Volume 10 - Paulo Emílio: legado crítico

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com os professores franceses da Universidade de São Paulo3. Para Mendes, “em lugar do impressionismo e das intuições muitas vezes brilhantes dos polígrafos, surgiria uma dicção acadêmica baseada na compreensão interna do objeto, na sistematização de métodos atualizados com o avanço das ciências humanas”4. Em Clima, Paulo Emílio escreve dez artigos sobre cinema, inserindo no contexto cultural brasileiro uma série de elementos inéditos, “alguns deles fundadores de uma nova percepção do fenômeno cinematográfico”5 no contexto brasileiro. Segundo José Inácio de Melo Souza:

Dito isso, podemos notar que o ofício crítico de Paulo Emílio concentra-se em quatro pontos principais. Deste núcleo há um desdobramento em outros temas, alguns deles, mesmo quando assinalados de passagem ou pouco desenvolvidos, nodais para a crítica que aparecerá em seguida. Três desses aspectos fazem parte da cultura cinematográfica absorvida do Chaplin Club: a pedagogia do olhar, a história do cinema e a importância do diretor. Um deles escapa a campanha de idealistas em defesa da arte do silêncio. Na América, um cineasta liderava a heroica resistência, proclamando a sua fidelidade teórica e prática ao filme mudo: Charles Chaplin. No Brasil, justamente quando as discussões tomam corpo, é criado o cineclube de Otávio de Faria, Plínio Sussekind Rocha, Almir Castro e Cláudio Mello. O nome Chaplin batiza uma ‘instituição brasileira’” que comprometeu sua existência na batalha contra o falado, publicando o último número do Fan em dezembro de 1930, abandonando a arena depois de dois anos de intensa pregação em nome da ‘arte do preto e branco e do silêncio’. Os talkies ganham a guerra, o cinema fala e o Fan silencia”. In: XAVIER, Ismail. Sétima arte: um culto moderno. São Paulo: Perspectiva; Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1978. p. 200. 3

MENDES, Adilson Inácio. Trajetória de Paulo Emílio. São Paulo: Ateliê Editorial, 2015. p. 153.

4

Ibidem, p. 154.

5

SOUZA, José Inácio de Melo. Paulo Emílio no paraíso. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 166.

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