construídas numa base de parceria e só assim temos conseguido manter este nível de crescimento. Tentamos criar relações com base na confiança e a nossa postura é mesmo essa, fazer negócios sem o intuito de enganar ou vender um produto que pode não ser

As oportunidades Como já foi referido, houve alturas em que as direções da Udaca tomaram decisões e posturas menos próprias e isso fez com que a marca ficasse associada a uma imagem negativa. Assim, o mercado nacional apresenta-se, para Fernando Figueiredo, como uma oportunidade. “A marca Udaca é conhecida e reconhecida e portanto, o mercado interno ainda tem muita margem de crescimento. Acredito que a marca Udaca bem trabalhada e bem divulgada pode ser uma marca de futuro. No entanto, temos que ser capazes de criar necessidades, ou seja, temos que ser capazes de mostrar que determinado vinho conjuga muito bem com determinado prato e que é feito de determinada maneira”. A verdade é que, internamente, a Udaca não pode competir pelo preço: “. Se compararmos por exemplo o preço de exploração de um hectare no Dão ou no Douro, com o preço de exploração de um hectare no Alentejo, é impensável conseguir “vencer” pelo preço. É um facto que temos que apostar na diferenciação e é uma realidade que os nossos vinhos são completamente distintos de outros e, esta componente de marketing puro, trabalhada pelos enólogos é essencial para mostrar as diferenças entre os nossos vinhos de outros. É precisamente nestes aspetos que temos que nos focar”. Portugal Sou Eu A Udaca foi uma das cem entidades aderentes ao selo Portugal Sou Eu que confere autenticidade aos produtos portugueses. Conscientes de que este selo terá mais impacto no mercado nacional e da saudade, a Udaca revê-se neste projeto e considera essencial esta aposta no produto português. Apesar disso, o selo ainda não faz parte da rotulagem dos vinhos da Udaca, mas a explicação é simples: “Os vinhos são produtos que têm uma rotulagem própria e carecem de um selo de origem, fornecidos pela CVR e, neste sentido, ainda não começamos a usar a marca Portugal Sou Eu, porque ainda não escoamos a totalidade da nossa rotulagem. Como o investimento ainda é considerável, optamos por usar os rótulos que ainda temos e só quando for necessário fazer mais, colocaremos o selo”, considera Fernando Figueiredo.


PORTUGAL SOU EU

O futuro A finalizar, Fernando Figueiredo traça um cenário de futuro: “Os projetos são muitos e estamos no bom caminho, os próprios números assim o indicam. Nós, acima de tudo, o que queremos é continuar a recuperar a empresa que, infelizmente, ainda tem algumas lacunas para resolver. Queremos crescer para conseguirmos remunerar bem as cooperativas e por conseguinte, os viticultores, continuando a honrar os nossos compromissos, deixados pelas anteriores direções”.

Mensagem “Aproveito esta oportunidade para relembrar que é hora de tirar a linha de financiamento “PME Exportações” da gaveta porque é necessário que as empresas exportadoras consigam ter acesso a uma almofada financeira que garanta a não existência de problemas de tesouraria pontuais. Ou seja, um dos grandes problemas da exportação é o prazo de pagamento alargado que, muitas vezes, levam a fragilidades de tesouraria porque as empresas não têm capacidade de esperar pelos pagamentos. Com esta linha de financiamento, a atividade das empresas melhoraria pelo impacto que teria na Tesouraria.

Um destaque Invulgar No próximo dia 7 de dezembro, no decorrer da Grande Prova de Vinhos das Adegas Cooperativas, na Pousada de Viseu das 17 às 20 horas, será lançado um novo vinho da Udaca. O Invulgar é um vinho único, feito a partir da produção de quatro adegas associadas, seleção dos respetivos enólogos e que demonstrará de facto a excelência dos VINHOS DE COOPERATIVAS!

A UDACA FOI UMA DAS CEM ENTIDADES ADERENTES AO SELO PORTUGAL SOU EU QUE CONFERE AUTENTICIDADE AOS PRODUTOS PORTUGUESES. Dezembro 2013

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BACALHAU DA NORUEGA

O Bacalhau da Noruega na dieta mediterrânica ENTREVISTA A ANTÓNIO NOBRE, RECONHECIDO CHEFE DE RAÍZES ALENTEJANAS.

Chefe António Nobre

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er seguidor da dieta mediterrânica significa saber escolher o que se come e o que se deve evitar. O bacalhau é um dos ingredientes que deve ser privilegiado? Em Portugal encontramos os melhores ingredientes da dieta mediterrânica, uma dieta saudável e equilibrada. Todos eles combinam na perfeição com o bacalhau , um alimento nobre, que para além de delicioso contém nutrientes essenciais para uma dieta equilibrada, como as proteínas e a vitamina D, fundamentais para a absorção de cálcio e na formação de ossos fortes e saudáveis. O bacalhau é um dos ingredientes mais conceituados da nossa gastronomia. É mesmo verdade que existem 1001 receitas de bacalhau? Tenho a certeza que já ultrapassa esse número. O Bacalhau bem cortado dá para muitas refeições

