153414 em busca de deus teologia da alegria

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Quando Paulo viu o caminho do seu Mestre, ele foi motivado a segui-lo. Mas exatamente nesse ponto fiquei perplexo com as palavras de Paulo. Ao descrever a relação entre os sofrimentos de Cristo e os seus, ele diz o que parece ser indizível. Ele declara à igreja em Colossos: "Agora, eu me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a Igreja" (Cl 1.24). Esse pode ter sido o motivo mais forte para Paulo escolher uma vida de sofrimento. Essas palavras encheram-me de amor pela igreja de Jesus Cristo. Oh, que aceitemos o sofrimento necessário indicado para o avanço do reino de Cristo no mundo! Como podemos completar os sofrimentos de Cristo? O que Paulo quer dizer com "preencho o que resta das aflições de Cristo"? Será que está diminuindo incrivelmente o valor todo-suficiente, expiatório da morte de Jesus? O próprio Jesus não dissera, ao morrer: "Está consumado" (Jo 19.30)? Não é verdade que, "com uma única oferta, [Cristo] aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados" (Hb 10.14)? E que, "pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas tendo obtido eterna redenção" (Hb 9.12)? Paulo sabia e ensinou que as aflições de Cristo tinham sido completas e base suficiente para nossa justificação Fomos "justificados pelo seu sangue" (Rm 5.9). Paulo ensinou que Cristo escolheu o sofrimento e foi "obediente até à morte" (Fp 2.8). Essa obediência no sofrimento foi a base todosuficiente da nossa retidão perante Deus. "Como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos" (Rm 5.19). Portanto, Paulo não pensa que seus sofrimentos completam o valor expiatório das aflições de Jesus. Há uma interpretação melhor. Os sofrimentos de Paulo completam a aflição de Cristo não por acrescentar algo ao seu valor, mas por estendê-las às pessoas a quem devem salvar. O que falta nas aflições de Cristo não é valor, como se não pudessem cobrir suficientemente os pecados de todos os que crêem. O que falta é que o valor infinito das aflições de Cristo não é conhecido e crido no mundo todo. Essas aflições e o que significam ainda estão ocultas à maioria das pessoas. E a intenção de Deus é que o mistério seja revelado a todas as nações. Portanto, as aflições de Cristo são "deficientes" no sentido de que não são vistas, conhecidas e amadas pelas nações. Precisam ser levadas por ministros da palavra. Esses ministros da palavra "completam" o que falta nas1 aflições de Cristo, estendendo-as aos outros. Epafrodito é a chave Há uma confirmação forte dessa interpretação no uso de palavras semelhantes em Filipenses 2.30. Na igreja em Filipos havia um homem de nome Epafrodito. Quando a igreja ali coletou ajuda para Paulo (talvez dinheiro, suprimentos ou livros), decidiram enviá-la a Paulo na prisão por mão de Epafrodito. Em sua viagem com esses suprimentos, Epafrodito quase perdeu a vida. Ele estava doente a ponto de morrer, mas Deus o poupou (Fp2.27). Por isso Paulo diz à igreja em Filipos que honre Epafrodito quando ele voltar (v. 29), e explica sua razão com palavras muito semelhantes às de Colossenses 1.24: "Por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte e se dispôs a dar a própria vida, para suprir (palavra semelhante à de Cl 1.24) a vossa carência (mesma palavra de Cl 1.24) de socorro para comigo" [Fp 2.30]. No original grego, a frase "suprir a vossa carência de socorro para comigo" é quase idêntica a "preencher o que resta das aflições de Cristo". Este é o único lugar no Novo Testamento em que essas duas palavras (completar e falta) ocorrem juntas. Em que sentido, então, o socorro dos filipenses a Paulo era "carente" e em que sentido Epafrodito "supriu" o que falta no serviço deles? Cem anos atrás, o comentarista Marvin Vincent explicou isso assim: A dádiva para Paulo era um presente da igreja como um corpo. Era uma oferta sacrificial de amor. O que estava faltando, e seria gratificante tanto para Paulo como para a igreja, era a apresentação desta oferta pela Igreja pessoalmente. Isto era impossível, e Paulo mostra Epafrodito suprindo essa falta com seu ministério afetuoso e zeloso.3

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