Jornal da Manhã - Quinta-feira - 11-04-2019

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Jornal da Manhã

OPINIÃO

Quinta-feira, 11 de abril de 2019

PATRIMÔNIO EM XEQUE

financiar obras públiÉ sabido que pricas de infraestrutura, vatizar estatais e permitir o pontapé ineficientes melhora de partida para o os serviços prestaestabelecimento de dos, mas também concessões de serviços é importante saber públicos. o que fazer com o Com a iminente venda dinheiro da vende outras empresas da do patrimônio públicas, o Estado público passa por uma onda privatista semelhante à dos anos 1990, durante o governo Antônio Brito. É verdade que os ativos de hoje são bem menos valiosos, mas ambos os momentos da máquina pública guardam grandes semelhanças. Assim como no passado, as contas públicas passam por severa crise fiscal, com receitas insuficientes para a contenção da despesa crescente. Dessa forma, uma das únicas opções é que resta é a venda do patrimônio público, mesmo que

nos tempos atuais os governantes se utilizem de eufemismos para se eximir de culpa. É sabido que privatizar estatais ineficientes melhora os serviços prestados, mas também é importante saber o que fazer com o dinheiro da venda do patrimônio público. O que se viu no governo Brito foi uma espécie de 'feirão' de estruturas públicas, torradas a preço de banana para custear despesas que, em uma estrutura equilibrada, deveriam ser mantidas com o dinheiro dos impostos. O governador anterior, José Ivo Sartori (MDB), só não conseguiu impor sua agenda de privatizações por incapacidade política e falta de tempo. O plano do emedebista, porém, seguia a cartilha básica de angariar recursos a qualquer custo, para amenizar o tamanho da crise fiscal do Estado. Sendo assim, a experiência passada, tanto no Rio Grande do Sul quanto a nível nacional, mostra que privatizações e aberturas de capital devem seguir um plano coerente, que contemple melhoria dos serviços e reinvestimento dos recursos obtidos. Da forma como são feitos, os repasses de estatais à iniciativa privada se assemelham ao cidadão que vende eletrodomésticos para pagar a conta de luz, e no fim das contas acaba sem ambos. No ritmo em que estamos, o patrimônio do Estado está rapidamente sendo queimado como lenha seca na fogueira dos gastos que só crescem. É preciso urgentemente corrigir esta lógica.

PONTO DE VISTA

Paulo Scherer

Dirigente do Sindicato dos Bancários de Ijuí fala sobre as principais pautas do 13º Congresso Estadual da Fetrafi-RS, que acontece em Porto Alegre

O Congresso Estadual será neste fim de semana. Qual a programação do evento? Começa no sábado, pela manhã, com a participação de agentes externos, como o Dieese, que irá passar todos os dados, desde Economia até o setor bancário, fomentando o debate. À tarde, teremos oficinas específicas por tema, e, no domingo, haverá discussão geral da pauta. No final, faremos a escolha da nova diretoria de nossa federação estadual.

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Quais as principais pautas deste congresso? Temos uma situação bastante peculiar, pautada, a reforma da Previdência, que afeta a todos os trabalhadores e os bancários não fogem a essa regra, mas, nós temos questões como a terceirização, de 2017, a reforma Trabalhista, também de 2017, e temos uma outra situação, nossa categoria fechou um acordo coletivo para dois anos, com vigência até 2020. Uma ideia que vinhamos maturando há algum tempo, e, conseguimos implantar, de prolongar o prazo máximo que a lei permite de acordos coletivos. Mas isso não inibe que tenhamos todas essas questões para pautar, de como é que vamos nos preparar para enfrentar essas situações que estão além do acordo coletivo, e que irão alterar significativamente a vida, não apenas do bancário, mas de todos os trabalhadores. O que será debatido no âmbito da categoria? Há uma mudança no paradigma dos bancos públicos, que, hoje, na verdade, estão sendo direcionados para uma redução de seu espaço no mercado, e temos outras questões que são as condições de trabalho. Por exemplo, os planos de saúde privados, que nós, trabalhadores bancários, em alguma dimensão conseguimos tê-los na teoria, mas na prática acabamos ficando muito distantes, pela falta de atendimento. Temos uma pauta razoavelmente grande.

