VI Congresso Estadual Anclivepa Rio 2017

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demonstrando que o protocolo e manejo empregados foram adequados6. Não houve óbito durante o experimento, o que foi esperado por se tratar de uma cirurgia limpa sem manipulação visceral, assim como não foram observadas alterações como apatia, hiporexia, isolamento ou outro sinal de dor nos animais. Todos os animais do grupo controle apresentaram escore satisfatório no aspecto da ferida cirúrgica. Além disso, não foram observadas formação de seroma ou infecção em nenhum dos animais uma vez que os cuidados com antissepsia durante os procedimentos cirúrgicos foram respeitados7,8. Houve deiscência de sutura por arrancamento de pontos em um animal do grupo T (21 dias), sendo considerada ferida cirúrgica insatisfatória, mas que não influenciou negativamente o processo cicatricial9. Nesse contexto, sendo um fato isolado, pode ter ocorrido devido ao comportamento arredio do indivíduo, pois apareceu somente em um animal durante o estudo. Há relatos que evidenciam o fato de que o uso de biomateriais como reforço de sutura convencional é uma opção para minimizar intercorrências, visto que, no animal supracitado, observou-se que, apesar do rompimento de sutura, o enxerto permaneceu íntegro e evitou passagem de vísceras pelo orifício10,11. Na avaliação histopatológica da túnica albugínea implantada observaram-se características histológicas normais das estruturas com preservação do aspecto e distribuição do colágeno, fundamentando que a glicerina é um meio adequado de conservação para preservação de membranas biológicas, mantendo textura e elasticidade de acordo com o aspecto morfológico e de resistência, além de não sofrer contaminação3,12. Ademais, nos grupos teste, foi observado maior infiltrado inflamatório, neovascularização e fibrose do que nos grupos controle. (Quadro 1). Na avaliação histopatológica do grupo T (7 dias) observou-se intenso infiltrado inflamatório com presença de polimorfonucleares (++++) , neovascularização inicial (++) , escassa deposição de colágeno e fibrose (+), e absorção insidiosa da túnica albugínea (+) , não havendo parâmetros de comparação, uma vez que, não há relatos do uso de túnica albugínea ovina como bio-

material em reparos de parede abdominal13. Os animais do grupo controle, no mesmo período diferiram do grupo T por apresentar menos focos de polimorfonucleares, sem caracterizar inflamação aguda. Nos animais do grupo T, aos 21 dias pós-operatórios, observa-se a presença de infiltrado inflamatório moderado (+++), com proliferação fibrocelular densa, neovascularização moderada (+++), deposição de colágeno e fibrose moderada (+++), absorção intensa do enxerto (++++), estando este ainda viável e em pequena quantidade, não havendo relato comparativo até o presente. No grupo controle no mesmo período observou-se a presença de infiltrado inflamatório menor, relacionado apenas a absorção dos fios de sutura, tendo a sua cicatrização completada14,15. Nos animais do grupo T, aos 42 dias pós-operatórios, havia a reparação completada e organizada, não observando mais a presença do enxerto (++++), não havendo relatos na literatura para comparação. Na avaliação histopatológica dos fragmentos extraídos da parede abdominal, no grupo controle, foram observadas características de reparação já consolidada e processo de fibrose15,16. O uso de biomateriais heterólogos tem suas vantagens, pois podem ser empregados nos animais sem danos ao paciente, sem risco de rejeição e com baixo custo de obtenção e conservação. Os resultados sugerem que a túnica albugínea ovina pode ser aplicada como biomaterial com vantagens sobre outros materiais especialmente pelo menor custo e fácil obtenção. Os materiais biológicos oriundos de ovinos mantém a sua característica a fresco e conservado, trazendo resposta cicatricial satisfatória, viabilizando o seu emprego em maior escala3. Conclusão A túnica albugínea ovina é um biomaterial de fácil obtenção e utilização, com potencial para ser utilizada como excelente substrato no reparo de parede abdominal em ratos. Os resultados desse estudo sugerem que o enxerto de túnica albugínea como reforço da parede abdominal em ratos serve como arcabouço e promove a precocidade da cicatrização.

Quadro 1 – Avaliação de infiltrados inflamatórios, neovascularização, fibrose e processo de absorção do enxerto eutanásia 7 dias 21 dias 42 dias

grupo infiltrado inflamatório neovascularização Controle (C) ++++ ++ Teste (T) ++ + Controle (C) +++ +++ Teste (T) + ++ Controle (C) + + Teste (T) + +

Fibrose + + +++ +++ ++++ +++

absorção do enxerto + +++ ++++ -

Legenda: (-) ausentes; (+) escassos/ raros; (++) pequena quantidade; (+++) quantidade moderada; (++++) grande quantidade

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Clínica Veterinária, Ano XXII, suplemento, 2017


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