Volume 08 - CineGrid: futuros cinemáticos

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e contínuos em que desenvolvedores de tecnologias e dispositivos devem assimilar muito rapidamente os usos propostos e criados pela indústria, artistas e consumidores, que inclusive se fundem. Essa fluidez põe em cheque muitas tentativas de teorização. Henry Jenkins indica que se entendemos “teoria” como “uma tentativa de fazer uma generalização, buscando significado, para interpretar e avaliar experiências e práticas locais”10, então a era digital se dá a muita teorização fora da academia, entre profissionais técnicos, gestores, artistas e usuários, o que Thomas McLaughlin11 chama de “teoria vernacular”. E a academia de certa forma tem se visto obrigada a correr atrás, incapaz de acompanhar e prever com a mesma velocidade todas as mudanças que acontecem nas mídias e na cultura. Jenkins também detecta uma mudança de caráter na abordagem: [...] a necessidade de criar uma teoria útil está gerando um novo estilo acadêmico diferente das teorias mais abstratas que têm dominado estudos de mídia nas últimas décadas.12

Ou seja, existe uma aproximação entre a pesquisa e a prática, porém o foco de identificação e de atenção é em [...] pontos de experimentação e inovação promissores para desenvolvimento futuro, mesmo quando esses pontos contrariam a lógica comercial em vigor. O perigo, é claro, é reconstruir hierarquias culturais antigas, valorizando obras digitais de vanguarda à custa de reconhecer o impacto cultural da inovação artística em produtos comerciais.13

10

JENKINS, Henry. “The Work of Theory in the Age of Digital Transformation”. In: MILLER, Toby; STAM, Robert (Orgs.). A Companion to Film Theory. Malden: Blackwell, 2004. p. 234-261.

11

MCLAUGHLIN, Thomas. Street Smarts and Critical Theory: Listening to the Vernacular. Madison: University of Wisconsin Press, 1996.

12

JENKINS, Henry. Op. cit.

13

Idem.

154 CINEGRID: FUTUROS CINEMÁTICOS


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