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Leonardo T Marques Pereira Arminda pai contra mãe

Leonardo Traversim Marques Pereira

Arminda Pai contra mãe

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Meu nome é Arminda, porém nunca fui chamada pelo mesmo. Meu pai aos seus 25 anos foi trazido da África, quando chegou aqui foi forçado a trabalhar na fazenda de um senhor cujo nome era Jorge, este tinha uma esposa e uma filha chamada Mônica. Durante os serviços prestados ao senhor, meu pai observava distantemente Mônica que rodeava a fazenda. Apesar de crescida, parecia não entender a situação de meu pai. Os dois se viram um no outro, então se apaixonaram. Toda noite Monica dava duas voltas na fazenda para encontrar o meu pai.

Certo dia, Mônica sentiu dor em seu ventre, foi até meu pai, este homem sábio afirmou a ela que estava grávida. Mônica mesmo com medo não hesitou em contar a seu Jorge. Ainda que sua filha lhe implorasse, este lhe deu a ordem de que quando nascesse a criança teria de ser escrava ao lado de seu pai. Então eu nasci já como escrava, ao lado de meu pai, porém sem minha mãe que havia ido embora daquela fazenda, pois não suportava me ver trabalhando sem sequer um respiro. Antes de morrer meu pai contou-me sobre minha origem. Após sua morte continuei trabalhando na fazenda daquele senhor que já era quase falecido, porém como senhor nunca fez, sempre mandou fazer. Certo dia, veio ele em minha direção colocou-me uma máscara no rosto, em seguida bateu em minha cabeça, cai no chão já desacordada. Acordei nua sem roupa alguma, implorei a aquele senhor que me devolvesse as roupas,gesticulando apenas, pois ainda tinha em meu rosto aquela máscara que me impedia de falar e respirar. Ele me disse que as traria pra mim assim que anoitecesse. Já tarde trouxe o senhor aquela roupa, deixou-a ao meu lado e sussurrou, se estiveres grávida, seu filho terás assim como você e seu pai trabalhar para mim. Naquele instante, me amedrontei pensando em um filho sendo torturado, obrigado a trabalhar. Decidi que tinha que fugir rápido. Ainda naquela noite tomei minhas roupas e corri por toda a fazendo em direção às bordas onde sempre havia brechas, a primeira que vi a atravessei, senti um alívio como se não apenas o meu corpo mas minha alma tivesse sido liberta. Amanhecendo nas ruas, ainda estava com a máscara que cobria metade da minha face. Procurava algum tipo de ferramenta, qualquer coisa que pudesse me livrar daquele sofrimento, até que achei um pé de cabra largado, comecei a bater contra a máscara, apesar de diversos cortes que já fizera em meu rosto a máscara se quebrou ao meio. Pronto, agora não era mais uma propriedade, e meu sofrimento tinha acabado. Passados já alguns dias de minha fuga notei que tinham posters nas ruas com meu nome e rosto estampados, dizia: procura-se por escrava fugida. Já sentia um peso em meu ventre, soube aquele momento que o senhor não tinha mentido e que eu teria um bebê.

Um mês já tinha se passado desde minha fuga, vagava pelas ruas à esperança de alguma ajuda.