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Isadora Conde Torres Fome

comida para comprar, depois de um bom tempo caminhando no meio da cidade com o sol em cima da cabeça, Fabiano achou uma feira e viu uma pessoa vendendo batatas, ele apressou o passo para comprar aquele legume, Fabiano perguntou para o vendedor:

—Oi, boa tarde! Quanto está o quilo da batata?

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—Oi, boa tarde! O quilo está R$5,99.

Surpreso com aquele valor, Fabiano respondeu:

—Ah, entendi! Me vê um quilo então…

—Aqui está.

—Muito obrigado!

—De nada

Ele voltou para casa contente, vendo que iria ter o que comer no almoço e no jantar. Chegando em casa, Fabiano mostra o saco de batatas para Sinha Vitória e seus dois filhos, todos ficaram felizes com a surpresa, e pela primeira fez, Fabiano conseguiu dar um abraço na sua família e também, pela primeira vez, conseguiu falar que gostava de estar perto deles. Isadora Conde Torres

Fome

Tudo começou quando a mamãe me mandou para cama sem jantar depois de uma briga. Eu estava com muita fome. Não podia dormir daquele jeito, era uma fome enorme, quase insaciável.

Então me levantei da cama e andei pelo meu quarto procurando algo para comer. Comecei pela ração do meu hamster, estava seca mas eu não me importei, comi tudo sem deixar sobrar nada, depois peguei meu gloss de cereja, o espremi inteirinho na minha boca e engoli tudo de uma vez. Era doce. Mas aquilo não era o suficiente, eu andei pelo quarto escuro até o banheiro, comi toda a pasta, engoli todas as bagasdoces falsas da velha decoração de natal que estava pendurada na janela, mas não era o suficiente.

Então eu ouvi um som vindo de fora, era um passarinho. Eu o vi pela janela, ele estava em uma árvore encostada na casa. Eu me debrucei no

parapeito e pulei pra fora, quando dei por mim, havia me tornado um gato. Um gato preto com uma cauda longa e escura.

Eu pulei entre os galhos, de um em um, me aproximando do passarinho, quando dei um pulo para cima dele e em uma bocada o engoli inteirinho. Estava uma delícia! A carne rasgava entre os meus dentes

e o sangue era tanto que vazou da minha boca. Mas não era suficiente.

Continuei a pular entre os galhos quando eu caí da árvore, de repente eu me transformei em uma coruja. Uma coruja branca que se destacava na noite escura. Eu voei pelo cume das árvores fracamente iluminadas pela lua e pelas estrelas. Avistei um coelho pulando por uma clareira. Desci rápido e abocanhei o bichinho, engoli-o inteiro, sem nem mastigar, estava delicioso. Mas não era suficiente. Eu ainda estava com fome, com fome de mais carne.

Avistei uma praia de pedras onde a mamãe nunca me deixava ir porque era perigoso. As ondas fortes batiam contra as rochas e o mar fundo estava a

poucos metros. Quando me dei conta, eu havia virado um tubarão, grande, com várias fileiras de dentes enormes e afiados. Eu caí do céu rápido e TIBUUM caí na água salgada.

Nadei por um tempo, quando vi uma foca, gordinha e cheia de carne deliciosa. Nadei rápido atrás dela e a abocanhei e a engoli em um só ato. A carne era maravilhosa. Mas não era o bastante, eu ainda estava com fome.

De repente surgiu um barco de pesca grande e quando vi, eu era um monstro, um monstro parecido com uma cobra, gosmento, sem face, só com uma boca enorme e um estômago sedento por mais. Subi no barco sorrateiramente e me esgueirei pelas montanhas de peixes recentemente pescados, quando vi um homem, cheio de carne deliciosa. Em uma bocada eu o comi, comi tudo, seus ossos, sua carne macia, seu sangue suave. Eu queria mais.

Rastejei pelo navio inteiro, comi o capitão, comi pescadores, comi peixes, comi tudo. Mas não era o suficiente.

Voltei para casa. Subi pela parede e entrei pela janela do quarto, me escondi debaixo da cama e fechei os olhos.

Quando abri-os, eu estava em cima da minha cama, tinha voltado a ser eu mesma, com meu pijama rosa de estrelinhas, pronta para dormir. Mas eu sabia o que me esperava, eu sabia o que estava debaixo da minha cama, com fome, sedento por mais carne, e eu seria deliciosa.