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porque para cada corte há uma receita. É um alimento que dá para inventar e reinventar e confeccionar de várias maneiras, adaptando-se ao gosto das várias gerações. Quais as potencialidades do bacalhau? É um alimento em que tudo se aproveita, da cabeça ao rabo. Pode ser consumido de diversas formas (inteiro, postas, lascas, desfiado, entre outros). Para além disso por ser bem seco e curado, o Bacalhau da Noruega ganha volume depois de demolhado, crescendo cerca de 35% de peso. Assim dá para preparar um maior número de refeições. Porque prefere o Bacalhau da Noruega? Pelo sabor, pela origem, pelas suas características únicas…é na Noruega que o melhor bacalhau beneficia das melhores condições ao longo da costa,

onde é pescado e preparado segundo a sabedoria ancestral. Uma preparação feita a partir de peixe fresco, que nos garante um bacalhau diferente e de origem, que passou pelos mais elevados padrões de qualidade. Qual é a principal característica que distingue o Bacalhau da Noruega? São várias as características, mas acho que a que mais se destaca é a sua cor palha, uniforme e sem manchas. Para além disso, o Bacalhau da Noruega é bem seco e curado, o que lhe garante um sabor totalmente diferente dos outros e que o faz lascar na perfeição depois de cozinhado. Como se deve demolhar o bacalhau? Ainda há quem pense que a demolha é um processo complicado, mas longe disso. Demolhar o

bacalhau é na realidade muito simples, com a vantagem de que se pode congelar logo após a demolha, estando sempre pronto a cozinhar quando necessário. Para começar sugiro que passem o bacalhau por água corrente. Depois, coloquem num recipiente com água fria, com a pele voltada para cima e troquem a água várias vezes ao dia. O tempo de demolha varia consoante a categoria do bacalhau, sendo que as postas mais finas deverão ser retiradas primeiro da água. Com um bacalhau, é possível fazer várias refeições. Mas como se deve calcular a quantidade de bacalhau a utilizar em cada porção? Varia um pouco consoante o tipo de receita que se vai preparar. Por exemplo se for algo preparado com bacalhau desfiado, conte com 150 g de bacalhau demolhado, caso seja uma


BACALHAU DA NORUEGA

O verdadeiro bacalhau da Noruega Qual a importância de Portugal para o Bacalhau da Noruega? Portugal é o mercado mais importante para o Bacalhau da Noruega. Em média, Portugal representa cerca de 30% do valor total do bacalhau exportado pela Noruega. Nos últimos 15 anos, o Bacalhau da Noruega tem aumentado passo a passo a sua quota de mercado. Chegámos a um nível em 2012 em que o consumo português de Bacalhau da Noruega é mais de 50% do total. 27 mil toneladas de bacalhau salgado seco chegam já prontas para consumir, enquanto 16 mil toneladas chegaram apenas em salgado (bacalhau verde) para serem finalizadas por operadores portugueses. Em termos de origem, o bacalhau da Noruega está a registar também este ano um novo crescimento. receita em que se utilize uma posta inteira, serão cerca de 200 g por pessoa.

isso uma receita um pouco diferente do habitual, uma sopa. Aqui fica a receita para 4 pessoas.

Há segredos para a confecção de pratos de bacalhau? Sim claro que há, mas vamos desvendar alguns… Para cozer bacalhau, coloque um tacho com água fria e mergulhe-o. Quando estiver quase a ferver, desligue o fogão e tape o tacho. Deixe repousar 12 a 15 minutos. Assim ele vai lascar, conservando a sua gelatina e sucos nutritivos. Com bacalhau frito por exemplo devemos utilizar sempre azeite bem quente. Um bom bacalhau assado na brasa, prepara-se pincelando primeiro com azeite e colocando o bacalhau apenas quando a grelha estiver bem quente. Para assar no forno, deve ir-se regando com os seus sucos e juntando alguma água. E por fim o bacalhau estufado, que deverá manter-se o tacho tapado o máximo de tempo possível, adicionando-se água ou vinho.

SOPA DE BACALHAU COM OVOS E ERVAS ALENTEJANAS

E já que o tema da nossa entrevista é dieta mediterrânica, que outros ingredientes combinam com o bacalhau? Costuma-se dizer que o bacalhau vai bem com tudo. E é verdade! Com um alimento tão rico como este, atrevo-me a dizer que vai bem com batata, pimentos, tomate, azeitonas, alho, cebola, ovos, ervas aromáticas…e pão alentejano.

Preparação Coloque um tacho ao lume com o azeite, as cebolas e alhos em rodelas e o sal. Deixe alourar um pouco e junte o tomate esmagado com a mão. Adicione água suficiente para a sopa e quando começar a ferver junte as batatas. Quando estas estiverem quase cozidas, junte o pimento cortado em tiras e o bacalhau. Por fim coloque os ramos de hortelã da ribeira e os poejos. Rectifique temperos. Retire um pouco de caldo para um tacho e escalfe os ovos. Numa terrina coloque o pão cortado em fatias finas. Disponha o bacalhau e as batatas numa travessa e na terrina coloque o caldo. Sirva de imediato.

De todas as receitas que conhece de Bacalhau, há alguma que destaque e queira partilhar com os nossos leitores? Como sabem adoro confeccionar bacalhau. Dá-me prazer brincar com os ingredientes. Destaco por

Ingredientes • 800 g de Bacalhau da Noruega (postas e abas) • 8 batatas grandes em rodelas • 1,5 kg de tomate maduro sem pele e sem sementes • 1 pão do dia anterior • 4 ovos • 1 pimento verde • 3 cebolas • 1,5 dl de azeite • 4 dentes de alho • hortelã da ribeira q.b. • poejos q.b. • sal grosso q.b.

