A memória viva na poesia de Ana Paula Tavares
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avesso oculto da história hegemônica. A sociedade de consumo não possui relíquias, nela os objetos são descartados. Trago nas pernas as pulseiras pesadas Dos dias que passaram. . . Sou do clã do boi. . . Dos meus ancestrais ficou-me a paciência O sono profundo do deserto, A falta de limite. . . Da mistura do boi e da árvore a efervescência o desejo a intranquilidade a promiscuidade do mar Filha de Huco Com a sua primeira esposa Uma vaca sagrada Concebeu-me O favor das suas úberes. (M ACEDO, 2003, p. 74).
Foi buscando os vestígios da resistência do seu povo em cada lugar possível, e trazendo à luz omissões e traços da sensibilidade do povo que a poesia de Ana Paula Tavares, imbuída de potência combativa e tendo como chave a apropriação que faz do passado, nos faz sonhar com um futuro melhor.
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