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ARTIGO

100 dias de Governo Bolsonaro Rodrigo Augusto Prando Cientista político e professor O governo de Jair Bolsonaro apresenta o pior índice de aprovação de um presidente recém-eleito, desde Collor. Com isso, nesses primeiros 100 dias de ação a chamada "lua de mel" com a opinião pública foi inexistente e, por incrível que pode parecer, praticamente todos os problemas e crises enfrentadas foram geradas dentro do próprio governo, seja por declarações desastradas de Bolsonaro, de seus filhos, de seus ministros ou de membros de seu partido, o PSL. A maioria dos analistas, portanto, avalia como negativos esses 100 primeiros dias, seja no plano nacional ou internacional. Os bolsonaristas, que são diferentes dos eleitores de Bolsonaro, correm para afirmar que é pouco tempo, que o estrago do lulopetismo foi bem grande e estendeu por cerca de 16 anos. Há, apenas, parte de verdade na afirmação. Os 100 dias de um governo é uma amostra, como, para o médico, uma amostra de sangue. Não se retira todo o sangue de um paciente para detectar uma doença, como não se espera metade de um mandato para se avaliar as ações governamentais. Em termos positivos, há dois ministros que dão sustentação racional ao governo: Paulo Guedes, na Fazenda, e Sérgio Moro, na Justiça; o primeiro se esforça para dar conteúdo e forma à reforma da Previdência, e o segundo apresentou um pacote anticrime, que já sofreu descaracterização e está em compasso de espera, tendo perdido força política. Outro ponto a ser destacado é a racionalidade e certa estabilidade oriunda no núcleo militar do governo e, ainda nesta seara, a boa atuação do vice-presidente, Hamilton Mourão. Já o presidente Jair Bolsonaro, só na última semana fez um gesto de aproximação com os líderes dos partidos políticos, porque até há pouco, todos eram chamados de membros da "velha política". Deu-se, assim, nestes primeiros meses a manutenção de um discurso de campanha e, por isso, Bolsonaro não compreendeu a liturgia do cargo e nem a importância do papel de liderança que o presidente da República exerce. O fato de Bolsonaro gostar e se dar bem nas redes sociais fez com ele continuasse a se concentrar naquele público que já lhe é fiel, já convertido, deixando de lado os demais brasileiros. As confusões entre interesses familiares e do Estado foram, inúmeras vezes, sentidas, até o ponto de um ministro de Estado ser demitido por antipatia de um dos filhos do presidente. Muitos de seus ministros – sem a liderança do presidente – foram de uma incompetência singular, falando bobagens, paralisando seus ministérios e, também, apresentando currículos inverídicos em suas biografias. O pior, em tudo, foi conjugar a retórica de campanha com a falta de articulação política, que não foi feita nem pelo presidente e nem por seus ministros ou por líderes de seu partido. Aliás, o PSL mostrou-se um amontoado de personalidades, mas sem organicidade e uma liderança capaz de dar sentido e rumo às dimensões da política, seja no Parlamento, seja junto à sociedade. No plano internacional, as declarações de intenções foram, muitas vezes, no sentido oposto da tradição de nossa diplomacia e as visitas presidenciais (Davos, EUA, Chile e Israel) trouxeram mais problemas que soluções até agora. Houve, enfim, um governo sem líder, um presidente e ministros mais ligados às posições ideológicas do que capazes de governar com estratégia. Esses 100 primeiros dias foram ruins. Pode, se quiserem, melhorar, mas dependerá de esforço individual e coletivo. Talvez, a síntese do governo tenha sido o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez: despreparado, confuso, ideológico e inoperante. Bolsonaro deverá assumir as rédeas de seu governo ou, então, outros poderão fazer isso.

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