O Papel da Norge em Portugal O nosso objetivo a longo prazo é o de continuar a transmitir as tradições às gerações mais jovens. Eles poderão tender para o consumo de conveniência e preferirem o demolhado/ultracongelado, um processo apenas utilizado em Portugal. Neste caso, é importante que os produtores usem bacalhau real (já seco e salgado e com menos de 47% de água) e não um bacalhau ligeiramente salgado. Este tipo de produto, feito sem ser com bacalhau bem curado, é um “falso amigo” porque de facto não possui o caráter exclusivo de um bacalhau seco salgado. Aqui sentimos que os produtores portugueses (e alguns espanhóis) têm uma grande responsabilidade. Faço um apelo para que façam uma classificação do bacalhau demolhado/ ultracongelado, tal como existe por lei para o bacalhau salgado seco. Em Espanha, começaram a “brincar” com o verdadeiro bacalhau, e hoje o resultado foi o dizimar do consumo de um produto tradicional. Devemos ser honestos sobre o que nós produzimos e vendemos. O bacalhau real tem uma cura de sal de pelo menos 4 a 5 semanas, sendo depois seco para um máximo de 47% de humidade. Se não for assim não é bacalhau, pelo menos como os portugueses o conhecem. O bacalhau fresco é fantástico, mas deve ser vendido como tal. Bacalhau ligeiramente salgado também é bom, mas deve ser vendido como tal e não como bacalhau salgado seco. Bacalhau da Noruega de novo Escolha do Consumidor O Bacalhau da Noruega foi reconhecido pelo segundo ano consecutivo como Escolha do Consumidor na categoria Compras do Dia-a-dia. Este prémio que resulta da escolha direta do consumidor foi o resultado de inquéritos que mediram o grau de satisfação

e aceitação dos consumidores perante vários produtos de consumo, sendo estes que sugerem quais os produtos que devem ser escolhidos. Não é de estranhar esta escolha, uma vez que o Bacalhau da Noruega tem longa tradição em Portugal. Os vikings, que pescavam este peixe abundante nas suas águas, comercializaram-no nas viagens que faziam pela Europa. Terão desembarcado na costa portuguesa antes do ano 1000, na que é hoje a região da Bairrada. Mais tarde foram os portugueses que o pescaram, durante séculos e que o levaram para a América do Sul e África. Mas, mesmo com as capturas nossa antiga frota, sempre houve necessidade de importar bacalhau da Noruega, uma vez que o consumo de bacalhau salgado seco em Portugal é o maior do mundo. E nos últimos anos, por circunstâncias várias, o Bacalhau da Noruega ganhou a preferência entre os consumidores portugueses. Existem algumas razões para esta preferência. O bacalhau norueguês é apanhado, principalmente, durante o período de inverno. Neste período o bacalhau migra do mar de Barents até à costa norueguesa. Nenhum outro banco de bacalhau tem este comportamento. Crescendo lentamente durante 5 a 7 anos, o bacalhau, ao atingir o peso de 5 a 7 kg regressa ao local onde nasceu para começar a procriar, nadando mais de 600 km até à costa do Norte Noruega. É esta viagem de longa distância, em que faz uma dieta apertada, que «apura» a textura deste bacalhau que cresceu no mar de Barents a comer camarões, capelim e arenque, dando-lhe um sabor exclusivo e, acima de tudo, a sua capacidade para lascar. O bacalhau norueguês é mais comprido e elegante que o Islandês, que é mais largo e mais pequeno. Esse bacalhau não é uma má escolha, mas o que nós dizemos é que o bacalhau norueguês é único pela seu apreciado sabor e pela foram como lasca, enquanto o islandês que é um bacalhau costeiro, se apresenta mais largo e de cor mais branca. Mas ambos são «gadus morhua» e isto é a espécie de referência quando falamos de bacalhau real. O bacalhau do Canadá é da mesma espécie, mas quase não tem significado nos mercados, uma vez que a pesca excessiva feita nos anos 80 do século passado quase dizimou aqueles bancos de peixe. Mas é justo dizer que o bacalhau do Pacífico (gadus machrocephalus) não tem as mesmas características do bacalhau do Atlântico em geral, e muito menos do bacalhau da Noruega em particular, uma vez que a sua textura, por ser rija, não lasca, antes esfiapando quando se mastiga.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal … um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável do território e das suas gentes … E, a “Tienda de Ávila Autêntica”, uma acção empreendedora no coração da Cidade do Porto …

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o passado dia 15 de Novembro teve lugar no Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto um evento ligado à Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, iniciativa esta circunscrita ao Projeto de Cooperação TIMEPYME em fase final de execução e que conta com seis parceiros, respetivamente, quatro espanhóis de dois portugueses. Tratou-se de mais um momento de reflexão e de afirmação sobre o trabalho desenvolvido por aqueles seis cooperantes no âmbito daquele projeto transfronteiriço e neste caso em especial para dois dos promotores designadamente, a Diputación Provincial de Ávila (DPA) e a (ADIRBA) Associação para o Desenvolvimento Integrado da Região do Barroso, que trouxeram a público mais uma iniciativa concreta de cooperação, consubstanciada na abertura de uma “Tienda na Cidade do Porto” de produtos genuínos do património gastronómico, dos territórios da interioridade rural dos dois países, com especial ênfase para os de denominação “ÁVILA AUTÊNTICA”.

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Depois de ter sido criada no âmbito deste mesmo projecto de cooperação, uma “Tienda Virtual” com recurso às tecnologias de informação e comunicação, eis que aqueles mesmos promotores desenharam ensaiar simultaneamente um modelo de cariz tradicional, reconstruindo no número 466 da Rua da Alegria na Cidade Invicta um «espaço gourmet» de produtos autênticos e naturais, com o propósito de revitalizar o denominado comércio tradicional e subsequentemente validar um modelo de empreendedorismo que possa ser replicado noutros locais do território, nomeadamente nas zonas interiores do País. Esta iniciativa contou com uma Comissão de Honra constituída por várias Entidades, de que se destacam respetivamente, o Governo da Diputación Provincial de Ávila; o Consulado-Geral de Espanha na Cidade do Porto; a Câmara Municipal de Montalegre; a Câmara Municipal de Boticas; a Câmara Municipal de Chaves; o Turismo Porto e Norte de Portugal; a Reitoria da Universidade Lusófona do Porto; e a Presidência do

