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Ynaiê Da Silva Pedroso Slam e o impacto na vida dos jovens

Ynaiê da Silva Pedroso

Slam e o impacto na vida dos jovens

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Algo inerente à humanidade é a necessidade de expressar-se. Isto é, falar das juventudes sem relacioná-las à arte e à cultura é impossível. Uma das inúmeras manifestações artísticas juvenis é o Slam. Slam é uma batalha de poesia falada que se espalha por todo o Brasil, é um movimento protagonizado pelos jovens, sobretudo, os da periferia, como um espaço de reconhecimento, empatia e militância. É a voz dos grupos histórica e socialmente silenciados.

Os temas das batalhas trazem pautas do cotidiano, como: homofobia, racismo, machismo, violência entre outros temas. O cotidiano e suas discrepâncias sociais é fonte riquíssima para poetas da periferia, a batalha de poesia tem muito impacto na vida dos jovens periféricos, é uma forma de resistência em relação ao estado, pois eles unem vozes que entoam gritos de lutas. A partir do Slam, jovens periféricos ousaram acreditar que era possível ocupar espaços de conhecimento nas universidades durante muito tempo dominadas pelas elites, na UFRGS os slammers estão presentes em diversos cursos, seja na graduação ou na pósgraduação. Hoje, no estado de São Paulo, estima-se que há cerca de 50 Slams, o movimento se espalhou pelo Brasil e, na estimativa geral realizada em 2018, havia cerca de 150 comunidades da competição no país todo, sendo que em praticamente todos os estados há pelo menos um.

A cantora, compositora e poetisa Cinthya Santos, conhecida como kimani, participa do Slam desde 2017, quando descobriu a poesia de militância como uma forma de entender as suas raízes e encontrar seu espaço no mundo. ”O Slam é um processo terapêutico, quase de cura mesmo. Os poetas são muito verdadeiros em relação às suas vivências, tem gente falando sobre como foi violentada, sobre ter enfrentado a depressão, sobre opressões diárias. A gente cria um vínculo forte entre todos que estão ali”.

O papel do Slam nas escolas é fundamental também, é a partir delas que as inscrições nos Slam interescolares (organizado pelo Slam da Guilhermina, a batalha de poesia interescolar é uma competição de poesia falada entre alunos das escolas públicas e privadas) são abertas.

Nas ruas, as batalhas de poesia falada têm aquelas características descritas anteriormente, as escolas se reforçam e são base para a produção de novos significados. Nos últimos anos, o Slam tem sido implantado nas escolas de forma pedagógica, sobretudo na aprendizagem de literatura, exercitando a escrita e a leitura oral. Maira Mesquita, doutoranda em educação pela Universidade de São Paulo (USP), e coordenadora do núcleo Slam: poesia-corpovoz da arte da Feusp, aponta o Slam como uma ferramenta que ultrapassa a estrutura do conhecimento que temos na escola.

Jovens se interessam, aprendem, se expressam, compartilham seus sentimentos através do Slam Por meio da poesia marginal, jovens expressam seu modo de existir e suas reivindicações por uma cultura jovem popular, negra, criada por pobres, de moradores da periferia. É um mundo onde eles expõem e que as elites fazem questão de não enxergar.