Dois nomes, dois mundos, vários poemas

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Organização: Karla Bellaparte

edição7ª –038928265978ISBN----7

Patrícia Ribeiro Campos

Dois nomes, dois váriosmundos,poemas

Análise formal e interpretativa de poemas de Cecília Meireles e de Ferreira Gullar realizada pelos alunos dos nonos anos do Ensino Fundamental.

Silmara Startari

Idealização: Patrícia Ribeiro Campos Silmara Startari Karla Bellaparte

Editora: Patrícia Ribeiro Campos

Diretora Administrativa: Pricila Spera

Coordenador Pedagógico: Douglas Albuquerque Gouvêa

Diretora Geral MMSPs: Ir. Maria de Fátima Marques de Oliveira

Coordenadora de Área: Cristiane Imperador

EXPEDIENTE

Impressão: Design Editora e Gráfica

Diagramação: Karla Bellaparte

Diretora Educacional: Clarice Ap. Monreal P. Cavalcanti

Ilustrações: Alunos dos 9ºs anos do ano de 2022 Capa: Felipe Lima Oliveira e Silva Estudantes convidados: Larissa Felipe Pelegrino e Enrico Fernandes Caprio

Assim, inspirados pelas vozes de ontem e motivados pela esperança de serem ouvidos, novos poetas semearam suas percepções e emoções em textos autorais e nas releituras artísticas dos poemas analisados.Enfim, para trilhar esse caminho, que aqui se configura, basta que se apurem os sentidos. Além de ler e de apreciar, há muito para compreender: “alegria e muito sonho/ espalhados no caminho/ verdes, planta, sentimento/ folhas, coração, juventude e fé.” .

Profª. Patrícia Ribeiro Campos

(Milton Silva Campos Nascimento / Wagner Tiso Veiga)

Boa leitura!

CARTA AO LEITOR

Esse gênero literário, dever ético e social de quem pretende ensinar e direito de quem deseja aprender é o terreno fértil de onde colhemos experiências e conhecimentos e aonde levamos nossos estudantes na segunda etapa letiva de 2022, durante as aulas de Língua Portuguesa e de Arte.

A poesia precisa estar na escola. Ela é fundamental para a formação humanística, pois, para escrever um poema, é preciso entrar em contato com as próprias emoções e compreendê-las, antes mesmo de entender o que está ao nosso redor. Poesia são os nossos sentidos, já tão esquecidos em um contexto mecanizado e imediatista, lembrando a todos que ainda somos humanos.

Ao ler e interpretar, formal e estilisticamente, os poemas escolhidos, nossos alunos e alunas conheceram Cecília Meireles, Ferreira Gullar e seus respectivos mundos, surpreendendo se com a paridade da essência humana.

E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor frutoe .

Reinvenção (Cecília Meireles) 25

Retrato (Cecília Meireles) 13

Onda (Cecília Meireles) 39

O aeronauta oito (Cecília Meireles) 43

Despedida (Cecília Meireles) 35

Vigília (Cecília Meireles) 23

Fala aos inconfidentes mortos (Cecília Meireles) 11

Quando meu rosto contemplo (Cecília Meireles) 37

Extravio (Ferreira Gullar) 52

Traduzir se (Ferreira Gullar) 59 Falar (Ferreira Gullar) 61

Declaração de amor em tempo de guerra (Cecília Meireles) 09

Os mortos (Ferreira Gullar) 50

O mundo de Cecília Meireles 07

Canção de Alta Noite (Cecília Meireles) 21

Humildade (Cecília Meireles) 15

Retrato em Luar (Cecília Meirelles) 41

Motivo (Cecília Meireles) 19

SUMÁRIO

A Bailarina (Cecília Meireles) 29

Discurso (Cecília Meireles) 33

Madrugada (Ferreira Gullar) 54

Enchente (Cecília Meireles) 27

O mundo de Ferreira Gullar 45

Praia do caju (Ferreira Gullar) 56

Lua Adversa (Cecília Meireles) 17

Ou Isto ou Aquilo (Cecília Meireles) 31

Cantiga para não morrer (Ferreira Gullar) 46 Mau despertar (Ferreira Gullar) 48

Toada à toa (Ferreira Gullar) 63

O voo mais alto (Matheus Francisco Morgado) 104

Amizade Obscura (Gabriel Massaro Drago Campos) 107

Autovalidação (Júlia Zammataro de Faria) 110

Insanidade Sublime (Sarah Cardenuto Saes) 87

Mar Azul (Ferreira Gullar) 69

Realidade (Lucas Slaginskis de Vizzia) 108

Ao longo do tempo (Matheus Gonçalves Freire) 88 Insuficiência (Leticia Martinez Siqueira) 89

A vida de muitas pessoas (João Pedro Granato de Oliveira) 109

Dois e dois são quatro (Ferreira Gullar) 77 Cantada (Ferreira Gullar) 79

Coração Parado (Isabella Cicerelli de Assis) 86

O Nosso Mundo 83

Neste leito de ausência (Ferreira Gullar) 75

Nós, latino americanos (Ferreira Gullar) 73

Prezado Vazio (Eduardo Kenji Nakanishi) 101

Coisa de adulto (Maria Julia Travençolo da Silva) 94 Quem era Alaska (Caroline Ferreira de Aguiar) 95

Essa menina (Lais Branco Pereira) 98

Homem Comum (Ferreira Gullar) 67

Buraco Negro (Pedro Henrique Alarcon Creton) 99

Não sei (Marina Mayumi Shiraya) 85

Jogo da esperança (Caio Ares de Souza) 93

Fim (Arthur Vinícius Silva Xavier) 103

Querer e se arrepender (Maria Eduarda Batista G. Moreno) 105 Bala no Peito (Laura Mendonça Justiniano) 106

Aprendizado (Ferreira Gullar) 65

Um instante (Ferreira Gullar) 81

Um aperto sem fim (Natalia pereira Lopes) 100

Amizade Antiga (Vinícius Martins Eiras) 90 Minha escola do coração (Julian Marcelo D. Andrade) 91 Meu amor por você (Caio Galvani Padilha) 92

O inacabado (Felipe Venâncio Barros) 96

O que te aflige? (Isabela Batista Bento) 112 Saudade (Larissa Pallopito) 113 A culpa é da mulher (Gisele Peng) 114

O que é um amigo? (Lucas Rossi Okabayashi) 115 Pesado (Pedro Jesus Ventura) 116 Diferenças (Luigi Pinho Melito) 117

Uma amizade verdadeira (Henry Fernandes) 118 Somos Passageiros (Rafael Marinucci Peres) 120 Surf (Guilherme Cunha Romano) 121

Ahh...minha infância (Pietra Chelini Barsan Rodrigues) 111

Um poema feito por alguém cansado e deprimido (Cláudio Eduardo Medeiros F. de Acioli) 122 Tristezas e Incertezas (Yasmin Mendonça Guaraldo) 124 Tipos de Amizades (Fernando Bento Cristovão) 125 Cobrança do Irreal (Fernada Colisse G. Matias Fausto) 126 Criação (Beatriz Formigone Lomas) 127 Fantasma (Fernanda Galvão Carvalho) 128 Barreira (Ellen Rodrigues Dourado) 129 Amizade Falsa (Daniel Ferreira Manesco) 130 Vida a Desaparecer (Giovanna Aguiar Silveira) 131 Pensar e não fazer (Leonardo Hideo Matsubara Paro) 132 Amizade Efetiva (Lucas Costa Selman) 133 Arte (Felipe Lima Oliveira e Silva) 134 Uma nova amizade (Manoela Francisco Borrallo) 135 Diário de um Negro (Nicola Júlio da Silva) 136 Bolha (Karina Midori T. Motte e Isabela G. G. Correia) 137 Sonho (Brenda G. Fojo) 138 Poema (Enrico Fernandes Caprio) 139 Melancolia (Enrico Brunno Alonso Martos) 140 Um lugar (Júlia Miyuki C. Afuso) 141 Saudade (Yasmin Bastos Brandão) 142 Referências 143

O MUNDO DE CECÍLIA MEIRELES

Realizou numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou. Tornou se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953. Em Délhi, Índia, no ano de 1953, foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

Em 1940, Cecília casou-se com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo Em 1934, organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo. Em 1940, lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).Em 1942, torna se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).

Aposentou se em 1951, como diretora de escola, porém continuou a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ). Em 1952, tornou se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho.

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Cecília Meireles (1901-1964) nasceu no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro Seus pais eram Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal. O pai faleceu três meses antes de ela nascer. A mãe, quando ainda não tinha três anos. Passou então a morar com sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.

Em 1919, lançou seu primeiro livro de poesias, "Espectros". Casou se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe deram cinco netos. Correia Dias suicida se em 1935.

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Recebeu o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Seu nome foi dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963.

Faleceu, no Rio de Janeiro, a 9 de novembro de 1964, sendo lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebeu, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

DECLARAÇÃO DE AMOR EM TEMPO DE GUERRA

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(Na minha terra, os homens, Senhora, andavam nos campos, agora.)

Para ver vossos olhos, acenderei as velas que tornam suaves as pestanas e os diamantes. Caminharão pelos meus dedos vossas pérolas, — por minha alma, as areias destes límpidos instantes.

(Na minha terra, os homens, Senhora, apodrecem no campo, agora...)

Vós sois o meu cipreste, e a janela e a coluna e a estátua que ficar, com seu vestido de hera; o pássaro a que um romano faz a última pergunta, e a flor que vem na mão ressuscitada da primavera.

Estaremos tão sós, entre as compactas cortinas, e tão graves serão nossos profundos espelhos que poderei deixar as minhas lágrimas tranquilas pelas colinas de cristal de vossos joelhos.

(Na minha terra, os homens, Senhora, começam a sofrer, agora.)

Senhora, eu vos amarei numa alcova de seda, entre mármores claros e altos ramos de rosas, e cantarei por vós árias serenas com luar e barcas, em finas águas melodiosas.

(Na minha terra, os homens, Senhora, estão sendo mortos, agora.)

beleza.10

O poema escrito por Cecília Meireles se trata de uma declaração de amor, o amor em tempos de guerra. A poetisa escreveu o na década de 1940, quando ocorreu uma das guerras mais horríveis da História.

As imagens presentes são diversas. Encontramos metáforas, como "Você é meu cipreste", e prosopopeia em "Suas pérolas passarão pelos meus dedos". Esses recursos ajudam o eu lírico a descrever seus sentimentos.Meireles escreveu poemas melancólicos influenciada por suas perdas pessoais, o que garantiu a ela destaque na literatura brasileira com seu estilo cheio de símbolos e delicadeza. Em "Declaração de amor em tempos de guerra”, com muito talento, discorre sobre o encontro de poesia e amor, melancolia e

Há oito estrofes, que variam entre quatro e dois versos. Alternados com as quadras, os dísticos têm a função de lembrar os leitores da triste realidade que estão vivenciando. Os quartetos, por sua vez, trazem um mundo de fantasia e magia.

Mas, no horizonte do que é memória da dessasubmersooatodosEdededereferveeternidade,oembateantigashoras,antigosfatos,homensantigos.aquificamoscontritos,ouvirnanévoadesconforme,cursotorrente do purgatório...

Negros novãoeeeingênuaorgulhos,audácia,fingimentoscovardiascovardias!dandovoltasimensotempo,

Quais os que tombam, em crimes exaustos, quais os que sobem, purificados?

Treva da noite, lanosa capa nos ombros curvos dos altos Agora,aglomerados...montestudo jaz em silêncio: amor, inveja, ódio, inocência, no imenso tempo se estão levando...

à água misériacomrodandodoimplacáveltempoimenso,soltos,suarudeexposta...

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Grosso cascalho da humana vida...

Parada não,suspensanoite,embruma:nãoseavistam os fundos leitos...

FALA AOS INCONFIDENTES MORTOS

Observamos a presença de diversas figuras de linguagem, como a personificação e o polissíndeto na segunda estrofe, a gradação nas primeira e segunda estrofes, a assonância na terceira estrofe.

O poema “Fala aos inconfidentes mortos”, de Cecília Meireles, é parte integrante do “Romanceiro da Inconfidência”. Publicado em 1953, trata se de um longo poema narrativo sobre os inconfidentes e o movimento da Conjuração Mineira.

O poema apresenta cinco estrofes. Na primeira e na terceira estrofes, há onze versos, a segunda contém quatorze versos, há sete na quarta estrofe e a última tem quatro versos. Construídos de forma irregular, tratam da vida e da morte em tempos de Inconfidência Mineira.

literatura.12

Cecília Meireles foi uma importante poeta, cronista, educadora, tradutora e dramaturga brasileira. Seus aspectos linguísticos seguem caminhos modernistas e são partes de sua evolução pessoal, trazendo temas, como solidão e brevidade da vida. Meireles é considerada uma grande educadora e uma importante influência para a literatura nacional, principalmente do período em que viveu, quando o autoritarismo se fazia presente e a mulher não tinha espaço dentro da sociedade, principalmente na

Na primeira e na segunda estrofes, o eu lírico fala das trevas e de sentimentos como amor, inveja, ódio e inocência. Na terceira, descreve uma noite enevoada, quando não se veem os fundos dos leitos. Acrescenta que, ao observar o horizonte, é possível ver o embate de antigas horas, de antigos fatos, de homens antigos, das memórias. Em seguida, representa a solidão e o silêncio. Por último, o eu lírico apresenta uma dúvida: quem são aqueles que vão ao céu purificados e quem tomba no inferno para responder por seus crimes.

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RETRATO

Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face.

Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.