Ateneu Comercial do Porto; e ainda, de uma Mesa de Honra, onde pontuaram designadamente Sua Excelência o Deputado do Governo Provincial de Ávila, D. José Maria Garcia Tiemblo; Sua Excelência o Senhor Cônsul Geral de Espanha na Cidade do Porto D. José António Martinez Villarreal; Sua Excelência a Deputada do Município de Boticas Dr.ª Maria do Céu Fernandes; a Digníssima Representante do Exmo Senhor Presidente do Ateneu Comercial do Porto D. Cristina Henriques; a Digníssima Gestora dos Projetos Europeus no Governo Provincial de Ávila Dr.ª Luisa Martin; a Digníssima Gestora da Tienda Ávila Autêntica no Governo Provincial de Ávila Dr.ª Gemma López; e também, o Diretor-Executivo da Associação para o Desenvolvimento Integrado da Região do Barroso, Prof. Doutor Fernando Manuel Silva. Inúmeros foram os participantes convidados, entre autarcas, empresários e académicos registando-se ainda, uma presença jovem de potenciais empreendedores. Assim, no desenrolar da sessão solene, Fernando Manuel Silva fez questão de

salientar que “para além das vicissitudes que o País atravessa, importa olhar um território interior que está flagelado pela desertificação humana e cada vez mais empobrecido, com os seus jovens e velhos a abandonarem as terras da família e a partirem diariamente à procura de uma oportunidade, de uma vida mais digna e na busca de trabalho que lhes proporcione a sua realização profissional e o sustento dos seus. Por isso é que as entidades deverão juntar esforços e aprofundarem os seus laços de cooperação nos mais diversos domínios económico, cultural e social, que a todos nos ajude a travar este êxodo e nos permitam contribuir para dinamizar os territórios e as suas gentes e muito especialmente a Região do Barroso”. Também durante a primeira parte do evento registaram-se outras intervenções, como foi o caso do Cônsul-Geral de Espanha na Cidade do Porto, D. José Antonio Martínez Villarreal, que referiu que esta iniciativa de cooperação transfronteiriça resulta de “uma amizade entre dois povos, unidos pela história e por uma visão semelhante do


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mundo, bem como de uma capacidade de aventura, conquista e curiosidade. É importante empreender hábitos de cooperação com as Regiões de Portugal que, geograficamente, estão mais próximas de Espanha. A raia deve ser algo que une, não que separa”. Todos os intervenientes destacaram a importância da cooperação entre os povos como veículo fundamental para a sustentabilidade dos territórios e à sua coesão social. Foi realçada “a riqueza gastronómica e o património monumental e imaterial existente nos dois países, e a sua particular importância para um desenvolvimento económico centrado numa matriz turística, que privilegia a inovação da oferta e a especialização da tradição. Os territórios têm riquezas que lhes são endógenas e que poderão constituir-se como alavancas ao seu desenvolvimento sustentado e amigo do ambiente”. Entre os oradores, foi unânime a ideia de que se deve passar “uma mensagem de esperança no futuro e um apelo a que se olhe o património rural

como uma das respostas alternativas ao desenvolvimento e sustentabilidade dos territórios, naturalmente acrescentando-lhe valor através do recurso às tecnologias da informação e comunicação e sobretudo, condimentando-o com o conhecimento partilhado pelos povos. É fundamental empreender, para que a revitalização da economia local e regional possa acontecer, sendo ainda indispensável rejuvenescer a atividade económica rural acrescentando-lhe inovação, modernidade e conhecimento”. Neste contexto, foi igualmente anunciado aos presentes um conjunto de parcerias luso-espanholas que estão em fase final de preparação entre empresários dos dois países, quer no sector do turismo rural, em particular no turismo de aventura, quer entre municípios portugueses de fronteira e atores do desenvolvimento local e regional, com congéneres seus em Espanha. Trata-se, pois, de um movimento natural que se tem afirmado pela positiva e que decorre das inúmeras experiências concretizadas e projetos desenvolvidos no âmbito

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do POCTEP-Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal e protagonizados em boa hora por inúmeras organizações e instituições de ambos os países. Nesta linha de ação, o futuro exige de todos nós “uma maior ambição, mais e melhor competência e acima de tudo um espírito empreendedor alicerçado na partilha do conhecimento e numa gestão sábia dos recursos naturais e do património rural e histórico”. Uma vez culminadas as alocuções pelos diferentes oradores, os presentes foram convidados a desfrutarem da beleza arquitetónica e monumental do Ateneu Comercial do Porto e ainda a deslumbrarem-se com a magnitude de alguns dos seus tesouros expostos (arte; pintura; manuscritos; cerâmica; obras; etc.). Seguiu-se ainda uma degustação, com os convidados a serem surpreendidos a seduzirem-se com os sabores e as emoções de uma mostra gastronómica e enófila, de produtos ibéricos de uma qualidade diferenciada e de autenticidade local e regional rastreabilizada pela história e tradição.

Assistiu-se a um momento gastronómico magnífico, onde o fascínio dos sabores e o encanto dos perfumes proporcionaram à generalidade dos presentes instantes de genuinidade e autenticidade. Para muitos dos convidados foi ainda um regresso às suas origens transformando-se numa verdadeira celebração à gastronomia de Ávila e aos seus excelentes empresários e produtores, como o foi igualmente soberba a amostra e degustação enófila portuguesa, protagonizada pelos espumantes e tintos bairradinos da Adega Cooperativa de Cantanhede e os verdes brancos da Quinta da Lixa Sociedade Agrícola, Lda. No final do evento, imperava uma sensação de satisfação e esperança por um futuro onde a imaterialidade do património dos dois países mereça ser desfrutada e partilhada. E para isso urge, que a cooperação entre os povos se reverta num imperativo de consciência e num verdadeiro ato de fé, em prol de uma sociedade que se deseja mais justa e de uma economia que se reclama de mais solidária e inclusa. Dezembro 2013

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CENTRO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA ENCONTROS CIENTÍFICOS

XII Curso Livre de História Contemporânea

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II ENCONTRO DE ARQUIVOS CONTEMPORÂNEOS

