Clínica Veterinária n. 122

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Figura 2 – Crânio de gato mostrando a osteotomia lateral da bula timpânica. Compartimento ventromedial (VM). Compartimento dorsolateral (DL). Septo ósseo (S)

Adelina Maria da Silva

Neoplasias do canal auditivo externo em gatos As neoplasias mais frequentemente observadas no canal auditivo externo dos gatos são o adenoma e o adenocarcinoma da glândula ceruminosa. O carcinoma espinocelular geralmente afeta o pavilhão auricular dos gatos, mas a presença dessa neoplasia no canal auditivo externo também já foi relatada 9. Estudo retrospectivo multicêntrico que analisou as fichas médicas de 56 gatos com neoplasia maligna no canal auditivo externo verificou que os animais apresentavam idade média de onze anos (variação de três a vinte anos). Foram diagnosticados 22 (39%) casos de adenocarcinoma da glândula ceruminosa, 20 (35%) de carcinoma espinocelular, 13 (23%) de carcinomas de origem indeterminada e somente 1 (2%) caso de adenocarcinoma da glândula sebácea. Trinta e um gatos foram operados, sete, tratados com radioterapia, dois, com quimioterapia e os outros 16 não foram tratados, porque a neoplasia estava em estado muito avançado. O acompanhamento de 40 felinos desse estudo permitiu constatar que os gatos diagnosticados com adenocarcinoma da glândula ceruminosa tiveram uma sobrevida superior a 49 meses, significativamente maior que a de gatos com carcinoma espinocelular, que apresentaram tempo

Figura 1 – Crânio de gato mostrando a bula timpânica (B), o meato acústico externo ósseo (ponta de seta) e o ossículo auditivo martelo (seta)

Adelina Maria da Silva

Anatomia da bula timpânica de gatos A bula timpânica do gato tem dois compartimentos separados por um septo ósseo interno. Esse septo tem uma fissura no aspecto caudomedial que permite a comunicação entre o compartimento maior (ventromedial) e o menor (dorsolateral) 4,5. A remoção parcial do septo deve ser realizada na osteotomia da bula timpânica para permitir ampla curetagem e drenagem da cavidade timpânica 6 (Figuras 1 e 2). Contudo, o aspecto dorsomedial não deve ser curetado, porque nesse local há o promontório. Nessa proeminência óssea estão alojadas as janelas da cóclea e do vestíbulo, estruturas anatômicas relacionadas respectivamente à audição e ao equilíbrio corporal 5,7 (Figura 3). Também sobre o promontório passam as fibras simpáticas pós-ganglionares que inervam o olho 8.

Adelina Maria da Silva

Introdução A ablação total do canal auditivo externo aliada a osteotomia lateral da bula timpânica é uma técnica cirúrgica indicada principalmente no tratamento de otite externa crônica e otite média, pólipos auriculares e neoplasia do canal auditivo externo em gatos, mas também em casos de traumatismo auricular grave e abscesso periauricular 1,2. Na espécie canina essa cirurgia é frequentemente utilizada no tratamento de otite externa crônica 3. O objetivo desta revisão bibliográfica foi descrever a técnica cirúrgica da ablação total do canal auditivo externo aliada a osteotomia lateral da bula timpânica e discutir as indicações e possíveis complicações desse procedimento cirúrgico.

Figura 3 – Região temporal de crânio de gato mostrando a osteotomia lateral da bula timpânica. Compartimento ventromedial (VM). Compartimento dorsolateral (DL). Septo ósseo (S). Janela do vestíbulo (ponta de seta). Janela da cóclea (seta)

Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 122, maio/junho, 2016

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