O poema “Retrato” de Cecília Meireles trata da relação entre o físico e o psicológico do eu lírico, que se encontra angustiado após perceber que, ao longo do tempo, sua essência se transformou e sua aparênciaNatambém.primeira estrofe, detalha seu rosto; na segunda, ele menciona suas mãos frias e comenta que seu coração nem se mostra; na última, comenta uma mudança que não viu acontecer e se pergunta em que espelho sua face ficou perdida.

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Quanto às figuras de linguagem, percebemos a anáfora nos versos iniciais de cada estrofe a gradação no segundo verso da última estrofe e, nos dois últimos, a metáfora.

Cecília Meireles apresenta um estilo de escrita delicado e cheio de simbologia. Modernista, não deixa de falar de si mesma, influenciada pelo contexto em que escreveu Além de poetista, foi professora, jornalista, pintora e a primeira mulher que teve uma grande expressão na literatura brasileira com mais de 50 livros publicados.

E os mortos em redoma de cânfora.

(E uma canção tão bela!)

Tanto que fazer!

E nunca soubemos quem éramos, nem para quê.

E os pássaros detrás de grades de chuva.

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Tanto que fazer!

livros que não se leem, cartas que não se escrevem, línguas que não se aprendem, amor que não se dá, tudo quanto se esquece.

E fizemos apenas isto.

HUMILDADE

Amigos entre adeuses, crianças chorando na tempestade, cidadãos assinando papeis, papeis, papeis… até o fim do mundo assinando papeis.

O poema “Humildade”, de Cecília Meireles, possui cinco estrofes com versos irregulares que variam de um a cinco e tem como tema as coisas que deveríamos aproveitar, mas não aproveitamos.

Na primeira estrofe, encontramos um assíndeto. Na segunda, encontramos um pleonasmo e metáfora. Na terceira, temos uma metáfora.

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Cecília Meireles escreveu sob a insegurança de um mundo em guerra empatada por perdas pessoais, o que torna seus poemas melancólicos, cheios de símbolos e imagens. Esse estilo delicado garantiu a ela o destaque no cenário brasileiro de Literatura, em uma época em que as mulheres não se destacavam nessa função.

Cecília Meireles, em “Humildade”, trata de um tema triste e do nosso dia a dia, de uma forma maravilhosa nos fazendo refletir sobre nossa vida e nossas escolhas, de um jeito que apenas essa autora consegue.

O eu lírico comenta nas estrofes do poema o que fazemos automaticamente e afirma que fazemos as coisas sem nos darmos conta e sem aproveitarmos a vida.

LUA ADVERSA

Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...

Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha.

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Fases que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso!

A poetisa teve perdas importantes em fases de sua vida. Isso pode ser percebido quando a própria se compara com uma lua, que tem fases. Esses acontecimentos podem ter influenciado a produção de seu poema.

O poema apresenta uma diversidade de figuras de linguagem em sua estrutura, como uma comparação durante o primeiro verso da primeira estrofe, paradoxos, respectivamente durante a primeira estrofe, mais especificamente nos versos seis e sete, e no primeiro verso da segunda estrofe, tal como ideias metafóricas em todas as estrofes como um todo do poema analisado (o poema é uma “grande metáfora”)

O poema ‘’Lua Adversa’’, de Cecília Meireles, apresenta três estrofes. A primeira tem sete versos; a segunda, quatro versos; a última, oito. O tema está focado na individualidade do eu lírico e em suas fases.

Cecília Meireles escreveu sob a insegurança de um mundo em guerra impactada por perdas pessoais, o que torna seus poemas melancólicos, cheios de símbolos e imagens. Esse estilo delicado garantiu a ela o destaque no cenário brasileiro de Literatura, em uma época em que as mulheres não se destacavam nesta função.

é uma grande poetisa e de extrema importância para a cultura brasileira como um todo. Tendo em vista o contexto em que viveu e tudo que enfrentou durante sua vida, é clara a percepção de todo esse impacto em suas obras poéticas. Portanto, mesmo com um vocabulário mais complexo e avançado, nada que um dicionário não consiga resolver, ela expõe facilmente seus sentimentos ao público leitor, que, muitas vezes, se identifica com a autora e até mesmo pela maneira de escrita da mesma.

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Meireles.

O eu lírico, na primeira estrofe, indica que tem fases como a lua, fases de andar escondido, de vir para rua, de ser sozinho. Na segunda, continua dizendo que as fases que tem vão e vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para o seu uso. Por último, afirma que a melancolia roda em seu interminável fuso Finaliza afirmando que, quando chega esse dia, o outro desapareceu.

MOTIVO

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta.

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento.

Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno na asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.

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O poema apresenta quatro versos e quatro estrofes regulares. No primeiro conjunto de versos, o eu lírico afirma que canta porque o instante existe e a sua vida está completa, que não é alegre, nem triste, é poeta. A seguir, completa que é irmão das coisas fugidias, que não sente gozo, nem tormento. Na penúltima estrofe, diz que não sabe se fica ou se passa. Na última, afirma que a canção é tudo, tem sangue eterno e a asa Podemosritmada.dizer que as figuras de linguagem se fazem presentes. Na primeira e penúltima estrofes há assonância. Na terceira e última háAssim,metáforas.ficaclaro para o leitor como foi a vida dela, descrita no papel e expressa através de seus profundos poemas.

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“Motivo” é um poema de Cecília Meireles que trata da arte de ser poeta, do motivo de estar vivo e de ter essa oportunidade. A poeta é conhecida por escrever poemas tristes, mas bastante reflexivos com os quais muitas pessoas podem se identificar.

Andar… Perder o seu passo na noite, também perdida.

CANÇÃO DA ALTA NOITE

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Andar... enquanto consente Deus que seja a noite andada. Porque o poeta, indiferente, anda por andar - somente. Não necessita de nada.

Acaba se a última porta.

O resto é o chão do abandono. Um poeta, na noite morta, não necessita de sono.

Alta noite, lua quieta, muros frios, praia rasa. Andar, andar, que um poeta não necessita de casa.

Um poeta, à mercê do espaço, nem necessita de vida.

Nas três primeiras estrofes, o eu lírico afirma que o poeta anda, anda, pois não necessita de casa, até a última porta e acrescenta que, depois, é chão do abandono. A seguir, afirma que um poeta não necessita de sono, que perde a noite e seus passos, que nem necessita de vida. Por fim, na última estrofe, afirma que o poeta anda enquanto Deus consente e que, indiferente, ele de nada precisa.Cecília

O poema é muito bem elaborado, com afirmações intensas, que levam à reflexão sobre o ofício de um poeta.

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O poema apresenta várias figuras de linguagem, dentre elas a personificação, “lua quieta”, o assíndeto em vários versos e, na última estrofe, há ironia, ao dizer que o poeta é indiferente e que não precisa de nada.

O tema do poema “Canção de alta noite” é o ser poeta e apresenta oito dísticos.

Meireles foi uma poetisa, professora e jornalista brasileira muito importante para a literatura do país. Ela viveu em uma época em que as mulheres eram desvalorizadas e, mesmo assim, ganhou destaque e fez poemas retratando sua visão da vida e das próprias experiências. O fato de ela ter perdido várias pessoas importantes é retratado no poema, pois, em seus poemas, ela sempre representa um momento de solidão.

Amá-lo, nesta tristeza, é suspiro numa selva imensa.

Por fidelidade reta ao companheiro perdido, que nos resta?

O valor de nossas lágrimas sobre quem perdeu a vida não é nada.

Deixar-nos morrer um pouco por aquele que hoje vemos todo morto.

VIGÍLIA

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Como o companheiro é morto, todos juntos morreremos um pouco.

O poema “Vigília”, de Cecília Meireles, possui cinco estrofes com três versos cada, mantendo a regularidade formal do texto e tem como tema o luto, que podemos relacionar com a perda de seu marido.

Podemos dizer que as figuras de linguagem se fazem presentes Toda primeira estrofe é uma comparação, mas, nela, há também uma metáfora no trecho "todos juntos morreremos um pouco". Na segunda estrofe, predomina a metonímia, ao falar das lágrimas. Também podemos notar a ironia quando a poetisa diz que nossas lágrimas não valem nada.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que quando perdemos um companheiro, uma parte de nós morre também. Na próxima estrofe, a poetisa diz que nossas lágrimas, quando perdemos alguém, não são nada diante da perda. Já na terceira estrofe, compara o amor por seu companheiro a um suspiro numa selva imensa Na quarta estrofe, diz que não resta nada para quem perde uma pessoa que ama. Por fim, na última estrofe, complementa mais uma vez que morremos um pouco, junto com alguém que se foi.

Meireles, em “Vigília”, consegue tratar de um tema triste e melancólico de uma forma tão profunda e delicada, que conseguimos sentir tudo que ela quer transmitir com suas palavras, atribuindo uma beleza inimaginável à melancolia que retrata. Isso, graças à competência da poetisa.

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Cecília Meireles teve papel de destaque como poetisa brasileira, pois viveu em um tempo difícil e com muitas perdas, e mesmo assim conseguiu lugar como escritora. Em seus poemas, na maioria das vezes, ela fala sobre a solidão e a religiosidade, também traz elementos da natureza, musicalidade, rimas e tem preferência por sonetos, metrificação e formalidade.

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Só no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.

A vida só é reinventada.possível

Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas... Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo... mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é Vemreinventada.possívelalua,vem,retira as algemas dos meus braços. Projeto me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.

Só na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.

REINVENÇÃO

Não te encontro, não te alcanço...

Dentre as figuras de linguagem presentes, encontramos a personificação, como em “Anda o sol pelas campinas/e passeia a mão dourada/pelas águas”, e algumas metáforas, como em “no tempo equilibrada,/ desprendo me do balanço/ que além do tempo me leva.” .

Acreditamos que Cecília Meireles explora temas que estão profundamente ligados à sua vida, mas que, de certa forma, representam as nossas experiências também.

"Reinvenção", de Cecília Meireles, trata da reconstrução da vida em suas seis estrofes irregulares, que variam entre dois, três e seis versos em cada uma.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que é a reinvenção que assegura a vida. Na segunda, menciona o calor do sol e as bolhas do fundo da piscina do ilusionismo, como se essa reinvenção representasse um sono, sem preocupações, ou deveres. Na terceira estrofe, reafirma que só há vida se a reinventarmos. Na quarta, fala como se a lua estivesse mentindo para ela e, na quinta, acrescenta que não consegue encontrar nada. Por último, na sexta estrofe, novamente, afirma que a vida só é possível reinventada.

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Olha a chuva que encharca a gente. Põe a chave na fechadura. Fecha a porta por causa da chuva, olha a rua como se enche!

ENCHENTE

Vamos tomar chá, pois a chuva

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é tanta que nem de galocha se pode andar na rua cheia!

Enquanto chove, bota a chaleira no fogo: olha a chama! olha a chispa! Olha a chuva nos feixes de lenha!

Chama o Alexandre! OlhaChama!achuva que chega! É a Olhaenchente.ochãoque foge com a chuva...

Chama o Alexandre! Chama!

O poema “Enchente”, de Cecília Meireles, possui sete estrofes e trata do medo das consequências da chuva e das reações cotidianas a essas circunstâncias.Naprimeira estrofe, o eu lírico chama um indivíduo chamado de Alexandre A partir da segunda, apresenta as consequências trazidas pela chuva forte, o chão que desaparece e a gente encharcada, por exemplo. Além disso, conta nos o que faz dentro de casa, enquanto não pode sair.

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Sua linguagem, sempre simbólica, traz muitas figuras A aliteração está em todo o texto, através da repetição do fonema /chê/. Há, também, personificação em “Olha a chuva que chega!”.

Normalmente, melancólica, neste poema, Meireles mostra-se mais descontraída, brinca com as palavras e diverte nos com uma questão tão cotidiana.

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Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir como as outras crianças.

Não conhece nem lá nem si, mas fecha os olhos e sorri.

A BAILARINA

Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.

Esta menina tão pequenina quer ser bailarina. Não conhece nem dó nem ré mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá Mas inclina o corpo para cá e para lá.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.

As figuras de linguagem presentes no poema são o polissíndeto, nos últimos versos das cinco primeiras estrofes, comparação em “também quer dormir como as outras crianças” e metáfora na antepenúltima estrofe.

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Nas três primeiras estrofes, o eu lírico afirma que a menina quer ser bailarina, apesar de não saber nem dó, nem ré. Na quarta estrofe, descreve os movimentos da menina, que, mesmo rodando muito, não fica tonta. Na quinta estrofe, comenta que a menina põe uma estrela e um véu e fala que caiu do céu. Nas últimas, acrescenta que a menina pequenina quer ser bailarina, mas também quer dormir como as outras crianças.

O tema do poema “A bailarina” é o desejo que uma menina tem de ser bailarina. Não há uma regularidade formal nas sete estrofes que compõem o texto.

De forma geral, chegamos à conclusão de que o poema “A Bailarina” é um texto que apresenta uma linguagem fácil e direta e, além disso, parece ter sido feito para crianças, mantendo toda a musicalidade e o ritmo das composições de Cecília Meireles.

Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.31

Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão , Quem fica no chão não sobe nos ares.

OU ISTO OU AQUILO

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!

Ou guardo dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e não guardo o dinheiro.

É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva!

Na primeira estrofe, o eu-lírico afirma que se há chuva, não há sol; na segunda, que se calçar a luva não dará para usar o anel; na terceira, o eu-lírico acrescenta que não tem como subir nos ares, se ficar no chão; na quarta, que é uma pena não poder estar em dois lugares ao mesmo tempo; na quinta, o eu lírico afirma que não é possível guardar o dinheiro e comprar o doce; na sexta, que vivemos de escolhas e, nas últimas estrofes, conclui que não consegue decidir o que é melhor.