A SEGUNDA GRANDE DEPRESSÃO dinâmicas e debates da crise

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I Encontro Anual A Europa no Mundo

INVESTIGAÇÃO E

“Pela Paz !”(1849-1939)

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Prof. Doutor Francisco Louçã

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A SSINA L ÁVEL COL A B ORAÇÃO E M ACTIVIDADE Programa S SO CIAIS E CULTURAIS. AO LONG O DE MA IS DE DUAS DÉ CADAS DE E XISTÊ NCIA, O IHC TE M P RO SSEG UIDO COM O PROPÓSITO CE NTRAL DA SUA INV E STIGAÇÃO CO NCE PTUALIZAR, CONTEXTUA LIZA R E INTER P RE TAR, CRITICAME NTE, A RE ALIDADE HISTÓ RIA CONTEMPORÂ NEA, COM PRE E NDE NDO O P E RÍO DO DE SDE O S ME ADO S DO SÉ4 de XVIII Abril deATÉ 2013À ACTUA LIDADE, INTE GRANDO, CO MO SUGE RE A NOVA TE NCULO DÊNCIA HISTORIOG RÁ FICA, A HISTÓ RIA DO P RE SE NTE. Anfiteatro V, 6º Piso, FLUC O IHC TEM SIDO COORDENADO PO R FE RNANDO RO SAS E PO R MARIA FE RNANRecepção aos participantes DA9h00 ROLLO, ACTUA L PRESIDENTE DA DIRE CÇÃO CO MPO STA PO R LUÍS FARINHA, PEDRO OLIVEIRA, JOSÉ NEVE S E ANA PAUL A P IRE S. E NTRE O S SE US INVE STI9h30 Sessão de Abertura G A DORES CONTA M - SE A NTÓ NIO P E DRO VICE NTE, ANTÓ NIO RE IS, INÁCIA RE10h00 Conferência ZOL A, IRENE PIMInaugural ENTEL, JOSÉ ME DE IRO S FE RRE IRA, LUIS E SP INHA DA SILVE IDe la paix du XIX siècle aux guerres duEXXe RA, M A NUEL LOFF, NUNO SE V RIANO TE IXE IRA, FILIP E RIBE IRO DE ME NE ZE S, Maurice Vaïsse, (Sciences Po) RAQUEL VA REL A, ENTRE M UITO S O UTRO S. Debate 11h15-13h00 Pensar a Paz


INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

O projecto Europeu MATRIX: a resiliência aos incêndios florestais

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om 18 anos de actividade, o Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves (CEABN), do Instituto Superior de Agronomia (ISA), aposta continuamente na produção de conhecimento científico para uma sociedade mais sustentável, participando no Laboratório Associado INBIO, recentemente criado para contribuir para a manutenção da Biodiversidade em Portugal. Os trabalhos desenvolvidos em Gestão do Fogo, uma das áreas de investigação do CEABN (www. isa.utl.pt/ceabn) têm fornecido as bases científicas necessárias para a tomada de decisões políticas e de gestão relacionadas com o uso

sustentado dos recursos florestais. Nesta perspectiva, a equipa deste centro coordenou o maior projecto europeu na área dos fogos florestais, o FIRE PARADOX, cujos resultados muito contribuíram para mudanças substanciais na utilização do fogo como ferramenta de prevenção e combate aos incêndios florestais (consulte-se o site www.fireparadox.org). O CEABN tem também integrado projectos nacionais e europeus com o objectivo de desenvolver investigação que minimize o risco de incêndio florestal sendo os mais recentes exemplos o o projecto “ENHANCE – Potenciar parcerias para a gestão do risco das catástrofes naturais na

Europa” (www.enhanceproject.eu) e o projecto “MATRIX – Novos métodos de avaliação de multi-riscos e multi-probabilidades para a Europa” (http://matrix.gpi.kit.edu/) em que o Centro desenvolve a problemática dos incêndios no contexto das outras catástrofes naturais. De facto, ao analisar os incêndios florestais enquanto risco natural no conjunto de outros eventos naturais extremos como terramotos, derrocadas, erupções vulcânicas, inundações, tempestades, adopta-se uma abordagem inovadora na melhoria das medidas de redução de risco e no aumento da resiliência das sociedades aos desastres naturais. Através do estudo da interdependência entre os diferentes tipos de fenómenos oferece-se uma visão abrangente das catástrofes naturais que frequentemente assolam as diferentes regiões da Europa e colocam em perigo as populações. Em Portugal, o destaque foi para a análise do ano de 2003, com 425 mil hectares de área ardida e 548 casas destruídas, das quais 23% primeira habitação, 39% segunda residência e só 19% não ocupadas. Estudaram-se em particular os concelhos da Chamusca, Mação e Monchique como os principais visados pelos incêndios florestais desse ano. Através do estudo da comparação de 80 casas destruídas pelo fogo com 80 outras casas nas mesmas condições que sobreviveram à passagem do fogo concluiu-se existirem algumas características determinantes para a sua sobrevivência.

Por outro lado, com base em entrevistas à população e aos agentes intervenientes procurou-se estudar a vulnerabilidade social nas perspectivas de preparação, adaptação e recuperação a seguir ao incêndio. Como é que a população se prepara face a um incêndio? Como se defende? Quais os custos associados aos incêndios? Como se recuperam as habitações? Quanto tempo demora a recuperação? Todas estas questões foram investigadas no âmbito do projecto MATRIX por forma a aumentar a resiliência física e social das populações ao risco de incêndio. Conclui-se que características como a liderança e inter-ajuda durante o incêndio e no processo de recuperação e o aumento da consciência do risco são condições fundamentais para a resiliência das populações. Questões como partilha de custos e seguros foram abordadas e desenvolvimentos recentes estão a ser analisados. Estes temas serão apresentados e discutidos no Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia (Tapada da Ajuda) em Lisboa, no dia 11 de Dezembro às 14 horas no seminário “Incêndios Florestais: multi-riscos e multi-parcerias”, sessão organizada pelo CEABN e a Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais (SPCF). Os interessados deverão contactar a SPCF através do e-mail: spcf.direccao@gmail.com Francisco Castro Rego Coordenador do CEABN


