Revista Combate - Outono 2004

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VIERAM DE TODAS as partes da Europa e não só, são membros de diversas organizações sindicais, feministas, de direitos humanos, de intervenção local, são dos movimentos contra a guerra, ambientalistas, internacionalistas, com sensibilidades e tradições sócio-políticas bastante heterogéneas. Criaram espaços de expressão de múltiplas causas colectiva e individualmente tanto para as organizações bem estruturadas com para aquel@s que não têm voz. Neste Fórum Social, à semelhança dos anos anteriores, em Florença e Paris, uma das palavras de ordem era: “contra o capitalismo neoliberal, contra a guerra, pela paz e por um mundo sem racismos”. Além dos plenários, dos seminários, dos “workshops” e das mesas de controvérsia, um dos momentos mais importantes, apesar de se realizar à margem do FSE, é a Assembleia dos Movimentos Sociais. Este espaço, político por excelência, reflectiu no seu apelo final a pluralidade das preocupações e das agendas do movimento social europeu, procurando articulá-las de forma a potenciar uma intervenção política mais coesa, mais visível e mais eficiente no combate à guerra, e ao neoliberalismo. As reivindicações e subsequentes iniciativas vão da oposição ao “muro do apartheid” de Sharon, às campanhas contra os perigosos OGM, passando por apelos a mobilizações europeias contra as cimeiras da NATO de Nice, em Fevereiro de 2005 e do G8 na Escócia em Julho de 2005, por mobilizações cidadãs no dia 8 de Março para combater a Europa patriarcal,

o sexismo e a violência contra as mulheres, lutando pelo direito à opção em matéria de IVG. Nesta mesma lógica de articulação solidária das agendas políticas do movimento social europeu, na luta contra a Europa-Fortaleza, por um espaço de liberdade e de igualdade de direitos, contra o racismo e para a livre circulação e a livre instalação, juntar-se-ão milhares de cidadãos europeus para uma jornada europeia de solidariedade com os cidadãos imigrantes, no dia 2 de Abril de 2005. Os movimentos sociais europeus reafirmaram neste mesmo apelo a sua oposição firme ao projecto de Constituição Europeia. Além de não ter nascido de um processo constituinte democrático, revela-se como uma imposição autoritária de teor conservador, neoliberal e militarista, ao incorporar geneticamente a NATO na sua arquitectura institucional. Este projecto de constituição europeia representa uma ameaça à democracia, porque assenta num ataque sem precedentes aos direitos básicos ao emprego, à saúde, à educação, à liberdade, baseando-se na doutrina neoliberal rentista, que visa mercantilizar todos os serviços públicos. Por isso, haverá mobilizações em no dia 30 de Outubro contra a assinatura do Tratado Constitucional e no dia 11 de Novembro contra a directiva Bolkestein. Seguramente que o ponto alto destas mobilizações será a manifestação europeia em Bruxelas a 19 de Março, coincidindo com o segundo aniversário da invasão do Iraque, a 20 de Março, e a reunião do Conselho europeu, de 22 a 23 Março.

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