A escritora se destaca dos demais com seu estilo próprio, pois possui uma linguagem única e formal, além de falar sobre assuntos pessoais, possibilitando que o leitor se identifique com seus textos.

O poema “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles, trata da dificuldade de realizar escolhas e de como elas podem influenciar nossas vidas. Ele possui oito estrofes de dois versos, portanto é um poema regular. Além disso, alternam se em eneassílabos e decassílabos.

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Quanto à linguagem, há catacrese, no primeiro verso da segunda estrofe; há presença de anáfora nas primeira, segunda, quinta e sexta estrofes; a antítese está presente em todas as estrofes, exceto na quarta.

E aqui estou, cantando.

DISCURSO

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no céu a indicação de uma trajetória, mas houve sempre muitas nuvens. E suicidaram se os operários de Babel.

Venho de longe e vou para longe: mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes Tambémandaram.procurei

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou, como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou, como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Um poeta é sempre irmão do vento e da água: deixa seu ritmo por onde passa.

O tema do poema “Discurso”, de Cecília Meireles, é a sua preocupação com o fato de ser poeta. O poema possui sete estrofes irregulares e não há metrificação.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma estar aqui, cantando. Na segunda, acrescenta que um poeta sempre deixa seu ritmo por onde passa. Nas duas seguintes, comenta que está procurando um caminho para o seu passado e, nas três últimas estrofes, ela reflete sobre seus sentimentos e sobre estar perdida em si própria.Nasegunda

Cecília Meireles foi uma poetisa, cronista, educadora, ensaísta, tradutora e dramaturga que teve muitas perdas de pessoas que marcaram a sua história de vida, o que influenciou seu estilo literário. Ela não teve a presença de seus pais, pois morreram muito cedo, e foi criada pela sua avó, que, também a deixou. Casou se muito cedo e também perdeu seu esposo.

A autora escreveu sobre situações que foram vividas por ela, o que é um ponto positivo, pois assim sabemos como sua vida e sua realidade foram.

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estrofe, há uma metáfora, “Um poeta é sempre irmão do vento e da água”, na estrofe seguinte, a prosopopeia se faz presente em “porque as ervas cresceram e as serpentes andaram“, metonímia em “como posso esperar que algum ouvido me escute”, além de outras imagens criadas pela poetisa.

DESPEDIDA

Meu caminho é sem marcos nem paisagens. E como o conheces ? me perguntarão. Por não ter palavras, por não ter imagem. Nenhum inimigo e nenhum irmão.

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A memória voou da minha fronte. Voou meu amor, minha imaginação … Talvez eu morra antes do horizonte. Memória, amor e o resto onde estarão?

Que procuras? Tudo. Que desejas? Nada. Viajo sozinha com o meu coração. Não ando perdida, mas desencontrada. Levo o meu rumo na minha mão.

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. (Beijo te, corpo meu, todo desilusão! Estandarte triste de uma estranha guerra …)

Por mim, e por vós, e por mais aquilo que está onde as outras coisas nunca estão deixo o mar bravo e o céu tranquilo: quero solidão.

Quero solidão.

Claramente influenciada pela insegurança de um mundo em guerra e impactada pelas perdas pessoais, Meireles conta nos neste poema sobre a desesperança e, apesar de melancólico, é impossível não refletir sobre sua temática.

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Seu estilo cria diversas imagens no imaginário do leitor através de diversas figuras de linguagem no poema. Antítese e paradoxo nos últimos versos das três estrofes iniciais, personificação na primeira e na penúltima, além de algumas metáforas.

Cecília Meireles se destaca por ser a primeira mulher premiada pela Academia Brasileira de Letras. Ela imprimiu um simbolismo ao seu trabalho numa época em que mulheres pouco participavam do cenário literário do país.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que quer paz e solidão, na segunda, que o seu caminho é sem marcos ou paisagens e explica que é por não ter nenhum inimigo e nenhum irmão. Na terceira estrofe, acrescenta que está à procura de tudo, mas não deseja nada, e que viaja sozinho e não se perde, mas vive desencontrado. Na quarta, afirma que a memória voou à frente dele e que talvez morrerá antes do horizonte. Na quinta, ele diz que ele deixa seu corpo entre o sol e a terra e, por fim, na última estrofe, reafirma querer a solidão.

O poema “Despedida”, de Cecília Meireles, possui cinco estrofes irregulares e não há metrificação rígida. O tema é a busca da solidão, quase uma paráfrase da busca pela morte.

QUANDO MEU ROSTO CONTEMPLO

Amargo campo da vida, quem te semeou com dureza, que os que não se matam de ira morrem de pura tristeza?

Quando meu rosto contemplo, o espelho se despedaça: por ver como passa o tempo e o meu desgosto não passa.

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estilo, surgem diversas imagens no imaginário do leitor Metáfora e aliteração na primeira estrofe; prosopopeia na segunda.

Cecília Meireles utilizava muito a formalidade em seus textos Seu estilo é abstrato, melancólico e fluido, há presença de elementos da natureza, religiosidade e símbolos. Seus principais temas são saudade, solidão e amor.Desse

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Cecília Meireles foi uma poetisa intimista e suas obras são melancólicas e abstratas, mas seus textos são autênticos.

O poema “Quando meu rosto contemplo”, de Cecília Meireles, possui duas estrofes, com quatro versos metrificados de sete sílabas poéticas, mantendo a regularidade formal do poema.

Na primeira estrofe do poema, o eu-lírico comenta que o espelho se despedaça quando contempla seu rosto e que seu desgosto não passa. Na segunda e na última estrofe, a poetisa chama o campo da vida de amargo e questiona quem o semeou com dureza, acrescentando que os que não se matam de ira, morrem de pura tristeza.

Mas desfez se em coisa rara: pérolas de sal tão finas nem a areia as igualara!

Tenho no meu lábio as ruínas de arquiteturas de espuma com paredes cristalinas...

Voltei aos campos de bruma, onde as árvores perdidas não prometem sombra alguma.

ONDA

As coisas acontecidas, mesmo longe, ficam perto para sempre e em muitas vidas:

mas quem falou de deserto sem nunca ver os meus olhos... falou, mas não estava certo.

Pus o meu lábio indeciso na concha verde e espumosa modelada ao vento liso:

Quem falou de primavera sem ter visto o teu sorriso, falou sem saber o que era.

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tinha frescuras de rosa, aroma de viagem clara e um som de prata gloriosa.

A poesia “Onda”, foi escrita por Cecília Meireles, e tem como tema principal uma declaração de amor e a consciência de sua perda.

O estilo de Cecília tem como uma de suas características o uso de muitas figuras de linguagem e, neste poema, não foi diferente. Há metáforas nas estrofes iniciais; na terceira, sinestesia; na sexta, personificação.Claramente, a escritora foi influenciada por tudo que viveu. Meireles viveu em um mundo muito duvidoso, pois estava acontecendo a Segunda Guerra Mundial. Além disso, foi bastante triste, porque perdeu pessoas importantes, como mãe, pai, irmãos e marido.

Na primeira estrofe, a poetisa cita a beleza do sorriso do interlocutor comparando o à primavera. Nas três estrofes seguintes, a poetisa comenta que pôs seus lábios indecisos na concha verde espumosa, que tinha aroma de viagem clara e um som de prata glorioso, mas que se desfez em pérolas de sal finas. Na sexta estrofe, o eu-lírico afirma que voltou para um campo com neblina onde as árvores não prometiam sombra. Na última, afirma que quem falou de deserto sem ver seus olhos não estava certo.

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A autora Cecília Meireles foi uma das poetisas mais importantes do Brasil, com seus poemas sentimentais e fantasiosos. A poeta era a única em uma classe composta somente por homens e isso foi muito bom para todas as mulheres, pois demonstrou que elas eram capazes de escrever poemas e poderiam ter seus espaços.

sonhamos.41

Meus olhos ficam neste parque, minhas mãos no musgo dos muros, para o que um dia vier buscar me, entre pensamentos futuros.

Não quero pronunciar teu nome, que a voz é o apelido do vento, e os graus da esfera me consomem toda, no mais simples momento.

RETRATO EM LUAR

São mais duráveis a hera, as malvas que a minha face deste instante. Mas posso deixá la em palavras, gravada num tempo constante.

Nunca tive os olhos tão claros e o sorriso em tanta loucura. Sinto me toda igual às árvores: solitária, perfeita e pura.

Aqui estão meus olhos nas flores, meus braços ao longo dos ramos: e, no vago rumor das fontes, uma voz de amor que

O tema do poema “Retrato em Luar" é uma perda que fez o eu lírico sentir se mal. O poema apresenta cinco quartetos, com quase todos os versos octossílabos.

Na primeira estrofe, o eu lírico descreve o lugar onde está; na segunda, que não quer pronunciar o nome de seu interlocutor; já, na terceira, acrescenta que a hera e as malvas são mais duráveis; na quarta estrofe, afirma que se sente igual a todas as árvores, solitária, perfeita e pura. Por fim, declara, na última estrofe, que seus olhos estão nas flores e seus braços ao longo dos ramos, escutando a voz de amor que sonhou junto ao seuHáinterlocutor.metonímiana

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primeira estrofe (“Meus olhos ficam neste parque”); metáfora, na segunda (“graus da esfera me consomem”); comparação, na quarta (“Sinto me toda igual às árvores”). Meireles conta nos, neste poema, sobre a desesperança e, apesar do tom melancólico, é impossível não refletir sobre sua temática.

O

Por adeuses, por suspiros, no território dos mitos, fica a mirandomemóriaaforma ilusória dos precipícios da humana e mortal história.

Por mais que seja querida, há menos felicidade na volta, do que na ida.

E agora podeis tratar me como quiserdes que é tarde, que a minha vida, de chegada e de partida, volta ao rodízio dos ares, sem despedida.

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Vou-me pelas altas nuvens onde os momentos se fundem numa serena ausência feliz e plena, liso campo sem paludes de febre ou de pena.

Ó Linguagem de palavras Longas e desnecessárias! Ó tempo lento de malbaratado vento nessas desordens amargas do pensamento…

AERONAUTA - OITO

Na primeira estrofe, o eu lírico se dirige aos vocativos “linguagem de palavras” e “tempo”. Na segunda, revela que não tem mais medo de voar e que vai feliz pelas nuvens. Na estrofe seguinte, acrescenta que, no território dos mitos, fica a memória mirando a forma ilusória dos precipícios da humana e mortal história. Nas duas últimas, reafirma a sua superação e acrescenta que há mais felicidade na volta, que na ida.Cecília

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Meireles tem estilo abstrato, melancólico, fluido, com presença de elementos da natureza, religiosidade e símbolos. As possíveis influências perceptíveis em seus textos são a despedida, ausência de felicidade e pensamentos amargos.

Achamos que sua linguagem deve ter sido muito inovadora na época em que escreveu e que, apesar do tempo transcorrido, seus poemas ainda são atuais, pois tratam de temas universais.

O tema do poema é a superação do medo de andar de avião. O texto possui quatro estrofes de versos hexassílabos e um terceto.

Ferreira Gullar morreu em 4 de dezembro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro em decorrência de vários problemas respiratórios que culminaram em uma pneumonia. O velório do escritor foi realizado inicialmente na Biblioteca Nacional, pois esse era um desejo de Gullar. Dali, o corpo foi levado em um cortejo fúnebre até a Academia Brasileira de Letras no Rio de Janeiro.

Ferreira Gullar nasceu em 10 de setembro de 1930, com o nome de José Ribamar Ferreira. Foi um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart. Faleceu em 4 de dezembro de 2016.

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Escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro. Em 1956 participou da exposição concretista, considerada o marco oficial do início da poesia concreta, da qual se afastou em 1959, criando, junto com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o Neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.

Durante o governo militar, em 13 de dezembro de 1968, Gullar foi preso em companhia de Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1969, ainda lançou o ensaio "Vanguarda e subdesenvolvimento", mas passou a dedicar se à pintura e, em 1971, partiu para o exílio, morando em Moscou e depois em Santiago, Lima e Buenos Aires. Durante esse período, colaborou com O Pasquim, sob o pseudônimo de Frederico Marques.

O MUNDO DE FERREIRA GULLAR

Se no coração não possa por acaso me levar, moça de sonho e de neve, me leve no seu lembrar.

Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve. Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração.

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CANTIGA PARA NÃO MORRER

E se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento, menina branca de neve, me leve no esquecimento.

Na primeira estrofe desse poema, o eu lírico pede a uma moça que o leve quando for embora. Na segunda, dá a entender que, se ela não puder levá lo, que o guarde em seu coração. Em seguida, reforça o que havia dito e, na última estrofe, pede que, caso não possa realizar nada do que foi pedido anteriormente, que ela o leve em seu esquecimento.

As figuras de linguagem presentes no poema são: comparação na primeira estrofe (“moça branca como a neve”), metáfora nas segunda e última estrofes (“me carregar pela mão” e “me leve no esquecimento”) e aliteração na terceira estrofe (há a repetição dos sons consonantais do "s" e do “n”).

O autor, Ferreira Gullar, nasceu em Maranhão em 1930. Foi escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, ficou conhecido por suas poesias de extrema importância por serem uma maneira de protesto, já que tinha um estilo de escrita único, além de diversificar os assuntos dos poemas.

Ferreira Gullar possui um estilo de escrita único, até porque seus versos e estrofes não estão alinhados formalmente. Foi um grande crítico da arte, tendo como foco o excesso de discurso e a ausência de linguagem da arte contemporânea e foi responsável pela introdução do neoconcretismo na poesia. Com essas características, podemos perceber que Gullar não seguiu um único padrão de escrita e sempre procurou diversificar seus

Gullar viveu durante um período da ditadura militar do Brasil. Em 1959, começou a compor mais voltado à política. Teve dois filhos esquizofrênicos, o que o afetou emocionalmente, mas o que mais influenciou a produção de seus textos foi a ditadura em que viveu, já que foi censurado diversas vezes e até mesmo preso.