QUALIDADE DE VIDA

Mação, verde horizonte

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Vasco Estrela, Presidente da Câmara Municipal de Mação

Concelho de Mação, situado na sub-região do Médio Tejo, estende-se por uma área de 405 quilómetros quadrados, onde residem cerca de 7000 habitantes. O concelho é servido pela linha ferroviária da Beira Baixa e pela E.N.3. Com a abertura da A23, que atravessa o seu território, o Mação melhorou muito as suas acessibilidades. A 77 quilómetros de Santarém, para Norte a 30 quilómetros de Abrantes e a 170 quilómetros de Lisboa, fica Mação, situado no vértice de três regiões: Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo. Toda esta região, ligada fisicamente à Beira Baixa, remonta ao período do Paleolítico, na Pré-história, era da qual se encontram muitos vestígios. Cabe neste momento a Vasco Estrela, edil local, a conjugação do necessário equilíbrio para, ao serviço da autarquia, potenciar a riqueza histórica e a preservação de um já muito aceitável nível de qualidade de vida que o município tem para oferecer, como o atesta o título de Município Mais Familiarmente Responsável, atribuído em 2013 pelo Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis. Esta distinção premeia as autarquias que desenvolvem uma eficaz política de apoio e ajuda às famílias, sobretudo as mais numerosas. A selecção das edilidades premiadas tem em conta os mais diversos critérios, entre os quais o apoio à maternidade e paternidade, apoio às famílias com

necessidades especiais, serviços básicos, habitação e urbanismo, educação e formação, transportes, cultura, desporto, lazer e tempo livre, relações institucionais, cooperação e participação social. Vasco Estrela acedeu ao repto do País Positivo e serviu de guia num périplo pelo concelho cujos desígnios políticos lidera. Em que medida se traduzirá a distinção de Mação enquanto Município Mais Familiarmente Responsável em qualidade de vida para os habitantes deste concelho? Esta distinção é, para nós, o reconhecimento de um esforço significativo que temos levado a efeito em prol do bem-estar das famílias e, naturalmente, da sua qualidade de vida. Entendemos que este é um bom exemplo, aquele que nos é possível dar, de apoio aos nossos Munícipes e, felizmente, houve uma organização independente que também o entendeu. Temos feito esforços ao longo dos últimos anos, no sentido de podermos proporcionar às pessoas que vivem no concelho a maior qualidade de vida possível, de forma a que se sintam bem e aqui possam fazer a sua vida, criar os seus filhos, ter as suas casas, os seus negócios e estabilizarem quer pessoal, quer profissionalmente. Em que se traduzem esses esforços? Traduzem-se numa série de apoios transversais que são concedidos às famílias. Apoiamos as crianças quando nascem, no jardim-de-infância, nomeadamente com aulas gratuitas de educação física e de inglês a partir dos três anos, cedemos transportes gratuitos a partir do pré-escolar, iremos começar a oferecer refeições escolares, premiamos os melhores alunos, levando-os à Universidade Júnior do Porto de forma gratuita, fazemos uma viagem à Europa para os estudantes do Concelho do 9.º ao 12.º ano, podendo incluir também estudantes do ensino superior, temos o IMI mais baixo do país, com uma taxa de 0,25 por cento, temos um serviço de orientação psicológica e clínica gratuito para os estudantes, terapia da fala… Também apoiamos financeiramente a frequência da creche, trazemos os nossos idosos de fora da sede do concelho para frequentarem a piscina municipal, oferecemos ginástica de manutenção, complexos desportivos, campo de futebol relvado, pavilhão municipal e campo de ténis, tudo gratuito… Um conjunto de medidas que, agrupadas, representam algo substancial para um município como este e contribuem para que aqui se possa ter uma qualidade de vida muito aceitável a custos mais baixos. Calculo que exista na autarquia uma especialidade designada engenharia financeira… Também passa por aí… Evidentemente, estas questões custam dinheiro, aliadas ao facto de não lançarmos derrama sobre o lucro das nossas empresas e de a nossa comparticipação de IRS ser de apenas quatro por cento. Mas, como em tudo na vida, isto é feito de opções. Poderíamos optar por embelezar muito mais a nossa vila e por investir no urbanismo de forma a tornar mais atractiva e, se não prescindíssemos de uns largos milhares de euros materializados nos apoios que referi, poderíamos ter muitas dessas insuficiências

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colmatadas. É uma questão de decisão política, sancionada pelos órgãos autárquicos e, recentemente, nas últimas eleições, em que as pessoas entenderam que estávamos a gerir bem e a tomar as melhores opções. E, apesar de tudo isto, somos das câmaras menos endividadas do país. Num mandato que se presume de continuidade, que principais novidades poderão esperar os munícipes de Mação deste exercício? Eu acompanhei Saldanha Rocha nos últimos cinco anos, enquanto Vereador, com muito orgulho e sou cúmplice naquilo que de bom e menos bom foi feito. Muitos projetos irão continuar, sendo certo que cada pessoa tem o seu estilo e a sua maneira de ser e trabalhar. Os tempos também vão evoluindo, neste caso e infelizmente, na parte económica, em sentido negativo, portanto, temos que nos ir adaptando. É evidente que muito do que foi feito é para continuar mas também existem políticas e medidas a implementar. Estamos perto do início de um novo quadro comunitário de apoio em que cerca de 50 por cento dos fundos são destinados às empresas e é obrigação da câmara, cada vez mais, ser um embaixador e um parceiro ativo junto dos agentes económicos. Temos de ir ter com os nossos empresários, com aqueles milhares de maçaenses espalhados pelo país e pelo mundo, tentar convencê-los de que esta terra está aberta para os receber, que poderão existir mecanismos para o fazer e que a câmara será um facilitador dessas medidas. Teremos que potenciar uma câmara cada vez mais aberta a este tipo de políticas de apoio concreto às empresas. Não existe outra forma de fixar pessoas se não houver emprego. Também promoveremos políticas direccionadas para o território e para o que temos de mais importante, a nossa floresta, os produtos com esta relacionados, as fileiras mais importantes, o turismo de natureza e de nichos, os nossos rios e ribeiras. Pretendemos compilar tudo isto de uma forma sistematizada e coerente para que possamos tirar partido do nosso território e, através de intervenções concretas, criar e trazer riqueza.

