Em torno do renascimento português. Estudos iconográficos

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Retrato da princesa Santa Joana Atribuı́do a Nuno Gonçalves, 1471 Óleo sobre madeira de castanho, 600x400, Aveiro. Museu de Aveiro. Festa a 12 de Maio A princesa Santa Joana, irmã de D. João II, foi uma das figuras femininas mais importantes do seu tempo e um dos partidos mais desejados dos monarcas europeus. Tendo ficado órfã muito cedo, dedicou-se à cultura e à religião, manifestando uma vocação mı́stica muito precoce. Este retrato deve ter sido uma encomenda da princesa antes de ter professado. Nele vemos, com efeito, uma jovem de grande beleza, de traje luxuoso e mundano. No entanto, ao observarmos mais atentamente, descobrimos sinais de quem fez voto de castidade, penitência e fortaleza: cabelos soltos, como Maria Madalena, um laço de amor no punho direito, significando firmeza nos votos, assim como na agulheta que lhe aperta a capa à frente. O cordão de ouro ao pescoço simboliza firmeza ao seu Deus e o diadema-coroa assemelha-se a uma coroa de espinhos. Há quem compare este retrato com o Ecce Homo, do Museu Nacional de Arte Antiga, atribuı́do ao mesmo autor, e lhe chame o Ecce Femina. A princesa morreu em 1490, foi beatificada em 1693 e canonizada em 1756 pelo Papa Bento XIV.


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