O poema "Cantiga para não morrer", de Ferreira Gullar, possui quatro estrofes, sendo que a primeira possui três versos, a segunda e a terceira possuem quatro e a quarta, cinco.

textos.47

Saio do sono como de uma batalha travada em lugar algum Não sei na madrugada se estou ferido se o Zonzoderiscadotenhocorpohematomaslavo na pia os olhos donde ainda escorrem uns restos de treva.

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MAU DESPERTAR

O poema “Mau despertar” de Ferreira Gullar, possui três três estrofes, tendo na primeira quatro versos, na segunda, seis e, na última, cinco versos, construídos de forma irregular. O tema é a compreensão do despertar em tempos de tortura política.

Ferreira Gullar possui obras marcadas por diferentes fases de pesquisa estética, desde o experimentalismo e o lirismo até a poesia de cordel e a dicção coloquial. Fez composições intimistas de forte musicalidade, textos que antecipam a poesia concreta, poemas discursivos, ou seja, foi um dos maiores poetas brasileiros.

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Em relação às imagens presentes no poema, encontramos, por exemplo, a comparação, em “Saio do sono como de uma batalha”; o hipérbato, que está presente em “se o corpo tenho riscado de hematomas”; e a metáfora em “os olhos donde ainda escorre uns restos de treva.”

Na primeira estrofe, o eu lírico apresenta sua dificuldade de acordar, como se despertar fosse uma batalha. Na segunda estrofe, ele conta sobre sua incerteza de estar realmente presente ali, ferido e cheio de hematomas. Já na última, ele cita que, zonzo de sono, lava os olhos, nos quais há restos de trevas.

Ferreira Gullar foi um poeta, dramaturgo, tradutor e crítico, teve grande participação na fase inicial do movimento concretista. As obras de Gullar são marcadas por diferentes fases de pesquisa que antecedem a poesia concreta, composições intimistas de forte musicalidade, é considerado um dos maiores poetas brasileiros. Viveu grande parte de sua vida em um período ditatorial, que dificultou sua luta na construção da própria expressão. O exílio sofrido, os problemas vividos por ser artista, seus ideais e a situação em que o país se encontrava estão presentes no poema.

Os mortos veem o mundo pelos olhos dos certascomeventualmentevivosouvem,nossosouvidos,sinfonias algum bater de portas, deventaniasAusentescorpoe alma misturam o seu ao nosso riso se de fato quando vivos acharam a mesma graça

OS MORTOS

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Ferreira Gullar é conhecido por fazer diversas críticas a problemas e injustiças sociais em seus poemas, principalmente sobre a ditadura militar, época em que o poeta viveu, mas, em “Os mortos”, consegue tratar de um assunto muito presente em nossas vidas de forma simples e poética, empregando uma linguagem informal. Com isso, consegue despertar no leitor um interesse maior pelo que expressa e provoca uma reflexão sobre uma das maiores incógnitas da humanidade, ou seja, a morte.

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Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos. Na seguinte, acrescenta que escutam ventanias, sintonias e bateres de porta com nossos ouvidos. Por fim, na última estrofe, conclui que, mesmo ausentes de corpo e alma, eles se misturam ao nosso riso, se quando vivos, de fato, acharam a mesma graça.

Podemos dizer que as figuras de linguagem se fazem presentes, já que, na primeira estrofe, há antítese em "os mortos veem o mundo pelos olhos do vivos"; na terceira e na última estrofe localizamos um eufemismo em “Ausentes de corpo e alma”; e uma metáfora em "misturam o seu ao nosso riso”.

O poema “Os mortos”, de Ferreira Gullar, possui três estrofes irregulares, com dois versos na primeira, cinco na segunda e seis na terceira. Ele traz como tema a morte, fazendo uma ligação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

Extraviei-me no tempo. Onde estarão meus pedaços?

Estou disperso nos vivos, em seu corpo, em seu olfato, onde durmo feito aroma ou voz que também não fala.

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Ah, ser somente o presente: esta manhã, esta sala.

Estou disperso nas coisas, nas pessoas, nas gavetas: de repente encontro ali partes de mim: risos, vértebras.

Onde começo, onde acabo, se o que está fora está dentro como num círculo cuja periferia é o centro?

EXTRAVIO

Muito se foi com os amigos que já não ouvem nem falam.

Estou desfeito nas nuvens: vejo do alto a cidade e em cada esquina um menino, que sou eu mesmo, a chamar me.

O poema “Extravio”, de Ferreira Gullar, possui cinco estrofes regulares de quatro versos e uma de dois, todos eles heptassílabos. O tema é uma reflexão sobre a própria existência.

Sobre o trabalho poético do autor, podemos concluir que ele retrata, em sua obra, temas cotidianos e sociais, convidando os leitores à reflexão, de uma maneira informal que os aproxima.

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antítese e comparação na primeira estrofe: “Onde começo, onde acabo,/ se o que está fora está dentro/ como num círculo cuja/ periferia é o centro?”. Nos dois primeiros versos da segunda estrofe, constatamos o polissíndeto. A sinestesia também se faz presente: “Estou disperso nos vivos,/ em seu corpo, em seu olfato,/ onde durmo feito aroma/ ou voz que também não fala.

Gullar viveu na época da ditadura militar e escreveu críticas sociais. Foi um contestador que reformou a poesia, participando do movimentoEncontramosconcretista.

Do fundo de meu quarto, do fundo de meu ouçoclandestinocorpo(nãovejo)

ouço crescer no osso e no músculo da noite a noite a noite ocidental obscenamente acesa sobre meu país dividido em

MADRUGADA

classes.54

Diante de toda essas experiências, é claro perceber por que escreveu tantas obras com temas sempre tão críticos relacionados à política e à organização da sociedade em meio a um contexto histórico no qual estava vivendo.

Durante os versos, Gullar informa que, no fundo do seu quarto e do seu corpo, ouve crescer a noite obscenamente acesa sobre o seu país dividido em classes. A poesia apresenta duas estrofes, a primeira contendo seis versos (sextilha) e a segunda dois (dístico).

Passou pelo Golpe Militar de 1964, que derrubou o governo democrático de João Goulart (1918 1976) e pela decretação do Ato Institucional nº5 (AI 5), em 1968. Foi preso, juntamente com o jornalista Paulo Francis (1930 1997) e os músicos Caetano Veloso (1942) e Gilberto Gil (1942). Exilou se, em 1971, em cidades como Paris, Moscou, Santiago, Lima e Buenos Aires.

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José Ribamar Ferreira, nasceu em 1930, na cidade do Rio de Janeiro. Poeta, dramaturgo, tradutor e crítico de artes plásticas é considerado um dos maiores poetas brasileiros. Suas obras são marcadas por diferentes fases de pesquisa estética, desde o experimentalismo e o lirismo até a poesia de cordel e a dicção coloquial. É extremamente conhecido pela criticidade de sua poesia, apesar de ter escrito poemas de outros gêneros também. Além de tudo isso, teve uma participação notória e importante no estabelecimento da poesia concreta.

O poema “Madrugada”, de Ferreira Gullar fala, de modo crítico, sobre a divisão desigual do Brasil em classes e da grande desordem em que o nosso país está contido.

O autor tem uma escrita muito diferente das quais lemos. Seu estilo é mais livre, com versos que não rimam, mas não deixam de tocar o leitor. Portanto, apesar de não ter uma escrita tão formal, padronizada e nem, muitas vezes, organizada, seus versos são incríveis e muito emocionantes.

O poema inteiro é metafórico, como a passagem “a noite ocidental obscenamente acesa sobre meu país dividido em classes”. Também há sinestesia em "ouço (não vejo) ouço crescer no osso […]".

oEscuta:quepassou passou e não há força capaz de mudar isto.

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Nesta tarde de férias, disponível, podes, se quiseres, relembrar. Mas nada acenderá de novo o lume que na carne das horas se perdeu.

O que passou passou e, muito embora, voltas às velhas ruas à procura. Aqui estão as casas, a amarela, a branca, a de azulejo, e o sol que nelas bate é o mesmo quesol o Universo não mudou nestes vinte anos

Caminhas no passado e no presente. Aquela porta, o batente de pedra, o cimento da calçada, até a falha do cimento. Não sabes já se lembras, se descobres. E com surpresa vês o poste, o muro, a esquina, o gato na janela, em soluços quase te perguntas

PRAIA DO CAJU

Ah, se perdeu! Nas águas da piscina se perdeu sob as folhas da tarde nas vozes conversando na varanda no riso de Marília no vermelho guarda sol esquecido na calçada.

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E chegas à amurada. O sol é quente como era, a esta hora. Lá embaixo a lama fede igual, a poça de água negra a mesma água o mesmo urubu pousado ao lado a mesma lata velha que enferruja. Entre dois braços d’água esplende, a croa do Anil. E na intensa claridade, como sombra, surge o menino correndo sobre a areia. É ele, sim, gritas teu nome: “Zeca, Zeca!”

O que passou, passou. Jamais acenderás de novo o dolumetempo que apagou.

Mas a distância é vasta tão vasta que nenhuma voz alca

onde está o menino igual àquele que cruza a rua agora, franzino assim, moreno assim. Se tudo continua, a porta a calçada a platibanda, onde está o menino que também aqui esteve? aqui nesta calçada se sentou?

estrofes descrevem época, pessoas, costumes e experiências em um lugar em que, provavelmente, esteve o eu lírico e que lhe deixou excelentes lembranças.

Ferreira Gullar é um poeta reconhecido pela criticidade das suas poesias, apesar de ter escrito poemas de outros gêneros, como nesse caso. Teve participação de grande notoriedade no estabelecimento da poesia concreta.

O poema tem como tema as lembranças de quando era criança e está estruturado em estrofes irregulares e versos sem metrificação.Suas

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A leveza do poema nos comoveu e acreditamos que sua composição ocorreu durante momentos de saudosismo do autor.

Uma parte de mim é todo mundo; outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Traduzir se uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte será arte?

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim é outramultidão:parte estranheza e Umasolidão.parte de mim pesa, pondera; outra parte Umadelira.parte de mim almoça e janta; outra parte se Umaespanta.partede mim é linguagemoutraéUmaseoutrapermanente;partesabederepente.partedemimsóvertigem;parte,.

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O autor, José Ribamar Ferreira, foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e teve participação em dois movimentos literários. Ferreira Gullar viveu em um momento de guerra, foi clandestino, teve uma vida difícil e suas experiências o influenciaram a escrever sobre sentimentos de rebeldia

Dentre várias figuras de linguagem, citamos o último verso da primeira estrofe, em que há pleonasmo e os dois primeiros versos da segunda estrofe, nos quais há uma metáfora.

O autor tem um estilo único de escrita, muitas vezes irregular, o que reflete claramente o período em que viveu. Além disso, seus textos são recheados de significado e de filosofias que nos fazem ocupar nossa mente com várias reflexões.60

O tema do poema "Traduzir se" é autoconhecimento. Na primeira estrofe, o eu lírico cita que uma parte dele é todo mundo e que outra é ninguém; na segunda, afirma que uma parte dele é multidão e a outra é a solidão; na terceira, acrescenta que escreve que uma parte dele pesa, pondera e a outra delira; na quarta, que uma parte dele é permanente e a outra se sabe de repente; na quinta, explica que uma parte dele é só vertigem e a outra é linguagem; e, na última estrofe, ele pergunta se traduzir uma parte em outra é uma arte. O poema tem sete quartetos e não há metrificação rígida.

FALAR

A poesia é, de fato, o fruto de um silêncio que sou eu, sois vós, por isso tenho que baixar a voz porque, se falo alto, não me escuto.

A poesia é, na verdade, uma fala ao revés da fala, como um silêncio que o poeta exuma do pó, a voz que jaz embaixo do falar e no falar se cala.

alguma61

Por isso o poeta tem que falar baixo baixo quase sem fala em suma mesmo que não se ouça coisa

Ferreira Gullar, poeta brasileiro, nasceu em 10 de setembro de 1930, em São Luís do Maranhão. Participou do movimento Concretista, na década de 1950, do qual foi um dos idealizadores. Sua poesia é marcada pelo engajamento político. Ele viveu em um período ditatorial, no qual as pessoas não tinham voz, uma provável inspiração para o poema “Falar”.

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Podemos afirmar que Ferreira Gullar, tem uma linguagem informal e trata do cotidiano. Assim, tornou se o poeta que todos nós entendemos.

O poema “Falar”, de Ferreira Gullar, possui três estrofes, com quatro, cinco e três versos em cada. Não há rigidez métrica, mas são muitos os eneassílabos. O tema é a poesia que se constrói através da voz e do silêncio.Nasprimeira e na segunda estrofes, o eu lírico afirma que a poesia acontece por causa do silêncio do poeta e que, se ele falar muito alto, não se escutará. Na segunda, afirma que a poesia é um silêncio que o poeta exuma do pó. Por último, ressalta que o poeta tem que falar baixo, mesmo que isso signifique que será ouvido.

A conotação está presente em todo o poema. Identificamos, por exemplo, a metáfora “A poesia é, de fato, o fruto de um silêncio que sou eu” e a comparação “A poesia é, na verdade, uma fala ao revés da fala, como um silêncio que o poeta exuma do pó, a voz que jaz embaixo do falar e no falar se cala.”

A vida, apenas se sonha que é plena, bela ou o que for. Por mais que nela se ponha é o mesmo que nada por.

Pois é certo que o vivido na alegria ou desespero como o gás é Recomeçamosconsumido...dozero.