Vale a pena provar Rico em paisagem, património histórico e cultural e em gastronomia – aqui se produz 70 por cento do presunto nacional mas também são afamadas as azeitonas, enchidos frios e o queijo de cabra e de ovelha. Os pratos de carne incluem o Cabrito Assado em forno a lenha à moda de Mação, o feijão de matança e o bucho recheado. Contemplando a estreita relação com o rio temos o arroz de lampreia, o sável na telha, o achigã grelhado, a sopa à pescador, o ensopado de saboga e o ensopado de enguia, que se podem encontrar em restaurantes da especialidade na zona da barragem de Ortiga e em Mação. Como acompanhamentos nada melhor do que migas e/ou açorda de ovas e um bom vinho. No que respeita à doçaria não devem ser esquecidas as tigeladas de Cardigos, o mel, o bolo dos santos, as fofas de Mação (cavacas) e os torrados. Uma boa oportunidade para provar esta gastronomia, rica, saborosa e variada, com os seus pratos típicos, é o Festival do Azeite Novo, Migas e Almeirão que decorre em nove restaurantes do concelho até ao final do ano.


QUALIDADE DE VIDA

Montalegre, uma janela de oportunidades dócil, frugal, que era carne que no século XVIII a corte inglesa se alimentava. O cabrito de barroso, o cordeiro de barroso, o fumeiro de barroso, há uma série de produtos com denominação de origem. A batata semente do barroso caiu, deixou de ter mercado, mas vamos retomá-la já no próximo plano de atividades e orçamento, criando uma base de produtores a quem iremos oferecer a semente, iremos associar-nos a uma empresa de certificação, criando laboratórios onde seja feita uma análise permanente da terra e dos produtos. Ou seja, há um conjunto de produtos com denominação de origem que não estão ainda, por mais esforços que tenhamos feito, suficientemente valorizados, promovidos ou aproveitados comercialmente, e essa é a tarefa que agora nos espera e que nos iremos entregar de corpo e alma”.

Orlando Alves, Presidente da Câmara de Montalegre

N

o Alto de Trás-os-Montes, entre Espanha, Chaves, Boticas, Cabeceiras de Basto, Vieira do Minho e Terras de Bouro encontramos Montalegre, um local privilegiado pela sua paisagem e tradição. Orlando Alves, presidente da Câmara de Montalegre, declara que “há qualidade de vida na região, porque tivemos a sorte de viver durante muitos anos isolados do todo nacional, aqui encastrados nas serranias que nos envolvem, soubemos manter e valorizar os nossos costumes, soubemos valorizar os nossos produtos, soubemos alimentar-nos como deve ser, temos bom ar, bom ambiente, património, paisagem, e até, qual cereja no topo do bolo, temos também um terço da área total do Parque Nacional Peneda Gerês”. Aqui, com estas condições, o turismo de massas é descartado, até porque “a parte do parque que é território integrante do concelho de Montalegre e que é curiosamente, aquilo que o parque tem de ambiente rural mais profundo, é aquilo que pode ser potenciado para um aproveitamento turístico mais forte, mas direcionado para fora da massificação”.

A gastronomia Se há produto bem conhecido nacionalmente é a carne barrosã devido à sua qualidade. De forma a projetar os produtos da região, a autarquia promoveu em Lisboa e irá também fazê-lo no Porto, a Feira do Fumeiro, que se realizará entre os dias 23 e 26 de Janeiro. O nosso entrevistado justifica esta necessidade com a existência de mais de duzentos e trinta produtores de fumeiro. “Com tantos produtores, o produto não é homogéneo, porque cada produtor tempera de uma maneira, tem segredos que usa. Não é aquele produto que todos os dias sai da fábrica com o mesmo tempero, com a mesma cor, com o mesmo sabor. Foi este o nosso mote para se fazer a Feira do Fumeiro em Montalegre, que mobiliza cerca de setenta a oitenta mil pessoas nesse fim-de-semana e que gera um bom fundo de receitas, e que sobretudo tem a vantagem, ou a particularidade de evitar que pelo menos essas duzentas famílias tivessem emigrado”. No entanto, Montalegre não é só isto. Temos o monumento vivo que é o gado barrosão, um gado

