Publicaçoes Desertos Verdes

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H2O para a Celulose X Água para todas as línguas

Nos 11 mil hectares re-ocupados, os índios iniciaram a construção de duas novas aldeias, Córrego do Ouro e Olhos d’Água, esta última, uma re-construção, já que no mesmo lugar, antes do eucaliptal, existia aldeia com mesmo nome. A construção de Córrego do Ouro e da Aldeia Olhos d’Água mobilizou homens, mulheres, idosos e crianças, na re-construção de casas de moradia, de uma grande cabana para reuniões, e ainda uma pequena roça de milho e mandioca, crescendo em meio aos tocos de eucalipto. Uma claridade aberta em meio ao talhão de eucalipto, cercado por muitos outros talhões, um pequeno “olho d’água” donde jorrava uma antiga e persistente fonte, e a Aldeia Olhos d’Água renascia. De Maio de 2005 a Janeiro de 2006, quando destruída pela segunda vez por tratores da mesma Aracruz Celulose, Olhos d’Água representou sobretudo o horizonte de um destino que, todos sabem, está por vir! Em reunião com a Comissão de Caciques, o ministro da Justiça e o próprio presidente Lula se comprometeram a restituir aos índios o que lhes garante a constituição. Paralelo à luta pela terra, os tupinikins e guaranis iniciam a constituição de um viveiro de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, localizado na Aldeia de Pau Brasil, e se preparam para um longo processo de reconversão de suas terras, da monocultura do eucalipto para a diversificação agroecológica, florestal e agrícola. A recuperação de nascentes, as matas ciliares de rios, córregos e lagos são pontos prioritários, pois sabem da importância central da água nesse processo de reconversão que se inicia.

Reconstrução da aldeia Olho D’Água em junho/2005


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