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TOADA À TOA

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que apenas se sonha que a vida é plena e bela e que, por mais que se ponha algo nela, é o mesmo que não pôr nada. Na segunda estrofe, acrescenta que é certo que o vivido é consumido como o gás e sempre recomeçamos do zero.

Ferreira Gullar destaca se como poeta brasileiro, pois abriu caminho para a “Poesia Concreta" com o livro “A luta corporal”. Seu estilo é marcado pelo engajamento político, mas também produz poemas maisClaramentesentimentais.influenciado

O poema “Toada à toa”, de Ferreira Gullar, possui duas estrofes e quatro versos heptassílabos em cada uma, mantendo a regularidade formal do poema.

pelas suas dificuldades ideológicas e impactado por conflitos da vida adulta, Gullar escreve poemas que nos convidam a pensar nosso dia a dia e nossas experiências.

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se exerça agora sem enemmentirasdesculpasemtuacarne vaporize toda ilusão que a vida só consome o que a alimenta.

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Do mesmo modo que da alegria foste ao fundo e te perdeste nela e te deixanessaachasteperdaqueador

APRENDIZADO

Do mesmo modo que te abriste à alegria abre-te agora ao sofrimento que é fruto dela e seu avesso ardente.

Na primeira estrofe do poema “Aprendizado”, o eu lírico comenta que, da mesma maneira que se abre à alegria, abre se também ao sofrimento, pois a vida também traz desafios. Na segunda, afirma que, do mesmo modo que da alegria se vai ao fundo, deve se deixar que a dor se exerça. Na última estrofe, conclui afirmando que a vida só consome o que alimenta.

O poema “Aprendizado” de Ferreira Gullar apresenta três estrofes não metrificadas, sendo que a primeira tem quatro versos, a segunda tem onze e a última, dois.

Ferreira Gullar manifesta suas ideias como se vivesse à margem da vida real. Sua indignação diante de tudo que presencia é clara e aparece no poema através das palavras, mas, também, da ausência de pontuação ou de regularidade dos versos e estrofes, que concretizam a indigna vida levada pelo homem comum de sua época e o registro de uma situação governamental arbitrária e desumana.

estilo cria diversas imagens no imaginário do leitor que encontra diversas figuras de linguagem em seus poemas, como neste. Há metáfora na primeira estrofe, toda a segunda é um hipérbato e os dois últimos versos fazem um paradoxo.

Ferreira Gullar foi um poeta muito voltado para as causas sociais, mas não deixou de refletir sobre a vida e sobre diversos sentimentos.Seu

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HOMEM COMUM

Sou um homem comum de carne e de memória de osso e esquecimento ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião, e a vida sopra dentro de mim pânica, a vida sopra de mim de modo assustador, feito a chama de um maçarico e mãos,rostosefeitoSoucessar.subitamentepodecomovocêdecoisaslembradasesquecidaseoguardasolvermelho

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ao meio dia em Pastos Bons defuntas alegrias flores passarinhos facho de tarde luminosa nomes que já nem sei bandejas bandeiras bananeiras essamisturadotudolenha perfumada que se acende e me faz caminhar Sou um homem comum

Que o tempo é pouco e aí estão o Chase Bank, a IT & T, a Bond and Share, a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton, e sabe se lá quantos outros braços do polvo a nos sugar a vida e a Homembolsacomum, igual a você, cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo. A sombra do latifúndio mancha a paisagem turva as águas do mar e a infância nos volta à boca, amarga suja de lama e de fome

margaridas.68

brasileiro, maior, casado, reservista, e não vejo na vida, amigo, nenhum sentido, senão lutarmos juntos por um mundo melhor. Poeta fui de rápido destino. Mas a poesia é rara e não comove nem move o pau de arara→ metáfora Quero, por isso, falar com você, de homem para homem, apoiar me em você oferecer lhe o meu braço que o tempo é pouco e o latifúndio está aí, matando.

Mas somos muitos milhões de homens comuns e podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonho e

Na primeira, estrofe o eu lírico afirma ser um homem comum, de carne, de memória, de osso e esquecimento, dizendo que anda a pé, de ônibus, de táxi, de avião e diz que a vida sopra dentro dele e faz a relação com a chama de um maçarico que pode subitamente cessar. Começa a segunda estrofe afirmando que é como o leitor, feito de coisas lembradas e esquecidas, rostos e mãos e nomes que já nem sabe continuar dizendo, tudo misturado. Prossegue com a ideia de ser um homem comum, brasileiro, maior, casado, reservista e expressa que não vê na vida amigo, sentido, senão além de lutarmos por um mundo melhor. Afirma que foi um poeta de rápido destino e contesta dizendo que a poesia é rara e não comove e nem move o pau de arara. Em outro conjunto de versos, menciona algumas empresas que nos sugam a vida e continua com sua ideia inicial de ser um homem comum, igual a todos. Menciona o imperialismo e a sombra do latifúndio que mancha a paisagem turva das águas do mar. Na última estrofe, afirma que somos milhões de homens comuns e que podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonho e margaridas.

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Ferreira Gullar, reconhecido pela criticidade de sua poesia, se tornou um dos maiores poetas brasileiros, analisando a realidade de muitos e possibilitando reflexões sobre desigualdade, desemprego, preconceitos, regimes totalitários, entre outras questões. Gullar viveu em uma ditadura militar e por isso chegou até ser preso e exilado, o que acabou influenciando sua produção, que demonstrava seus sentimentos sobre tudo o que observava.

Seu poema, “Homem Comum”, apresenta seis estrofes e não há regularidade formal. Ele faz referência à vida de um homem como muitos outros na sociedade, que enfrenta problemas em seu cotidiano, como a desigualdade e a política da época.

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Claramente, percebemos que esse poema é bastante político, já que é um convite a uma reação popular, diante da tensão vivida na época em que foi escrito.

As figuras de linguagem presentes no poema são, por exemplo, o polissíndeto nos versos da primeira estrofe; a antítese na segunda (lembradas e esquecidas); e a metáfora em “podemos formar uma muralha/ com nossos corpos de sonho e margaridas”.

mar azul marco azul barco azul arco azul

mar azul

mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul

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MAR AZUL

mar azul marco azul

mar azul marco azul barco azul

dessa fase de sua produção são experimentais que, por vezes, fazem referência às cidades onde viveu, por exemplo, já que Gullar muito se interessava pela cultura popular e pela história nacional.

Ferreira Gullar foi um dos poetas brasileiros envolvidos com a poesia concreta e um dos responsáveis pela introdução do neoconcretismo na literatura brasileira, junto com Hélio Oiticica e Lígia Clark. Foi ele quem publicou o “Manifesto Neoconcreto” no “Jornal do Brasil” emOs1959.textos

Como é comum nos poemas concretos, aqui o poeta cria a imagem de uma onda, dispondo os versos de tamanhos diferentes no papel. Percebemos que as aliterações e assonâncias brincam com a liberdade formal nessa composição e possibilitam, aos leitores, imaginar a praia, o mar e seus

elementos.72

Somos todos irmãos mas não porque tenhamos a mesma mãe e o mesmo pai: temos é o mesmo parceiro que nos trai. Somos todos irmãos não porque dividamos o mesmo teto e a mesma mesa: divisamos a mesma espada sobre nossa cabeça.

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NÓS, LATINO-AMERICANOS

Somos todos irmãos não porque tenhamos o mesmo braço, o mesmo sobrenome: temos um mesmo trajeto de sanha e fome. Somos todos irmãos não porque seja o mesmo sangue que no corpo levamos: o que é o mesmo é o modo como o derramamos.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que somos irmãos, o que se repete em todas as outras, e continua, esclarecendo que não viemos do mesmo país, mas temos os mesmos parceiros que nos traem. Na segunda estrofe, acrescenta que vivemos sob a ameaça da mesma espada No próximo conjunto de versos, menciona que temos o mesmo trajeto de sanha e fome. Na última estrofe, conclui afirmando que não temos o mesmo sangue, mas o derramamos da mesma forma.

O estilo de Ferreira Gullar é bem característico, pois, em suas obras, sempre podemos achar uma crítica social que nos faz refletir. Além disso, podemos esperar poesias sem formalidades, pois era dessa forma que Gullar também expressava sua rebeldia. Mesmo assim, seus textos são extraordinários e abordam temas polêmicos que sempre estão em pauta.

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O poema “Nós, Latinos americanos”, escrito por Ferreira Gullar, tem como tema a exploração dos países latino americanos, que ocorria na época da sua produção.

O escritor Ferreira ficou conhecido pela linguagem informal e pelas críticas que fazia. Como consequência, foi ameaçado, perseguido, preso, torturado, e teve que sair do seu país materno. O ocorrido pode ter sido uma possível influência para ele continuar fazendo poemas incríveis e contemporâneos que nos fazem refletir sobre a nossa sociedade.O poema é composto por quatro estrofes de cinco versos, que não são metrificados, pois não há um rigor formal. Podemos identificar algumas figuras de linguagem, como a metáfora na segunda estrofe e o hipérbato nos versos da última.

Flore um lado de mim? No outro, ao contrário, de silêncio em silêncio me apodreço.

Sobre o leito de sal, sou luz e gesso: duplo espelho o precário no precário.

Vai nas águas levando, involuntário, luas onde me acordo e me adormeço.

NO LEITO DA AUSÊNCIA

Neste leito de ausência em que me esqueço desperta o longo rio solitário: se ele cresce de mim, se dele cresço, mal sabe o coração desnecessário.

O rio corre e vai sem ter começo nem foz, e o curso, que é constante, é vário.

começo.75

Entre o que é rosa e lodo necessário, passa um rio sem foz e sem

O tema de “Neste Leito de Ausência”, de Ferreiro Gullar, é o desencontro consigo e a incompreensão de si mesmo. O poema possui quatro estrofes. As três primeiras são quartetos e a última é um dístico. Todos os versos são decassílabos.

O poeta escreve sobre o que sentia durante a vida. Ele foi muito realista nos seus poemas, o que consideramos necessário, pois, assim, de uma forma ou de outra, o poema não fica, apenas, fictício.

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Na primeira estrofe, o eu lírico afirma uma ausência inexplicável na vida dele; nas segunda e terceira estrofes, comenta o desencontro de suas emoções. Na última, apresenta se sem perspectiva.

Ferreira Gullar foi um poeta, dramaturgo, tradutor e crítico de artes plásticas. Seus textos são feitos com base nas suas experiências de vida, como por exemplo, a ditadura intensificada em 1964, durante a qual foi preso em 1969, juntamente com Gilberto Gil, Paulo Francis e Caetano Veloso, porque seus poemas abordavam assuntos políticos da época.

Apresenta marcas de diferentes fases de pesquisa em suas obras, desde o experimentalismo e o lirismo, até a poesia de cordel. Seus poemas sempre apresentam muitas imagens, como na primeira estrofe, em que há metáfora (“Neste leito de ausência em que me esqueço”), na segunda, onde encontramos a antítese (“luas onde me acordo e me adormeço”), e na quarta, em que percebemos o paradoxo (“Entre o que é rosa e lodo necessário”).

Como um tempo de alegria Por trás do terror me acena E a noite carrega o dia No seu colo de açucena

sei que dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena.

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DOIS E DOIS SÃO QUATRO

Como dois e dois são quatro Sei que a vida vale a pena Embora o pão seja caro E a liberdade pequena

Como teus olhos são claros E a tua pele, morena como é azul o oceano E a lagoa, serena

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que a vida vale a pena, embora o pão esteja caro e a liberdade seja pequena. Na segunda e na terceira, faz diversas comparações para destacar o valor da vida. Por fim, na última, retoma o que afirmou no início do poema.

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Gullar tem estilo próprio, pois possui uma linguagem criativa e acessível, além de falar sobre aspectos sociais, emocionais e filosóficos, possibilitando que o leitor se identifique com seus textos.

O poema “Dois e dois são quatro”, de Ferreira Gullar, destaca a supremacia da vida sobre todas as dificuldades. Possui quatro estrofes. Todas elas são quartetos. Além disso, seus versos são heptassílabos, garantindo a regularidade formal do texto.

O estilo do poeta provoca diversas reflexões no imaginário do leitor, que encontra diversas figuras de linguagem no texto, incluindo a comparação que aparece várias vezes em suas estrofes, a antítese nos dois primeiros versos da terceira estrofe; e a prosopopeia “a noite carrega o dia”.

Você é mais bonita que uma bola prateada de papel de cigarro Você é mais bonita que uma poça d’água límpida num lugar escondido Você é mais bonita que uma zebra que um filhote de onça que um Boeing 707 em pleno ar Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobras de maisnoitebonita que Úrsula Andress que o Palácio da Alvorada mais bonita que a alvorada que o mar azul safira da República Dominicana

CANTADA

vocêOlha é tão bonita que o Rio de Janeiro em maio e quase tão bonita quanto a Revolução Cubana

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Descontraída e informalmente, Ferreira Gullar, no poema “Cantada”, elogia uma mulher como se quisesse conquistá la. São duas estrofes com quantidade irregular de versos e sem metrificação. Na primeira estrofe, o eu lírico elogia a beleza da sua interlocutora e, a partir disso, faz diversas comparações com elementos externos para comprovar essa beleza.

Gullar é conhecido pela criticidade, mas percebemos que ele também se destaca através de temas sentimentais, como ocorre em “Cantada”Concluímos. que o poeta se preocupou mais com os temas do que com o ritmo das suas composições, o que não é um problema. O teor das poesias envolve o leitor e, em algumas vezes, até o diverte.

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UM INSTANTE

Aqui me tenho Como não me conheço nem me quis. sem começo nem fim. aqui me tenho sem souluznemnadamim.lembrosei.presenteapenasum bicho transparente.