A proximidade com Espanha Apesar da proximidade com os espanhóis, Orlando Alves afirma que não tem sido fácil comercializar lá os produtos da região. “Nós temos procurado intensificar relações a todos os níveis com os nossos vizinhos, mas não é fácil. A única coisa com que temos tido sucesso é com as provas do Campeonato da Europa de Ralicross e que em 2014 serão da Europa e do Mundo. Agora de resto, não conseguimos. Eles vão aparecendo e nós temos responsabilidade de os cativar. Ainda não descobrimos, ao nível da restauração, os nossos empresários da restauração ainda não descobriram como cativá-los, porque eles têm poder de compra. Nós não podemos abrir um restaurante a pensar só nos da terra, que estão empobrecidos, que estão sem dinheiro. Neste aspecto temos falhas. Obviamente que a autarquia assume as falhas que lhe cabem, mas também friso que temos feito ao longo dos anos uma grande campanha de sensibilização ao nível da restauração, mas que não tem tido o necessário sucesso que se impunha. Em Espanha há muita gente que gosta de comer bem, mas que também quer ser bem servido. Neste caso, o serviço é que falha”. A desertificação O interior do país está a viver uma grave crise de desertificação e esta crise que o país atravessa tem-se sentido particularmente na região. Orlando Alves refere que “as políticas do Estado não estão a ajudar em nada, apenas a agravar este problema”. O nosso entrevistado acaba por citar Sá de Miranda, que já no século XVI dizia: «Não me temo de Castela / Donde guerra inda não soa, /Mas temo-me de Lisboa, / Que ao cheiro desta canela / O Reino nos despovoa.». Afirma também que “estamos a viver exatamente uma situação semelhante. Com a façanha das descobertas, com a epopeia das descobertas, o interior do país despovoou-se. Lisboa, na altura, há documentos que o comprovam, chegou a ser uma das oito maiores cidades do mundo. A pujança económica do nosso país era notável. Hoje é igual, só que quem vai para Lisboa não vai para ficar melhor do que estaria se ficasse na sua

terra, porque lá esta a indigência, lá esta a marginalidade, lá esta a criminalidade. Quem diz Lisboa, diz toda a faixa litoral que penso que é a faixa para onde esta toda a gente a querer encaminhar-se. Obviamente que isto resulta do mau tratamento que a República dá aos seus filhos”. O presidente da Câmara reforça a preocupação com o rumo que as coisas estão a tomar. “Chegamos a um ponto perigoso, um ponto de ruptura e sem retorno. Neste momento o problema que se coloca ao interior do país é: Como vamos fixar ali as pessoas? Dois terços do território estão a ficar abandonados. Quem é que vai olhar por dois terços do território? São os espanhóis? Lisboa devia estar a começar hoje a pensar nestas coisas. Lisboa e as autarquias. Devíamos estar hoje todos de mãos dadas a pensar nisto. Não o fizemos, e se começarmos amanhã já vamos com muito atraso. Se o Estado se retira desse dois terços de território, se o Estado abandona as populações, é um mau exemplo, isso não é política, não é de salutar, não é estratégia. Vamos ter situações complicadas, vamos ter se calhar um mandato no interior em que vamos estar a reclamar do país, a protestar contra Lisboa e a dizer que a imbecilidade já é demasiado grande para que nos calemos. Vamos assistir ao reforço das políticas e das medidas que conduzem a um fim inevitável: vamos abandonar aquelas gentes, vamos abandonar o território, o Estado vai deixar de marcar ali a sua presença e ali já não é Portugal. Se é isso que se pretende, é para isso que estão a caminhar. Eu espero que não tenhamos necessidade de um segundo resgate, porque se assim for, certamente, que ai as coisas vão doer ainda muito mais e eu temo que os serviços no interior do país encerrem todos e nós fiquemos completamente abandonados à nossa sorte”. Montalegre tem muito para ver e experimentar O nosso entrevistado enuncia as potencialidades do concelho que preside, afirmando que “não é num dia que se vê Montalegre, mas pelo menos em oito dias. Temos duas realidades distintas: o Alto Barroso e o Baixo Barroso, zonas com especificidades e características muito diferentes. No Baixo Barroso temos localidades a trezentos metros de altitude, já com azeitonas, laranjas, entre outras. O Alto Barroso, para quem goste de sentir a ruralidade basta fazer uma incursão, aleatoriamente, em cada uma das nossas aldeias, ir à procura do forno do povo e ter a sorte de encontrar um que tenha acabado de fazer uma fornada e sentir o cheirinho do pão, ter a sorte de encontrar os rebanhos ou gado a sair que vão para o monte, ter a sorte de encontrar pessoas no rossio da aldeia e entabular conversação com elas, ter a sorte de poder entrar numa das muitas igrejas e capelas – algumas delas com valor patrimonial significativo -, ter a sorte de ir a Vilar de Perdizes e encontrar o Padre Fontes a jogar a sueca e ter ali uma conversinha, ter a sorte de chegar a Pitões e apanhar Dezembro 2013

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neve, ou de chegar a Tourém e de ter a oportunidade de ir visitar a casa dos Braganças, onde estão ainda os buracos na pedra onde estavam os canhões para as pessoas se defenderem nas guerras peninsulares”. Para quem efetivamente aprecia natureza, há o Parque Nacional Peneda Gerês e ir ver, por exemplo, o Fojo do Lobo. “Não temos muitos monumentos de tirar muitas fotografias. Agora temos é uma ruralidade muito forte, muito vincada e é isso que temos para oferecer. Aqui faz-se pesca, caça. Quem quiser respirar ar puro não precisa de grandes incursões no território, mas quem quiser ir apanhar uma panorâmica de um território confinante com Espanha e com um número de concelhos à volta, sobe à Serra do Larouco que é o segundo ponto mais alto de Portugal continental, e apanha, vê, sente o que é o frio de Montalegre”. Quem quiser pode ir a Fiães do Rio e ir ver a casa onde nasceu primeiro secretário-geral do Partido Comunista Português que foi morto no Tarrafal, Bento Gonçalves. Quem quiser ir ao Baixo Barroso e ver em Salto por onde andou D. Nuno Alvares Pereira e onde ele terá ensaiado, assim o diz a tradição, a tática do quadrado que usou em Aljubarrota, há na toponímia espaços que consagram toda essa passagem. Quem quiser pode ir ver o Pisão onde se fazia o borel, a capucha que se usava na serra. “O que é preciso é que venham pessoas que tenham vontade e olhos para ver, porque o território será sempre um território com um potencial turístico muito grande, mas para os aventureiros, para as pessoas que gostem da montanha, que gostem de história, que saibam olhar a um pedra e saber que e granito puro e que ali uma forma que as encanta e que permite uma fotografia”.

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