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Malu Guimarães Juventude e Violência

A palavra Slam em si já dá muito significado ao movimento. Por ser uma onomatopeia para algo como uma pancada, um “baque”, nos faz pensar na intensidade e repercussão que essa poesia infere no âmbito social e também individual do poeta que a declama.

Em 2008, o Slam foi trazido ao Brasil pelo Núcleo Bartolomeu, um grupo teatral com influências do hip-hop, como o grafite e o break dance, que luta por direitos das mulheres e pessoas pretas. Roberta Estrela D’Alva foi a poeta e atriz do grupo que decidiu trazer e disseminar essa nova vertente poética, vendo ali uma oportunidade de dar mais voz aos jovens pobres e sempre tão pensantes. Ao longo do tempo, passaram a existir também os saraus não competitivos.

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O Campeonato Slam BR ocorre anualmente em São Paulo, onde é decidido quem representará o país na Copa do Mundo de Slam, sediada em Paris. Atualmente, os grupos brasileiros mais famosos de Slam Poetry são o Slam RS, o Slam Chamego, o Slam Peleja e o Slam das Minas. Uma das organizadoras do Slam das Minas paulista, Mel Duarte, declama sobre sua vivência enquanto jovem negra e mulher. Em versos como “Se cair a gente levanta. Mulher, sim. Negra, sou. Punhos cerrados até o fim. Meu tempo é agora”, ela também motiva mulheres negras a lutarem e terem esperança.

Inegavelmente, o Slam é poesia. Mais que isso, o Slam é uma mistura de artes, uma deselitização da poesia e uma formalização do rap ao mesmo tempo. É um espaço aberto aos jovens que querem se manifestar. Um lugar onde os pensamentos, ideias e opiniões são ouvidos e envolvidos em arte. O movimento tem se fortalecido no Brasil, e é cada vez mais alimentado por obras fortes de resistência negra, feminina e periférica. É engano dizer que a poesia está morrendo, uma vez que desdobramentos como esse aproximam os jovens da arte. Malu Guimarães

Juventude e Violência

A violência é um dos temas mais conturbados e preocupantes para os brasileiros hoje. Recentemente, tornou-se urgente discutir e implementar medidas capazes de lidar com esse fenômeno. Infelizmente, nesta situação de medo e insegurança, sempre surgem argumentos arriscados e precipitados, como os que culpam os jovens pela escalada da violência.

As estatísticas mostram que a violência se transformou em uma das principais causas de morte de jovens. De acordo com o Unicef, 16 crianças e adolescentes brasileiros morrem por dia, em média, vítimas de homicídios. E as pessoas com idades entre 15 e 18 anos representam 86,35% dessas vítimas. Enquanto a taxa de mortalidade por homicídios de adolescentes está em torno de 35/100 mil habitantes a da população geral encontra-se em 27/100 mil, segundo dados do Datasus. Por outro lado, de acordo com o Ilanud, o percentual de jovens com idade inferior a 18 anos que comete atos infracionais é de menos de 1% da população total nessa faixa etária. No universo