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– Bem… vagamente. – As Ilhas Abençoadas. Era assim que os gregos as denominavam, há milhares de anos. Diziam que a Atlântida era o lugar onde moravam os espíritos dos heróis, numa felicidade desconhecida para o restante do mundo. Um lugar onde só podiam entrar os espíritos dos heróis, e eles o faziam sem morrer, porque traziam dentro de si o segredo da vida. Já naquela época a Atlântida estava perdida para os homens. Mas os gregos sabiam que tinha existido. Tentaram encontrá-la. Alguns diziam que estava enterrada no coração da Terra. Mas a maioria afirmava que era uma ilha, uma ilha radiante nos mares ocidentais. Talvez estivessem pensando na América. Jamais a encontraram. Depois, durante séculos, diziam que era apenas uma lenda. Não acreditavam, mas nunca pararam de procurar, porque sabiam que era isso que tinham de achar. – Bem, mas e John Galt? – Ele a encontrou. Dagny havia perdido o interesse. – Quem era ele? – John Galt era um milionário, dono de uma fortuna incalculável. Estava navegando em seu iate certa noite, em pleno Atlântico, no meio da pior tempestade que o mundo já conheceu, quando descobriu a Atlântida. Viu-a no fundo do mar, onde ela havia se escondido para fugir dos homens. Viu as torres da Atlântida brilhando no fundo do oceano. Era uma visão tal que quem a vislumbrasse nunca mais ia querer ver o restante do mundo. John Galt afundou seu navio com toda a tripulação. Todos resolveram ir juntos. Meu amigo foi o único sobrevivente. – Interessante. – Meu amigo viu com os próprios olhos – disse a mulher, ofendida. – Aconteceu há muitos anos. Mas a família de John Galt abafou a história. – E o que aconteceu com a fortuna dele? Nunca ouvi falar na fortuna dos Galt. – Afundou com ele. – A mulher acrescentou, agressiva: – Se não quer acreditar, não acredite. – A Srta. Taggart não acredita – disse Francisco d’Anconia. – Eu acredito. Viraram-se. Ele as havia seguido e as encarava com um olhar insolente de interesse exagerado. – O senhor alguma vez já teve fé em alguma coisa, Sr. D’Anconia? – perguntou a mulher, zangada. – Não, madame. D’Anconia deu uma risada quando a mulher se afastou bruscamente. Dagny perguntou com frieza: – Qual é a graça? – A graça é que aquela mulher, coitada, não sabe que estava lhe dizendo a verdade. – Você acha que vou acreditar nisso? – Não. – Então de que você acha tanta graça? – Ah, de tantas coisas aqui. Você não acha? – Não. – Pois isso é uma das coisas que eu acho engraçadas. – Francisco, quer me deixar em paz?


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