A Faca Sutil

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— Não. Pergunte primeiro pela minha mãe. Quero saber se ela está bem. Lyra assentiu e girou os ponteiros antes de colocar o aletômetro no colo, puxar os cabelos para trás das orelhas, baixar os olhos e se concentrar. Will observou o ponteiro maior girar em volta do mostrador, correndo e parando e correndo de novo com a rapidez de uma andorinha ciscando, e observou os olhos de Lyra, tão azuis, intensos e cheios de compreensão. Ela então pestanejou e ergueu o olhar. — Ela ainda está segura — disse. — Essa amiga que está tomando conta dela, ela é muito boa. Ninguém sabe onde sua mãe está, e a amiga não vai denunciar. Will não tinha percebido a extensão da sua preocupação. Diante dessa boa notícia, ele relaxou, então, livre de uma pequena parte da tensão que o dominava, sentiu com mais força a dor dos ferimentos. — Obrigado. Muito bem, agora pergunte sobre o meu pai... Antes, porém, que ela pudesse sequer começar, ouviram um grito lá fora. Imediatamente os dois olharam para a janela. Na borda do jardim, em frente às primeiras casas da cidade, havia um cinturão de árvores, e alguma coisa se movia ali. Pantalaimon transformou-se num lince e foi até a porta aberta, com olhar feroz. — São as crianças — disse. Ambos se levantaram. As crianças surgiam por entre as árvores, uma a uma, talvez 40 ou 50 ao todo. Muitas levavam pedaços de pau. À frente ia o garoto de camiseta listrada, e não era um pedaço de pau o que ele carregava: era uma pistola. — Ali está Angélica — Lyra sussurrou, apontando. Angélica estava ao lado do menino líder, puxando-o pelo braço, incentivando-o a continuar em frente. Logo atrás deles, seu irmão Paolo gritava


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