Em "Um instante", Ferreira Gullar aborda o autoconhecimento e, por mais que esse poema seja antigo, trata de um tema muito atual, que envolve todos nós.

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na poesia brasileira, graças à sua linguagem cheia de imagens e sutilezas em um contexto ditatorial que, provavelmente, influenciou a escrita desse poema, já que a sua própria identidade está sendo questionada diante das tensões que lhe eram impostas.

O poema "Um instante", de Ferreira Gullar, possui cinco estrofes. Na primeira e na quinta, há três versos e a segunda, a terceira e a quarta são dísticos. Os versos não estão metrificados.

Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que se percebe, mas não se reconhece como quis. Na segunda, afirma que não há começo ou fim. Na terceira, reafirma o paradoxo de se ter, sem ter. Na quarta, acrescenta que de nada se lembra. Finaliza o poema, afirmando que é um bicho Ferreiratransparente.Gullarsedestacou

Ser adolescente no século XXI é um grande desafio que o cotidiano intensifica nas relações familiares, nas amizades, na pressão que sentimos, na proximidade do álcool, das drogas, da internet e das redes, das filosofia de vida e dos problemas psicológicos Ufa!

Crise de identidade, crise de autoridade, de gênero, sexualidade, referências de família, formação, cronologia da vida e modelo de vida adulta… E tudo isso porque não há modelos para nós, não há referências!Todaessa transição nos obriga a experienciar desafios sociais e culturais, às vezes, equivocados e contraditórios. Vivemos em um mundo infantil de inexperiência e imaturidade, mas que pode nos exigir atitudes adultas, que desencadeiam mais dúvidas e incertezas do que garantias

Nesse período, a roda de amigos é o refúgio, é o mundo perfeito, um tanto imperfeito, às vezes, quando se encontram amizades mascaradas. Todo adolescente é meio “maria vai com as outras” e isso também gera preocupação, porque, sejamos realistas, o álcool e as drogas são muito mais comuns para os jovens do que realmente deveriam ser, sendo muito fácil e tentador se deixar levar, ainda mais quando estamos com amigos, pessoas que acreditamos que cuidariam de nós

Giovanna Aguiar Silveira

Todo adolescente leva consigo grandes responsabilidades e a escola é uma delas. Estudar acaba se tornando uma das maiores dificuldades e os pais sempre vão lembrar, discutir, falar, relembrar, e cobrar o máximo possível, afinal de contas a gente só precisa estudar Mas isso acaba criando uma enorme insegurança! Eu não quero me tornar uma decepção pros meus, quero que eles tenham orgulho de mim, quero que me elogiem.

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NOSSO MUNDO

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O viver adolescente no século XXI é intensamente desafiador, sofrido. Mais problemático e difícil do que se pode imaginar. Mas é o nosso lugar no mundo e eu quero e vou desfrutá lo da melhor maneira que puder. Posso, quero e vou! É isso aí!

A peça é de marionete.

Enquanto alguns vão a festas e saem numa boa Aqui estou, gravando mais um áudio em um grupo onde só há uma pessoa: eu!

Será que um dia vão notar meu cansaço?

Será que eles pensam que eu sou uma doida, surtada?

Amigos são pra isso afinal, então por que me ignoram e fingem que tudo isso é normal?

Venho me achando cada vez mais estranha… Mas, será que só eu penso assim?

Será que não entendem ou que não querem entender?

Aquela criança alegre e feliz não mora aqui mais. Infelizmente, as experiências deixaram na para trás.

Marina Mayumi Shiraya

Olhar por dentro dessa máscara que coloquei nessa peça de teatro, que sempre está em cartaz.

Até tentei outros papéis, peças mais legais, mas sempre que as coloco em cartaz, a sala fica vazia, até demais!

NÃO SEI

Ou eles só preferem ouvir uma risada em alto e bom tom?

Ouvir o que lhes convém, já que depois de tanto ensaiar e falas decorar, um vazio, um silêncio é o que dá pra escutar.

Não querem ver o quanto eu mudei e eu só queria que pudessem me dizer: onde foi que eu errei?

E eu tento ajudá la, mas, no final, é ela quem senta e me consola. Se eu tenho tantos amigos, por que não confio em nenhum?

"Finja que está bem até não aguentar mais".

Meu coração e meus sentimentos controlam meu corpo, minha mente sempre está lotada de gente!

Sério, o que será que os outros pensam de mim?

Será que o enredo não está bom?

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Se eu tento buscá-la, ela nega com medo, chorando, receosa… "Eu não quero mais ter essa vida horrorosa"!

Eu sou o problema? Eu sou incomum?

Afinal, quando tento me abrir, chorar, falar, ninguém diz nada.

Entre quatro paredes brancas, no silêncio da noite, um som se faz mais forte: coração acelerado, agora parado.

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Um pesadelo agora vivo, toma conta de mim. Menininha, se acalme, tudo irá sumir.

Isabella Cicerelli de Assis

Meu sorriso vai embora num silêncio profundo, um barulho fatal me corrói no escuro.

Eles disseram que superaria, mas não era verdade. Uma realidade impossível e uma dor mais forte.

Uma parte dela se foi, aos prantos menininha chora. "Eternos" ela pensou. Por que os mais queridos têm de ir embora? Não eram os que mais me amavam nessa hora?

CORAÇÃO PARADO

Sarah Cardenuto Paes

Por fim, peço que não caias na perdição do mundo. Supere a insignificância e o desejo da morte profundo.

INSANIDADE SUBLIME

Existe sentido no viver?

Talvez esteja nas ruínas de minha alma, escondido atrás do abatido prazer da vida, vida que se perdeu na atrevida maldade e insanidade do mundo.

Onde está o sentido?

O viver, meu caro, é uma arte sombria! Talvez, só venha a calmaria com o eterno silêncio do fim.

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Solidão reina onde costumava reinar a euforia, a sensação da perdição existencial é doce. Seria precoce a morte de uma vida não vivida? Olhe se no espelho e responda:

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Mas, hoje, aprendi que tenho que ficar perto daqueles que o meu bem estão a desejar.

Já chorei muito, já ri muito e já confiei em quem não me faz bem.

AO LONGO DO TEMPO

Matheus Gonçalves Freire

Ao longo do tempo, fiz aquelesamigos,em quem confio, aqueles que são família.

Ao longo do tempo, me masdecepcionei,conhecipessoas que e, com elas, superei.

A pior parte é se separar… Estou tão machucada por amizades que me fizeram mal, que choro a qualquer sinal.

Não quero incomodar, apenas viver! Só que não consigo ficar sozinha em tempos difíceis.

INSUFICIÊNCIA

Não me diga nada, porque assim não atrapalharei. Mas, cada palavra que disser em áudio guarde, porque nem sempre estarei aqui. Algum dia, estarei longe até de mim.

Quando você perceber que eu importo para você já estarei sem vida. Bem, chorar faz parte e estar sozinho também. Só o que me aquece são aqueles que amo.

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Leticia Martinez Siqueira

Quando estou sozinha e lágrimas caem do meu rosto, continuo pensando que causo desgosto.

Quando estou cansada e vou me deitar, imagino que deve se lembrar de mim e de nossos momentos.

Vinícius Martins Eiras

Agora o que resta são saudades. Agora o que resta são memórias. Agora o que resta são lembranças. Somente me restam sonhos daquele tempo.

AMIZADE ANTIGA

Tempo feliz de risadas e piadas. Tardes e noites jogando e brincando. Risadas genuínas de uma amizade. Aquele tempo já passou, a hora é outra.

Àquele tempo voltar, sem brigas. Reconstruir o passado, sem confusões. Voltar ao comum, sem discussões. Trazer o sentimento bom de volta à vida.

Saudades de uma amizade boa. Saudades daquele tempo feliz. Saudades das tardes e noites à toa. Saudades das risadas gentis.

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Lamento muito, o sinal tocou Amanhã, eu volto. Hoje acabou!

Os professores ensinam e os alunos aprendem palavras, gestos, ensinamentos… Muito além de nossos pensamentos.

Minha escola do coração, que me enche de emoção! Alegro me ao ir, entristeço me ao partir.

MINHA ESCOLA DO CORAÇÃO

Quatro horas e meia, diversão, alegria. Há lições de vida, a nossa participação e a folia no recreio!

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Julian Marcelo D. Andrade

Penso você está em todo canto, menos ao meu lado e isso dói!

Sua voz leve me faz voar. Sua presença faz meu coração palpitar, deixa minhas mãos trêmulas e sinto borboletas no estômago. Mas, do que adianta falar de amor, se ele é platônico?

Seus cabelos escuros como a noite, olhos de uma estrela a brilhar… O sorriso é um dia de verão e não posso me esquecer do seus lábios de mel que dão vontade de beijar!

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Com lábios secos e amargos, com os olhos cheios de lágrimas, de coração partido, mãos quebradas, caio em um vazio de incerteza e solidão!

Caio Galvani Padilha

MEU AMOR POR VOCÊ

Se não existem o sentimento, o carinho, o afeto? Não sei se pode dar certo, e minhas dúvidas aumentam mais… Poderemos ficar juntos?

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Caio Aires de Sousa

É a quebola,osfascina e que, quando rola, os alucina. É o sonho de muitos meninos.

Quando entram em campo, os habilidosos indivíduos ficam fissurados olhando para tv na esperança de seu sonho, um dia, acontecer.

Em todo bairro, sempre estão aqueles que gostam e aqueles que não.

JOGO DA ESPERANÇA

Tenho que sobreviver Nesse mundo, em que absorver é o melhor. Ver para crer, não quero ser indecisa Neste lugar demais de adulto!

Coisa de adulto é… é… é…. É, eu não sei, não estou madura? E se eu não for suficiente? Vou existir e não viver?

Coisa de adulto é sentar à mesa E não ver o mundo com esperança Não ser criança, não ter surpresa… Perder o entusiasmo e o sonho de mudança.

COISA DE ADULTO

Maria Julia Travençolo da Silva

Coisa de adulto é se despedir das fases Se desviar para não cair nos transes Que os deuses me ajudem Não quero que duvidem…

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Coisa de adulto é se entupir de trabalho Implorar por um migalha de diversão… Tinha aversão a essa confusão Mas meus pensamentos já estão nessa imersão.

Mas sei Que no dia em que te beijei Te desejei mais do que imaginei E no dia em que você morreu Um vazio me ocorreu.

Caroline Ferreira de Aguiar

Mas eu não sabia Que dentro de você havia Outra menina gelada Que acelerou o carro Perdendo o fio da meada.

Nunca vou realmente saber Quem você queria ser Ou quem você era Minha querida e singela Alaska…

Afinal… Quem era você, Alaska?

Eu realmente a conhecia? Sabia que conhecia a menina Que gostava de margaridas Fumava rápido para ver se morria E enterrava garrafas de bebidas Onde o águia raramente descobria.

QUEM ERA ALASKA?

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Felipe Venâncio Barros

O INACABADO

Porém, faltou algo… Um final perfeito, Só que todos pedem bis!

O Marcouinacabadotodos com simples gestos Fez todos ficarem esperando mais, Mas seu suplício não foi respondido, Tanta espera e chegou seu fim.

O Surgiuinacabadosemo pedido de alguém Com a única vontade de agradar Em um instante conquistou a todos E muito se ouvia sobre ele A cada dia só aumentava sua presença E se ofereceu a ajudar todos Nunca o ouviram, porém sempre esteve lá.

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O Encerrouinacabado,todas suas dúvidas, Mas criou Apresentououtras,tudo!

O OFoiinacabadoesquecido.inacabado.

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O Cominacabadootempo foi esquecido Não se lembravam mais dele.

O Nãoinacabadosabeonde está ou para onde irá, Contudo sabemos todos onde estava, Esperando por todos até se despedir, Sem sequer um aviso…

O Seminacabado,propósito ou obrigações, Teve liberdade para escolher E escolheu agradar nossos corações.

um novo. Todo começo É um recomeço. Todo fim É um início.

O início de cada dia, ao longo do horizonte… Algo novo e diferente, Que essa menina ama e pode descobrir !

Por trás dessa menina, há uma pessoa. Uma pessoa igual às outras, Que tem sentimentos, que só quem tem sabe!

ESSA MENINA

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Lais Branco Pereira

Dias alegres, dias tristes, dias MasCadanormais.diaéum,tododiaé

Às vezes, tem lugares onde não dá para ver o sol, mas isso não significa que ele não esteja lá. Principalmente, não devemos esquecer que só quando estamos no chão é que podemos nos reerguer.

Qual a razão dos ferimentos se não fizerem lutar? Qual a razão dos sentimentos? E, afinal, quem disse que não há um preço pela paz? Por isso, deve se continuar, porque é questão de tempo para isso tudo passar.

Pedro Henrique Alarcon Creton

Às vezes, parece que vivemos em um buraco negro. Sem cor, vida ou som, já que poucos nos escutam. Fico tentando entender a razão e o porquê. Será que isso é real? Você já parou pra pensar e sentiu que não se encaixava? Ser só mais um no meio de tantos...

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BURACO NEGRO

quando lembro de ti a saudade desperta a tristeza vem e o peito aperta você era luz muito importante pra mim e continua sendo mesmo tendo um fim atualmente o mundo sem você não é o mesmo sinto que junto de ti foi uma parte de mim e agora estou aqui a esmo…

Natalia Pereira Lopes

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UM APERTO SEM FIM

Quando percebi, fui puxado. Estou em uma bolha feliz! Ostento um sorriso. Fui Minhadeixadocabeça não aguenta quer que eu pare. Mas o que me impede? Virei uma tormenta.

