FLASH VIEW FERNANDO GUERRA
Fernando Guerra. "A fotografia provoca-me, desafia-me e dá-me a liberdade de poder observar e de ser surpreendido." desenvolvimento de novos produtos da marca, bem como a oportunidade de testar o que desejar e o que me faz fotografar melhor. : Que considera para si uma boa fotografia? Fernando Guerra: No campo mais pessoal, uma boa fotografia é aquela que me faz sorrir, que me faz feliz, porque não tem de ser mais nada. Não tem de ser uma fotografia que agrada a toda a gente ou que seja tecnicamente perfeita. Já no campo profissional, vejo as coisas de forma diferente. Para mim, é essencial que a imagem faça parte de um conjunto, que conte de forma clara uma narrativa sobre a obra: onde está localizada, como está enquadrada, quais os aspetos que a distinguem e como nela há
Isay Weinfeld - Loja Dpot, - São Paulo, Brasil
vida e vivências. O meu trabalho é sempre sobre a
com que o trabalho se torne ainda mais especial. A
obra de um cliente. Eu sou apenas o mensageiro e,
título de exemplo, refiro as viagens que tenho tido a
na maior parte dos casos, acabo por ser o único a
oportunidade de fazer com Álvaro Siza. Neste caso
poder entrar numa obra para depois poder contar
em específico, mais do que as imagens, o que mais
como ela é.
prezo é poder partilhar uma rotina de semanas com um génio que, de facto, mudou um pouco o mundo,
Isay Weinfeld - Hotel B, - Brasília, Brasil
: Como começou o seu interesse pela
pelo prisma da arquitectura.
fotografia e o que a levou a seguir carreira como : E o mais dificil?
fotógrafo? Fernando Guerra: O meu interesse pela fotografia
Fernando Guerra: Todos os trabalhos são difíceis.
começou em 1986, quando eu tinha 16 anos, coinci-
Por mais anos que tenha de fotografia, encaro os
dindo também com o início da minha relação com
trabalhos sempre da mesma forma. O trabalho
a Colorfoto enquanto cliente: foi nessa altura que
mais difícil é sempre o do dia seguinte, simples-
comprei uma lente para a minha então nova Canon
mente porque não está feito, porque é uma folha
T90 e a partir desse momento nunca mais parei de fotografar. No entanto, só mais tarde, em 1999, é que
Isay Weinfeld - Casa / Galeria - São Paulo, Brasil
: Qual o trabalho fotográfico que mais
em branco, cheia de incertezas e de variáveis que terei de controlar ou contornar para conseguir fazer
fundei a FG+SG, com o meu irmão Sérgio, uma em-
lhe agradou fazer?
as imagens certas. Em cada dia, em cada projecto
presa especializada em fotografia de arquitectura.
Fernando Guerra: Tenho no meu site 1400 trabalhos
há sempre um novo princípio. Sem desculpas, sem
Como arquitecto que tinha um especial gosto por
completos publicados. Praticamente 300 mil ima-
adiamentos. Vou ter de fazer sempre o trabalho e
fotografia, não me revia no modo como se mostra-
gens online. E há muitos mais para publicar. Mas a
ponto final. Clientes assim esperam e só tenho umas
va a arquitectura e acreditei que poderia fazê-lo de
verdade é que é impossível escolher um ou apenas
horas para o resolver.
forma diferente. Essa procura da diferença permane-
uma imagem. Todos os trabalhos que fiz têm as suas
ce até aos dias de hoje – sempre que agarro numa
particularidades. No entanto, os meus trabalhos pre-
máquina e começo um trabalho. E se comecei com
feridos não estão ancorados apenas no resultado fi-
que as têm? (fotógrafos, revistas etc)?
uma Canon, atualmente continuo na marca como
nal e acabam por ser aqueles em que tenho a opor-
Fernando Guerra: Tudo começou com Alex Webb,
embaixador, o único de fotografia de arquitectura –
tunidade de fotografar com os arquitectos, porque
com Sebastião Salgado e também com o ter desco-
algo que me possibilita uma colaboração estreita no
há toda uma partilha de um tempo que faz
berto a noção de momento decisivo difundido pelo
04
· Julho 2019
: Quais as suas fontes de inspiração se é