A construção Sígnica no cinema de Hitchcock

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Marcelo Moreira Santos

outro lado, a virada semiológica metziana permitiu uma valorização da leitura fílmica, conseqüentemente enaltecendo os filmes e seus diretores, porém reduzindo a teoria cinematográfica às interpretações, cada vez mais subjetivas, envolvendo, novamente, visões ideológicas sobre os filmes. O que o presente estudo almeja é compreender como o cinema aparece como linguagem, primeiramente observando em que ambiente fenomenológico sua gênese híbrida fora confeccionada, para logo em seguida tentar entender sua construção sígnica, sem imputar a esta uma ideologia pré-estabelecida, retirando-lhe, portanto, visões sobre sua função como meio de comunicação de massa. Isso não quer dizer que se ignora as ideologias por trás de muitos filmes ao longo da história e nem cai no erro de não ter em mente o papel do cinema como meio de massa, apenas o que se prioriza nessa pesquisa é a compreensão da lógica por trás da construção do signo cinematográfico. Isso não é novo na história do cinema, no começo de seu desenvolvimento os teóricos eram muitas vezes cineastas, isto é, experimentavam e refletiam sobre suas criações. A partir da década de 1940, logo após a influência da Escola de Frankfurt, há uma ruptura nessa trajetória, a teoria se concentra no aspecto da crítica ou em um estudo sobre a história das imagens, da fotografia até chegar ao cinema, priorizando o caráter da recepção sob a perspectiva da sala de projeção. Do outro lado, haviam os livros sobre a técnica cinematográfica. Aliás, até os textos de Eisenstein eram divididos sob essa tônica, uns salientavam e interpretavam seus filmes ideológicos, a construção do conflito através de imagens, estimulando interpretações e reflexões etc., outros, geralmente em livros de montagem cinematográfica, explicavam como Eisenstein editava seus filmes. Infelizmente, esse descompasso ainda perdura. Seguindo a linha de alguns teóricos “pré-adornianos” e contemporâneos a Adorno, que levantaram temáticas ainda não exauridas, esta dissertação tenta fazer o mesmo, porém, à partir da semiótica peirciana, abordando e refletindo sobre: 1) a convergênwww.bocc.ubi.pt


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