Revista Clínica Veterinária - ed.83 pt

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Saúde pública Saúde pública veterinária: futuro e retrospectiva 2009 por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto - CRMV-SP 6871

FUTURO O Brasil passou a ser foco da atenção mundial em função de dois grandes eventos: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Em função disso, muitos investimentos serão feitos para preparar o país para esses momentos históricos. Empregos serão gerados e algumas propagandas já anunciam que virá melhora na qualidade de vida da população. No início de outubro, consciente das adequações que o país precisará passar para receber esses eventos, a Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, declarou que haverá empenho em implementar melhorias: "do ponto de vista do governo demos prioridade um aos aeroportos". Nas prioridades do governo é importante que também sejam consideradas as normas modernas para o trânsito de animais, pois muito colaboram para a garantia da saúde pública. A chegada, por exemplo, da leishmaniose visceral canina na Argentina e em outros países da América Latina, já despertou a consciência da necessidade do microchip para otimizar a fiscalização do trânsito dos animais e gerenciamento dos dados registrados. Na listagem de exigências da INFRAERO, órgão vinculado ao Ministério da Defesa e que administra os aeroportos brasileiros, não consta a necessidade de microchip para a entrada de animais estrangeiros a e também para o trânsito doméstico b de animais. Alguns aeroportos, como, por exemplo, o aeroporto internacional de Guarulhos, SP, já possuem leitora de microchips, mas o seu uso não está implementado na rotina do trânsito dos animais que entram e que circulam pelo país. Na prática, pode-se importar animais da Europa, até de áreas endêmicas de leishmaniose, sem a necessidade de que estejam microchipados. Por sua vez, autoridades da comunidade européia a - Importação de cães e gatos: http://www.infraero.gov.br/cargaaerea/principal/ informacoes/legislacao/IMPORTACAO_CAES_ E_GATOS.pdf b - Transporte doméstico: http://www.infraero.gov.br/cargaaerea/principal/ informacoes/legislacao/EMBARQUE_%20DES EMBARQUE_%20DOMESTICO.pdf

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exigem a microchipagem de todos os animais que entram no seu território. No Brasil, além da identificação dos animais, outro ponto fundamental é a questão da área de quarentena para animais. No aeroporto de Guarulhos, por exemplo, apesar de prevista na teoria, na prática não existe. Cada vez mais os animais passam a ser membros da família e, inclusive, participam das viagens. A tendência desse trânsito e do promovido pelo mercado de animais é aumentar. Isto pode ser conferidos nas ruas, nos parques, nas rádios, nos canais de TV, nas universidades, na literatura infantil, nos debates

Implantador, transponder esterilizado e leitor AnimallTAG Pet (www.animalltag.com.br)

Será que até 2016 a Infraero irá adotar a identificação eletrônica de animais por microchips? Após a confirmação do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 uma declaração da Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou um pouco de esperança no ar para quem a com que as normas para o trânsito de animais nos aeroportos brasileiros tornem-se modernas: "Do ponto de vista do governo demos prioridade um aos aeroportos. O Galeão tem dupla prioridade, por ser entrada para a Copa do Mundo e por ser entrada para as Olimpíadas.", disse a ministra. Trânsito animal é questão de saúde pública veterinária e é difícil de entender, por exemplo, porque que cães de áreas endêmicas de leishmaniose visceral canina circulam livremente de avião de um estado para o outro. Para administrar este trânsito é imprescindível a microchipagem dos animais, procedimento vital para Leitora com bastão: a execução de faz leitura à distância, diversas outras evitando riscos ao tarefas essen- scanear animais ciais para a ga- agressivos ou rantia da saúde que possam pública veteriná- oferecer riscos ria. www.caochorro.com.br Leitora de microchips (www. datamars.com) para locais com grande fluxo de animais, como, por exemplo, aeroportos. Exemplar exposto pela primeira vez no WSAVA 2006

feitos nas câmaras municipais, assembléias legislativas, senado federal etc. Luiz Carlos da Silva Pereira, médico veterinário e empreendedor de sucesso no mercado pet, defende convictamente a importância sócio-econômica dos animais de estimação no Brasil. Em entrevista concedida à revista Clínica Veterinária, Pereira conta que: "em meados de 1980, fui chamado para atender o cão do diretor de uma emissora de TV. Enquanto examinava seu cão, o caseiro dizia: 'O patrão fica gastando um dinheirão com esse animal, enquanto tem gente passando fome'. Imediatamente disse: ‘Cuide muito bem dele e torça

Por questões de saúde pública, o controle do trânsito de animais merece atenção e controle em todos os aeroportos. Preferencialmente, deveria-se seguir o padrão adotado pela comunidade européia e outros países desenvolvidos. O Rio de Janeiro possui demanda para isso. Há quase 10 anos a cidade possui evento que tem ajudado no crescimento do mercado pet, tanto na região do Estado do Rio de Janeiro quanto fora: a RioVet. Este evento já está com data marcada para 2010 e contará com a realização de exposições internacionais de cães e gatos, entre outras atividades

Exposição internacional de gatos durante a RioVet 2009

Exposição internacional de cães durante a RioVet 2009

Clínica Veterinária, Ano XIV, n. 83, novembro/dezembro, 2009


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