António Jacinto e a sua época. A modernidade nas literaturas africanas em língua portuguesa

Page 381

A memória viva na poesia de Ana Paula Tavares

377

avesso oculto da história hegemônica. A sociedade de consumo não possui relíquias, nela os objetos são descartados. Trago nas pernas as pulseiras pesadas Dos dias que passaram. . . Sou do clã do boi. . . Dos meus ancestrais ficou-me a paciência O sono profundo do deserto, A falta de limite. . . Da mistura do boi e da árvore a efervescência o desejo a intranquilidade a promiscuidade do mar Filha de Huco Com a sua primeira esposa Uma vaca sagrada Concebeu-me O favor das suas úberes. (M ACEDO, 2003, p. 74).

Foi buscando os vestígios da resistência do seu povo em cada lugar possível, e trazendo à luz omissões e traços da sensibilidade do povo que a poesia de Ana Paula Tavares, imbuída de potência combativa e tendo como chave a apropriação que faz do passado, nos faz sonhar com um futuro melhor.

www.lusosofia.net


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.