Quando me olho no espelho, vejo alguém sorridente. Escondia o que sentia, sofri um acidente!

Virei um desconhecido, não me reconheço, não me recordo, sinto me esquecido.

Eduardo Kenji Nakanishi

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PREZADO VAZIO

Apesar de tudo, gosto de você, que Vem nas horas em que mais preciso, quando estou deprimido e escondo isso com um sorriso.

Querido vazio, que me frustra, me cansa, me deixa sombrio…

Você é um abismo, não me puxou, eu fui por opção,.

Eu entendo… Não basta preencher. Precisa se, apenas, de atenção Mas não vou aborrecer…

Não te culpo. Não é você o culpado. Fui eu que não te abracei, e te deixei chateado.

102

FIM

Sozinho ou acompanhado, talvez, no fim, você estará parado… Você já parou para pensar como tudo pode terminar?

Alegria ou tristeza, força ou fraqueza, seja algo bom ou ruim, tudo vai ser igual no fim.

103

Ou será que terminará diferente? Não dá para saber, mas isso pode ser indiferente. Tudo dependerá do desenvolvimento e qual será o sentimento?

Arthur Vinicius S. Xavier

O VOO MAIS ALTO

Espírito ViMeusaudadecomigo,contigo.melhoramigo!vocêvoar.

Agora está nos céus…

Há tanto tempo estava com você e juntos por muito passamos!

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Matheus Francisco Morgado

Seus olhos lindos, seu espírito contigo, saudades comigo!

Meu querido amigo… Juninho.

Sigo sua alma e aspiro estar contigo.

105dia!

Quando crescemos, queremos voltar a ser crianças. Os adolescentes, na verdade, querem alguém que os compreenda. E os adultos, mais tarde, querem liberdade.

Mas isso basta de verdade? A resposta é não!

QUERER E SE ARREPENDER

Temos que parar de querer tantas coisas e aproveitar as que já possuímos, porque tudo, tudo, vai acabar um

Maria Eduarda Batista G. Moreno

Todas as pessoas querem alguma coisa. As crianças, querem crescer. Os adolescentes, querem ser livres. Os adultos, querem dinheiro…

Laura Mendonça Justianiano

BALA NO PEITO

Uns com muito, outros com pouco! Se pensar em sair à noite, posso voltar morto.

No crime, ele se envolveu, e aquele inocente com a bala no peito desapareceu!

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Bala pro alto, fuzil cantando! E a vida do inocente se arruinando, a mãe do menino chorando!

Sentimentos sinceros que surgiram de repente por um tempo prevaleceram, mas, discretamente, desapareceram.

Gabriel Massaro D. Campos

Uma amizade duradoura, por um tempo verdadeira, cheia de luz e alegria, com o tempo tornou se obscura.

Uma amizade, agora, inexistente, mas sempre inesquecida! Impossível de ser revivida que, na memória, vive e vibra.

AMIZADE OBSCURA

Tempos felizes e cheios de luz tornaram se tristes e sem luz. Com o tempo, não se ouvem nem podem ser ouvidos.

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REALIDADE

Eu vivo onde está a realidade. Eu vivo no morro, onde o filho morre e a mãe pede socorro.

Mais uma vítima de bala perdida, uma mãe chorando em cima do caixão, um irmão se revoltando mais ainda e caindo em depressão.

Ele querendo vingança, outros falam de esperança. Deus resolverá tudo e alguém acreditou nessas palavras.

Mas vive com ódio puro dentro do coração com a saudade matando a ilusão, E o medo… alimentando.

108

Lucas Slaginskis de Vizzia

Para muitos, a solidão é comum. Não ter uma condição financeira boa é ruim. Morar na rua é real.

Transporte indigno é normal.

Amor, empatia, fraternidade! Abrigar a humildade é a solução, para aliviar o coração.

109

João Pedro Granato de Oliveira

A VIDA DE MUITAS PESSOAS

Alguns têm amigos, outros não. Alguns têm dinheiro, outros não. Alguns têm moradia, outro não. Alguns têm trabalho, outros não. Alguns têm dignidade, outros não.

Acabei percebendo, um dia, mais tarde, que de amor próprio eu precisava, se não enxergasse minhas qualidades, delas, nunca, ninguém faria alarde.

Sei quem sou e isso é o que importa. Gostem ou não, eis a questão! Eu me valido e é essa a solução.110

Júlia Zammataro de Faria

AUTOAVALIAÇÃO

Na madrugada, à luz do luar, me olhava no espelho e começava a pensar: "sou boa o bastante para alguém, um dia, se orgulhar?"

Esforçava-me muito para manter tudo perfeito para os outros e, talvez, um dia, assim, pensava comigo, alguém quisesse ser meu amigo.

Pietra Chelini B. Rodrigues

TempoAh...infância...deDeus a abençoar, pois toda criança é um anjo, que, por toda a vida, Ele estará ajudando a voar.

Brinquei de boneca, quebrei os bibelôs da minha avó, corri o mais que pude!

111

Aprendi a ler, depois a escrever, machuquei os pés, chorei de dor, sorri de aproveiteiamor,todos os dias de calor!

AHH... MINHA INFÂNCIA!

Por que crises desde jovem?

ouvem.112

O trabalho que tenho que entregar semana que vem, o amor não correspondido que vai e vem…

O QUE TE AFLIGE?

Isabela Batista Bento

Mas, nem sempre somos sinceros como exigem.

O que mais te aflige?

Um ato belo, uma boa atuação, "Que a sociedade colige".

Eles simplesmente não

SAUDADE

tempo que passa saudade que não acaba ausência que rasga explodindo recordações e memórias de mil corações saudade que destrói passado que é bom, mas corrói lembranças carregadas de falsa esperança para suprir essa distância de quem não ficou do que se passou daquilo que foi e nunca mais voltou saudade do que vivi e do que não vivi do que perdi e consegui infeliz pela dor por esse tempo antagonista de quem só pensa em si aliás, que baita saudade de ti

Larissa Pallopito presapresa pelo passado pensando em problemas não comsuperadosculpadoque não é minha culpa saudade do que não volta saudade de quem não se importa…

113

114

Numa noite escura, com medo de tortura, um ser obscuro vai atrás de uma cura, do seu prazer e da loucura

que me toca que me sufoca que me destrói!

Nessa sociedade, tudo é culpa da mulher. A roupa que ela quer, o jeito de agir… Querem até mandar no lugar em que ela deve estar!

Gisele Peng

A CULPA É DA MULHER

Eu quero chegar em um lugar que tenha paz para me salvar.

Mas sinto medo de lhe contar, já que alguém pode me culpar…

Amigo é palavra. Amigo é quem escuta. Amigo é um eterno diário, que está com você na hora da luta.

Amigo é porto seguro. Para poucos, é permanente. Para muitos, é eficiente.

Eu te pergunto novamente…

115

O que é um amigo?

O que é um amigo?

Lucas Rossi Okabayashi

Amigo é lealdade. Amigo é respeito. É ter maturidade, para aceitar qualquer defeito.

O que é um amigo?

O que é um amigo?

O QUE É UM AMIGO?

Cada erro que cometo É mais peso para carregar Mas nunca vi alguém Que nunca esteve apto a errar.

O peso é demais Mal consigo segurar Ser perfeito é obrigação E nunca posso falhar.

Isso só acaba Em uma situação Quando estou com meus amigos Sinto me leve, como um balão.

PESADO

Pedro Jesus Ventura

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Sempre sinto algo Pesando em cima de mim Tenho que aguentar Até que me esmague enfim.

Eles me incentivam A ser quem eu sou Um ser humano, aprendendo Que quase sempre errou.

Na vida, tem o amigo e o inimigo e querendo ou não sabemos quem irá nos dar a mão.

Luigi Pinho Melito

DIFERENÇAS

Na vida, existem o gay e o hétero e querendo ou não todos sabemos quem sempre sofre preconceito e a agressão!

Na vida, existem o branco e o negro e querendo ou não todos sabemos quem é tratado como vilão.

Na vida, existem o pobre e o rico e querendo ou não todos sabemos quem é privilegiado e exaltado.

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Na vida existem a igualdade e a diferença e querendo ou não Todos sabemos que as diferenças são boas. Pena que são poucos os que têm essa visão!

Brigamos uma vez. Um sentimento horroroso, queria pedir desculpa, mas tudo era, ainda, Éramosdoloroso.como irmãos, estávamos afastados. Tive uma brilhante ideia.

O grande dia havia chegado, o primeiro dia de aula. Fiquei sabendo que meu amigo estava na minha atéNossamaisReaproximação,sala.amigosdoqueantes!amizadeétãovaliosa,maisquediamante.

Nossa amizade é muito linda, Nossa amizade é muito bela, Nossa amizade é tão forte, que parece dupla de filme ou novela.

UMA AMIZADE VERDADEIRA

Fui para sua escola, para nos reaproximamos. Temi que desse errado, não parava de chorar.

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Henry Fernandes

Várias amizadeMas,poucasbrigas,palavras,certamente,quenunca acaba.

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A lua pode até clarear o capão, mas a gente junto clareia o mundo inteiro irmão!

SOMOS PASSAGEIROS

Meu sono, concentração acabam sendo prejudicados. Sempre distraído, acabo ficando perdido.

Hoje em dia, percebo que a cada fase de nossa vida as preocupações aumentam, pessoas se vão, rotinas mudam.

Tudo isso para percebermos que, no fim, sobraremos, Mas, enfim…

O que fazemos?

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Eu estou esgotado Muito está acontecendo Muitas preocupações surgindo Pessoas doentes, família preocupada.

Rafael Marinucci Peres

Tudo isso nunca é em vão, tudo é parte de um grande aprendizado. Pessoas entram na nossa vida, outras acabam saindo.

Sinto falta de quando era menor, minha vida era tão simples. Acordava, ia para a escola e dormia. Na época, pensava que era algo complicado.

SURF

surfar sempre a me acalmar a relaxar e viajar e sozinho no mar sempre a

Guilherme Cunha Romano

o surfe do verão faz o mar sempre me chamar e o vento na onda ir e voltar

As ondas vão e vem e eu com a prancha sempre bem vou até o além

pensar121

UM POEMA FEITO POR MIM CANSADO E DEPRIMIDO (DESABAFO)

Claudio Eduardo de Medeiros F. de Acioli

Eu não consigo entender Por que tudo tem que ser assim?

Pessoas falsas que não se importam contigo, fingem se importar. Não ouvem, não ligam, não sabem como a vida funciona, são interesseiros, Ondehipócritas.egoístas,invejosos,foiparar a empatia?

Novamente, não tenho respostas…

pessoas já o abandonaram sem sentir piedade, tratando o como lixo?

QuantasExato.Inútil?Talvez.

Minha mente é toda incerta, cheia de “sei lá”... Tenho vontade de desistir, não sou importante para ninguém. Minha família me considera um "incompreensível, talvez louco”. Será que sou?

Não sei, sumiu?

Já foram muitas.

Já estou com torcicolo de tanto olhar para baixo na tentativa de encontrar o sentido perdido da minha vida. Estou sozinho, não tenho mais ninguém para confiar. ComoMentirosos!fuiacreditar neles!

Arrogantes.

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as costas sobre a parede congelada. Congelada por pensamentos que queimam por dentro da alma. Escorrem lágrimas por todos os lugares, visão turva e encharcada, Noto uma luz brilhante que me chama. Toco meu pulso esquerdo, está úmido e com odor metálico. Desespero, mas, ao mesmo tempo, alívio extremo. *sirenes*

Cobranças e mais cobranças (99,9% idealizadas pela minha mente NoÉAtéNãotrêmulo.braçosOlhosdoentia).avermelhados,arranhados,seimaisoqueéverdade.você,mãe?tudofrescura,nãoémesmo?chão,desolado,sentadocom

Deixaram me sangrando no chão frio. Só quero um lugar para descansar a alma. Coração gelado. Mente fervente de pensamentos macabros e horrorosos. Nada em equilíbrio, cheio disso tudo. Não aguento mais.

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Yasmin Mendonça Guaraldo

TRISTEZAS E INCERTEZAS

À beira de um abismo, um vazio interior, um precipício à sua frente.

Correndo sobre a ponte, caindo abaixo. Afinal, sua mente, a fazia se machucar.

Alguns dizem ser medo; outros, insegurança, muitos dizem ser vergonha. Somente ela sabe o que sente.

Mas, há uma ponte iluminada em sua algunsSomosProblemasAdolescênciamenteInconsistentefazendomente,acaminhar.ésuavida,ecorpoalutar.eincertezas?psicológicosachegar.humanos,maisdoqueoutros.

Animais em seu interior habitam…

Morte e vida, dias e comsemprenoites,lutandoessadorincessante.

Sempre andando por si mesma. Perdida em seu caminho, parecendo algo faltar.

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Para a amizade, é necessário ser verdadeiro. Para a amizade, é necessário não abandonar. Para a amizade, é necessário ter esperança. Para a amizade, é necessário se apresentar.

começar: no futebol, no trabalho, no voleibol, na Tudoreligião.issoé amizade. Todos a merecemos. De verdade!

Existem todos os tipos de amizade, Nãoregeneradas.protagonistas,determinadas,oportunistas,hálocalpara

TIPOS DE AMIZADES

Fernando Bento Cristovão

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Ao filtro selecionado A beleza padronizada A maquiagem bem pesada E o peso regulado.

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Fernanda Colisse G. M. Fausto

DentroVigiadada solidão Não seja baleada Não leve imperfeição.

Falar da sua vida Olhando para uma câmera Escondendo as marcas Da rotina vivida.

Um rosto belo Atrás de uma tela Diz estar bem Na mentira contada. As QueDeÉAAMasSãomáscaraslindascobremrealidadecruel.realidadequesomosrefénsumasociedadepregaoirreal.

