Da teoria crítica de Adorno ao cinema crítico de Kluge - educação, história e estética

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Alemão – que o fez retomar sua consideração até então mais marginal e colocá-la sob foco mais direto nas suas análises sobre o cinema. Na hipótese de número três, reforço o argumento de que o Novo Cinema Alemão teve um papel de destaque e representou uma forte influência sobre a defesa de Adorno no que tange à possibilidade de o cinema ser uma arte autônoma. Posto isto, complemento com a defesa do argumento de que Adorno influenciou o Novo Cinema Alemão, especialmente a filmografia do cineasta Alexander Kluge, tanto quanto foi influenciado por este. No Brasil, o artigo Adorno e o cinema: um início de conversa (SILVA, 1999) é um trabalho pioneiro e digno de reconhecimento pelos estudiosos desta temática. Silva afirma que o filósofo frankfurtiano não desenvolveu uma teoria acabada sobre cinema. Observa, também, que, apesar de Adorno ter escrito Composing for the films em co-autoria com o compositor Hanns Eisler, a maior parte das reflexões sobre a temática está diluída na sua obra. Em conformidade com essa observação preliminar, não pretendo aqui reivindicar que os escritos de Adorno ofereçam a teoria ou o método de estética do filme, mas sim, mostrar que suas reflexões podem, ao menos, sinalizar um norte diferenciado que aponte alguns elementos filosóficos para se pensar em uma teoria estética para o cinema, fundada em uma perspectiva teórico-crítica. 5.1 Otimismo de Benjamin, pessimismo de Adorno? Em geral, alguns estudos (Rosália DUARTE, 2002; GASPAR, 2002; MARTINBARBERO, 2001; OLIVEIR A, 1995; HOLLOWS, 1995) tendem a valorizar muito mais as reflexões de Walter Benjamin, por seu suposto otimismo em relação ao cinema e, simultaneamente, a depreciar as análises de seu amigo Theodor Adorno em relação à mesma temática. Oliveira (1995, p. 3), por exemplo, afirma que Benjamin foi um entusiasta do cinema, pois ele estava consciente de que a arte cinematográfica, particularmente depois dos filmes sonoros, havia possibilitado novas formas de consumismo cultural. Para Benjamin (1994), o cinema desenvolveu-se com a missão histórica de estimular e potencializar a capacidade perceptiva do espectador. Esta idéia de Benjamin parece ser suficiente para que Oliveira (1995) defenda uma divergência entre a


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