COBRANÇA IRREAL

Escutando uma música, cantando sem se preocupar se está bom, ou se estou a desafinar.

Beatriz Formigone Lomas

Sem intenção de agradar, rabisco sem pensar, sem me mas,tentoQuandotentandoguardar,meexpressar.estouansiosa,relaxar,àsvezes,amelhor forma é parar, respirar e tentar desenhar.

Estou criando agora. Fácil pensar. Mas difícil escrever o que quero dizer.

Conseguimos criar qualquer coisa, isso é incrível. É como uma pesquisa, dentro da nossa mente terrível.

CRIAÇÃO

Criamos o que sentimos, sentimos o que criamos. Às vezes, conseguimos nos expressar, E, às vezes, é melhor só guardar.

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FANTASMA

Hoje, todos estão estranhos, mas eu não sei o porquê. Parece que estão apressados, correndo pra todo lado.

Fernanda Galvão Carvalho

Querem que eu vá embora e me dá uma vontade de chorar. Mas eu não choro, só tento me acalmar.

Tento perguntar a masrazão,ninguém me ouve é como se me ignorassem…

Eu já estou ficando tonta de tanta correria. Parece que estão fugindo de algo que causa muito medo.

Então, presto mais atenção. Estão correndo de mim. Estão fugindo de mim. Por que tem que ser assim?

bem!128

E, assim, depois de um tempo, o mundo vai voltando ao normal. Tudo era imaginação, tudo era irreal. Eu respiro fundo e tudo fica

Ellen Rodrigues Dourado

É impossível achar palavras que descrevam o que penso, por isso, acho que ou outros nunca entenderão esse sofrimento.

Nem me lembro o que há do lado de lá. Persistirei: uma saída hei de encontrar.

Eu tento, eu realmente tento atravessar, a barreira é muito grande e não tem como escalar. Sozinha não vai dar.

Às vezes, é bom não ter ninguém… pelo menos, assim, ninguém te engana, ninguém te usa, ninguém te machuca. Pelo menos, eu queria que fosse assim.

O bloqueio emocional é como uma barreira enorme, quase impossível de atravessar. E lá você é jogado, vulnerável, sozinho, sem ninguém pra te ajudar.

Já tentei construir escadas com alguns galhos que achei mas nenhum foi suficiente. Uma vez faltou tão pouco… Pro chão logo voltei.

BARREIRA

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Daniel Ferreira Manesco

A amizade é algo que fortalece, que ajuda uma pessoa. Mas, às vezes, ela machuca. Algumas são falsas, outras só desaprovam suas atitudes.

AMIZADE FALSA

Dor, tristeza, insegurança, medo. Tudo se torna um algo só. A amizade pode iludir, diluir, como pó.

Saber que perdeu alguém, por conta da imaturidade, frustra como nunca, traz solidão. Normalidade?

Irmãos? Talvez não. Pelas costas, traição. Não se culpe, não os culpe. Aprendizado, resistência, confusão.130

Giovanna Aguiar Silveira

assim.131

Isso não é nada, pensavam iria se resolver. Mas, já faz três anos que estamos assim. Todos mascarados. Desespero e cansaço eminentes. Sem contato físico, a distância é essencial.

Feridas abrem-se em atividades diárias, conturbação constante, domínio sobre mim: marcas da companheira depressão, viagem além de meu corpo que me fazia decair e, na pandemia, me deixou

A indesejada já não escolhe quem leva e fustiga os resquícios de felicidade que restam. Reza se para ficar e da vida virtual participar.

Foi tudo tão triste... tudo tão rápido... Em questão de minutos, carnaval. Depois, apagou-se a felicidade. Ficaram, apenas, morte e luto.

Hospitais repletos, imploram a Deus: mais tempo às pessoas, abatidas, em macas.

VIDA A DESAPARECER

Alguns pensam em seus medos, outros têm atitude.

Alguns pensam que tudo é sobre a vitória. Aprendem que, para alcançar a perfeição, precisam fazer uma promessa.

Enquanto isso, outros fazem acontecer. Pensam no que farão, buscam realizar.

Alguns pensam em objetivos, outros já estão cheios de

certeza.132

PENSAR E NÃO FAZER

Alguns pensam que a solidão é amiga; outros, em desistir. Há aqueles que querem apenas descansar.

Leonardo Hideo M. Paro

Alguns pensam que a escuridão é má, outros enxergam sua beleza.

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Lucas Costa Selman

Não importam os outros, não importa a ocasião, a maior arte é o perdão.

AMIZADE EFETIVA

Apesar de tudo que acontecer, de tudo que disser, nem cá, nem lá, amizade é para durar.

Amigos de verdade são poucos mesmo. Pode chorar, pode rir, estarão sempre ali.

Quando se perde uma amizade, é a maior dor, é solidão. Difícil aceitar essa impiedosa situação.

Desenho o que penso, às vezes, não consigo, mas tento. Desenho mil coisas e dessas tantas, cinco ou quatro ficam boas.

melhorando.134

ARTE

Felipe Lima O. e Silva

Ainda assim, continuo tentando, a cada dia vou me esforçando evoluindo, aprendendo e

Rabisco sobre a vida… às vezes felicidade, outras vezes agonia. Rabisco com o lápis no papel ou com tinta no pincel.

135vindo.

O seu abraço é para chorar sempre que precisar. Se for para sorrir, conto contigo que é meu amigo.

Enfim, um amigo de quem preciso com um grande sorriso. Eu me animo sempre que vem

UMA NOVA AMIZADE

Manoela Francisco Borrallo

Quando quiser conversar, já sabe onde me encontrar. Estarei sempre com você quando necessitar.

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De um a cem, a minha chance é zero, dizia a música que escutei.

Ele disse que cada negro, uma mãe, uma crença, que cada dia há uma sentença. Que pra cada sentença, há um motivo, uma história de lágrima. Sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio Sofrimento, desprezo, desilusão.

Sou negro e disso tenho orgulho, minha pele não é motivo de piedade! Trago em mim a história de um povo, de gente honesta, que tem honra de verdade!

Nicolas Júlio da Silva

Eu ouvi e me vi. Agora vou contar… Brasil, 13 de junho de 2022. Nove horas da manhã. Tenho que fazer um poema. Mas e o tema?

É mais um dia. Tem censura sobre mim.

E você nem imagina como é caminhar assim…

Não quero esse nada não! Eu exagero! Quero o contrário do que o poeta cantou…

DIÁRIO DE UM NEGRO

Pra minha vida, quero outro mundo, quero história de risos, fartura, dignidade, amor, consideração e oportunidade!

Aquilo que chamávamos de lar Estourou e permaneceu na irrealidade. Enquanto ficava sem aparo, atuando em meio às memórias, daquilo que flutuava no espaço.

BOLHA

Passamos noites em claro. Não foi um desperdício. Paredes foram derrubadas, joguei me do precipício nesse mar de decepções. Minha aura apagou. Minha alma se misturou às noites que compartilhamos. E permaneceu congelada, junto à névoa daquela noite.

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Karina Midori T. Motte e Isabela G. G. Correia

Brenda G. Fojo

Pequena bailarina com um sonho de menina dançando pelo palco, sonhando alto.

E é em cima do palco que se torna invencível! Sua sapatilha de ponta com talco torna o seu sonho possível.

A sensação de estar no ar de sonhar, de realizar… A sensação de dançar faz seu coração pulsar!

A sapatilha de ponta dança e encanta e seu enorme coração se enche emoção.

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SONHO

A grande menina se tornou uma grande bailarina. Às vezes, um pouco tímida mas no palco se torna grande e destemida.

Enrico Fernandes Caprio

O melhor produto é o molde atual, transforma a individualidade em algo sem sal. Querer melhorar sem mudar a rotina, acordando às seis e meia para manter o controle da vida.

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Depressão em si é muito comum, não enxergam como realmente são. Um aglomerado de ilusão, procurando ser aceito em um mundo que exclui, vagando sem razão nesse mundo sem emoção.

POEMA

A incerteza da existência, mudança radical de corpo e alma, a inconsistência das emoções e o medo das comparações.

Uma sensação horrível é difícil de substituir.

Uma vez, perdi meu melhor amigo, fiquei triste, não me sentia confortável e perdi minha confiança.

Amizade faz as pessoas ficarem felizes, traz uma sensação ótima, faz as pessoas terem confiança alta, traz alegria e conforto.

Preserve suas amizades, para você podem ser nada, mas para o outro pode ser tudo e acabar com a alegria dessa pessoa.

MELANCOLIA

Quando a amizade vai deixaembora,umburaco em você.

Enrico Brunno A. Martos

O fim de uma amizade pode ser o fim do poço.

Para mim, perder uma amizade é igual a perder algum parente ou algo que é importante.

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Um lugar escuro onde não vejo meu futuro onde está meu porto seguro?

UM LUGAR

Júlia Myiuki C. Afuso

Um lugar silencioso onde estou carne e osso com medo de me tornar um monstro.

Onde estão todos? só me vejo aqui no fundo do poço…

Um lugar rodeado pelo meu sofrimento onde os meus sentimentos viram pensamentos.

Seu sorriso contagiava meu coração, que disparava, como a luz irradiava e a seu brilho não se comparava.

Já não posso mais te ver assim ao meu lado se não for para ser meu querido namorado.

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SAUDADE

Saudade que ficou... Eu não posso esquecer de um tempo que passou e me fez Começouflorescer.comoamizade,

dias tão bonitos, cheios de verdade e de olhares infinitos.

Yasmin Bastos Brandão

GULLAR, Ferreira. Aprendizado. Disponível https://www.pensador.com/poemas_de_aprendizado/>.em:< Acesso em: 26 de jun. de MEIRELES,2022.Cecília. Viagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2012. MEIRELES, Cecília. Episódio Humano. Rio de Janeiro: Desiderata, 2007. MEIRELES, Cecília. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. MEIRELES, Cecília. Poemas escritos na Índia. São Paulo: Global, 2014. MEIRELES, Cecília. Espectros. São Paulo: Global, 2013. MEIRELES, Cecília. As palavras voam. São Paulo: Global, 2013. MEIRELES, Cecília. Retrato natural. São Paulo: Global, 2014. NOGUEIRA Jr., Arnaldo. Projeto Releituras. Disponível em: <http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp>. Acesso em: 13 ago. SILVA,2022. Josilyn Amaral. Traduzir-se. s.d. Disponível em <https://goo.gl/zQmnAd>. Acesso em: 12 de jun. de 2022. SIMBOLISMO. Disponível http://brasilescola.uol.com.br/literatura/simbolismo.htm>.em: Acesso em 27 maio 2022. Alunos dos nonos anos de

2022.143

REFERÊNCIAS

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GULLAR. Ferreira. Poema Sujo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.

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Alunos do 9º ano A

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ARTHUR FELIX COSTA BEATRIZ FORMIGONE LOMAS BRENDA GALVÃO FOJO CAIO ARES DE SOUZA CAROLINE FERREIRA DE AGUIAR CLÁUDIO EDUARDO MEDEIROS FERNANDES DE ACIOLI DANIEL FERREIRA MANESCO ELLEN RODRIGUES DOURADO FELIPE LIMA OLIVEIRA E SILVA FERNANDA COLISSE GONÇALVES MATIAS FAUSTO GIOVANNA AGUIAR SILVEIRA GUILHERME CUNHA ROMANO ISABELLA CICERELLI DE ASSIS ISADORA SILVA PEREIRA JULIAN MARCELO DELGADO ANDRADE LEONARDO HIDEO MATSUBARA PARO LETICIA MARTINEZ SIQUEIRA LUCAS SLAGINSKIS DE VIZIA MANOELA FRANCISCO BORRALLO MARIA EDUARDA BATISTA GUILHEM MORENO MARIA JULIA TRAVENÇOLO DA SILVA MARINA MAYUMI SHIRAYA MATHEUS GONÇALVES FREIRE PEDRO JESUS VENTURA PIETRA CHELINI BARSAN RODRIGUES RAFAEL MARINUCCI PERES SARAH CARDENUTO SAES VICTOR PADILLA MEIRA VINÍCIUS MARTINS EIRAS YASMIN BASTOS BRANDÃO

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ARTHUR VINICIUS SILVA XAVIER CAIO GALVANI PADILHA EDUARDO KENJI NAKANISHI ENRICO BRUNNO ALONSO MARTOS ENRICO FERNANDES CAPRIO FELIPE VENÂNCIO BARROS FERNANDO BENTO CRISTOVÃO GABRIEL MASSARO DRAGO CAMPOS GISELE PENG HENRY ISABELAISABELAFERNANDESBATISTABENTOGUIDONIGOMES CORREIA JOÃO PEDRO GRANATO DE OLIVEIRA JÚLIA MIYUKI CHIARONI AFUSO JÚLIA ZAMMATARO DE FARIA KARINA MIDORI TOBA MOTTE LAIS BRANCO PEREIRA LARISSA PALLOPITO LAURA MENDONÇA JUSTINIANO LUCAS COSTA SELMAN LUCAS ROSSI OKABAYASHI LUIGI PINHO MELITO MARIA CLARA DE FAVERI DA SILVA MATHEUS FRANCISCO MORGADO NICOLAS JULIO DA SILVA PEDRO HENRIQUE ALARCON CRETON PEDRO MONTEIRO SAVASSA YASMIN MENDONÇA GUARALDO NATÁLIA PEREIRA LOPES

Alunos do 9º ano B

“Oh! Bendito o que semeia Livros à mão cheia E manda o povo pensar! O livro, caindo n'alma É germe – que faz a palma, É chuva – que faz o mar!” Castro Alves

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